São Paulo - SP
Cartão Postal Série Iª. N. 54
Fotografia - Cartão Postal
Iniciou suas atividades em 1880 como Hospital dos Variolosos,
criado por iniciativa da Câmara de Vereadores de São Paulo, após um surto
epidêmico de varíola ocorrido em 1878.
A construção do hospital era a resposta a um problema que se
arrastava por décadas.
No início de suas atividades, o estabelecimento contava com
apenas um pavilhão e atendia exclusivamente doentes de varíola, com o objetivo
de proteger as pessoas saudáveis por meio do isolamento e da quarentena dos
atingidos pela doença.
É considerado o primeiro hospital construído com recursos e por
iniciativa do poder público em São Paulo, em um momento de crescimento urbano e
de surtos epidêmicos.
O local escolhido para a construção foi a antiga Estrada do
Araçá, que então ficava distante dos núcleos populacionais.
Foi construído entre os anos de 1876 e 1880, sendo o projeto de
Ignácio Wallace da Gama Cochrane.
Nos primeiros anos, o hospital era acionado apenas em momentos
de surtos e epidemias.
Com a República, o Estado de São Paulo criou o Serviço
Sanitário, que assumiu a gestão do estabelecimento em 1894.
A partir daí, suas funções e estrutura são ampliadas,
transformando-se no Hospital de Isolamento do Estado de São Paulo, para atender
a população atingida pelas epidemias e pelas doenças transmissíveis.
Essa nova atuação já trazia consigo influências de algumas das
novas concepções da área médica, articulada com outras instituições
recém-criadas, como o Instituto Bacteriológico, construído ao lado, o Instituto
Soroterápico Butantan, o Desinfectório Central.
O hospital tornou-se referência em doenças contagiosas e os
novos pavilhões continuaram a trabalhar com a lógica do isolamento, ventilação
e iluminação em todos os cômodos, com a finalidade de impedir a propagação de
miasmas compreendidos como propagadores de doenças.
Havia um cordão de isolamento dos doentes para manter os
funcionários afastados: só podiam avançar o cordão o médico encarregado, o
diretor do hospital e a enfermeira-chefe.
O Pavilhão 1 era dedicado à difteria, o Pavilhão dois era
divido em duas alas: uma para a febre tifoide e outra para a febre amarela.
Cada ala possuía uma enfermaria para homens e outra para mulheres, com anexos
para os casos graves e para os pacientes agonizantes. O Pavilhão 3 era
destinado à escarlatina, o Pavilhão 4 aos pacientes de varíola, que diminuíram
muito em função da vacinação obrigatória, sendo utilizado também para pacientes
com peste bubônica. Já o Pavilhão 5 era o de “classe”, destinado às pessoas de
posse que tivessem que ser acompanhadas, com possibilidade de acomodação paga
para a família inteira.
No próprio hospital havia um desinfectório, um necrotério e um
forno de incineração.
Os pacientes, em sua maioria, eram transportados pela equipe do
Desinfectório Central, que ia até a residência dos doentes e os removia para
atendimento no hospital. Somente os funcionários do Desinfectório e os médicos
poderiam ter algum contato com os doentes, que deveriam ser, assim que
notificados, isolados dos demais. As roupas, os objetos e até as casas dos
doentes eram desinfectados, fumigados e ou incinerados.
Foi no Hospital de Isolamento que aconteceu, em 1902, a
experiência que confirmaria para a comunidade científica brasileira que a febre
amarela era transmitida por um mosquito – um dos fatos mais importantes da
história da saúde no Brasil. A experiência foi conduzida pelos médicos Emílio
Ribas, diretor do Serviço Sanitário de São Paulo, e por Adolfo Lutz, diretor do
Instituto Bacteriológico, com base nas teorias defendidas em Havana (Cuba), um
ano antes.
Atentos às discussões no cenário internacional e com larga
experiência no combate à febre amarela no Brasil, os médicos organizaram o
experimento da seguinte maneira: submeteram-se às picadas de mosquitos
infectados; mantiveram três imigrantes italianos voluntários, recém-chegados ao
Brasil, em um quarto vedado, com estufa para que permanecesse quente, em
contato com lençóis e roupas manchadas por sangue e vômito de doentes
infectados por febre amarela, por um período de 10 dias. A confirmação de que
apenas o mosquito transmitia a doença revolucionou a forma de profilaxia da
febre amarela, sendo, a partir de então, o combate ao mosquito uma prioridade
para os serviços de desinfecção. A ação foi rapidamente adotada pelos serviços
públicos de saúde.
Em 1932, o Hospital de Isolamento passou a se chamar Hospital
Emílio Ribas, em homenagem ao Diretor do Serviço Sanitário do Estado entre os
anos de 1892 e 1917.
Em 1962, é inaugurado um novo edifício com nove pavimentos para
ampliação dos leitos.
Nos anos seguintes, o Emílio Ribas teve um papel determinante na identificação e no acompanhamento de doenças infectocontagiosas em todo o país. Acompanhou e atendeu o surto de meningite em 1973, com a inauguração de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e nos anos de 1980 e 1990 tornou-se um centro de referência para o atendimento de portadores de HIV, consolidando-se com uma unidade de ponta para a prevenção e controle de epidemias de doenças infectocontagiosas.
Nos anos seguintes, o Emílio Ribas teve um papel determinante na identificação e no acompanhamento de doenças infectocontagiosas em todo o país. Acompanhou e atendeu o surto de meningite em 1973, com a inauguração de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), e nos anos de 1980 e 1990 tornou-se um centro de referência para o atendimento de portadores de HIV, consolidando-se com uma unidade de ponta para a prevenção e controle de epidemias de doenças infectocontagiosas.
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