terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Rua Augusta, 1932, São Paulo, Brasil


Rua Augusta, 1932, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


As primeiras referências encontradas sobre esta rua datam de 1875. Naquela época, ela era apenas uma trilha de terra batida que começava na entrada da "Chácara do Capão" (altura da Rua D. Antônia de Queiroz) e seguia até o topo do "Morro do Caaguaçu", local onde hoje se desenvolve a Avenida Paulista.
Alguns pesquisadores apontam para ela a primitiva denominação de "Rua Maria Augusta". Mas nada de oficial existe a respeito. A sua representação mais antiga encontra-se no mapa da cidade de 1897, onde ela já aparece com a denominação de "Rua Augusta".
O grande responsável pela urbanização da antiga trilha e a sua consequente transformação em uma rua, foi o português Mariano Antônio Vieira, proprietário da "Chácara do Capão", cuja área comprou em 05/04/1880.
No interior dessa propriedade, Mariano abriria o bairro da Bela Cintra e diversas outras ruas, como a Frei Caneca e a "Rua da Real Grandeza", atual Avenida Paulista.
Como que para complementar as obras ali realizadas, Mariano decidiu urbanizar a velha trilha pois, dessa maneira, o novo bairro teria uma via de acesso rápido até o centro da cidade.
Segundo depoimentos da época, ele teria dito: "Agora vou abrir a rua por onde os bondes elétricos deverão subir até a Avenida (Paulista) porque as ruas existentes têm trechos muitos íngremes, de todo impróprios para transitarem veículos, mesmo que sejam bondes elétricos."
O fato teria ocorrido entre 1890 e 1891, período este em que os bondes paulistanos ainda eram "puxados" por burros e a eletricidade ainda era quase um sonho (o primeiro bonde elétrico de São Paulo somente seria inaugurado em 1900).
O fato é que em 1891 ela já estava aberta no trecho entre a Rua Caio Prado e a Avenida Paulista. Entre 1910 e 1912 ela foi estendida até a Rua Álvaro de Carvalho, ficando oficial em 1927.
Até 1942, a Rua Martins Fontes fazia parte da Rua Augusta, ocasião em que foi desmembrada. Do lado oposto, em direção aos Jardins, o seu prolongamento até a Rua Estados Unidos foi oficializado em 1914.
Sobre o nome "Augusta", até o presente, os dados coletados não são suficientes para explicar a origem desta denominação. Podemos apenas indicar um caminho pois tudo leva a crer que o responsável pela abertura da rua, o português Mariano Vieira, não quis homenagear uma pessoa e sim aplicar algo como um título de nobreza (ou adjetivo) ao chamá-la de "Rua Augusta". Colabora para esta versão o fato de que o mesmo Mariano, ao abrir uma "picada" no alto do morro do Caaguaçu, chamou este logradouro de "Rua da Real Grandeza".

Plano Inclinado Gonçalves, Salvador, Bahia, Brasil










Plano Inclinado Gonçalves, Salvador, Bahia, Brasil
Salvador - BA
Fotografia


O Plano Inclinado Gonçalves (PIG) localiza-se no Centro Histórico de Salvador, no estado brasileiro da Bahia. Constitui-se em um plano inclinado, um dos mais antigos da cidade, atrás da Catedral Basílica da  e que liga o bairro do Comércio ao Pelourinho. O acesso dá-se, na Cidade Alta, pela praça Ramos de Queiroz e, na Cidade Baixa, pela rua Francisco Gonçalves.
Possui duas cabines com as dimensões de um bonde regular, cada uma com capacidade para transportar 36 passageiros ou 2,7 toneladas. Atualmente, está sob os cuidados da empresa Otis, fabricante original dos motores.
Remonta a uma rampa aberta na encosta pelos Jesuítas no século XVII, razão pela qual ficou conhecido como o "Guindaste dos Padres".
Acredita-se que foi inaugurado em 1874, quando teria trilhos e dois vagões. Em 1888 uma empresa inglesa, sem experiência no ramo, recebeu uma encomenda para um tipo de funicular, com carros constituídos por uma simples plataforma plana que possivelmente em algum momento transportou bondes a cavalo incluindo os animais. Posteriormente, recebeu uma cabina fechada, passando a transportar passageiros. A linha, denominada de "Chariot", conheceu vários acidentes, vindo a ser encerrada.
Outras informações dão conta de que a construção do Plano no lugar do Guindaste dos Padres deu-se antes da do Elevador do Taboão, entre 1887 e 1889, por iniciativa da Companhia Linha Circular de Carris da Bahia. O Plano Inclinado Isabel, como seria inicialmente chamado, foi inaugurado em 25 de dezembro de 1889, quando a Proclamação da República Brasileira já havia ocorrido; por isso, a homenagem à até então futura herdeira da coroa brasileira, princesa Isabel, foi transferida para o comendador Manuel Francisco Gonçalves, diretor da Companhia construtora do Plano.
Em 1889 a empresa alemã Maschinenfabrik Esslingen forneceu um sistema convencional  completo de funicular, incluindo trilhos, cremalheira, carros, propulsão a vapor e cabos de tração. Para a sua operação, foram construídas estações com escadarias na parte exterior dos trilhos. Ainda no mesmo ano, Niklaus Riggenbach, natural de Olten, na Suíça, com experiência no setor de trens a cremalheira e funiculares com cremalheira, recebeu uma encomenda para planificar uma nova linha, mais perfeita e segura do que a da empresa Maschinenfabrik Esslingen.
Em 1909 a linha foi eletrificada, recebendo novos carros do tipo europeu, com compartimentos em diferentes degraus. No mesmo período, a estação inferior foi reconstruída. A reinauguração deu-se a 10 de junho de 1910.
Na passagem da década de 1920 para a década de 1930, a Companhia Linha Circular de Carris da Bahia contratou uma empresa da Dinamarca, a Christiani & Nielsen, para efetuar modernização tecnológica e estética no Elevador Lacerda e no PIG, o que incluiu a alteração da inclinação da rampa (de 32º10' para 35º45') e a adoção de linhas retas e elementos geométricos art-déco nas fachadas. Foi finalizada em agosto de 1931. Essa nova reforma trouxe novos carros, do tipo plataforma, fabricados pela empresa estadunidense J. G. Brill Company, sediada na Filadélfia. Estes caracterizavam-se pelo emprego de polos de trole com linha elétrica. A nova inclinação era necessária para a adaptação das plataformas das estações aos novos carros, agora também planas e com escadarias cobertas. Novos trilhos de gabarito padrão (1435 milímetros) foram instalados e a cremalheira foi removida.
prefeito Hélio Ferreira Machado, por meio do Decreto n.º 1.503 de outubro de 1955, encampou o patrimônio da Companhia Linha Circular de Carris da Bahia. A empresa detinha o monopólio dos serviços municipais de transportesluz e telefone, o que incluía os quatro ascensores e planos inclinados existentes; assim, eles passaram para a administração do então Serviço Municipal de Transportes Coletivos.
Ao longo dos anos conheceu períodos de fechamento, até que veio a ser novamente reinaugurado em 11 de março de 1998. Mas a intermitência do serviço continuou, sendo o serviço suspenso em março de 2010 e em fevereiro 2011. Em 5 de fevereiro de 2014, o Plano Gonçalves voltou a funcionar, após um investimento de 2,6 milhões, visando deslocar 10 mil pessoas por dia. Porém, no início de agosto, um curto-circuito levou à interdição do PIG, e suas peças danificadas tiveram de ser levadas para o Rio de Janeiro para fabricação de novas. A volta do funcionamento, após chegada do novo motor, foi anunciada para 10 de outubro de 2014, prazo que também não foi cumprido.
Após ser reaberto no final de 2014, ficou fechado novamente por três dias em fevereiro de 2016, para obras no equipamento. Depois disso, mais cerca 90 dias sem funcionar para a realização de novos serviços de modernização, que incluíram melhorias e renovação nos sistemas de freioanticapotagem, elétrico, na acessibilidade, dois novos motores, remodelamento de peças, contenção do talude da encosta. A reforma foi um investimento de 1,4 milhão de reais do governo municipal e levou à reabertura do Plano Gonçalves em 22 de agosto de 2016.

Console de Video Game Mega Drive, Sega, Japão


Console de Video Game Mega Drive, Sega, Japão
Video Game


Mega Drive, conhecido como Sega Genesis na América do Norte, é um console de video game de 16 bits da Sega que concorria diretamente com o Super Nintendo Entertainment System. O console fez grande sucesso na década de 1990, perdendo espaço após o surgimento e popularização da nova geração de consoles de 32 bits, como o PlayStation da Sony.
Dentre os jogos de maior sucesso desse sistema está a série Sonic the Hedgehog, a aventura de um veloz ouriço azul para salvar os animais de seu planeta. O jogo foi criado com o objetivo de mostrar a capacidade do console de processar informações rapidamente, e ainda cativar o público jovem, criando assim a Sega seu próprio mascote e maior símbolo. A velocidade do jogo tinha por objetivo mostrar a superioridade do processador do Mega Drive em relação ao console de 16 bits da Nintendo.
No Brasil, o Mega Drive ainda é produzido pela Tectoy, com novas versões. No exterior, de 2006 até o momento, 3 novos jogos para o console foram produzidos, sendo o mais famoso dentre eles o Pier Solar and the Great Architects.
E em 05 de maio de 2017 a Tectoy relançou o console Mega Drive.
O Mega Drive consta com mais de 40 milhões de consoles vendidos.

Propaganda "A Gente Não Para", Prefeitura de Itapevi, São Paulo, Brasil



Propaganda "A Gente Não Para", Prefeitura de Itapevi, São Paulo, Brasil
Itapevi - SP
Propaganda

Nota do blog: Propaganda mostrando um rapaz correndo, "feliz da vida e com muita de vontade" de chegar ao "novo cemitério" de Itapevi. Verdadeira pérola da publicidade...rs.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo


Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo
Quadrinhos

Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo


Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo
Quadrinhos

Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo


Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo
Quadrinhos

Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo


Devaneios com Sigmund e Freud - Yorhán Araújo
Quadrinhos

Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé, Cairu, Bahia, Brasil






Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé, Cairu, Bahia, Brasil
Cairu - BA
Fotografia - Cartão Postal

Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé, Cairu, Bahia, Brasil



Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé, Cairu, Bahia, Brasil
Cairu - BA
Fotografia - Cartão Postal



Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé, Cairu, Bahia, Brasil


Morro de São Paulo, Ilha de Tinharé, Cairu, Bahia, Brasil
Cairu - BA
Fotografia - Cartão Postal


quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Propagandas Antigas da Lacta, São Paulo, Brasil




Propagandas Antigas da Lacta, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Propaganda

A cidade podia até ser mais gentil, mas o merchandising não era feito com muita sutileza.
Em outubro de 1924, a revista A Vida Moderna mostrava a seus leitores estes simpáticos “aspectos” da cidade, discretamente patrocinados pelos chocolates Lacta e pelo guaraná espumante Zanotta.
A propósito: na primeira foto estão ainda em pé os dois palacetes gêmeos do Anhangabaú, onde funcionavam a Prefeitura e o Automóvel Clube. Mas o chocolate da Lacta, entre os dois, parece anunciar com mais de 30 anos de antecedência, os arranha-céus monolíticos, estilo caixotão de vidro, que seriam construídos no lugar deles. É evidente que quem fez o anúncio estava muito à frente de seu tempo...

Igreja da Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil


Igreja da Pampulha, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
Belo Horizonte - MG
J. T. N. 289
Fotografia - Cartão Postal

Avenida São João, São Paulo, Brasil




Avenida São João, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
N. 80
Fotografia - Cartão Postal

Filosofia de Internet - Humor


Filosofia de Internet - Humor
Humor

Lago e Monumento à República, Parque João Coelho, Praça da República, Belém, Pará, Brasil


Lago e Monumento à República, Parque João Coelho, Praça da República, Belém, Pará, Brasil
Belém - PA
N. 27
Fotografia - Cartão Postal


Quartel do Batalhão Naval, Ilha das Cobras, Rio de Janeiro, Brasil




Quartel do Batalhão Naval, Ilha das Cobras, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
N. 261
Fotografia - Cartão Postal

Aeroporto de Congonhas, São Paulo, Brasil


Aeroporto de Congonhas, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia 

A História da Lacta, São Paulo, Brasil


A História da Lacta, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Cartaz - Poster

Em 1906 eles inventaram o Guaraná Espumante.
Com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, quando quase toda economia do Brasil era atrelada ao café, tudo ficou desestabilizado. Foi assim que a Zanotta, Lorenzi & Cia proprietária da LACTA precisou entrar em concordata, no período de 1930 até 1933, quando conseguiu sair e manter o mercado aberto em dois setores de sua linha de produção, Guaraná Espumante e Chocolate Lacta – muito conhecidos pelos consumidores na época.
Alguns anos depois, próximo ao início da Segunda Guerra Mundial, a economia se preparava para novos tempos difíceis, levando a Zanotta, Lorenzi & Cia a encarar uma forte concorrência com seu rival, o Guaraná Champagne Antarctica, lançado em 1921.
Esses, entre outros problemas, fizeram a empresa declarar falência em 1937.
Após a falência, o grupo Diários Associados, de Assis Chateaubriand, assumiu o controle da empresa.
Além de Chateaubriand, a Lacta também foi propriedade de Adhemar de Barros, prefeito de São Paulo, interventor federal e duas vezes governador de São Paulo.
Após sua morte, a gestão da empresa passou para Adhemar de Barros Filho que, após brigas familiares, vendeu a companhia para a Kraft Foods em 1996.
Em agosto de 2012, a Kraft anunciou que iria dividir os negócios em dois. A nova Mondelez abrigaria o negócio de guloseimas, avaliado em 31 bilhões de dólares, reunindo marcas globais como Cadbury (chocolates) e Ritz (biscoitos). Uma outra companhia manteria o logo da Kraft Foods e ficaria responsável pelos atuais 17 bilhões referentes às marcas vendidas em supermercados americanos, como os queijos Kraft.

Viaduto do Chá, São Paulo, Brasil


Viaduto do Chá, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Rosenhain & Meyer N. 120
Fotografia - Cartão Postal

Bondes no Antigo Viaduto do Chá, São Paulo, Brasil


Bondes no Antigo Viaduto do Chá, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia - Cartão Postal

Posto Policial, São Paulo, Brasil


Posto Policial, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Rosenhain & Meyer
Fotografia - Cartão Postal


Nota do blog: Segundo apurado na página "Memória da Polícia Cívil de São Paulo", a foto é de 17 de Junho de 1902, Rua Adolfo Gordo, Barra Funda, mostrando membros da Guarda Cívica.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A Lua (A Lua / The Moon) - Tarsila do Amaral





A Lua (A Lua / The Moon) - Tarsila do Amaral
MoMA Museu de Arte Moderna de Nova York, Estados Unidos
OST - 110x110 - 1928



Um cacto solitário, cuja figura sugere a de um ser humano, ergue-se ante uma noite de lua minguante, em uma tela de 110 por 110 centímetros. A Lua, quadro de 1928, considerado um marco da pintura antropofágica de Tarsila do Amaral, foi comprada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), por aproximadamente 20 milhões de dólares (cerca de 74 milhões de reais). A obra, que representa o rompimento definitivo da artista com a tradição da pintura, converteu-se na mais cara já vendida de um artista brasileiro —superando Vaso de flores, de Guignard, arrematado em um leilão em 2015 por 5,7 milhões de reais— e alçou sua autora ao pedestal definitivo dos pintores modernos internacionais.
A compra acontece um ano depois de que o MoMA realizou a primeira grande retrospectiva da brasileira em Nova York, reunindo 130 obras de Tarsila. Na ocasião, a tela não estava disponível para empréstimo, devido a questões familiares. Ann Temkin, curadora-chefe de pintura e escultura do MoMA, conta que os curadores da retrospectiva ficaram "deslumbrados" com A Lua e que tiveram "muita sorte em encontrá-la" agora. “Sempre fomos conscientes de que seria difícil encontrar uma boa pintura do período antropofágico ainda disponível”, afirmou Temkin na manhã desta quarta-feira, durante o anúncio da aquisição, referindo-se às telas do fim da década de 1920 que estão em coleções de museus brasileiros ou acervos privados. Depois da famosa Abaporu (1928), a principal tela desse período é Urutu (O Ovo), que pertence à coleção Gilberto Chateaubriand, exposta no MAM do Rio.
A Lua era, no entanto, a favorita de um dos maiores admiradores de Tarsila: o poeta modernista Oswald de Andrade, que foi seu marido. "Ele adorava a tela", conta a EL PAÍS Tarsila do Amaral (conhecida como Tarsilinha), sobrinha-neta da artista. A obra é considerada a "primeira pintura da mais importante modernista da primeira geração", como destaca o MoMA em uma nota. Com ela, Tarsila construiu o casamento definitivo entre a vanguarda artística europeia e a tradição brasileira. O tom onírico de A Lua é como um surrealismo “made in Brazil”, no qual destacam-se as cores fortes e o primeiro-plano é ocupado por um elemento essencialmente nacional, um mandacaru (aqui na versão de um corpo que conjuga animal e vegetal em uma só figura surrealista).
O quadro inaugurou uma fase de cromatismo explosivo e exótico na trajetória de Tarsila e abriu as portas para a segunda exposição individual da artista em Paris, em 1928, na Galerie Percier. Causou tamanha sensação que o médico Milton Guper e sua mulher, Fanny Feffer, compraram-na no final da década de 1950 diretamente das mãos de Tarsila, na casa da artista, conforme conta sua sobrinha-neta.
"A retrospectiva no MoMA foi um divisor de águas. O reconhecimento da obra de Tarsila ganhou uma nova dimensão a partir da exposição", comenta Tarsilinha. Depois da mostra, a instituição estado-unidense recebeu de um colecionador brasileiro uma doação de um desenho da artista, que agora terá um papel secundário ao ser exibido ao lado d'A Lua. Essa nova aquisição só potencializará a descoberta e a valorização do legado de Tarsila do Amaral, celebrada como uma das mulheres mais pioneiras e revolucionárias da história da arte, acredita a família. "Venho recebendo muitas consultas para novas exposições internacionais e já estou em contato com alguns dos grandes museus europeus para realizar mostras", diz Tarsilinha, sem revelar os nomes das instituições.
A partir do dia 4 de abril, 120 obras da artistas conformarão a maior retrospectiva de Tarsila do Amaral em solo brasileiro, reunidas em uma exposição Tarsila Popular, que será inaugurada no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp).
Com um espólio de mais de 2.200 obras, as pinturas de óleo sobre tela da artista não chegam a 240. "Por isso os preços de compra têm sido tão elevados. Há uma grande procura", explica Tarsilinha. Especula-se, por exemplo, que Abaporu, que foi adquirida em 1995 pelo Museu de Arte Latino-americano de Buenos Aires (Malba) por US$ 1,4 milhão em um leilão valeria hoje cerca de 100 milhões reais. Tarsila do Amaral, é, afinal de contas, uma artista rara, em todos os sentidos. Amaral first showed A Lua (The Moon) in Paris, soon after she painted it in 1928. Beginning in 1920, she had traveled frequently between the French capitol and her native Brazil, working in both places. With works like this, she debuted a new style distinct from anything on the Parisian scene: sensuous, highly stylized landscapes and depictions of daily life rendered in a rich palette of saturated color. In this fantastical scene, a lone cactus in the foreground begins to take on the characteristics of a human figure. The wavy curves of a rippling stream, a quarter moon, and an undulating horizon resonate, infusing Amaral’s world with dreamlike qualities.

Abaporu (Abaporu) - Tarsila do Amaral


Abaporu (Abaporu) - Tarsila do Amaral
Malba Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, Argentina
OST - 85x73 - 1928


Texto 1:
Abaporu é uma pintura a óleo da artista brasileira Tarsila do Amaral. É uma das principais obras do período antropofágico do movimento modernista no Brasil.
É a tela brasileira mais valorizada no mercado mundial das artes, com valor estimado de US$ 40 milhões, sendo comprada pelo colecionador argentino Eduardo Costantini por US$ 2,5 milhões, em 1995, em um leilão realizado na Christie's. Criador do Museu de arte latino-americana de Buenos Aires (MALBA), Costantini doou sua coleção para o museu, incluindo o Abaporu. Anteriormente a obra pertencia ao empresário brasileiro Raul Forbes, numa aquisição ocorrida em 1985.
Foi pintada em óleo sobre tela, em janeiro de 1928, por Tarsila do Amaral (1886-1973) como presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade, seu marido na época. O nome da obra foi conferido por ele e pelo poeta Raul Bopp, que indagou a Oswald ao ver o quadro: "Vamos fazer um movimento em torno desse quadro?" Os dois escritores escolheram um nome para a obra, que veio a ser Abaporu, que vem dos termos em tupi aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando "homem que come gente". E também é uma referência para a criação da Antropofagia modernista brasileira, ou Movimento Antropofágico, que se propunha a deglutir a cultura estrangeira e adaptá-la ao Brasil.
Outras obras de Tarsila em sua fase antropofágica: A Lua (1928), O Lago (1928), Cartão Postal (1929) e Sol Poente (1929).
A escolha das cores, formas e perspectiva da obra refletem o desejo de Tarsila de mostrar o Brasil de verdade. “Tarsila desembarcava do ‘Massilia’, navio de luxo vindo de Paris, trazendo na bagagem tintas bonitas, muitos vestidos elegantes e muita renovação”. O quadro faz parte da fase antropofágica de Tarsila que, assim como a fase pau-brasil, é considerada uma das mais importantes dentro da vida da pintora. Influenciada pelo cubismo, esse período na carreira da artista permitiu a ela fazer uma leitura visual das estruturas da sociedade brasileira.
Apesar de ser um dos símbolos do modernismo brasileiro, Abaporu não esteve na Semana de Arte Moderna de 1922, pois Tarsila estava em Paris em busca de uma identidade artística.
Desde que Costantini adquiriu a tela em 1995, ela foi exposta no Brasil algumas vezes. Em 1998, em uma mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) que exibia obras do empresário argentino. Em 2002, esteve na Faap para a exposição Da Antropofagia a Brasília. Já em 2008, a pintura brasileira participou de Tarsila Viajante, na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Mais uma vez na Faap, fez parte de Mulheres, Artistas e Brasileiras em 2011. Durante os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, o quadro esteve no Museu de Arte do Rio (MAR) na exposição A Cor do Brasil. Em 5 de abril de 2019, foi exposta pela primeira vez no Museu de Arte de São Paulo (MASP). De acordo com a sobrinha-neta da artista, Tarsilinha do Amaral, era seu sonho que o quadro fosse exposto no local.
Em 11 de janeiro de 1928, a pintora Tarsila do Amaral (1886-1973) acordou ansiosa. Era aniversário de seu marido, o escritor Oswald de Andrade (1890-1954), e ela tinha preparado uma surpresa: um quadro de 85 centímetros por 73 centímetros, pintado em segredo nos últimos meses.
Com seu jeito afobado e verborrágico, Oswald nem deixou que artista explicasse a obra. Foi logo elogiando, dizendo que era a coisa mais incrível que ela já tinha feito. "É excepcional este quadro", dizia ele. "É o homem plantado na terra."
No mesmo dia, Oswald mostrou o presente para um de seus amigos, o poeta Raul Bopp (1898-1984). E juntos começaram a enxergar ali, naquela figura enigmática, um índio canibal, um homem antropófago, aquele que iria devorar a cultura para se apossar dela e reinventá-la.
Tarsila empolgou-se com a interpretação e correu para um velho dicionário de tupi-guarani. Ali encontrou as palavras "aba" e "poru" - "homem que come". Estava batizado aquele que se tornaria o mais valioso quadro da arte brasileira, Abaporu.
Mas o que seria apenas um presente de aniversário de uma artista para seu marido acabou transcendendo qualquer relacionamento para se tornar um dos quadros mais famosos do Brasil - e, certamente, o mais valioso.
"Sua grandeza se deu desde o início, porque naquele contexto ele acabou inspirando o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald, e o movimento que seria decorrente desse texto, a Antropofagia", afirma Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta e responsável pelos direitos da obra da artista, em entrevista à BBC News Brasil.
"Em seguida, o quadro acabou virando símbolo de tudo o que o modernismo queria dizer. A antropofagia, no sentido de absorver a cultura europeia, dominante na época, e transformá-la em algo nacional, tudo isso foi sintetizado com Abaporu."
"Um quadro com essa história foi ganhando importância e fama. E tudo colaborou para ele se tornar o quadro mais importante da arte brasileira", diz Tarsilinha.
Mas o Abaporu não seria de Oswald por muito tempo. No fim de 1929, Tarsila e ele se separaram. Na hora da divisão dos bens, a pintora ofereceu ao poeta, de sua coleção, uma obra muito mais valorizada, à época - O Enigma de Um Dia, de Giorgio de Chirico (1888-1978). E ficou com seu homem que come.
Em 1928, o quadro foi exibido pela primeira vez em uma exposição, em Paris. No ano seguinte, integraria as duas primeiras mostras individuais de Tarsila, uma em São Paulo, outra no Rio.
Abaporu voltaria a ser exibido em terras cariocas em 1933. Em 1950, o quadro foi exibido no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Dois anos depois, integrou nova mostra no MAM. O Abaporu participaria ainda de duas bienais: a VII de São Paulo, em 1963, e a XXXII de Veneza, em 1964.
Em 1969, o quadro participou de uma turnê por várias cidades brasileiras, na mostra Tarsila: 50 Anos de Pintura. Três anos mais tarde, estaria novamente exposto em São Paulo, na comemoração dos 50 anos da Semana de Arte Moderna de 1922.
Mas nos anos 1960, Tarsila havia vendido o quadro para o colecionador Pietro Maria Bardi (1900-1999), fundador do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Conforme Tarsilinha conta em seu livro Abaporu: Uma Obra de Amor, "a pintora nutria uma expectativa de que o quadro passasse a integrar permanentemente o acervo de um museu".
Bardi preferiu fazer dinheiro. Menos de um mês depois da aquisição, revendeu a obra para o colecionador Érico Stickel (1920-2004). Em 1984, o galerista Raul Forbes comprou o quadro por US$ 250 mil - então o valor mais caro já pago por uma pintura brasileira. Em 1995, Forbes decidiu leiloar Abaporu na famosa Christie's, em Nova York. Foi arrematada pelo empresário argentino Eduardo Constantini, por US$ 1,35 milhão - novamente um recorde nacional.
Constantini criaria o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, o Malba, para o qual doou a coleção. O Abaporu voltaria a ser exibido no Brasil em 2008, em mostra na Pinacoteca do Estado, em São Paulo; em 2011, no Palácio do Planalto, em Brasília; e em 2016, no Rio de Janeiro.
Em abril de 2019, o quadro chegou à casa sonhada por Tarsila: o Masp, a renomada instituição criada pelo homem para quem ela vendeu a obra, Pietro Bardi.
Como o Abaporu não está à venda, a referência mais precisa que pode ser utilizada para estimar seu valor é o seguro feito durante exposições. No ano passado, quando esteve exposto no MoMA, o museu de arte moderna de Nova York, a apólice garantia US$ 45 milhões. Questionados pela reportagem, nem o Masp nem o Malba informaram se o valor foi aumentado para a exibição brasileira.
À BBC News Brasil, o argentino Eduardo Constantini, fundador e presidente do Malba, não economizou elogios à obra.
"Sem dúvida é a peça mais representativa e valiosa da arte brasileira. Sua iconicidade cresce ano a ano, como um mito também da arte latino-americana", pontua. "Seu valor estimado hoje é impossível de ser definido, mas é muito superior a US$ 45 milhões."
Tarsilinha revela que, em 2011, a então presidente Dilma Rousseff perguntou a Constantini quanto custaria repatriar a obra. "Eu estava ao lado e ele falou em US$ 200 milhões", conta.
O atual recorde financeiro atingido por uma obra de arte brasileira é outro quadro de Tarsila. A Lua, pintado em 1928, foi comprado em fevereiro deste ano pelo MoMA por US$ 20 milhões.
"As obras dela estão alcançando valores estratosféricos, e isso valoriza os demais quadros também", comenta Tarsilinha. "Tarsila do Amaral está começando a ganhar relevância para o mundo."
Professora de História da Arte da ABRA - Escola de Arte e Design, de São Paulo, a arquiteta Márcia Iabutti considera que, a despeito das cifras das apólices, o Abaporu é uma rara obra "de valor inestimável". "É símbolo de um movimento e carrega todo um contexto junto a ela", comenta.
O marchand e doutor em história da arte Olívio Guedes tem da mesma opinião. Para ele, o quadro é daqueles que "valem cada centímetro". "O mercado tem vida própria e numa eventual negociação futura é ele quem dirá o preço", afirma.
Guedes dá a equação que faz com que um quadro desse quilate seja valorizado.
"Uma obra de arte é notória por vários sentidos: o artista, seus relacionamentos, seu momento histórico e suas relações com o período", resume.
Tarsila foi inventiva quanto às técnicas, era do circuito considerado a elite intelectual brasileira dos anos 1920 e traduziu, com seu trabalho, o contexto cultural de então.
"Somando tudo isso temos seu status e, portanto, sua contabilização financeira", completa Guedes. "Abaporu é uma obra com currículo próprio."
O marchand acredita que até o fato de a obra pertencer a uma instituição estrangeira contribuiu para a valorização.
"É status", diz. "Porém, é péssimo não tê-la (no Brasil)."
Guedes compara com o fato de a Mona Lisa, obra máxima do italiano Leonardo da Vinci (1452-1519), estar no francês Museu do Louvre.
Tarsilinha diz que, no íntimo, também gostaria que a obra mais importante da tia-avó estivesse no país.
"Claro que eu ficaria feliz com esse quadro no Brasil. Por outro lado, acho que para a arte brasileira a venda do Abaporu foi importantíssima. A arte brasileira começou a ter um caráter internacional depois disso", avalia, comentando que, sobretudo após a mostra realizada ano passado no MoMA, a obra da artista tem despertado muito interesse em outros países.
"Estivesse recentemente em Paris, no Centro Georges Pompidou, e o diretor me disse ter interesse em uma mostra da Tarsila. A britânica Tate Modern também já se manifestou nesse sentido."
Iabutti lamenta profundamente o Abaporu não integrar nenhuma coleção nacional.
"Fere o orgulho nacional. Não tem o menor sentido", afirma.
Já a crítica e curadora Aracy Amaral, professora de História da Arte da Universidade de São Paulo, tem outra opinião. Para ela, é importante que a obra da Tarsila pertença a uma instituição estrangeira, pela visibilidade.
"É uma honra o Abaporu estar em coleção tão prestigiada como o Malba. Assim como é uma honra A Lua integrar o MoMA", cita. "São coleções do mais alto nível internacional. Nessas instituições, as obras são cuidadas e vistas por um grande público."
Mas o que é, afinal, o Abaporu? A leitura de Oswald de Andrade e Raul Bopp acabou dominando o imaginário: aquela criatura canibal simbolizaria o brasileiro devorando a cultura europeia e refazendo-a ao seu modo. "Era um grupo maluco que falava que a gente pode comer o europeu e depois criar uma coisa nova", diz Iabutti.
"É uma obra muito interessante, porque traduz o sentimento de brasilidade", prossegue a professora. "Abaporu tem uma composição muito limpa, muito concisa. É uma pessoa agigantada, de uma pessoa com pés e mãos muito grandes, como se fosse o trabalhador. É a representação do brasileiro, sendo visto de baixo para cima, com rosto indefinido, como se não fosse uma só pessoa. Tem a cabeça pequena, os braços e as pernas grandes - uma crítica social."
Em 2014, Tarsilinha lançou em livro uma tese inusitada para explicar a obra da tia-avó. Em Abaporu: Uma Obra de Amor, ela traz evidências de que a pintura seja um autorretrato de Tarsila, provavelmente nua, feita como presente ao marido.
Tarsilinha recorreu a pesquisas familiares para corroborar a versão. Ela descobriu que na casa onde a artista morava com Oswald, um sobrado na Rua Barão de Piracicaba, região central de São Paulo, havia um grande espelho que ficava inclinado no corredor que dava para seu quarto-ateliê.
"O reflexo, distorcido por conta da posição inclinada do espelho, mexeu com a imaginação da artista. Foi um estalo. Ela sabia perceber a poesia nos detalhes, tinha esse faro artístico aguçado de quem não enxerga o óbvio nas coisas, mas vai além. Tarsila viu na cena uma oportunidade de criação", relata ela, no livro.
"No espelho, a cabeça da artista aparecia bem pequena. O pé, gigante. Seus olhos de pintora se encantaram com aquela visão inusitada, diferente e, por isso mesmo, interessante."
"Tarsila deve ter gastado muito tempo se observando. Horas, talvez. O pé imenso… A cabeça, minúscula… A boca e os olhos quase sumindo, a mão caída ao lado do pé grande… Que figura diferente!", prossegue. "Aquela imagem lhe parecia provocativa, ousada, perfeita, bem-humorada. Ficou gravada em sua retina, grudada em seu pensamento. Tornou-se uma insistente obsessão." Um outro indicativo é anatômico. De acordo com relatos familiares colhidos por Tarsilinha, a artista, assim como a figura que aparece no famoso quadro, também tinha o segundo dedo do pé maior do que o dedão.
Texto 2:
Nesta semana (18/02/2022), o Malba (Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires) está com uma programação especial pelo centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Entre a série de eventos, realiza até o fim do mês o "Itinerário Brasil", uma visita guiada com foco nas obras brasileiras do acervo.
A comemoração no país vizinho tem motivo: o Malba abriga há quase duas décadas o Abaporu, da Tarsila do Amaral (1883-1976), uma das obras mais emblemáticas do período antropofágico do movimento modernista no Brasil. "Sempre foi uma das obras mais ´mimadas´, pela sua importância, por como representa essa união amorosa entre a Tarsila e o Oswald de Andrade e pela interação criativa entre o movimento antropofágico e a peça", diz María Amalia García, curadora do museu.
Mas como a pintura, que provavelmente é a mais valiosa da arte brasileira, acabou em um museu da Argentina?
Assinada em 1928 pela artista brasileira, a icônica pintura brasileira foi inicialmente um presente de Tarsila para seu marido, Oswald de Andrade, que se encantou com a obra. "Ele ficou alucinado, disse que parecia o homem plantado na terra, que parecia um atropófago, essa foi a interpretação dele", conta a Nossa Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta de Tarsila.
Segundo ela, a artista recorreu a um dicionário de tupi-guarani de seu pai e, juntando as palavras Aba (homem) e Poru (que come gente), chegou ao nome que batiza o quadro. Quando o casal modernista se separou, a pintora ficou com a obra.
Anos depois, após tê-la exposto em diversas ocasiões, Tarsila decide vendê-la, nos anos 1960, para Pietro Maria Bardi, um crítico, colecionador e negociador de arte que, junto a Assis Chateaubriand, criou o Museu de Arte de São Paulo, o MASP.
"Ele seduziu minha tia, dizendo que colocaria esse quadro no MASP, e comprou por um preço irrisório. Um mês depois, chegou a notícia, por um amigo, de que o Abaporu tinha sido vendido para um colecionador particular por uma fortuna", conta Tasilinha, e completa:
"Ou seja, o Bardi ficou com esse dinheiro. Quando ela ficou sabendo disso, passou mal, ficou super chateada. Tarsila foi enganada"
Após anos com a obra, o colecionador a vende, em 1984, para o então integrante do Conselho da Bolsa de Valores, Raul Forbes, que manteve o quadro por mais de uma década. Em 1995, em meio a problemas financeiros, decide vendê-lo. Apesar dos entraves para retirá-lo do país, devido à intenção de autoridades do patrimônio histórico de tombar o quadro, a obra acaba em leilão em Nova Iorque.
"Antes do tombamento, ele consegue tirar o quadro do Brasil e faz a venda lá. Muitos colecionadores brasileiros queriam comprar, mas ficaram com medo de dar o lance porque não sabiam o que aconteceria a respeito"
O Abaporu acabou sendo arrematado pelo empresário argentino Eduardo Constantini por cerca de 1,5 milhão de dólares (em torno de R$ 7,6 milhões) — e se tornava, naquele momento, o primeiro quadro brasileiro que ultrapassou a faixa do milhão de dólares.
Costantini aproveitou que obras icônicas latino-americanas voltaram a circular no mercado das artes com a crise econômica mexicana de 1994, conhecida como "Efeito Tequila", e aumentou suas aquisições artísticas. E foi em meio a outra crise econômica, a da Argentina de 2001, que ele fundou o Malba.
Duas décadas depois, a presença do famoso óleo sobre tela brasileiro em solo vizinho não está isenta de polêmica. "Já vi muitas reações, gente emocionada, gente muito contente e gente muito, muito brava", afirma Diego Murphy, um dos educadores do Malba responsáveis pela criação e condução das visitas guiadas pelas obras.
"Quem fica bravo pergunta como pode ser que a obra esteja aqui, que é do Brasil, da história brasileira. Chamo o Abaporu de Gioconda brasileira, porque a Itália não perdoa que a Monalisa esteja na França, É como se o Brasil não perdoasse o Abaporu estar aqui"
Para Tarsilinha, a obra estar no Malba favorece a arte brasileira. "O Eduardo foi um cara muito bacana: construiu o museu, doou grande parte da sua coleção para o Malba e o Abaporu está lá há muitos anos. Só posso agradecer a ele, que sempre o empresta para as exposições quando pedimos, faz publicações lindas e um trabalho muito bacana", diz.
"Sempre falo que enquanto ele fizer isso pelo Abaporu, ele também está fazendo pela arte brasileira"
Murphy conta que nas vezes em que a obra é emprestada para outros museus, a ausência do quadro de Tarsila chega a causar lágrimas de brasileiros que viajaram para a Argentina para vê-lo.
Para a curadora do Malba, o Abaporu no acervo é uma mostra de "irmandade e vínculo" entre os países. Mesmo assim, não foram poucas as ofertas para que Constantini vendesse o quadro para colecionadores brasileiros.
Apesar de em entrevistas o empresário argentino afirmar que não a venderia nem por milhões, a sobrinha-neta de Tarsila diz, que em conversa com a ex-presidente Dilma Rousseff, ele chegou a colocar valor na obra.
"Eu estava do lado dela e do Constantini. Realmente ele pediu um valor absurdo, mas eu falei para ela que foi a primeira vez em que ele falou em vender o quadro. Dilma disse não, quando abaixar a bola dele".
Apesar de o Abaporu ser uma das obras mais importantes do modernismo e do movimento antropofágico, Tarsila estudava em Paris durante a Semana de Arte Moderna de 1922 e ficou sabendo do movimento modernista e dos eventos daquela semana de fevereiro através das cartas da amiga Anita Malfatti.
"Ela chega ao Brasil em junho, a Anita apresenta os amigos dela modernistas, e aí logo que ela conhece o Oswald, foi aquela paixão à primeira vista e eles começam a namorar", conta Tasilinha.
"Digo que ela não estava presencialmente, mas acho que o espírito dela já estava lá em São Paulo"
Para a sobrinha-neta da artista, Tarsila é hoje a pintora mais lembrada do modernismo "porque se tornou a artista mais popular do Brasil, talvez ´o´ artista mais importante". "Quando a gente fala ´a´ artista, a gente costuma achar que é só entre as mulheres, então ouso dizer que ela é ´o´ artista mais importante e mais popular do Brasil", conclui.

domingo, 22 de dezembro de 2019

Cord 810 Convertible Phaeton 1936, Estados Unidos














Cord 810 Convertible Phaeton 1936, Estados Unidos
Fotografia

HIGHLIGHTS
ACD Certified ID# C-387
Rotisserie restoration in 2006
New paint, top, upholstery during restoration
Rebuilt engine and transmission
Lycoming 289 CI V-8 engine
Aluminum heads
4-speed pre-selector transmission
Front wheel drive
Concealed retractable headlights
Fog lights, stone guards
Front and rear bumper guards
16-inch steel wheels
Chrome wheel dovers
BF Goodrich whitewall tires
Clay Rust paint with Tan leather interior
Documented ownership includes Rocco Infantino sold the car in 1964 to Lyale White who sold the car in 1969 to Ernest Anderson who sold the car in 2001 to Michael Petros
Part of the Petros collection since 2001
ACD Booklet, previous registrations, bill of sale from 1964 for $1,500, letters from previous owners, Cord Owners Companion, service bulletins, service manuals and extensive restoration receipts included
In November 1935, at the New York Auto Show, the Cord division of the Auburn Automobile Company debuted a revolutionary new model unlike anything the American public had seen before. The 1936 Cord 810 was a highly streamlined automobile bristling with innovative technology under its “futuristic” looking skin. Designed under the leadership of Gordon M. Buehrig, the new 810 was an advanced evolution of Cord’s L-29 and featured a 289 CI aircraft-derived Lycoming V-8 engine coupled to a semi-automatic, pre-selector 4-speed transmission that directly drove the front wheels. By designing the 810 with front-wheel drive, Buehrig and his team were able to eliminate the need for a driveshaft and transmission tunnel, which not only provided a more spacious interior, but also created a much lower-profile car that no longer needed running boards. Stylistically the Cord 810 was almost as radical on the outside as it was under the skin. Lower and sleeker due to its front-wheel drive, the 810 featured hidden headlamps, door handles and fuel-filler cap, along with a wraparound “Coffin nose” grille that made the 810 unlike any other American car from the prewar period. The example on offer is a 1936 Cord 810 Convertible Phaeton, which benefited from a rotisserie restoration in 2006, complete with Clay Rust paint and a tan leather interior, new top/upholstery, as well as an engine and transmission rebuild. This beautiful 810 is an Auburn-Cord-Duesenberg Club certified car (ID No. C-387), with a known ownership history from 1964 up through its current owner. Other features include fog lights, stone guards, 16-inch steel wheels with chrome covers and whitewall tires. The ACD certification booklet, previous registrations, bill of sale from 1964, letters from previous owners, Cord Owners Companion, service bulletins, service manuals and extensive restoration receipts are included.

Dodge Hemi Challenger R/T 1970, Estados Unidos











Dodge Hemi Challenger R/T 1970, Estados Unidos
Motor: 426/425HP
Exterior: Azul
Interior: Preto
Fotografia