Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, Brasil
Belém - PA
Fotografia - Cartão Postal
O Museu Paraense Emílio Goeldi (inicialmente
denominado Associação Philomática) popularmente conhecido como Museu
Goeldi, é uma instituição pública fundada em 1866, vinculada ao Ministério da Ciência e
Tecnologia do Governo Federal, localizada no município brasileiro de Belém,
capital do estado do Pará.
Foi vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação,
devido possuir acervos de conhecimentos nas áreas de ciências naturais e
humanas relacionados à Amazônia, além de promover pesquisas e estudos
científicos dos sistemas naturais e culturais da região. É a mais antiga
instituição na região amazônica e reconhecido mundialmente como
uma das importantes instituições de investigação científica sobre a Amazônia
brasileira.
O século XIX foi o auge das expedições naturalistas à
Amazônia e, com a chegada à região viajantes ingleses, alemães, franceses, italianos, estadunidenses e russos. Em
1808, a abertura dos portos tornou o Brasil mais acessível aos naturalistas e
artistas, que vieram com grande entusiasmo estudar e retratar a natureza amazônica.
Em 1866, houve na cidade de Belém a fundação da
"Associação Philomática", sob a presidência de Domingos Soares Ferreira Penna (núcleo
do futuro museu).
A urbanização e o crescimento da cidade, transformou-a em metrópole,
onde um dos marcos desta mudança ocorreu em 25 de março de de 1871, quando o
Governo do Estado do Pará instalou, oficialmente, o Museu Paraense, e Domingos
Soares Ferreira Penna designado seu primeiro diretor. Inicialmente, sua
instalação foi precária, com reduzida equipe técnica e falta de apoio às
pesquisas, levando as coleções existentes a se perderem com as más condições de
conservação. Assim, a produção científica praticamente resumiu-se aos próprios
trabalhos do presidente da instituição, sobre Geografia, Arqueologia e
outros assuntos. Em 1889, com a morte do naturalista o museu foi sub-utilizado
e em seguida fechado.
Influenciados pela filosofia do Positivismo,
os políticos Justo Chermont, José Veríssimo e Lauro
Sodré reabriram o Museu Paraense, pois perceberam a importância que o
local tinha para a cultura da região.
Em 1893, o governador Lauro Sodré recrutou da cidade do Rio de Janeiro o naturalista
suíço, Emílio Goeldi (Émil August Goeldi),
demitido do Museu Nacional por questões políticas após a
Proclamação da República.
O zoólogo assumiu a direção do Museu com a missão de
transformá-lo em um grande centro de pesquisa sobre a região amazônida. Sua
estrutura foi modificada para enquadrá-lo aos padrões dos museus de história,
sendo contratada uma produtiva equipe de cientistas e técnicos. Em 1895, criava-se o
Parque Zoobotânico, mostra da fauna e flora regionais para educação e lazer da
população. Em 1896,
começou a publicação do Boletim Científico. Grande parte da Amazônia foi
visitada, realizando-se intensivas coletas para formar as primeiras
coleções zoológicas, botânicas, geológicas e etnográficas.
Goeldi contratou o excelente pintor e profundo conhecedor do ambiente
amazônico, Ernesto Lohse, que ilustrou o
livro “Álbum de Aves Amazônicas” (Lohse viria a ser morto, durante a Revolução de 1930, à porta do Museu).
Na virada do século, o Brasil consolidava suas fronteiras e
nessa ocasião, os limites entre Brasil e França, no
norte do Pará, estavam sendo questionados por ambos os países. As pesquisas que
o Museu Paraense iniciava na região, levantando dados sobre a geologia, a
geografia, a fauna, a flora, a arqueologia e a população, foram decisivas para
municiar a defesa dos interesses brasileiros, representados pelo Barão do Rio Branco. Em dezembro de 1900, com
intermédio de laudo de Berna, na Suíça, sede do julgamento internacional, o Amapá foi
definitivamente incorporado ao território do Brasil. Em homenagem a Emílio
Goeldi, o governador Paes de Carvalho alterou
a denominação do Museu Paraense, que passou a se chamar Museu Goeldi.
Desde 1850, a Febre
Amarela causava muitas mortes em Belém e dentre suas vítimas,
incluíram-se dois pesquisadores recém-chegados da Europa para trabalhar na
Seção de Geologia do Museu Paraense. Emílio Goeldi decidiu, então,
incorporar-se à luta contra a doença, procurando identificar as principais
espécies de mosquitos da Amazônia, bem como o ciclo reprodutivo
desses insetos. As pesquisas intensificaram-se a partir de 1902, quando Goeldi
publicou, no Diário Oficial, um trabalho sobre profilaxia e combate
à Febre Amarela, Malária e Filariose,
antecedendo as recomendações que o médico Oswaldo
Cruz faria quando esteve em Belém, em 1910.
Durante a gestão Goeldi, o Museu ganhou respeito internacional,
sendo desenvolvidas pesquisas geográficas, geológicas, climatológicas,
agrícolas, faunísticas, florísticas, arqueológicas, etnológicas e museológicas.
O papel educacional do museu foi reforçado com o parque zoobotânico,
publicações, conferências e exposições. Em 1907, após 13 anos de
atividades incessantes em Belém, Emílio Goeldi retirou-se, doente, para a
Suíça, onde veio a falecer em 1917 e seu conterrâneo, o botânico Jacques
Huber, assumiu a direção do Museu Goeldi, juntamente com o amigo marinheiro
Nabor da Gama Junior.
A Revolução de 1930 e o período posterior, marcado pela
ditadura de Getúlio Vargas, foi o início da transformação pela
qual o Estado brasileiro passaria e as velhas oligarquias agrárias estavam
sendo substituídas por uma nova classe, representante do poder industrial. No
Pará, o interventor Joaquim de Magalhães Barata nomeou
o pernambucano Carlos Estevão de
Oliveira para a direção do Museu Goeldi. De acordo com a ideologia do
novo regime, caracterizada pelo populismo e pelo nacionalismo, foram
recuperadas as dependências do Parque Zoobotânico (principal área de lazer da
população) e alterou-se novamente o nome da instituição, para Museu Paraense
Emílio Goeldi.
A partir de 1931, através de investimentos regulares, o Parque Zoobotânico
tornou-se reconhecido nacionalmente, chegando a abrigar 2.000 exemplares de
animais vertebrados e centenas de espécies da região, muitas das quais raras ou
pouco conhecidas. Esse reconhecimento foi possível graças à subvenção que o
Governo Estadual impôs às prefeituras do interior, obrigando-as a remeter
mensalmente animais e parte de sua arrecadação ao Museu Goeldi. Muitas espécies
foram reproduzidas em cativeiro com sucesso, em especial répteis e peixes.
Somente nos três primeiros anos de coletas sistemáticas, foram descritas cinco
novas espécies de peixes, inclusive um gênero novo.
No início dos anos de 1950, durante o governo do
presidente Eurico Gaspar Dutra, o museu foi vinculado ao
recém-criado Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq), juntamente com o Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA), instalado em Manaus. No dia 7 de
dezembro de 1954,
José Olympio da Fonseca, diretor do INPA, firmou com o governador do Pará,
General Zacarias de Assunção, um Termo de Acordo pelo
qual o Museu Goeldi seria administrado e recuperado pelo INPA, durante 20 anos.
Com essa medida, o Museu Goeldi pôde, mesmo com dificuldades, intensificar suas
pesquisas científicas.
Na década de 1970, a limitação do espaço do Parque Zoobotânico, impedia o
crescimento do Museu Goeldi e esse foi o principal motivo para a instalação de
um campus de pesquisa, na periferia da cidade, para onde viriam a ser
transferidos os departamentos de pesquisa, biblioteca e administração e o
campus de pesquisa já é o local principal da realização dos experimentos
científicos e da guarda das coleções do museu. O Parque Zoobotânico permanece
como uma mostra viva da natureza amazônica e ponto de referência para o
programa de educação científica do Museu Goeldi.
Atualmente, o Museu possui três bases físicas. A mais antiga
foi instalada em 1895 numa área de 5,2 ha, atualmente conhecida como Parque
Zoobotânico. Localizado no centro urbano de Belém, nele se encontram a
Diretoria, as Coordenações de Administração e Museologia, a Assessoria de
Comunicação Social e a Editora do Museu. O Parque é, atualmente, uma das
principais áreas de lazer da população de Belém, além de ser utilizado como
instrumento de educação ambiental e científica, possuindo cerca de 2.000 árvores
nativas da região, como samaúma, acapu e cedro,
e 600 animais, muitos deles ameaçados de extinção, como o peixe-boi,
a arara-azul,
o pirarucu e
a onça pintada. Possui ainda, um aquário com uma mostra
de peixes e ambientes aquáticos amazônicos e além disso, mantém uma exposição
permanente sobre a obra de Emílio Goeldi e as primeiras coleções formadas pelo
naturalista. O Parque recebe mais de 400 mil visitantes anualmente, entre
moradores de Belém e turistas.
Em 1980, inaugurou-se, nas imediações da cidade, um Campus de
Pesquisa com 12 ha, para onde foram transferidas as coordenações científicas
(Botânica, Zoologia, Ciências Humanas, Ciências da Terra e Ecologia), a
Biblioteca Domingos Soares Ferreira Penna, o Arquivo Guilherme de La Penha,
o Horto Botânico Jacques
Huber e vários laboratórios institucionais.
A mais recente base física, a Estação Científica Ferreira Penna
(ECFP), foi inaugurada em 1993, em 33.000 ha da Floresta Nacional de Caxiuanã,
município de Melgaço, a aproximadamente 400 km de Belém.
A área foi cedida pelo IBAMA e a base foi construída com recursos da Overseas
Development Administration (ODA), atual DFID/Reino Unido). A ECFP destina-se à
execução de programas de pesquisa e ações de desenvolvimento comunitário nas
diversas áreas do conhecimento (há aproximadamente 200 famílias vivendo no
interior da floresta e arredores), possuindo excelente infra-estrutura para o
desenvolvimento de pesquisas em ambientes de floresta primária, sendo muito
visitada por cientistas de instituições nacionais e estrangeiras.
Desde o ano 2000, o Museu Paraense Emílio Goeldi saiu do âmbito do CNPq,
ficando subordinado, diretamente, ao Ministério da Ciência e Tecnologia do
Brasil.
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