sexta-feira, 14 de abril de 2023

Colheita do Café na Fazenda do Pinhal, Início do Século XX, São Carlos, São Paulo, Brasil

 


Colheita do Café na Fazenda do Pinhal, Início do Século XX, São Carlos, São Paulo, Brasil
São Carlos - SP
Fotografia


Até aproximadamente 1870, São Carlos possuía fazendas voltadas quase que exclusivamente à produção de cana de açúcar e à pecuária, posteriormente, em virtude do aumento do consumo de café no mercado internacional, a produção do grão cresceu vertiginosamente e, em pouco tempo, tornou-se o principal produto da economia paulista, sendo que isso não poderia ser diferente na jovem cidade de São Carlos.
A demanda cada vez maior do café fez aumentar o poder econômico e político, assim como o prestígio social dos fazendeiros locais. Com a riqueza advinda da venda do café, o comércio diversificou-se, igrejas e casarões foram construídos, os fazendeiros que anteriormente viviam exclusivamente no meio rural, tornaram-se moradores da cidade, construindo palacetes para facilitar a gestão de negócios paralelos, investindo no comércio, imóveis, bancos e indústrias. Muitos cafeicultores receberam títulos de nobreza atribuídos pelo Imperador D. Pedro II numa negociação que envolvia interesses de ambos os lados: para os fazendeiros, além de um ar de nobreza, confirmava e aumentava o prestígio político em sua região de origem, ao Imperador, resultava em uma provável fidelidade e garantia de apoio a manutenção da monarquia.
São Carlos teve dois nobres de destaque, reconhecidos pelo seu papel político junto ao Império e a riqueza acumulada com a produção cafeeira: o Visconde da Cunha Bueno e o Conde do Pinhal. Francisco da Cunha Bueno, político do Partido Conservador e dono de grandes fazendas de café, entre elas a Santa Eudóxia, recebeu seu primeiro título em 1887, nomeado Barão de Itaquary, mais tarde modificado para Barão da Cunha Bueno. Em 1889, já no fim do império foi nomeado Visconde da Cunha Bueno. O Visconde é muito lembrado na história local por ter hospedado o Imperador Dom Pedro II em sua visita a São Carlos em 1886. Outro destaque foi Antonio Carlos de Arruda Botelho, importante expoente político do Partido Liberal em São Paulo, fazendeiro e grande empresário do setor cafeeiro, recebeu seu primeiro título em 1879, Barão do Pinhal. Em 1885, foi agraciado com o título de Visconde com Grandeza, mantendo o nome de Pinhal e, dois anos depois, recebeu seu maior reconhecimento como Conde Pinhal.
Os escravizados eram explorados como mão de obra nas fazendas cafeeiras, mas posteriormente, com a abolição da escravatura, o trabalho passou a ser feito pelos imigrantes, que mesmo sendo muitas vezes tratados como escravizados, ao longo do tempo, vários conseguiram, realizar o sonho de fazer a América.
Das transformações estruturais empreendidas na produção cafeeira, a implantação de um sistema de transporte ferroviário mais moderno e ágil que escoasse o café do interior do estado para o porto de Santos despontou como um elemento primordial, principalmente pelo sucesso que já apresentava em outras regiões paulistas.
Anos mais tarde, o descompasso entre a enorme produção brasileira e a queda da demanda internacional pelo produto, combinada com os efeitos da crise de 1929 nos Estados Unidos, ocasionaram o fim deste ciclo.

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