quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Motor Fire da Fiat já foi o Mais Moderno do Mundo e se Aposenta Após 40 Anos - Artigo











Motor Fire da Fiat já foi o Mais Moderno do Mundo e se Aposenta Após 40 Anos - Artigo
Artigo


Quando chegou ao Brasil, a família de motores Fire foi alardeada como uma grande novidade que prometia mais robustez e maior eficiência, com um eventual ganho no desempenho. O nome, que significa fogo em inglês, soava bem, mas não tinha nada a ver com sua verdadeira origem: é um acrônimo para “Fully Integrated Robotised Engine”, que pode ser traduzido como “Motor Completamente Montado por Robôs”. Sim, “só” isso.
O fato é que o motor Fire fez seu nome no Brasil: logo passou dar nome a versões de carros como Palio e Siena. Virou sinônimo de confiabilidade. Mas essa história começou em computadores na Itália e na França no início dos anos 1980 com uma ajuda, quem diria, da PSA Peugeot Citroen.
Conta-se que a família de motores Fire foi desenvolvida com a PSA Peugeot Citroen, com quem a Fiat firmou parceria nos anos 1970. As fabricantes francesas teriam ajudado a desenvolver diversas soluções dos motores Fire, que nunca chegaram a usar. Ou melhor, demoraram décadas para usar, porque Peugeot Partner Rapid usou o motor 1.4 Fire até agora.
A produção de motores automatizada era uma coisa revolucionária nos anos 1980 e o desenvolvimento desse motor também foi revolucionário. Foi o primeiro motor majoritariamente desenvolvido digitalmente, com projeto em simulação computacional baseada em elementos finitos.
Quando estreou, com o pequeno italiano Autobianchi Y10, em 1985, o bloco do motor tinha paredes de apenas 4 mm, pesava meros 18 kg, mesmo sendo de ferro. Todo montado, chegava aos 69 kg. Era um 1.0 carburado de 45 cv.
Mas até existiram versões menores. O Fiat Panda italiano chegou a ser equipado com um motor 0.8 Fire de 34 cv entre 1986 e 1992. Mas também fizeram versões 1.1 L e 1.2 L que não chegaram a ser usadas no Brasil, onde limitaram as ofertas aos 1.0, 1.3 e 1.4L.
No Brasil, a estreia do motor Fire foi 15 anos depois, em março de 2000 e já com injeção eletrônica (chamado globalmente de Super-FIRE) e acelerador eletrônico (o “drive by wire”, mas só em algumas versões), como um substituto aos antigos motores Fiasa. O primeiro carro foi o Palio 1.3 16V com 80 cv, mas logo a linha estaria completa: houve versões 1.0 e 1.3, com cabeçotes 8V ou 16V, a depender da versão.
Esses motores estiveram na grande maioria dos carros da Fiat fabricados no Brasil, como Uno, Palio, Siena, Punto, Idea, Strada e Doblò. E, pode ter certeza: a Fiat e posteriormente a FCA e a Stellantis fizeram tudo que era possível para manter os motores Fire em produção. Ou quase tudo.
As mudanças de comando da empresa renderam o improvável: motores Fire fabricados nos Estados Unidos. A fábrica da então FCA em Dundee, no Michigan, passou a fabricar os 1.4 16V Multiair que seriam usados nos Fiat 500 mexicanos a partir de 2010. Inclusive, vale destacar que os motores Fire mais avançados tinham justamente o cabeçote Multiair (com comando de válvulas variável) e estes nunca chegaram a ser fabricados no Brasil.
Atualizações, como acelerador eletrônico, ajustes de potência e eficiência e a transformação em bicombustível (e também para GNV, no caso do Siena Tetrafuel) foram feitas com o passar dos anos. Em 2006, o 1.3 deu lugar ao 1.4, sempre com cabeçote 8V no Brasil. Mas os 1.4 16V apareceram por aqui: os Fiat 500 podiam ter a versão aspirada, enquanto os 500 Abarth, Linea T-Jet, Bravo T-Jet e Punto T-Jet usaram o 1.4 16V Turbo.
Nessas de motor turbo, chegou a ser usado por carros da Alfa Romeo, da Jeep e da Dodge no mundo inteiro. Inclusive, os 1.4 T-Jet chegaram a ter até 190 cv em aplicações pelo mundo e foram usados em carros de corrida, como os Linea da Copa Fiat e o Tatuus FA010 usado na Formula Abarth e na Copa Masters China.
Nas andanças pelo mundo, o motor Fire também chegou a ser fornecido para carros da fabricante indiana Tata e também equipou o Ford Ka europeu (quando este utilizava a mesma plataforma do Fiat 500).
A última grande atualização dos motores Fire nacionais aconteceu em 2010, com o lançamento dos motores Fire EVO. Houve grandes mudanças em pistões, bielas, anéis, coletores e incluíram variador de fase nos 1.4, tudo para reduzir emissões e consumo.
Mas essa atualização de 14 anos atrás e outras feitas na injeção para o Proconve L7 (quando perdeu o tanquinho de partida a frio) não foram suficientes para cumprir com as regras do Proconve L8. As normas do programa MOVER, que computa as emissões de toda a gama de modelos dos fabricantes, também forçou a sua aposentadoria.
O motor 1.0 Fire 8V foi lançado com 55 cv a 5.500 rpm e 8,3 kgfm a 2.500 rpm com gasolina e saiu de linha gerando até 74 cv a 6.250 rpm e 9,7 kgfm a 3.250 rpm. O primeiro 1.4 Fire 8V era flex e tinha 81 cv a 5.500 rpm e 12,4 kgfm a 2.250 rpm, enquanto os últimos tinham variador de fase e 86 cv a 6.000 rpm e 12,2 kfgm a 4.000 rpm. O 1.0 evoluiu bastante, mas o 1.4 já foi “sufocado”: houve versões com até 88 cv.
Os motores Fire foram tão longevos no Brasil quanto os motores Fiasa, que foram oferecidos no Brasil do lançamento do Fiat 147, em 1976, até 2001. Ambos permaneceram em produção no Brasil por 25 anos.
Mas talvez os Fiat Fire sejam os motores com a melhor reputação entre mecânicos e consumidores dos que a Fiat já usou no Brasil. A manutenção é fácil, as peças são baratas e têm poucos problemas crônicos. Não dá para separar isso do sucesso de carros como Palio, Uno, Siena e Doblò.
Mas é inegável que a entrega de força deles estava defasada há muitos anos. Texto de Henrique Rodriguez / Quatro Rodas.
Nota do blog: Data não obtida / Crédito para Fiat.

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