segunda-feira, 17 de junho de 2019

Gurgel Supermini, Brasil








Gurgel Supermini, Brasil
Fotografia



Na sala de João Augusto Conrado do Amaral Gurgel na sede da Gurgel Motores S/A, em Rio Claro, São Paulo, havia, entre troféus e diplomas expostos na parede, uma multa por excesso de velocidade.
A notificação, motivo de orgulho na fábrica, foi obtida por um funcionário ao volante de um BR 800, flagrado a 126 km/h. Em vez de ser repreendido pelo dono, o dublê de piloto foi recebido com festa.
Não era para menos: com um motor de 0,8 litro e dois cilindros e 650 quilos de peso total, o BR 800 era a realização do sonho do engenheiro e empresário que começou produzindo minicarros para crianças. Era o primeiro automóvel criado e desenvolvido no Brasil. Depois de fabricar vários utilitários, como Xavante, X-12, Tocantins e Carajás, entre outros que utilizavam mecânica VW, Gurgel colocava nas ruas um carro com conjunto mecânico próprio.
A odisseia começou bem antes do dia 7 de setembro de 1987, “dia da independência tecnológica brasileira”, de acordo com o próprio Gurgel. Naquele feriado o projeto Cena, “Carro Econômico Nacional”, ou Gurgel 280, foi apresentado ao público.
No ano seguinte, já com o novo nome BR 800, chegava às mãos dos primeiros proprietários. Quem quisesse se habilitar a um deles, teria de comprar ações da companhia, como fizeram 8.000 novos acionistas.
O governo também fez sua parte, criando um incentivo fiscal: o IPI era mais baixo (5% contra os 25% ou mais para os outros carros) para o carrinho popular.
Mas os momentos de glória que levaram até a cobrança de ágio terminaram quando, em 1990, o incentivo ao carro popular se estendeu a todos os carros com motores de até 1 litro. A Fiat lançou seu Uno Mille, que custava praticamente o mesmo que um Gurgel, e foi seguida pelas outras montadoras.
Os novos concorrentes do BR 800 tinham melhor desempenho, acabamento e mais espaço. Nem é preciso dizer como a vida do pequeno Gurgel ficou difícil. Em janeiro de 1991 deixou de ser fabricado. Para enfrentar a competição, a Gurgel lançou o Supermini, em 1992.
Com desenho mais moderno, acabamento mais bem cuidado e linhas arredondadas, o novo carro ficou mais bonito e com melhor aerodinâmica. O maior entre-eixos contribuiu para aumentar a estabilidade e o espaço para os dois passageiros de trás.
O motor de 36 cavalos era o original Gurgel Enertron com cilindros dispostos na horizontal e ignição eletrônica. Apenas teve o cabeçote redesenhado e as válvulas de admissão aumentadas, mudanças que renderam mais 4 cavalos.
A carroceria, de poliéster reforçado com fibra de vidro, tinha garantia de 100.000 quilômetros. Mas dizer que era inteiramente produzido aqui não seria correto, pois o câmbio era argentino, feito sob encomenda.
O Supermini era mesmo um passo à frente em relação ao BR: o porta-malas ganhou tampa e os vidros, antes corrediços, passaram a ter movimento vertical. O painel, completo, tinha toca-fitas que levava a marca Gurgel.
Ao darmos a partida no Supermini, a primeira ideia é de que há algum cabo de vela solto. Rodando, a impressão continua. Lembrei-me da recomendação de Robson Jacob, o proprietário do carro que aparece nesta reportagem: “Aproveite bem as marchas. Estique!”
O ruído interno é alto e a impressão é de que o motor está sempre “esgoelado”. A dica é não deixar a rotação cair. E nem ter medo de reduzir as marchas, como ensina o manual do proprietário.
A direção é leve e as manobras são fáceis mesmo com volante pequeno e sem assistência hidráulica, ajudadas pelos seus parcos 3,19 metros de comprimento. Mas a carroceria atua como caixa de ressonância ao passar por irregularidades.
O alardeado baixo consumo não surpreendeu de maneira positiva: a média fica em torno dos 13,5 km/l, conforme reportagem publicada em QUATRO RODAS em novembro de 1992. No mesmo teste, ele levou eternos 35 segundos para ir de 0 a 100 km/h. E a velocidade máxima ficou nos 111,5 km/h, atribuída à falta de um diferencial mais longo e uma quinta marcha.
A impressão de fragilidade que se tem ao andar no BR 800 não parece confirmada pela realidade: basta ver os Gurgel que continuam rodando mesmo com a precária assistência técnica remanescente. Algo muito distante dos planos originais do engenheiro Gurgel, que pretendia que postos da rede Petrobras revendessem peças de reposição para seus carros, fora dos grandes centros.
Endividada e concordatária desde 1993, a Gurgel foi à falência no ano seguinte, antes mesmo de inaugurar a nova fábrica no Ceará, para a qual já havia adquirido da Citroën equipamentos de produção. Mas parte significativa de seu legado continua na ativa. A fábrica produziu mais de 25.000 veículos no total.

Gurgel BR-800, Brasil








Gurgel BR-800, Brasil
Fotografia



O engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel não tinha um grande sonho. De fato, o dele era bem pequeno: produzir um automóvel 100% nacional com 3,2 metros de comprimento, empreitada que depois de 62 anos de vida materializou-se na forma do BR-800.
A ideia nasceu ainda na infância, mas começou a tomar forma em 1956, quando Gurgel ingressou na Ford, recém-saído da GM. Andando pelo bairro paulistano do Ipiranga, conheceu um empresário alemão que montava Fuscas que vinham em peças da matriz, Friedrich Schultz-Wenk, que mais tarde selaria a parceria para fornecer à Gurgel a mecânica VW usada em seus primeiros utilitários.
Estabelecido e capitalizado, Gurgel viu o Fusca sair do mercado em 1986: era a oportunidade para ressuscitar um projeto rejeitado como trabalho de formatura na Escola Politécnica da USP, em 1949. Era o embrião do Cena (Carro Econômico Nacional): pequeno (2,9 metros), leve (450 kg) e com um motor bicilindrico de 650 cm3, ele foi projetado para ser o automóvel mais barato do país.
Seu chassi tubular era revestido por uma carroceria de fibra de vidro. A transmissão similar à do Chevette custava pouco, mas não oferecia o mesmo rendimento de uma tração dianteira. Rebatizado Gurgel 280 e depois testado pela Quatro Rodas, ele até que bebia pouco, mas andava ainda menos: fez a15,9 km/l na estrada, com máxima de 108,8 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em longos 47,99 segundos.
O modelo definitivo apresentaria marcas melhores, em dezembro de 1988: 18,62 km/l na estrada e 0 a 100 km/h em 43,48 segundos. A máxima caía para 107,2 km/h, evidenciando sua vocação estritamente mente urbana.
A opinião é ratificada pelo aposentado Waldir Bortholuzzi, entusiasta da marca e proprietário deste BR-800 1991 da última safra. “Ele é um carrinho urbano, divertido e despretensioso: fica reservado aos momentos de lazer pelo bairro, no máximo uma esticada até um encontro de antigos. Já viajei com ele, mas seu desempenho é modesto: na estrada, ele é um peixe fora d’água”, diz Waldir, que possui mais 12 modelos da marca em sua garagem.
A produção do BR-800 iniciou-se enfim em 1988, viabilizada pelo lançamento de um lote de 10.000 ações da empresa: cada investidor pagava 3.000 dólares pelo carro e mais metade desse valor pelas ações (na época, só sócios podiam comprar o BR). Um bom negócio, considerando que havia gente que pagava ágio de 100% pelo privilégio de rodar com o único automóvel 100% nacional.
Tudo mudaria em 1990: o IPI para automóveis até 1 litro de cilindrada foi definido em 10%, prejudicando a Gurgel (que antes recolhia só 5%) e beneficiando a Fiat (que antes pagava 20%). O BR-800 agora custava pouco menos que o Uno Mille, substancialmente melhor e mais espaçoso. E seus 12,2 km/l na cidade eram um argumento de venda muito pequeno diante dos 11,61 km/l do Gol CL, com o dobro da cilindrada.
Lento, barulhento e desconfortável, ele saiu de cena em 1991, custando mais de 7.000 dólares. A Gurgel até tentou encarar a concorrência com o Supermini, uma evolução do BR-800, mas também não correspondeu à expectativa: fraco e com consumo incompatível, selou a derrocada da mais famosa montadora brasileira, que pediu concordata em 1993 e encerrou as atividades no ano seguinte. O sonho do carro nacional havia chegado ao fim.

Pano de Boca Executado no Teatro da Corte para a Representação do Aparato à Ocasião do Coroamento de Dom Pedro I, Rio de Janeiro, Brasil (Rideau d'Avant Scéne Exécuté au Théatre de la Cour, Pour la Réprésentation d'Apparat, : à l'Occasion du Couronnement de l'Empereur D. Pedro 1er) - Jean Baptiste Debret


Pano de Boca Executado no Teatro da Corte para a Representação do Aparato à Ocasião do Coroamento de Dom Pedro I, Rio de Janeiro, Brasil (Rideau d'Avant Scéne Exécuté au Théatre de la Cour, Pour la Réprésentation d'Apparat, : à l'Occasion du Couronnement de l'Empereur D. Pedro 1er) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 72
Gravura

Cerimônia de Sagração de Dom Pedro I, Imperador do Brasil, no Rio de Janeiro, 1 de Dezembro 1822, Brasil (Cérémonie de Sacre de D. Pedro 1er. Empereur du Brésil : à Rio de Janeiro, Le 1er. Decembre 1822) - Jean Baptiste Debret


Cerimônia de Sagração de Dom Pedro I, Imperador do Brasil, no Rio de Janeiro, 1 de Dezembro 1822, Brasil (Cérémonie de Sacre de D. Pedro 1er. Empereur du Brésil : à Rio de Janeiro, Le 1er. Decembre 1822) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 71
Gravura

Aclamação de Dom Pedro I, Imperador do Brasil, no Campo de Santana, Rio de Janeiro, Brasil (Acclamation de Don Pédro 1er. Empereur du Brésil; Au Camp de Stª. Anna, à Rio-de-Janeiro) - Jean Baptiste Debret




Aclamação de Dom Pedro I, Imperador do Brasil, no Campo de Santana, Rio de Janeiro, Brasil (Acclamation de Don Pédro 1er. Empereur du Brésil; Au Camp de Stª. Anna, à Rio-de-Janeiro) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 70
Gravura


Nota do blog: Em 12 de outubro de 1822, o príncipe Pedro de Alcântara foi aclamado Imperador Perpétuo e Constitucional do Brasil, recebendo o título de Pedro I. A cerimônia ocorreu no Campo de Santana, centro do Rio de Janeiro, que por isso passou a se chamar Campo da Aclamação. A data escolhida era especial. Era o aniversário de Pedro I, que assumiu o trono brasileiro quando completava 24 anos de idade.

Partida da Rainha para Embarcar no Navio Real Destinado a Conduzir sua Corte à Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil (Départ de la Reine : Pour se Rendre à Bord du Vaisseau Royal Destiné à Conduire sa Cour à Lisbonne) - Jean Baptiste Debret


Partida da Rainha para Embarcar no Navio Real Destinado a Conduzir sua Corte à Lisboa, Rio de Janeiro, Brasil (Départ de la Reine : Pour se Rendre à Bord du Vaisseau Royal Destiné à Conduire sa Cour à Lisbonne) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 69
Gravura

Aceitação Provisória da Constituição de Lisboa no Rio de Janeiro, 1821, Brasil (Acceptation Provisoire de la Constitution de Lisbonne, : à Rio de Janeiro, en 1821) - Jean Baptiste Debret


Aceitação Provisória da Constituição de Lisboa no Rio de Janeiro, 1821, Brasil (Acceptation Provisoire de la Constitution de Lisbonne, : à Rio de Janeiro, en 1821) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 68
Gravura

Cortejo de Batismo da Princesa Real Dona Maria da Glória, Rio de Janeiro, Brasil (Cortége du Baptème de la Princesse Royale : Dª. Maria da Gloria, à Rio de Janeiro) - Jean Baptiste Debret


Cortejo de Batismo da Princesa Real Dona Maria da Glória, Rio de Janeiro, Brasil (Cortége du Baptème de la Princesse Royale : Dª. Maria da Gloria, à Rio de Janeiro) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 67
Gravura

Plantas e Elevações de Duas Mansões, Uma na Cidade e Outra no Campo, Rio de Janeiro, Brasil (Plans et Elévations de Deux Grandes Maisons : L'Une de Ville et l'Autre de Campagne) - Jean Baptiste Debret


Plantas e Elevações de Duas Mansões, Uma na Cidade e Outra no Campo, Rio de Janeiro, Brasil (Plans et Elévations de Deux Grandes Maisons : L'Une de Ville et l'Autre de Campagne) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 66
Gravura

Plantas e Elevações de Duas Pequenas Casas, Uma na Cidade e Outra no Campo, Rio de Janeiro, Brasil (Plans et Elévations de Deux Petites Maisons : L'Une de Ville et l'Autre de Campagne) - Jean Baptiste Debret


Plantas e Elevações de Duas Pequenas Casas, Uma na Cidade e Outra no Campo, Rio de Janeiro, Brasil (Plans et Elévations de Deux Petites Maisons : L'Une de Ville et l'Autre de Campagne) - Jean Baptiste Debret
Rio de Janeiro - RJ
Faz Parte do livro "Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil, Volume 3", P. 65
Gravura