sábado, 11 de julho de 2020

Chevrolet Opala Comodoro Sedan 4.1 1978, Brasil























Chevrolet Opala Comodoro Sedan 4.1 1978, Brasil
Fotografia

Chevrolet Opala SS Coupé 4.1 1975, Brasil

















Chevrolet Opala SS Coupé 4.1 1975, Brasil
Fotografia

Volkswagen Karmann Ghia 1970, Brasil















Volkswagen Karmann Ghia 1970, Brasil
Fotografia

O Primeiro Prédio da Avenida Paulista, São Paulo, Brasil


O Primeiro Prédio da Avenida Paulista, São Paulo, Brasil - Artigo
São Paulo - SP
Artigo


Analisando uma imagem da Avenida Paulista, um prédio nos chamou a atenção, pois não havia qualquer registro anterior de sua existência que tivesse – até onde sabemos – sido estudado ou publicado.
Por ser uma imagem do início da década de 1950 e o prédio já parecer, de certa forma, antigo, mais uma vez, surgiu a pergunta: "qual seria o primeiro prédio da Avenida Paulista?". Até então se acreditava ser o Edifício Anchieta de 1941.
Tantos foram os desafios e dúvidas que, neste caso, acabei reunindo um grupo de amigos pesquisadores da cidade de São Paulo para que, juntos, desvendássemos o mistério do tal prédio. Entre outras coisas, a beleza deste artigo é, sem dúvida, a cooperação entre os estudiosos da história da cidade.
Em uma das imagens coletadas, uma fotomontagem do laboratório Boer, com a maquete do que seria o Conjunto Nacional projetado por David Libeskind, ficou ainda mais clara a imagem do tal prédio na Avenida Paulista, esquina com Rua Frei Caneca.
Nada, nenhum registro, nenhuma informação que pudesse auxiliar, apenas esta e outras fotos depois reunidas onde o prédio nunca era o personagem central, mas, sim, um coadjuvante no meio de tantas outras construções.
Hoje, nesta mesma esquina, existe o Edifício 2000, projeto de 1975, e cujo autor é Maurício Kogan. O edifício foi inaugurado em julho de 1979 para ser a sede da Sul América Seguros em São Paulo e hoje abriga uma unidade da Universidade Anhembi Morumbi.
Mas, voltando no tempo, bem antes disso, em 1930, neste endereço existiam três casas, de numeração 37, 39 e 41 (a da esquina) e o registro telefônico da época indica que os números 37 e 39 seriam de Nahar Soubhia (no número 41, neste ano, não consta nenhuma instalação telefônica). Este local, posteriormente, recebeu o número 1972 da Avenida Paulista.
Agora, com a numeração mais recente, foi possível seguir algumas pistas e a primeira delas veio através da lista telefônica de 1945.
Neste endereço constavam alguns telefones instalados em apartamentos; a segunda pista foi uma publicação da Revista do Arquivo Municipal de 1939 onde se criticava a numeração confusa de alguns imóveis e citava o prédio da Avenida Paulista 1972 que não tinha numeração na Rua Frei Caneca, onde, em realidade, se localizavam suas garagens, provavelmente térreas.
Mas quem seriam os proprietários dos apartamentos do tal prédio? Seriam os moradores? Neste ponto, uma publicação de 1942 da Delegacia Especializada de Ordem Política e Social (DEOPS) convocando os proprietários de imóveis na cidade de São Paulo traz, textualmente, a chamada, entre outros, do proprietário (no singular) do imóvel localizado na Avenida Paulista 1972. Por estarmos naquele momento em tempo da guerra deveriam estar sendo convocados os estrangeiros possuidores de imóveis na cidade. Ou seja, temos um só proprietário e tudo nos levava a crer que os apartamentos, então, seriam todos alugados. Entretanto, não poderíamos contar com uma suposição, mas que logo se tornaria uma certeza.
Diante destas informações que foram sendo conseguidas "a conta-gotas", restava também saber o ano da construção ou entrega do prédio cujo nome nem tínhamos conhecimento.
Mas as pesquisas continuam, cada vez mais apuradas, cada vez mais "cirúrgicas" e, finalmente, um pequeno e único anúncio de jornal nos revela, talvez, o mais importante ponto: a data de surgimento do prédio!
Eis que um anúncio de 4 de agosto de 1936, publicado no Estadão pela empresa C.B.A. – Companhia Brasileira de Administração, nos informa que "...já estão sendo alugados..." –, ou seja, eram novos os apartamentos do Prédio Avenida localizado na Avenida Paulista, esquina com a Rua Frei Caneca. Uma administradora locando todos os apartamentos de um mesmo prédio que, curiosamente, foi erguido antes de serem permitidos prédios na avenida – o que só ocorreu depois da Lei Municipal 3.571 de 7 de abril de 1937.
Com este anúncio, mais a informação da convocação, podemos afirmar que, realmente, seria uma única pessoa, um único proprietário de todo o prédio; porém, seu nome continua incógnito e os moradores eram das mais diversas origens, como podemos ver ao analisar as listas telefônicas de diferentes épocas e referentes ao prédio, tais como Rinehart, Katz, Epstein, Rothschild, Heskel, Munter, Bernhein, Seidel, Heskel, Freuthal, Bernheim, Marques, Araújo, Garcia, Marques, Ventura, Andrade e Pistoresi.
Pelas poucas fotos disponíveis podemos considerar que o prédio tinha sete andares, com seis ou mais apartamentos por andar, alguns com face para a Avenida Paulista e outros para a Rua Frei Caneca.
Ao que parece, as plantas deveriam ser diferentes, pois as unidades das extremidades contavam com um pequeno terraço. O térreo era ocupado por unidades de uso residencial ou comercial, sendo estas até certa época sem numeração específica. Uma referência é um salão de beleza que lá funcionou entre 1943 e até, pelo menos, 1953. Tratava-se do cabeleireiro "Vicente", que atendia senhoras e havia tido uma passagem por Paris, como nos indicou um de seus anúncios na época.
Aí está, então, mais um mistério da cidade desvendado, porém, quem sabe, leitores possam ter mais informações sobre o "Primeiro Prédio da Paulista", o que seria uma ótima notícia para a preservação da história da cidade e de sua mais famosa avenida. Texto do blog Série Avenida Paulista adaptado para o post.