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sábado, 11 de julho de 2020
O Primeiro Prédio da Avenida Paulista, São Paulo, Brasil
O Primeiro Prédio da Avenida Paulista, São Paulo, Brasil - Artigo
São Paulo - SP
Artigo
Analisando uma imagem da Avenida Paulista, um prédio nos chamou
a atenção, pois não havia qualquer registro anterior de sua existência que
tivesse – até onde sabemos – sido estudado ou publicado.
Por ser uma imagem do início da década de 1950 e o prédio já
parecer, de certa forma, antigo, mais uma vez, surgiu a pergunta: "qual seria o primeiro prédio da Avenida Paulista?". Até então se
acreditava ser o Edifício Anchieta de 1941.
Tantos foram os desafios e dúvidas que, neste caso, acabei
reunindo um grupo de amigos pesquisadores da cidade de São Paulo para que,
juntos, desvendássemos o mistério do tal prédio. Entre outras coisas, a beleza
deste artigo é, sem dúvida, a cooperação entre os estudiosos da história da
cidade.
Em uma das imagens coletadas, uma fotomontagem do laboratório
Boer, com a maquete do que seria o Conjunto Nacional projetado por David
Libeskind, ficou ainda mais clara a imagem do tal prédio na Avenida Paulista,
esquina com Rua Frei Caneca.
Nada, nenhum registro, nenhuma informação que pudesse auxiliar,
apenas esta e outras fotos depois reunidas onde o prédio nunca era o personagem
central, mas, sim, um coadjuvante no meio de tantas outras construções.
Hoje, nesta mesma esquina, existe o Edifício 2000, projeto de
1975, e cujo autor é Maurício Kogan. O edifício foi inaugurado em julho de 1979
para ser a sede da Sul América Seguros em São Paulo e hoje abriga uma unidade
da Universidade Anhembi Morumbi.
Mas, voltando no tempo, bem antes disso, em 1930, neste
endereço existiam três casas, de numeração 37, 39 e 41 (a da esquina) e o registro telefônico da época indica que os
números 37 e 39 seriam de Nahar Soubhia (no número 41, neste ano, não consta nenhuma instalação telefônica). Este local,
posteriormente, recebeu o número 1972 da Avenida Paulista.
Agora, com a numeração mais recente, foi possível seguir
algumas pistas e a primeira delas veio através da lista telefônica de 1945.
Neste endereço constavam alguns telefones instalados em
apartamentos; a segunda pista foi uma publicação da Revista do Arquivo
Municipal de 1939 onde se criticava a numeração confusa de alguns imóveis e
citava o prédio da Avenida Paulista 1972 que não tinha numeração na Rua Frei Caneca,
onde, em realidade, se localizavam suas garagens, provavelmente térreas.
Mas quem seriam os proprietários dos apartamentos do tal
prédio? Seriam os moradores? Neste ponto, uma publicação de 1942 da Delegacia
Especializada de Ordem Política e Social (DEOPS) convocando
os proprietários de imóveis na cidade de São Paulo traz, textualmente, a
chamada, entre outros, do proprietário (no singular) do
imóvel localizado na Avenida Paulista 1972. Por estarmos naquele momento em
tempo da guerra deveriam estar sendo convocados os estrangeiros
possuidores de imóveis na cidade. Ou seja, temos um só proprietário e tudo nos
levava a crer que os apartamentos, então, seriam todos alugados. Entretanto,
não poderíamos contar com uma suposição, mas que logo se tornaria uma certeza.
Diante destas informações que foram sendo conseguidas "a conta-gotas", restava também saber o ano da construção ou
entrega do prédio cujo nome nem tínhamos conhecimento.
Mas as pesquisas continuam, cada vez mais apuradas, cada vez
mais "cirúrgicas" e, finalmente, um pequeno e
único anúncio de jornal nos revela, talvez, o mais importante ponto: a data de
surgimento do prédio!
Eis que um anúncio de 4 de agosto de 1936, publicado no Estadão
pela empresa C.B.A. – Companhia Brasileira de Administração, nos informa
que "...já estão sendo alugados..." –, ou seja,
eram novos os apartamentos do Prédio Avenida localizado na Avenida Paulista,
esquina com a Rua Frei Caneca. Uma administradora locando todos os apartamentos
de um mesmo prédio que, curiosamente, foi erguido antes de serem permitidos
prédios na avenida – o que só ocorreu depois da Lei Municipal 3.571 de 7 de
abril de 1937.
Com este anúncio, mais a informação da convocação, podemos
afirmar que, realmente, seria uma única pessoa, um único proprietário de todo o
prédio; porém, seu nome continua incógnito e os moradores eram
das mais diversas origens, como podemos ver ao analisar as listas telefônicas
de diferentes épocas e referentes ao prédio, tais como Rinehart, Katz, Epstein,
Rothschild, Heskel, Munter, Bernhein, Seidel, Heskel, Freuthal, Bernheim,
Marques, Araújo, Garcia, Marques, Ventura, Andrade e Pistoresi.
Pelas poucas fotos disponíveis podemos considerar que o prédio
tinha sete andares, com seis ou mais apartamentos por andar, alguns com face
para a Avenida Paulista e outros para a Rua Frei Caneca.
Ao que parece, as plantas deveriam ser diferentes, pois as
unidades das extremidades contavam com um pequeno terraço. O térreo era ocupado
por unidades de uso residencial ou comercial, sendo estas até certa época sem
numeração específica. Uma referência é um salão de beleza que lá funcionou
entre 1943 e até, pelo menos, 1953. Tratava-se do cabeleireiro "Vicente",
que atendia senhoras e havia tido uma passagem por Paris, como nos indicou um
de seus anúncios na época.
Aí está, então, mais um mistério da cidade desvendado, porém,
quem sabe, leitores possam ter mais informações sobre o "Primeiro Prédio da Paulista", o que seria uma ótima notícia para a
preservação da história da cidade e de sua mais famosa avenida. Texto do blog Série
Avenida Paulista adaptado para o post.
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