Capela de São João Batista, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil
Ouro Preto - MG
Fotografia
Texto 1:
Situada no Morro de Ouro Fino, antigo arraial do Ouro Podre, a Capela de São João Batista foi construída antes de 1743, uma vez que a escritura de constituição do patrimônio que o minerador Padre Gabriel Mascarenhas fez para a referida capela data de 17 de julho daquele ano. Diante da falta de documentação, sabe-se somente que em 1761, foram reedificadas as paredes da sacristia, por ordem do Padre Visitador José dos Santos.
No século XIX, especificamente nos anos de 1855, 1878 e 1879 foram destinados recursos, pelo governo provincial, para auxiliar nas obras que estavam sendo executadas. No século XX, a edificação figura no Plano de Obras do IPHAN do ano de 1954, quando foram realizados serviços que compreenderam a revisão do telhado, com embocamento das telhas da capela-mor e da sacristia, reparos nas portas e janelas, limpeza e pinturas gerais.
A edificação apresenta fachada extremamente simples, com frontão triangular arrematado por uma cruz e dois elementos piramidais, em pedra, nas extremidades. A porta principal, com batentes almofadados, é encimada por duas janelas altas, do tipo guilhotina, e óculo central. O sino encontra-se colocado em posição lateral.
Igualmente simples, seu interior é composto por grade de balaústres torneados na nave e grade em madeira recortada no coro. O retábulo apresenta pintura representando os doze apóstolos. O altar-mor é despojado de ornamentação, contendo no trono uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Abaixo desta, encontra-se uma imagem de São João. Nos nichos abrigam-se as imagens de São Francisco de Assis e Santo Antônio e, sobre o sacrário, um crucifixo. O adro da capela de São João Batista é todo cercado por um muro.
Texto 2:
Segundo a tradição, trata‐se do mais antigo templo da cidade. A ermida primitiva teria sido erguida nos idos de 1698, nas alturas da Serra do Ouro Preto, pelos integrantes das bandeiras de Antônio Dias, e nela o padre Faria celebrou os ofícios durante alguns anos. Em torno desta capela se formou o primeiro "arraial dos paulistas", que foi incendiado durante a revolta de 1720. O edifício foi inteiramente reformado (ou reconstruído) por volta de 1743, quando o minerador padre Gabriel Mascarenhas doou terrenos para constituir o património religioso. Sabe‐se ainda que, em 1761, foram reedificadas as paredes da sacristia, por ordem do padre visitador José dos Santos, emissário do bispo de Mariana. A planta, bastante peculiar, apresenta corpo da nave distinto do da capela‐mor, e paredes curvas na junção dos dois; a sacristia, em forma de "puxado", anexo à nave, lembra, segundo Wladimir A. de Souza, as capelas rurais do Norte de Portugal. Como várias outras ermidas ouro‐pretanas desta fase inicial, a construção é em alvenaria de cascalho grosseiro misturado à "canga" (minério de ferro esponjoso extraído nas montanhas circundantes). Possui adro cercado por muro, e uma fachada extremamente simples, característica do período, apresentando porta central única e duas janelas no nível do coro, com ombreiras e vergas retas em madeira, e um frontão triangular com acabamento em beira‐seveira, encimado por cruz; no prolongamento dos cunhais, dois coruchéus de pedra. O detalhe original fica por conta da sineira baixa e tosca, apoiada no cunhal esquerdo. O interior é totalmente despojado, não havendo obra significativa de talha. A pintura na base do retábulo representa os doze apóstolos, e foi atribuída pelo historiador Diogo de Vasconcelos ao mesmo artista (anónimo) que trabalhou na Capela de Pompeu (município de Sabará). Na segunda metade do século XIX, a capela passou por diversas reformas. Foi classificada pelo IPHAN em 1939, e restaurada sob seus auspícios na década de 1950.