A Morte de César, Roma, Itália (La Morte di Cesare) - Vincenzo Camuccini
Roma - Itália
Museu de Capodimonte, Nápoles, Itália
OST - 112x195 - 1804-1805
O crescente
acúmulo de poder por parte de César, em detrimento da aristocracia, irritou
muitos senadores conservadores. Eles temiam que Júlio César estivesse tentando
reerguer a monarquia, com ele mesmo na figura de rei. Um grupo de senadores
(os Liberatores) começou então
a conspirar contra César e planejar seu assassinato, afirmando que ele havia se
tornado um tirano e que somente sua morte restauraria a velha República Romana. Nos idos de março (15 de março no Calendário
romano) de 44 a.C., César compareceu a uma sessão do senado na Cúria de
Pompeu. Marco Antônio, tendo ouvido falar sobre o complô de um
libertador assustado chamado Servílio Casca, e temendo o pior, foi avisar César. Os
conspiradores, contudo, anteciparam isso e enviaram Trebônio para interceptá-lo
enquanto ele se aproximava do Teatro de Pompeu, onde a
sessão aconteceria, para pará-lo. Ao ver a agitação no senado (no momento do
assassinato), Antônio fugiu.
Segundo Plutarco, quando César
chegou, o senador Tílio Cimbro lhe apresentou uma petição para revogar o
exílio imposto ao seu irmão. Os outros conspiradores se aproximaram sob o
pretexto de oferecer apoio e cercaram César. Segundo Plutarco e Suetônio, César dispensou o
pedido mas Cimbro o agarrou pelo ombro e o puxou pela túnica. César então
berrou para Cimbro: "Como assim, isso é violência!" ("Ista
quidem vis est!"). Ao mesmo tempo, Casca pegou sua adaga e partiu para o pescoço de César.
Este, contudo, se virou rapidamente e pegou Casca pelo braço. De acordo com
Plutarco, César teria dito, em latim, "Casca, seu vilão, o que você está
fazendo?" (em grego
clássico: ὁ μεν πληγείς, Ῥωμαιστί·
'Μιαρώτατε Κάσκα, τί ποιεῖς) Casca, assustado, gritou em grego "Ajuda,
irmão!" ("ἀδελφέ, βοήθει", "adelphe,
boethei"). Poucos momentos depois, todos do grupo, incluindo Brutus,
atacaram o ditador. César tentou se afastar mas, cego pelo sangue que escorria
da cabeça, tropeçou e caiu. Mesmo no chão, no pórtico, ele continuou a
ser esfaqueado. De acordo com Eutrópio,
cerca de 60 homens participaram do assassinato. César teria sido esfaqueado 23
vezes.
O historiador
Suetônio afirmou que um médico que examinou o corpo teria dito que apenas um
ferimento, o infligido no peito, teria sido letal. Não se sabe quais foram
as últimas palavras de César e isso ainda é assunto de debate entre
historiadores e acadêmicos até os dias atuais. Suetônio disse que pessoas da
época afirmaram que as últimas palavras de César, proferidas em grego, foram
"Até você, criança?" ("καὶ σύ, τέκνον"). Contudo,
até Suetônio tem dúvidas e crê que César não disse nada. Plutarco também
afirma que César não pronunciou nada antes de morrer, mas puxou sua toga sobre
a cabeça quando viu Brutus entre os conspiradores. A versão mais famosa
sobre o que Júlio César teria dito antes da morte é a célebre frase em latim "Et tu, Brute?"
("E você, Brutus?", comumente referida como "Até tu, Brutus?"); esta
fala na verdade vem da peça Júlio
César, do dramaturgo inglês William
Shakespeare. Ela não tem qualquer base histórica e o uso do latim por Shakespeare aqui vai de
encontro à maioria das versões, que afirmam que César teria pronunciado
palavras em grego.
Mas, de fato, a frase "Et tu, Brute?" já era popular antes mesmo da
peça.
De acordo com
Plutarco, após o assassinato, Brutus deu um passo adiante como se fosse falar
algo para os colegas senadores. Eles, contudo, fugiram às pressas do prédio.
Brutus e seus companheiros próximos foram então pelas ruas gritando pela
cidade: "Povo de Roma, nós somos novamente livres!"
Contudo, com a história do que havia ocorrido se espalhando rapidamente, a maioria da população resolveu se trancar dentro de casa. O corpo de César permaneceu no chão do senado por mais três horas antes que fosse removido. O cadáver de César foi posteriormente cremado. No local onde a pira funerária estava ergueu-se o Templo de César alguns anos mais tarde, a leste da praça principal do Fórum Romano. Apenas o altar do templo está preservado até os dias atuais. Uma estátua de cera foi mais tarde erguida no Fórum, exibindo as 23 feridas.
Contudo, com a história do que havia ocorrido se espalhando rapidamente, a maioria da população resolveu se trancar dentro de casa. O corpo de César permaneceu no chão do senado por mais três horas antes que fosse removido. O cadáver de César foi posteriormente cremado. No local onde a pira funerária estava ergueu-se o Templo de César alguns anos mais tarde, a leste da praça principal do Fórum Romano. Apenas o altar do templo está preservado até os dias atuais. Uma estátua de cera foi mais tarde erguida no Fórum, exibindo as 23 feridas.
A série de
eventos que aconteceram após sua morte pegou os seus assassinos de surpresa. Ao
contrário do que os conspiradores acreditavam, a morte de César não ressuscitou
a República
Romana e o estado tomou
a forma imperial menos
de duas décadas depois. As classes média e
baixa da sociedade romana, com as quais César era muito
popular, ficaram enfurecidas pelo fato de um pequeno grupo de aristocratas ter
assassinado o seu amado líder. Marco Antônio, que na verdade vinha se afastando
de César, capitalizou a dor da plebe e ameaçou soltá-la sobre os Optimates, talvez com o
intuito de tentar tomar o poder total em Roma para si. Porém, para seu espanto,
César havia nomeado um sucessor em testamento, seu sobrinho-neto Otaviano, dando-lhe o posto
de chefe da família (herdeiro do nome de César), e além disso lhe deu acesso a
sua gigantesca fortuna.
Durante o
funeral de César, as coisas esquentaram. Na enorme pira funerária feita, o povo
compareceu em massa, jogando madeira no fogo, móveis e até roupas para
alimentar as chamas. O fogo acabou ficando muito alto, danificando o Fórum e causando
outros danos. A multidão então atacou as casas de Bruto e Cássio, que foram
obrigados a fugir para a Macedônia.
Os aristocratas acusaram Antônio de jogar o povo contra eles, levando a uma
nova ruptura na liderança política romana, o que precipitaria em nova guerra civil. Contudo, os rumos deste
conflito não terminariam bem para nenhum desses dois, com a figura do
sobrinho-neto e herdeiro vindo à proeminência. Otaviano, que tinha apenas 18
anos quando César morreu, mostrou-se um político habilidoso, e enquanto Antônio
se preparava para enfrentar Décimo
Bruto na primeira fase da guerra civil, ele igualmente se
preparava para sua ascensão na vida pública.
Bruto e
Cássio, líderes da facção aristocrática contra César, estavam reunindo um
exército na Grécia para recuperar o poder em Roma. Para combatê-los, Antônio
precisava de sua própria tropa, além de dinheiro e de legitimidade, algo que
pretendia conquistar no legado de César. Com inimigos em comum, Antônio e
Otaviano, junto com o comandante Lépido, se aliaram,
confrontaram os assassinos de César e seus simpatizantes no senado e se saíram
vitoriosos em batalha. Em 27 de novembro de 43 a.C., foi formalizada
a lex Titia que criou o Segundo
Triunvirato. Então, oficialmente deificaram César como
"Divino Júlio" (Divus Iulius), em 42 a.C..
Já que a
clemência de César para perdoar ex-inimigos acabou custando sua vida, o Segundo
Triunvirato trouxe de volta a proscrição, abandonada no
governo de Sula. Isso levou a uma
série de assassinatos políticos para assim poderem pagar por suas legiões e
vencer a guerra contra Bruto e Cássio. Em seguida, Otaviano, Antônio e
Lépido se tornaram os governantes de Roma, sem qualquer rival. Contudo, o
Segundo Triunvirato não ficaria em paz muito tempo. Marco Antônio formou uma
aliança com a ex-amante de César, a rainha Cleópatra, pretendendo usar
as fortunas do Egito para dominar Roma. Uma nova guerra civil eclodiu entre Otaviano
e Marco Antônio. Durante este conflito, Otaviano se apoiou no fato de César
tê-lo nomeado como seu sucessor e adotado como
filho e usou isso como uma fonte de legitimidade. Otaviano então conquistou
o Egito,
forçando Antônio e sua rainha a cometerem suicídio. Então retornou para Roma e, em 27 a.C., se tornou César Augusto, o
primeiro imperador
romano, dando a si mesmo estatuto de divindade.
Antes de sua
morte, Júlio César havia planejado lançar uma invasão militar contra a Pártia, o Cáucaso e a Cítia. Também pretendia
marchar novamente contra a Germânia e a Europa Oriental. Vários
generais lançariam campanhas contra a Germânia em nome de Augusto, porém com a
derrota romana na Batalha da Floresta de Teutoburgo em 9 d.C., não
mais se tentaria dominar aquela região. Na Pártia, por sua vez, Augusto
preferiu resolver o conflito romano-persa via diplomacia e conseguiu com isso o
retorno dos estandartes
de guerra perdidos por Crasso na batalha de Carras, uma
vitória simbólica de grande impulso à moral romana.
Júlio César se
tornou o primeiro político romano importante a ser deificado. Foi
posteriormente agraciado com o título de "Divino Júlio" ou
"Deificado Júlio" (Divus Iulius ou Divus Julius) por
decreto do senado
romano em 1 de janeiro de 42 a.C. e a aparição de
um cometa durante os jogos
em sua honra foi usada para confirmar sua divindade. Apesar do
seu templo lhe
ter sido dedicado apenas após sua morte, pode ter recebido estatuto divino já
durante sua vida e logo depois de seu assassinado, Marco Antônio foi
nomeado como o seu flâmine (sacerdote).
Tanto Otaviano quando Antônio promoveram o culto ao Divino Júlio. Após a morte
de Antônio, Otaviano, como filho adotivo de César, assumiu o título de
"Filho do Divino" (Divi Filius).

Nenhum comentário:
Postar um comentário