terça-feira, 27 de agosto de 2024

Exposição "O Cinema de Billy Wilder", 2024, MIS Museu da Imagem e do Som, São Paulo, Brasil


 

Exposição "O Cinema de Billy Wilder", 2024, MIS Museu da Imagem e do Som, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

Texto 1:
A exposição “O cinema de Billy Wilder” homenageia um dos cineastas mais célebres do século 20, diretor de clássicos como Crepúsculo dos deuses e Quanto mais quente melhor. A mostra inédita, concebida inteiramente pelo MIS, tem curadoria do diretor-geral do Museu, André Sturm.
Com recriações de cenários e um panorama de seus trabalhos mais influentes, a exposição vai ocupar os três andares do Museu da Imagem e do Som de São Paulo, convidando os visitantes a mergulhar na piscina de Norma Desmond, dançar com Marilyn Monroe, tramar golpes de indenização no cinema noir, desvendar casos de tribunal concebidos por Agatha Christie, escapar do inferno número 17 e se render aos encantos de Sabrina.
A exposição faz um percurso pela extensa filmografia de Billy Wilder, destacando 13 dos seus 27 longas-metragens, e conta com textos de Ana Lúcia Andrade, especialista na obra do cineasta, autora do livro “Entretenimento inteligente – o cinema de Billy Wilder”. Entre cartazes, fotografias de bastidores, stills de filmes, cenas selecionadas e editadas exclusivamente para a mostra, objetos de cena, figurinos originais usados nas gravações e depoimentos em vídeo de pessoas que conviveram com o diretor, a exposição consegue aproximar o visitante do fazer cinematográfico, ao mesmo tempo que apresenta e instiga o público sobre a trajetória profissional do homenageado.
Indo desde o primeiro longa-metragem que dirigiu, “Semente do mal” (1934), a exposição faz um passeio que vai muito além da obra de Wilder, ao proporcionar uma viagem pelo próprio cinema. O percurso vai num crescente, exibindo não só a habilidade de comunicação do seu criador, como também expondo os anseios de uma plateia cada vez mais ávida por histórias envolventes e contagiantes. Nesse ritmo, a mostra apresenta ao público salas dedicadas exclusivamente a filmes selecionados pela curadoria, entre eles “Pacto de sangue” (1944), sua mais clássica incursão no cinema noir; “Se meu apartamento falasse” (1960), comédia ácida sobre as relações profissionais e pessoais, com Shirley MacLaine no elenco; “Farrapo humano” (1945), um drama sensível sobre a doença do alcoolismo; e “A vida íntima de Sherlock Holmes” (1970), um suspense bem-humorado sobre o personagem criado pelo britânico Sir. Arthur Conan Doyle. A mostra não deixa de lado as contribuições incontornáveis de Billy Wilder que contaram com a musa e ícone pop Marilyn Monroe no elenco: “Quanto mais quente melhor” (1959), uma espécie de conto shakespeariano vanguardista sobre dois amigos fugindo da máfia, travestidos de mulher, e “O pecado mora ao lado” (1955), responsável por uma das cenas mais icônicas do cinema ocidental: Marilyn com seu vestido branco esvoaçante em cima da grade do metrô. Entre as galerias exclusivas, está também a do filme que se tornou seminal para o cinema moderno, “Crepúsculo dos deuses” (1950), vencedor dos prêmios Oscar de Melhor Roteiro Original, Melhor Direção de Arte e Melhor Trilha Sonora. O filme mostra uma versão pouco explorada dos bastidores da fama e do poder em Hollywood, protagonizado por uma estrela decadente e um roteirista em busca de ascensão. Os destaques da exposição contam, ainda, com os longas “A montanha dos sete abutres” (1951), “O Inferno nº 17” (1953), “Sabrina” (1954), “Testemunha de acusação” (1957) e “Irma La Douce” (1963).
O MIS conta com diversos parceiros de conteúdo para a realização desta exposição, como a Biblioteca Margaret Herrick (responsável pela entrega dos prêmios Oscar), a Western Costume Company, o Festival Cannes Lions 2024, a Cinemateca Francesa e o Bison Archives. Como de costume, o Museu oferecerá uma programação especial paralela, que exibe todos os filmes presentes na exposição, além de debates, cursos, masterclasses e bate-papos sobre o cineasta e o cinema de seu tempo. Texto do MIS.
Texto 2:
Grande ideia, a exposição "O Cinema de Billy Wilder", em cartaz no MIS de São Paulo. Billy, que morreu em 2002, aos 94 anos, iria adorar. A morte fez mal à reputação de John Ford, Frank Capra, Howard Hawks e outros grandes cineastas. À dele, não —talvez seja hoje uma unanimidade. Em vida, era admirado, mas não exatamente amado. Seu maravilhoso deboche ofendia os papalvos.
A mostra tem reproduções de seus cenários, textos, fotos, cartazes, objetos e figurinos originais, e, na tela, 13 dos seus 27 filmes. Sim, é sempre bom rever "Crepúsculo dos Deuses" (1950), "O Pecado Mora ao Lado" (1955) e "Quanto Mais Quente Melhor" (1959), eu próprio faço isso uma ou duas vezes por ano. Mas os visitantes ficarão atônitos com "Farrapo Humano" (1945), "A Montanha dos Sete Abutres" (1951) e "Se Meu Apartamento Falasse" (1960), três dos filmes mais incisivos do cinema.
O vienense Billy perdeu sua família em Auschwitz, o que não o impediu de fazer "Inferno nº 17" (1952), uma comédia passada num campo nazista de prisioneiros. Não perca também "Sabrina" (1954), "Irma la Douce" (1963), "Avanti!" (1972), "A Primeira Página" (1974). Enfim, não perca nenhum.
Mas Billy fez outros grandes filmes, ausentes neste festival e que estão sendo criminosamente apagados da sua obra: "A Incrível Susana" (1942), com Ginger Rogers, aos 31 anos, fazendo uma garota de 12; o tremendo "Pacto de Sangue" (1945), com Barbra Stanwick em seu apogeu de crueldade; o delicioso "A Valsa do Imperador" (1947), com Bing Crosby; o sensacional "A mundana" (1947), na Berlim pós-guerra, com o embate entre Jean Arthur e Marlene Dietrich; o delicado "Amor na Tarde" (1957), com Audrey Hepburn e o crepuscular Gary Cooper; o fabuloso "Cupido Não Tem Bandeira" (1961), com um show de James Cagney; o quase maldito "Beija-me, Estúpido" (1964), com Kim Novak. Nunca fez um mau filme. Desculpe as hipérboles. É que Billy Wilder me tira do sério. Texto de Ruy Castro.
Nota do blog: Data e autoria da imagem não obtidas.

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