Palacete Joaquim Franco de Mello, Avenida Paulista, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
O palacete do coronel Joaquim Franco de Mello fica localizada na altura do número 1919 da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, Brasil. O palacete, que atualmente pertence ao Estado de São Paulo é o único resquício remanescente da primeira fase residencial da avenida Paulista, período entre 1891 e 1937 em que diversos membros da alta sociedade paulistana, formada por barões do café, donos de grandes indústrias e ricos comerciantes, decidiram erguer as suas elegantes mansões na mais nova avenida da cidade. O casarão foi construído pelo construtor licenciado Antônio Fernandes Pinto, cidadão português, em 1905.
Ocupando um terreno de 4720m², o imóvel possui 35 cômodos internos e uma grande área verde particular. De área construída, são 600m². A sua fachada é feita em estilo eclético, com influências da arquitetura europeia da época de Luís XV, se utilizando de enfeites rococó do frontão curvo e nos caixilhos das janelas e mansarda renascentista com telhas francesas e torreão. A mistura de estilos que formam a casa confere a mesma uma aparência única, tornando-a um símbolo ímpar dos casarões da época.
Em 1905 o construtor português Antônio Fernandes Pinto começou a construção do palacete da família Franco de Mello. Na época, a avenida Paulista era repleta de casarões luxuosos pertencentes à elite cafeeira paulista, chefes das indústrias e grandes comerciantes. O casarão pertence à primeira fase residencial da via, período que depreende entre os anos de 1891 e 1937. Em 1921, o local passou por uma reforma e foi ampliado, alcançando a atual quantidade de 35 cômodos diferentes espalhados pelos 600m² de área construída.
O terreno de 4720m² é repleto de uma área verde igualmente protegida por lei. O lote de terra ficava dentro de um lote ainda maior, que hoje é o Parque Mário Covas. Antigamente, ali ficava a Vila Fortunata, que foi demolida anos depois. Em 1932 o casarão ganhou o “habite-se”, documento que regula moradias na cidade de São Paulo. A casa abrigava o coronel Joaquim, a sua mulher Lavínia e seus três filhos: Raul Franco de Mello, Raphael Franco de Mello e Rubens Franco de Mello. Hoje o palacete é casa de um dos herdeiros da família, Renato Franco de Mello.
O valor arquitetônico do imóvel é bastante alto, por ser a única construção ainda de pé da primeira fase residencial da avenida Paulista. De estilo eclético, ela reúne influências de diversas épocas e países, tornando-se assim exemplar de grande riqueza por guardar exemplos concretos das diferentes formas utilizadas nas construções da época.
As torres são no estilo mouriscas; os capitéis e frontões são provençal-urbano; o telhado, com mansarda, possui detalhes renascentistas; as telhas são francesas e de torreão; as janelas possuem ornamentação rococó no frontão curvo e nos caixilhos; há um toque rococó da época de Luís XV, monarca francês, por toda a fachada da propriedade. Do lado de dentro, ainda há uma grande quantidade de móveis antigos, chegando até a época colonial, como um banco de jacarandá do século XVIII, e inúmeras obras de arte que decoram o ambiente.
O edifício também possui características marcantes, como o porão alto, que não é algo que vemos comumente em casas brasileiras. A distribuição dos 35 cômodos pelos andares da casa também marca a transição entre os velhos sobrados e as casas térreas. Outro detalhe marcante é a pequena escada que leva diretamente à porta de entrada. Tanto essa escadaria, como as colunas e frontões de pedra foram pensadas para ornar com as fachadas dos edifícios principais da época.
A residência foi erguida em um momento em que se analisava uma nova disposição dos lotes na região, em que os jardins eram instalados lateralmente, aumentando a distância entre os vizinhos. Também havia jardins na parte da frente do terreno, e estes eram delimitados com gradis de ferro entre o lote e o passeio público. O recuo criado pela área arborizada à frente da casa valoriza a fachada, permitindo uma melhor visão dos elementos arquitetônicos dela.
Assim como muitas outras residências da elite da época, a casa foi finalizada com refinamento técnico construtivo, e também fez parte do grupo de casas que foram as primeiras a receber banheiros com encanamento de água corrente. Outro item cujo uso se iniciou coincidentemente nessa época foi a veneziana. Para o piso, foi empregado o uso de madeira serrada, com junções mais perfeitas, o que favoreceu a popularização - entre os mais ricos - do uso de assoalhos encerados. Com isso, iniciou-se também um maior uso de tapetes e móveis mais finos.
O coronel Joaquim Franco de Mello, que dá o nome ao palacete, foi um rico agricultor. Dentre as inúmeras atividades exercidas por ele, fundou uma cidade no interior paulista e deu a ela o nome de sua esposa, Lavínia. Joaquim residiu no imóvel com sua esposa, Lavínia Daut Salles Lemme, e seus três filhos, Raphael, Rubens e Raul.
Raphael tornou médico, o Dr. Raphael Franco de Mello, e se manteve ativo na profissão por muitos anos nos meios médicos do Brasil. Raul, também médico, era o Dr. Raul Franco de Mello. Foi fundador do conselho de endocrinologia, membro da UNESCO e empresário da Comunidade Empresarial da cidade de São Paulo e foi casado com Charlotte Franke Franco de Mello, primeira consulesa na América Latina e representando o Governo estadunidense em São Paulo. O casal teve um filho, Joaquim Franco de Mello Neto, que se tornou pecuarista e empresário, atuando nas áreas da aviação e da construção civil. Já Rubens se tornou advogado, Dr. Rubens Franco de Mello, além de pecuarista e empresário. Exerceu até mesmo cargos públicos, ocupando o cargo de Secretário da Federação de Agricultura do Estado de São Paulo. Casado com Lia Junqueira Franco de Mello e depois com Ildenira Duquini, teve seis filhos no total e todos com Lia: Rubens Filho, Ricardo, Renato, Joaquim Mario, Rita Helene e Antônio Sérgio.
Outros ilustres membros da família Franco de Mello foram Dr. Ricardo Gumbleton Daunt, patrono e médico do Instituto de Identificação da Polícia Civil do Estado de São Paulo; Dr. Prudente de Morais Barros, presidente do Brasil; Manoel Ferraz de Campos Salles e José de Salles Leme, cafeicultor, fundador da cidade de Barra Bonita, empresário e acionista majoritário da estrada de ferro Barra Bonita e também, é claro, seu genro, Joaquim Franco de Mello, fundador da cidade de Lavínia.
Nota do blog: Data e autoria da imagem não obtidas.