Estação Tramway do Guarujá, Guarujá, São Paulo, Brasil
Guarujá - SP
Fotografia - Cartão Postal
O Tramway do Guarujá foi uma ferrovia construída em 1892 pela
Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, empreendimento de diversos
profissionais envolvidos no comércio do café na Baixada Santista com o objetivo
de desenvolver o turismo na região. A estância turística que estava sendo
erguida na praia das Pitangueiras era composta por dezenas de casas construídas
ao estilo das casas de veraneio europeias e norte-americanas, além do Grande
Hotel de La Plage, a maior atração do local. A linha de tramway de bitola
métrica, que tinha como objetivo principal o transporte dos turistas para a
estância, tornou-se um dos meios de transporte da região para a população da
cidade que se desenvolveu com o passar do tempo, até a sua desativação, em
1956. Na época, para se acessar o Balneário, era necessário atravessar o canal
de acesso dos navios ao Porto de Santos, seguir até a localidade de Itapema, na
Ilha de Santo Amaro, e percorrer uma distância de cerca de 9Km até a praia das
Pitangueiras, onde o Hotel estava sendo construído. O transporte dos turistas
era efetuado com duas lanchas, nomeadas Cidade de São Paulo e Cidade de Santos,
que realizavam o percurso entre Itapema e o cais em frente à Alfândega de
Santos; e por trem o trajeto entre Itapema e o Hotel, em uma estação de madeira
localizada em frente ao prédio.
Em meio ao desenvolvimento da Baixada Santista durante o Século
XIX, as obras foram iniciadas em 1892, quando a Companhia Balneária de Santos
iniciou a construção da linha férrea entre o Porto de Itapema e a Praia das
Pitangueiras, com cerca de 9Km de extensão. A ferrovia foi inaugurada no dia
02/09/1893, em um evento com diversas autoridades locais, dentre elas o então
presidente da província de São Paulo Bernardino de Campos. Ao longo do tempo, a
ferrovia recebeu diversas denominações, dentre elas Companhia Balneária,
Companhia do Guarujá, Serviços Públicos do Guarujá, Estância Balneária do
Guarujá, e o nome pelo qual tornou-se mais conhecida, Tramway do Guarujá.
A ferrovia foi eletrificada em 1924, quando foram adquiridos os
bondes nº3 e nº9, e a locomotiva Siemens E69 identificada como nº1; e em 1930
chegaram os bondes nº5 e nº7. O restante do material rodante consistia em duas
locomotivas a vapor nº1 e nº2 e alguns carros de passageiros (mais de cinco,
não se sabe o número exato). As locomotivas eram de segunda mão (anteriormente
pertencentes ao Engenho Central Paulista), adquiridas em um leilão, e pelo
menos um carro oriundo da E.F. Sorocabana (provavelmente adquiridos da mesma
forma que as locomotivas).
O Tramway possuía oficialmente dois ramais, sendo um para o
Ferryboat e o outro para a Cachoeira. O primeiro foi aberto em 1903, ano em que
teve início a travessia de balsas entre a ilha e o continente, e fechado em
1933, substituído por uma estrada de rodagem. O segundo (ramal) provavelmente é
mais antigo, visto que havia no local uma represa que abastecia a cidade, e era
comum na época construir-se ferrovias para atender represas, como a Cantareira,
atendida pelo Tramway da Cantareira. Provavelmente havia outros ramais, como a
Linha da Costeira, sobre o qual não existem muitas informações.
Todavia, a modernização da companhia não atenuou o seu
endividamento, e a companhia foi estadualizada em 1926, quando a cidade do
Guarujá tornou-se um município separado de Santos. No mesmo ano, a antiga
estação de carga do TG foi demolida e uma nova linha de 3 quilômetros foi
construída até o Sítio Cachoeira. Em 1918 foi inaugurado o serviço de balsas
entre Santos e Guarujá, permitindo o tráfego de automóveis entre as duas
cidades. Segundo Antonio Augusto Gorni, “estava plantada a semente que
destruiria, quase quarenta anos depois, o Tramway do Guarujá.” As últimas
reformas de melhoria no sistema de bondes foram realizadas em 1952. No dia
13/07/1956 o serviço de bondes foi suprimido e substituído pelos ônibus, e o
material rodante remanescente foi enviado para a EFCJ, onde foi completamente
modificado com o passar do tempo.
A frota do TG consistia em 4 bondes de fabricação MAN/Siemens,
numerados #3, #5, #7 e #9, uma locomotiva Siemens modelo E69, numerada #1, duas
locomotivas a vapor de fabricação Baldwin, numeradas #1 e #2, alguns carros de
passageiros (mais de 5, não se sabe ao certo o número exato). Com o passar do
tempo, o bonde nº9 foi baixado em decorrência de um acidente nos anos 1930, e
os bondes nº3, nº5 e nº7 foram enviados para a EFCJ, onde foram renumerados A6,
A5 e A7, respectivamente. Junto com os bondes também foram enviados alguns
carros e equipamentos para oficinas.
A linha possuía duas estações: Guarujá e Itapema, e algumas paradas ao longo de
sua extensão, dentre elas Bento Pedro, construída durante a eletrificação da
ferrovia. Os ramais de Santa Rosa e do Sítio Cachoeira eram atendidos
diretamente, sem o uso de estações ou paradas. A estação Guarujá, que
localizava-se na praia das Pitangueiras, foi demolida em 1935, e o ponto final
da linha passou a ser duas quadras para trás, junto à oficinas do Tramway. A
ferrovia provavelmente contava com outras estações, sobre as quais não há
registros. Em sua máxima extensão, a rede teve uma linha tronco de 9Km e dois
ramais de 3Km cada, totalizando 15 quilômetros de extensão. O ramal do Sítio
seria desativado nos anos 1930, muito provavelmente por corte de gastos, e o de
Santa Rosa em 1930, para dar lugar à Avenida Adhemar de Barros. Décadas após o
seu fim, sobrevivem na cidade apenas a estação Itapema e a locomotiva a vapor
nº2 em preservação estática. Em 2015 o transporte de passageiros sobre trilhos
na cidade retornou pelo VLT de Santos, cujas linhas inteiramente novas e
veículos modernos percorrem a Avenida Santos Dumont, trecho que correspondia do
Km1 ao Km5 da antiga linha do Tramway.
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