sábado, 29 de fevereiro de 2020

Estação Tramway do Guarujá, Guarujá, São Paulo, Brasil


Estação Tramway do Guarujá, Guarujá, São Paulo, Brasil
Guarujá - SP
Fotografia - Cartão Postal

O Tramway do Guarujá foi uma ferrovia construída em 1892 pela Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro, empreendimento de diversos profissionais envolvidos no comércio do café na Baixada Santista com o objetivo de desenvolver o turismo na região. A estância turística que estava sendo erguida na praia das Pitangueiras era composta por dezenas de casas construídas ao estilo das casas de veraneio europeias e norte-americanas, além do Grande Hotel de La Plage, a maior atração do local. A linha de tramway de bitola métrica, que tinha como objetivo principal o transporte dos turistas para a estância, tornou-se um dos meios de transporte da região para a população da cidade que se desenvolveu com o passar do tempo, até a sua desativação, em 1956. Na época, para se acessar o Balneário, era necessário atravessar o canal de acesso dos navios ao Porto de Santos, seguir até a localidade de Itapema, na Ilha de Santo Amaro, e percorrer uma distância de cerca de 9Km até a praia das Pitangueiras, onde o Hotel estava sendo construído. O transporte dos turistas era efetuado com duas lanchas, nomeadas Cidade de São Paulo e Cidade de Santos, que realizavam o percurso entre Itapema e o cais em frente à Alfândega de Santos; e por trem o trajeto entre Itapema e o Hotel, em uma estação de madeira localizada em frente ao prédio.
Em meio ao desenvolvimento da Baixada Santista durante o Século XIX, as obras foram iniciadas em 1892, quando a Companhia Balneária de Santos iniciou a construção da linha férrea entre o Porto de Itapema e a Praia das Pitangueiras, com cerca de 9Km de extensão. A ferrovia foi inaugurada no dia 02/09/1893, em um evento com diversas autoridades locais, dentre elas o então presidente da província de São Paulo Bernardino de Campos. Ao longo do tempo, a ferrovia recebeu diversas denominações, dentre elas Companhia Balneária, Companhia do Guarujá, Serviços Públicos do Guarujá, Estância Balneária do Guarujá, e o nome pelo qual tornou-se mais conhecida, Tramway do Guarujá.
A ferrovia foi eletrificada em 1924, quando foram adquiridos os bondes nº3 e nº9, e a locomotiva Siemens E69 identificada como nº1; e em 1930 chegaram os bondes nº5 e nº7. O restante do material rodante consistia em duas locomotivas a vapor nº1 e nº2 e alguns carros de passageiros (mais de cinco, não se sabe o número exato). As locomotivas eram de segunda mão (anteriormente pertencentes ao Engenho Central Paulista), adquiridas em um leilão, e pelo menos um carro oriundo da E.F. Sorocabana (provavelmente adquiridos da mesma forma que as locomotivas). 
O Tramway possuía oficialmente dois ramais, sendo um para o Ferryboat e o outro para a Cachoeira. O primeiro foi aberto em 1903, ano em que teve início a travessia de balsas entre a ilha e o continente, e fechado em 1933, substituído por uma estrada de rodagem. O segundo (ramal) provavelmente é mais antigo, visto que havia no local uma represa que abastecia a cidade, e era comum na época construir-se ferrovias para atender represas, como a Cantareira, atendida pelo Tramway da Cantareira. Provavelmente havia outros ramais, como a Linha da Costeira, sobre o qual não existem muitas informações.
Todavia, a modernização da companhia não atenuou o seu endividamento, e a companhia foi estadualizada em 1926, quando a cidade do Guarujá tornou-se um município separado de Santos. No mesmo ano, a antiga estação de carga do TG foi demolida e uma nova linha de 3 quilômetros foi construída até o Sítio Cachoeira. Em 1918 foi inaugurado o serviço de balsas entre Santos e Guarujá, permitindo o tráfego de automóveis entre as duas cidades. Segundo Antonio Augusto Gorni, “estava plantada a semente que destruiria, quase quarenta anos depois, o Tramway do Guarujá.” As últimas reformas de melhoria no sistema de bondes foram realizadas em 1952. No dia 13/07/1956 o serviço de bondes foi suprimido e substituído pelos ônibus, e o material rodante remanescente foi enviado para a EFCJ, onde foi completamente modificado com o passar do tempo.
A frota do TG consistia em 4 bondes de fabricação MAN/Siemens, numerados #3, #5, #7 e #9, uma locomotiva Siemens modelo E69, numerada #1, duas locomotivas a vapor de fabricação Baldwin, numeradas #1 e #2, alguns carros de passageiros (mais de 5, não se sabe ao certo o número exato). Com o passar do tempo, o bonde nº9 foi baixado em decorrência de um acidente nos anos 1930, e os bondes nº3, nº5 e nº7 foram enviados para a EFCJ, onde foram renumerados A6, A5 e A7, respectivamente. Junto com os bondes também foram enviados alguns carros e equipamentos para oficinas.
A linha possuía duas estações: Guarujá e Itapema, e algumas paradas ao longo de sua extensão, dentre elas Bento Pedro, construída durante a eletrificação da ferrovia. Os ramais de Santa Rosa e do Sítio Cachoeira eram atendidos diretamente, sem o uso de estações ou paradas. A estação Guarujá, que localizava-se na praia das Pitangueiras, foi demolida em 1935, e o ponto final da linha passou a ser duas quadras para trás, junto à oficinas do Tramway. A ferrovia provavelmente contava com outras estações, sobre as quais não há registros. Em sua máxima extensão, a rede teve uma linha tronco de 9Km e dois ramais de 3Km cada, totalizando 15 quilômetros de extensão. O ramal do Sítio seria desativado nos anos 1930, muito provavelmente por corte de gastos, e o de Santa Rosa em 1930, para dar lugar à Avenida Adhemar de Barros. Décadas após o seu fim, sobrevivem na cidade apenas a estação Itapema e a locomotiva a vapor nº2 em preservação estática. Em 2015 o transporte de passageiros sobre trilhos na cidade retornou pelo VLT de Santos, cujas linhas inteiramente novas e veículos modernos percorrem a Avenida Santos Dumont, trecho que correspondia do Km1 ao Km5 da antiga linha do Tramway.

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