A estação Guia de Pacobaíba, antiga Estação Mauá foi a
primeira estação de trens do Brasil, inaugurada em 30 de abril de 1854 como
parte da Estrada de Ferro Mauá. Era uma estação de integração, contando com um
pequeno porto, que recebia os passageiros vindos de barco a vapor partindo do
Rio de Janeiro. Em 1878 passou para a Estrada de Ferro Príncipe do Grão Pará, e
em 1883 servia de ligação para Petrópolis. Anos mais tarde, com a construção da
Estação Piabetá e sua ligação direta ao Rio de Janeiro através da Estrada de
Ferro Leopoldina, a Estação Guia de Pacobaíba foi perdendo sua importância,
sendo a ligação marítima desativada no dia 2 de novembro de 1926, e a estação
funcionando apenas com trens locais. Em 1945, teve o nome alterado de Estação
Mauá para o nome atual, homenageando a antiga freguesia. Finalmente, no dia 19
de dezembro de 1962, o serviço de trens de passageiros entre Bongaba e Guia de
Pacobaíba foi extinto, e a estação foi abandonada. Em 1854, Irineu Evangelista
de Souza inaugurou a primeira ferrovia do Brasil, com bitola de 1,676 m,
ligando o porto de Mauá, no "fundo" da baía de Guanabara, a Fragoso,
estação situada a cerca de 14 km, e ali rodou a Baroneza, a primeira locomotiva
a percorrer uma linha no Brasil. A E. F. Mauá foi estendida em 1856 até Raiz da
Serra e dali pretendia subir a serra de Petrópolis para alcançar essa cidade,
fato que ocorreu apenas 30 anos mais tarde, mas por outra empresa, a E. F.
Príncipe do Grão Pará, que acabou por comprar a E. F. Mauá em 1888 e reduzir
sua bitola para métrica para acabar com a baldeação em Raiz da Serra. Em 1890,
tudo passou a ser propriedade da E. F. Leopoldina. A partir do momento em que
esta chegou a Piabetá com sua linha vinda da estação de Barão de Mauá, no Rio,
o trecho entre Piabetá e Mauá passou a ser apenas um ramal. Em meados dos anos
60, o tráfego entre essas duas estações foi suprimido e a ferrovia desde então
está abandonada. Em 30 de abril de 1854 foi solenemente inaugurado o tráfego da
1ª secção dessa estrada, a primeira que se construiu no Brasil e na América do
Sul, na extensão de 14.500 km compreendendo as estações de Mauá (porto de mar),
Inhomirim e parada provisória do Fragoso. Ao ato da inauguração compareceu Sua
Majestade o Imperador D. Pedro II, a quem o Comendador Irineu Evangelista de
Souza dirigiu as seguintes palavras, que são valiosas para a documentação
histórica da viação férrea brasileira: "Senhor. A diretoria da Companhia
Navegação a Vapor e Estrada de Ferro de Petrópolis vem render graças a VV.MM.
pela honra que se dignaram conferir a estrada, vindo assistir a solenidade de
sua inauguração. Vinte meses são apenas contados desde que VV.MM. honraram com
as suas augustas presenças o primeiro acampamento dos operários da companhia;
coube-me então a distinta honra de depositar nas mãos de V.M. um humilde
instrumento de trabalho, do qual V.M. não se desdenhou de fazer uso, como para
mostrar aos seus súditos que o trabalho, essa fonte perene da prosperidade
pública, era não só digno da sua alta proteção, porém mesmo de tão
extraordinária honra! Esse exemplo, Senhor, não foi perdido; ele fez vibrar em
nossos corações o entusiasmo, e o entusiasmo é esse sentimento um tanto
indefinível, porém que, uma vez despertado em corações generosos, não ha mais
sacrifício de que não sejam capazes, mas ha mais obstáculos que não saibam
vencer! Hoje dignam-se VV.MM. de vir ver correr a locomotiva veloz, cujo sibilo
agudo ecoará nas matas do Brasil - prosperidade e civilização - e marcará sem
dúvida uma nova era no país. Seja-me permitido, Imperial Senhor, exprimir nesta
ocasião solene um dos mais ardentes anelos do meu coração: esta estrada de ferro
que se abre hoje ao trânsito público é apenas o primeiro passo na realização de
um pensamento grandioso. Esta estrada, Senhor, não deve parar, e si puder
contar com a proteção de V.M. seguramente não parará mais senão quando tiver
assentado a. mais espaçosa de suas estações na margem esquerda do Rio das
Velhas. Ali se aglomerará para ser transportado ao grande mercado da Corte a
enorme massa de produção com que devem concorrer para a riqueza pública os
terrenos banhados por essa imensa artéria fluvial, o rio de S. Francisco e os
seus inúmeros". No porto da Estrela, o povo desembarcava das barcas e
embarcava no trem, que parava alguns metros na frente, em Guia de Pacobaíba,
Mauá, na época, e seguia para a serra de Petrópolis. Em 1926, a construção da
linha entre o Rio de Janeiro e Magé acabou com a festa. O porto foi abandonado
e o cais virou ferrugem. A estação de Mauá, a mais antiga do Brasil, foi quem
deu o título a Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá. Era o nome do
velho porto que ali ficava há incontáveis anos, no "fundo" da baía da
Guanabara, na freguesia de Guia, no município de Estrella, mais tarde Magé.
Como conta o historiador Jorge Caldeira, a nobreza da época, que não se afinava
com Irineu, fazia piadas com o título que veio agraciá-lo: "se é para o
Irineu, algo de mau... há". O nome de Companhia Navegação a Vapor e
Estrada de Ferro de Petrópolis citado no discurso acima do futuro Barão de Mauá
em 1854 vem do fato de a estrada pretender subir a serra para Petrópolis - fato
que somente aconteceu em 1883, mas por iniciativa da E. F. Príncipe do Grão
Pará, que cinco anos depois assumiu a antiga linha de Mauá, e que o serviço
realmente começava no porto da estação da Prainha, na Praça Mauá, no Rio de
Janeiro, transportando por barco pela baía os passageiros para a ferrovia, que
desembarcavam no porto e subiam no trem. Como a estação de Piabetá foi ligada
mais tarde ao Rio de Janeiro por linha férrea da Leopoldina, o transporte pela
baía foi sendo cada vez menos utilizado, consequentemente deixando com pouco
movimento a estação e o porto de Mauá. Em 1945, o nome da estação histórica foi
alterado para Guia de Pacobaíba, vindo da antiga freguesia. O prédio que hoje
ali está não é o mesmo da inauguração em 1854; segundo Eugênio Sciammarella, o prédio
atual foi construído em 1896, quando se substituiu o porto de madeira pelo de
ferro. Em 19 de dezembro de 1962, o serviço de passageiros no trecho
Bongaba-Guia de Pacobaíba foi extinto. A estação e a linha foram abandonadas e,
embora tombadas pelo Patrimônio Histórico, permanecem no descaso. "Esta
estrada deve ser para os brasileiros uma empresa venerada; ela simboliza o alfa
de nossa via-férrea; aí sentiu pela primeira vez o solo da pátria o rodar da
locomotiva" (Do livro As Estradas de Ferro no Brasil, do Eng. F. P.
Passos, 1879). A estação foi recuperada (pela enésima vez) para as festividades
de 30 de maio de 2004, nos 150 anos da ferrovia no Brasil. Um ano depois, em
05/2005, já estava ao Deus-dará. O girador, em janeiro de 2010, estava ali, mas
no seu fosso, muito mato, água parada e mosquitos. Em 30 de abril de 2010,
novamente a estação foi restaurada e uma locomotiva a vapor colocada como
"enfeite". Em setembro, a locomotiva havia sido depredada e removida,
assim como os fios elétricos do prédio haviam sido roubados. Em 2013, o aspecto
externo estava bem.
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domingo, 27 de setembro de 2020
Estação Guia de Pacobaíba, A Primeira Estação Ferroviária do Brasil, Magé, Rio de Janeiro, Brasil
Estação Guia de Pacobaíba, A Primeira Estação Ferroviária do Brasil, Magé, Rio de Janeiro, Brasil
Magé - RJ
Fotografia
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