Diferenças Entre as Vacinas Contra Covid-19 que Estão Sendo Aplicadas no Brasil - Artigo
Artigo
Com o início da vacinação contra covid-19 no Brasil em janeiro, muitas dúvidas em relação à tecnologia, eficácia, contraindicações, distribuição das vacinas começaram a surgir. Por ora, a CoronaVac e os imunizantes de Pfizer e AstraZeneca/Oxford foram aprovados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Enquanto isso, outras farmacêuticas seguem negociando com o governo brasileiro.
Para entender melhor a situação de cada uma, confira abaixo as diferenças e os principais pontos das vacinas:
*Vacina Butantan/CoronaVac:
A vacina de origem chinesa é feita com o vírus inativado: ele é cultivado e multiplicado numa cultura de células e depois inativado por meio de calor ou produto químico. Ou seja, o corpo que recebe a vacina com o vírus —já inativado— começa a gerar os anticorpos necessários no combate da doença.
As células que dão início à resposta imune encontram os vírus inativados e os capturam, ativando os linfócitos, células especializadas capazes de combater microrganismos. Os linfócitos produzem anticorpos, que se ligam aos vírus para impedir que eles infectem nossas células.
A eficácia geral da CoronaVac é 50,38%, ou seja, os vacinados têm 50,38% menos risco de adoecer. Dados iniciais mostravam que, caso a pessoa seja infectada por covid-19, a vacina oferece 100% de eficácia para não adoecer gravemente e 78% para prevenir casos leves.
Mas na "vida real", sua eficácia está sendo estudada em diversos pesquisas envolvendo as novas variantes, por exemplo. Inclusive, em pessoas com mais de 80 anos, a CoronaVac teve menor efetividade.
A vacina foi criada na China pela farmacêutica Sinovac, mas, no Brasil, a parceria com transferência de tecnologia foi feita com o Instituto Butantan. Os testes para estudos clínicos com a CoronaVac começaram em julho de 2020 em oitos estados brasileiros. O estudo foi realizado com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde e expostos diariamente à covid-19.
A aplicação da vacina começou no dia 17 de janeiro após aprovação emergencial da Anvisa.
*Vacina Oxford/AstraZeneca/Fiocruz:
A vacina produzida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) usa uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, utiliza um "vírus vivo", como um adenovírus (que causa o resfriado comum), que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde.
Este adenovírus também é modificado por meio de engenharia genética para passar a carregar em si as instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula. Ao entrar nas células, o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exiba em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune, que cria formas de combater o coronavírus e cria uma resposta protetora contra uma infecção.
Inicialmente, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram dois resultados distintos de eficácia desta vacina —62% quando aplicada em duas doses completas e 90% com meia dose seguida de outra completa. A eficácia média, segundo os cientistas responsáveis, é de 70%.
Em março, a farmacêutica informou que a vacina tem 79% de eficácia para prevenir os casos sintomáticos da doença. O imunizante, segundo a empresa, se mostrou seguro e 100% eficaz contra casos graves da doença, que precisam de internação de pacientes.
A vacina foi criada no Reino Unido em uma parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, houve a transferência de tecnologia para Bio-Manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz. Voluntários brasileiros também participaram da fase de testes: foram 10 mil pessoas no total em cinco estados.
A vacina já começou a ser aplicada no Brasil. No dia 12 de março, o imunizante teve o registro definitivo aprovado.
*Vacina Pfizer/BioNTech:
A vacina utiliza a tecnologia chamada de mRNA ou RNA-mensageiro, diferente da CoronaVac ou da AstraZenca/Oxford, que utilizam o cultivo do vírus em laboratório. Os imunizantes são criados a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética, o que torna o processo mais barato e mais rápido.
O RNA mensageiro mimetiza a proteína spike, específica do vírus Sars-CoV-2, que o auxilia a invadir as células humanas. Essa "cópia", no entanto, não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo. O imunizante da Pfizer precisa ser estocado entre -90º C a -60º —um dos grandes desafios para os países.
Inicialmente, a farmacêutica Pfizer anunciou que sua vacina contra a covid-19, elaborada em parceria com a empresa alemã BioNTech, é segura e tem 95% de eficácia. Essa é a conclusão final da terceira fase de testes.
Em maio de 2021, um estudo do periódico Jama mostrou que a vacina reduziu as infecções sintomáticas pela doença em 97%, ao passo em que diminuiu as assintomáticas em 86%.
No Brasil
A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países. No Brasil, os testes foram feitos em São Paulo e Bahia. No dia 23 de fevereiro, o imunizante teve o registro definitivo aprovado pela Anvisa. Em 19 de março, o governo Bolsonaro assinou contrato de compra de 100 milhões de doses com o laboratório. A vacina já está sendo aplicada em diversos países do mundo.
*Vacina Moderna:
Assim como a da Pfizer, a vacina da Moderna também utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, que mimetiza a proteína spike —específica do vírus Sars-CoV-2— que o auxilia a invadir as células humanas.
Porém, essa "cópia" não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo. A única diferença para a vacina da Pfizer é que esta necessita de armazenamento de -20ºC.
Um estudo publicado por cientistas independentes no New England Journal of Medicine confirmou que a vacina da Moderna tem eficácia de 94,1% na prevenção da doença. Em janeiro, a empresa informou que o imunizante também é capaz de proteger os vacinados contra as novas variantes.
Diferente das vacinas citadas anteriormente, a Moderna não realizou testes no Brasil. Já aprovada e utilizada na União Europeia, nos Estados Unidos e em outros países, o Brasil segue em negociação com a farmacêutica. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que poderá comprar doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa norte-americana, mas não abordou detalhes de como o acordo poderia ocorrer.
*Vacina Sputnik V/Instituto Gamaleya:
Assim como a da AstraZeneca, a Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa da Rússia, é uma vacina de "vetor viral", ou seja, ela utiliza outros vírus previamente manipulados para que sejam inofensivos para o organismo e, ao mesmo tempo, capazes de induzir uma resposta para combater a covid-19.
Uma vez injetados no organismo, eles entram nas células e fazem com que elas passem a produzir e exibir essa proteína em sua superfície. Isso alerta o sistema imunológico, que aciona células de defesa e, desta forma, aprende a combater o Sars-CoV-2. A diferença para a de Oxford é que a Sputnik usa adenovírus diferentes na primeira e segunda doses, o que, segundo especialistas, reforça a resposta imunológica.
A vacina tem eficácia de 91,6% contra a covid-19 em suas manifestações sintomáticas, segundo uma análise dos testes clínicos publicada pelo periódico The Lancet e validada por especialistas independentes.
No Brasil
A União Química, farmacêutica responsável pelo imunizante de origem russa no Brasil, protocolou um pedido de uso emergencial da Sputnik V na Anvisa em 26 de março.
Ela já é administrada na Rússia e em outros países, como Argentina e Argélia. No começo de março, o Ministério da Saúde assinou contrato para receber 10 milhões de doses da Sputnik V.
*Vacina Janssen:
A vacina produzida pela farmacêutica Janssen, da companhia Johnson & Johnson, diferente das outras, precisa apenas de uma dose única. A tecnologia é baseada em vetores de adenovírus —tipo de vírus que causam o resfriado comum, mas ao serem modificados para desenvolver a vacina, eles não se replicam e não causam resfriado.
Outra parte do processo envolve o código genético do próprio vírus Sars-CoV-2. Para produzir a vacina, um pedaço da proteína "S", presente nessas espículas responsáveis pela ligação do vírus às células do corpo humano, é colocado dentro do adenovírus (que é o vetor, ou transportador).
Quando a pessoa recebe a vacina composta do adenovírus não replicante, que carrega a informação genética do novo coronavírus, o corpo inicia um processo de defesa e produz anticorpos contra aquele invasor, criando uma memória no corpo contra o coronavírus.
Em janeiro deste ano, a farmacêutica anunciou eficácia global da vacina de 66%. Em março, a Janssen informou que o imunizante contra covid-19 tem 87% de eficácia contra formas graves da variante brasileira.
Em março, a Anvisa aprovou o uso emergencial da vacina da Janssen. No dia 19 de março, o governo assinou contrato de compra de 38 milhões de doses, mas sem data exata de entrega.
O imunizante foi também testado com voluntários brasileiros na fase 3, quando são realizados testes em grandes populações para avaliar a segurança e a eficácia da vacina.
Para entender melhor a situação de cada uma, confira abaixo as diferenças e os principais pontos das vacinas:
*Vacina Butantan/CoronaVac:
A vacina de origem chinesa é feita com o vírus inativado: ele é cultivado e multiplicado numa cultura de células e depois inativado por meio de calor ou produto químico. Ou seja, o corpo que recebe a vacina com o vírus —já inativado— começa a gerar os anticorpos necessários no combate da doença.
As células que dão início à resposta imune encontram os vírus inativados e os capturam, ativando os linfócitos, células especializadas capazes de combater microrganismos. Os linfócitos produzem anticorpos, que se ligam aos vírus para impedir que eles infectem nossas células.
A eficácia geral da CoronaVac é 50,38%, ou seja, os vacinados têm 50,38% menos risco de adoecer. Dados iniciais mostravam que, caso a pessoa seja infectada por covid-19, a vacina oferece 100% de eficácia para não adoecer gravemente e 78% para prevenir casos leves.
Mas na "vida real", sua eficácia está sendo estudada em diversos pesquisas envolvendo as novas variantes, por exemplo. Inclusive, em pessoas com mais de 80 anos, a CoronaVac teve menor efetividade.
A vacina foi criada na China pela farmacêutica Sinovac, mas, no Brasil, a parceria com transferência de tecnologia foi feita com o Instituto Butantan. Os testes para estudos clínicos com a CoronaVac começaram em julho de 2020 em oitos estados brasileiros. O estudo foi realizado com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde e expostos diariamente à covid-19.
A aplicação da vacina começou no dia 17 de janeiro após aprovação emergencial da Anvisa.
*Vacina Oxford/AstraZeneca/Fiocruz:
A vacina produzida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) usa uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, utiliza um "vírus vivo", como um adenovírus (que causa o resfriado comum), que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde.
Este adenovírus também é modificado por meio de engenharia genética para passar a carregar em si as instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus, conhecida como espícula. Ao entrar nas células, o adenovírus faz com que elas passem a produzir essa proteína e a exiba em sua superfície, o que é detectado pelo sistema imune, que cria formas de combater o coronavírus e cria uma resposta protetora contra uma infecção.
Inicialmente, a AstraZeneca e a Universidade de Oxford anunciaram dois resultados distintos de eficácia desta vacina —62% quando aplicada em duas doses completas e 90% com meia dose seguida de outra completa. A eficácia média, segundo os cientistas responsáveis, é de 70%.
Em março, a farmacêutica informou que a vacina tem 79% de eficácia para prevenir os casos sintomáticos da doença. O imunizante, segundo a empresa, se mostrou seguro e 100% eficaz contra casos graves da doença, que precisam de internação de pacientes.
A vacina foi criada no Reino Unido em uma parceria entre a Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, houve a transferência de tecnologia para Bio-Manguinhos, a unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz. Voluntários brasileiros também participaram da fase de testes: foram 10 mil pessoas no total em cinco estados.
A vacina já começou a ser aplicada no Brasil. No dia 12 de março, o imunizante teve o registro definitivo aprovado.
*Vacina Pfizer/BioNTech:
A vacina utiliza a tecnologia chamada de mRNA ou RNA-mensageiro, diferente da CoronaVac ou da AstraZenca/Oxford, que utilizam o cultivo do vírus em laboratório. Os imunizantes são criados a partir da replicação de sequências de RNA por meio de engenharia genética, o que torna o processo mais barato e mais rápido.
O RNA mensageiro mimetiza a proteína spike, específica do vírus Sars-CoV-2, que o auxilia a invadir as células humanas. Essa "cópia", no entanto, não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo. O imunizante da Pfizer precisa ser estocado entre -90º C a -60º —um dos grandes desafios para os países.
Inicialmente, a farmacêutica Pfizer anunciou que sua vacina contra a covid-19, elaborada em parceria com a empresa alemã BioNTech, é segura e tem 95% de eficácia. Essa é a conclusão final da terceira fase de testes.
Em maio de 2021, um estudo do periódico Jama mostrou que a vacina reduziu as infecções sintomáticas pela doença em 97%, ao passo em que diminuiu as assintomáticas em 86%.
No Brasil
A vacina foi testada em 43,5 mil pessoas de seis países. No Brasil, os testes foram feitos em São Paulo e Bahia. No dia 23 de fevereiro, o imunizante teve o registro definitivo aprovado pela Anvisa. Em 19 de março, o governo Bolsonaro assinou contrato de compra de 100 milhões de doses com o laboratório. A vacina já está sendo aplicada em diversos países do mundo.
*Vacina Moderna:
Assim como a da Pfizer, a vacina da Moderna também utiliza a tecnologia de RNA mensageiro, que mimetiza a proteína spike —específica do vírus Sars-CoV-2— que o auxilia a invadir as células humanas.
Porém, essa "cópia" não é nociva como o vírus, mas é suficiente para desencadear uma reação das células do sistema imunológico, que cria uma defesa robusta no organismo. A única diferença para a vacina da Pfizer é que esta necessita de armazenamento de -20ºC.
Um estudo publicado por cientistas independentes no New England Journal of Medicine confirmou que a vacina da Moderna tem eficácia de 94,1% na prevenção da doença. Em janeiro, a empresa informou que o imunizante também é capaz de proteger os vacinados contra as novas variantes.
Diferente das vacinas citadas anteriormente, a Moderna não realizou testes no Brasil. Já aprovada e utilizada na União Europeia, nos Estados Unidos e em outros países, o Brasil segue em negociação com a farmacêutica. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que poderá comprar doses da vacina contra a covid-19 desenvolvida pela empresa norte-americana, mas não abordou detalhes de como o acordo poderia ocorrer.
*Vacina Sputnik V/Instituto Gamaleya:
Assim como a da AstraZeneca, a Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Pesquisa da Rússia, é uma vacina de "vetor viral", ou seja, ela utiliza outros vírus previamente manipulados para que sejam inofensivos para o organismo e, ao mesmo tempo, capazes de induzir uma resposta para combater a covid-19.
Uma vez injetados no organismo, eles entram nas células e fazem com que elas passem a produzir e exibir essa proteína em sua superfície. Isso alerta o sistema imunológico, que aciona células de defesa e, desta forma, aprende a combater o Sars-CoV-2. A diferença para a de Oxford é que a Sputnik usa adenovírus diferentes na primeira e segunda doses, o que, segundo especialistas, reforça a resposta imunológica.
A vacina tem eficácia de 91,6% contra a covid-19 em suas manifestações sintomáticas, segundo uma análise dos testes clínicos publicada pelo periódico The Lancet e validada por especialistas independentes.
No Brasil
A União Química, farmacêutica responsável pelo imunizante de origem russa no Brasil, protocolou um pedido de uso emergencial da Sputnik V na Anvisa em 26 de março.
Ela já é administrada na Rússia e em outros países, como Argentina e Argélia. No começo de março, o Ministério da Saúde assinou contrato para receber 10 milhões de doses da Sputnik V.
*Vacina Janssen:
A vacina produzida pela farmacêutica Janssen, da companhia Johnson & Johnson, diferente das outras, precisa apenas de uma dose única. A tecnologia é baseada em vetores de adenovírus —tipo de vírus que causam o resfriado comum, mas ao serem modificados para desenvolver a vacina, eles não se replicam e não causam resfriado.
Outra parte do processo envolve o código genético do próprio vírus Sars-CoV-2. Para produzir a vacina, um pedaço da proteína "S", presente nessas espículas responsáveis pela ligação do vírus às células do corpo humano, é colocado dentro do adenovírus (que é o vetor, ou transportador).
Quando a pessoa recebe a vacina composta do adenovírus não replicante, que carrega a informação genética do novo coronavírus, o corpo inicia um processo de defesa e produz anticorpos contra aquele invasor, criando uma memória no corpo contra o coronavírus.
Em janeiro deste ano, a farmacêutica anunciou eficácia global da vacina de 66%. Em março, a Janssen informou que o imunizante contra covid-19 tem 87% de eficácia contra formas graves da variante brasileira.
Em março, a Anvisa aprovou o uso emergencial da vacina da Janssen. No dia 19 de março, o governo assinou contrato de compra de 38 milhões de doses, mas sem data exata de entrega.
O imunizante foi também testado com voluntários brasileiros na fase 3, quando são realizados testes em grandes populações para avaliar a segurança e a eficácia da vacina.
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