Capela de Santa Cruz de Pirituba, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Em todas as regiões desta imensidão que é a cidade de São Paulo podemos encontrar alguma capela, além das tradicionais igrejas de bairro. São pequenas construções geralmente erguidas por populares em regiões outrora carentes de paróquias próximas ou mesmo construídas por pessoas que se consideraram atendidas por alguma graça ou milagre. Hoje apresento aqui uma dessas tantas capelinhas paulistanas.
Localizada na zona norte da capital paulista, na região de Pirituba, a Capela Santa Cruz de Pirituba é uma pequena construção católica construída no século 19 e que mesmo sem muitas atividades, resiste até os dias atuais. Sua localização exata é num vale da região, em uma travessa sem nome da Rua Stéfano Mauser, exatamente em um caminho que liga esta via até a Fundação Casa de Pirituba.
A área pertenceu no passado a grande Fazenda do Anastácio, imensa propriedade rural paulistana que inicialmente pertenceu a Anastácio de Freitas Troncozo, que posteriormente vendeu estas terras em 1856 a Rafael Tobias de Aguiar e sua esposa Domitila de Castro Canto e Mello, a Marquesa de Santos.
A origem da capela não é registrada oficialmente, mas conta-se que teria sido construída em 1894 por imigrantes portugueses que viviam naquela região e que não tinham por perto nenhuma edificação religiosa, já que a área não era ainda muito habitada. Pequena, a capela comporta cerca de vinte pessoas e sempre teve atividades mais secundárias, destinadas a pessoas em viagem pela região ou moradores próximos. A região era muito afastada da área urbana da capital e distante até mesmo da Freguesia do Ó, onde estava a igreja mais próxima. O local só passou a aparecer em mapas da cidade em meados da década de 1940.
Algumas histórias contadas por moradores dos arredores dizem que a real motivação para a construção daquela capela foi em virtude de vários casos relatados de afogamento naquela região nas últimas décadas do século 19, nas lagoas que ali existiam e que já foram aterradas. No passado era bastante comum que se erguesse capelas ou cruzeiros em locais próximos de mortes que ficaram popularmente conhecidas, como atropelamentos, afogamentos ou abalroamento por trens.
A capela recebeu uma reforma em 1922, ocasião que ficou com o desenho arquitetônico que se mantém presente até os dias atuais.
No final do século 20 e primeiros anos do século 21 a capela estava muito degradada e foi alvo de uma excelente iniciativa envolvendo a Fundação Casa de Pirituba – localizada à distância de 200 metros dali – e a Escola Paulista de Restauro.
Em 2009 a entidade convidou internos da Fundação Casa a voluntariamente se candidatarem para trabalhar no restauro da capela, que funcionou como uma espécie de curso prático para que os interessados conhecessem as técnicas usadas na restauração de bens históricos. A iniciativa durou dois anos e foi concluída em 2011, onde os internos receberam certificados de conclusão do trabalho.
Pouco mais de dez anos depois da entrega do restauro em parceria com os internos da Fundação Casa a edificação sofre novamente com o abandono e esquecimento. A iniciativa que poderia ter sido mantida ao longo dos anos para manter a capela sempre conservada e formar novos restauradores entre os internos infelizmente não foi adiante, e hoje o local sofre não só com a deterioração da capela mas também com a degradação do entorno.
Não é raro ver grande acúmulo de lixo ao redor da capela, oferendas com restos de animais apodrecendo e servindo de alimentos para urubus e até mesmo excrementos humanos. O mato, pelo menos, vem sendo cortado com frequência. Pedestres evitam andar por ali, especialmente à noite.
O abandono da região afugenta fiéis e também curiosos em conhecer mais de perto a pequena capela, uma vez que aquela parte da Rua Stéfano Mauser é um tanto quanto deserta. A capela pertence à Paróquia Nossa Senhora da Expectação (Freguesia do Ó) e são raros os eventos realizados nela.
Será que veremos a Capela de Santa Cruz de Pirituba novamente em atividade e restaurada ? Texto de D. Nascimento.
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