quarta-feira, 20 de julho de 2022

Vila Holandesa, Santana, São Paulo, Brasil

 
















Vila Holandesa, Santana, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


A cidade de São Paulo é repleta de vilas antigas, a maioria delas conhecidas como "vilas operárias" por sua origem ligada às atividades fabris desenvolvidas na capital, tais como a Vila Maria Zélia e a Economizadora. Por outro lado, também existem outras bem interessantes e não atreladas a fábricas –mas construídas para servir de renda a seus proprietários seja com a locação, seja com a venda.
Nesse texto vamos tratar da história de uma vila localizada na zona norte paulistana, a Vila Holandesa.
Apesar de ser oficialmente batizada como Jardim Dona Rosa, praticamente ninguém a conhece por este nome. Isso se deve ao fato da nomenclatura "extra-oficial" Vila Holandesa ser intimamente ligada às origens históricas e arquitetônicas destas vinte charmosas residências que a compõem.
A vila foi um empreendimento imobiliário cuja iniciativa partiu do holandês Dirk Berkhout que, entre o final dos anos 1940 e durante a década de 1950, atuou como cônsul-geral da Holanda em São Paulo. Berkhout casou-se com a brasileira filha de imigrantes holandeses Selma de Vita, cuja mãe era proprietária de uma chácara em Santana. Com o falecimento da mãe de Selma, Dirk e sua esposa, esta última já com o sobrenome de casada Berkhout, adquirem as partes dos demais herdeiros e decidem construir ali um empreendimento para posterior locação ou venda.
As obras para a nova vila só começam em 1952, sendo concluídas em 1954. Para a construção do novo empreendimento, Dirk Berkhout contrata a recém estabelecida no Brasil "Empresa Construtora Best Ltda", de origem também holandesa como a dele e que veio ao país para construir algumas empresas de capital holandês, como o Banco Holandês Unido (na Rua 15 de Novembro) e a fábrica da Philips (no município de Guarulhos).
A escolha da construtora holandesa para erguer a vila não foi por acaso ou por mero apoio a uma empresa de seu país de origem, mas pelo fato de que Dirk e Selma queriam que o novo empreendimento deles tivesse estilo arquitetônico similar ou idêntico às residências da Holanda e foi exatamente isso que foi feito.
Localizada na Rua Marechal Hermes da Fonseca, em Santana, a charmosa vila construída pelos Berkhout é uma viagem para a Holanda em plena zona norte da capital paulista. Suas vinte casas, todas elas assobradadas, são dispostas na própria via pública e em uma rua particular que que dá acesso às demais casas que ficam escondidas para quem passa pela Hermes da Fonseca.
Adentrar na ruela que dá acesso as demais residências parece ser uma experiência de uma breve viagem para os Países Baixos. Quase tudo ali nos distancia de um vila paulistana e nos remete a um simpático bairro de subúrbio de alguma cidade holandesa. E faz sentido, afinal não foi só a construtora que era de origem holandesa, bem como o projeto das casas, que foi encomendado a uma segunda empresa daquele país. O silêncio da vila é algo incrível, principalmente se lembrarmos que as construções estão cercadas de vias bem movimentadas que ligam diversos pontos de Santana e região.
Todas as casas foram feitas com tijolos aparentes e são estreitas, tal qual são muitas das residências que encontramos em ruas de cidades como Amsterdã, sendo conhecidas como arquitetura funcionalista. A maioria das residências da vila são originalmente compostas em seu piso térreo com um vestíbulo na área de entrada, duas salas, cozinha e lavabo. No andar superior são dois quartos e um banheiro. Esta configuração se altera um pouco nas residências cuja face externa são voltadas para a Rua Marechal Hermes da Fonseca e possuem em seus térreos portas comerciais. É possível que algumas destas configurações originais tenham sido modificadas ao longo das décadas.
Com o passar dos anos, a vila não sofreu degradação ou descaracterização, tendo sido preservada pelos seus moradores ao longo de suas sete décadas de existência. Em 2018 a vila foi agraciada com seu tombamento como patrimônio histórico de São Paulo pelo Conpresp. Texto de D. Nascimento.

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