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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Vista do Riacho do Ipiranga, São Paulo, Brasil
Vista do Riacho do Ipiranga, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Texto:
Um dos personagens da Independência, eternizado no primeiro verso do Hino Nacional como o palco do mítico grito “Independência ou morte” de Dom Pedro I, o riacho do Ipiranga, ou o que sobrou de suas “margens plácidas”, é uma espécie de metáfora da nação que construímos.
Que rio é esse? Entre a fantasia e a realidade, conta a história que aprendemos na escola que Pedro I e sua comitiva passaram pelo vale do Riacho Ipiranga, um dos caminhos que levavam de Santos a São Paulo. Foi com a expansão da cidade na esteira dos excedentes da exportação do café que, no final do século 19, início do 20, a região começou a ser ocupada. Em 1893, depois de uma crise de falta de água, a administração da província de São Paulo desapropria ali uma grande área, criando assim o Parque das Cabeceiras do Ipiranga, – que conhecemos hoje como Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, para garantir o abastecimento de água da cidade.
O sistema contava com três reservatórios que abasteceram a região até 1928, quando a São Paulo Tramway, Light and Power assumiu o conjunto e o desativou, tornando a Guarapiranga o principal sistema de abastecimento da capital paulista. Desde então, a área desapropriada se transformou em um parque público. Em 1928, ali se instalou o Jardim Botânico e, posteriormente, o Jardim Zoológico, o Observatório de São Paulo, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo, entre outros equipamentos. A existência e a manutenção desta área como parque permitiu a proteção da mata atlântica e também da nascente do rio, até hoje preservada.
Fora da unidade de conservação, no entanto, o destino do Ipiranga até o seu deságue, no Tamanduateí, é muito parecido com a trajetória dos 1,5 mil quilômetros de rios e córregos que temos em nossa metrópole: canalização, entubação, poluição por esgoto e lixo e degradação. O rio foi canalizado em 1942, marcando o início, a cada mês chuvoso, das inevitáveis inundações na região. Retidas em canais retilíneos e galerias subterrâneas, sem suas curvas e meandros, as águas correm com muito mais velocidade e, portanto, com maior potencialidade de provocar enchentes.
Em 2019, como parte do projeto de restauração do novo Museu do Ipiranga, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) iniciou um trabalho para que o córrego do Ipiranga ficasse limpo a tempo das comemorações do bicentenário da independência brasileira, celebrado no ano passado. Aumentou a quantidade de esgoto captada de seus afluentes, mas o rio continua poluído e fedorento. Além disso, o córrego está longe de ser livre: o Ipiranga não escapou de nossa política empreiteira de macrodrenagem limitada às defasadas canalizações e seus correlatos contemporâneos, os piscinões. Neste momento a Prefeitura de São Paulo está investindo na construção de dois piscinões em seu leito.
Duzentos e um anos depois (2023), o riacho do Ipiranga é a metáfora da nação, cuja data de nascimento é festejada neste 7 de setembro. Poluído, sujo, oprimido pelas toneladas de concreto das políticas de drenagem que negam os rios, poderíamos dizer que do grito “independência ou morte”, a cena está mais para morte. Mas, as nascentes e os metros de rio limpo e vivo que correm dentro do parque é este outro pedaço da história: minoritário, porém resistente, desafiando a imaginação de um futuro onde o Ipiranga será um dos rios renaturalizados e vivos da nossa cidade. Texto de Raquel Rolnik.
Nota do blog: Data 2024 / Crédito para Jaf.
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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024
Obras de Canalização do Córrego do Ipiranga / Riacho do Ipiranga, 1921, Ipiranga, São Paulo, Brasil
Obras de Canalização do Córrego do Ipiranga / Riacho do Ipiranga, 1921, Ipiranga, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Nota do blog: Obras de canalização do córrego do Ipiranga / riacho do Ipiranga, efetuadas durante às obras de construção do Monumento à Independência.
terça-feira, 21 de janeiro de 2020
Riacho do Ipiranga, São Paulo, Brasil
Riacho do Ipiranga, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Imagem do Riacho do Ipiranga, exatamente onde hoje se encontra o Monumento à Independência.
À esquerda, vemos a Casa do Grito e, bem lá no alto, recortada no horizonte, a silhueta do prédio do Museu do Ipiranga. Toda essa área sofreria várias transformações a partir dos anos 50, até que, em 1988, foi oficialmente inaugurado o Parque da Independência, com a imponente alameda que liga o Monumento à Independência ao Museu do Ipiranga, preservando a vegetação nativa do entorno.
A foto, provavelmente, é do início dos anos 1910 (antes da inauguração parcial do Monumento à Independência em 1922). Destaque para a lavadeira laborando em seu ofício.
Nota do blog: Data década de 1910 / Autoria desconhecida.
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