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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Garrafa do Guaraná Douradinha, Gino Alpes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil


 

Garrafa do Guaraná Douradinha, Gino Alpes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia

Nota do blog: Data não obtida / Crédito para Fábio Mello.

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Guaraná Douradinha, Gino Alpes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil












Guaraná Douradinha, Gino Alpes, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia


A fábrica Santo Antônio, onde era produzida a Douradinha entre as décadas de 50 a 90, foi fundada oficialmente no dia 13 de junho de 1953, mas já se fabricava a bebida havia um bom tempo. 
Gino Alpes comprou as marcas e patentes da Comandos Douradinha, passando a produzir a Douradinha, além de outros refrigerantes, cervejas e conhaques até 1994, ano em que encerrou as atividades da empresa.
Quando a Douradinha começou a ser fabricada haviam quatro fábricas de refrigerantes em Ribeirão Preto: a Cervejaria Paulista, que fabricava o Guaraná Paulista e que posteriormente foi adquirida pela Antarctica, a Cervejaria Antarctica, que fabricava o Guaraná Antarctica Champanhe, a Refrescos Ipiranga, que envasava a Coca-Cola e, por fim, a Comandos, que fabricava a Douradinha.
A diferença da Douradinha para os outros refrigerantes era sua forma de produção. A base do xarope da Douradinha era feita de açúcar queimado com água. As outras empresas usavam xaropes industrializados e gludex, um adoçante sintético, no lugar do açúcar.
No início, toda a produção era manual e o trabalho feito dia e noite, principalmente na época das festas, gerando cerca de cem empregos diretos e um número ainda maior de empregos informais, por exemplo, nos fornecedores de insumos para a linha de produção. 
Além disso, haviam diversos trabalhadores na distribuição e comercialização da bebida, espalhados pelos estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Rondônia.
Outro fato interessante é que a Douradinha, além de refrigerante, era também procurada por suas propriedades medicinais. A fábrica produziu a bebida para os primeiros transplantados renais do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto. Muitas pessoas com doenças nos rins procuravam a família Alpes, que doava as folhas da Douradinha. Até os dias de hoje, o extrato e o chá da folha são encontrados em farmácias de manipulação.
A essência do refresco era retirada da folha da Douradinha, planta típica do cerrado paulista e mineiro. O cozimento do xarope era feito em grandes tachos aquecidos com lenha, onde eram queimados, à vapor, açúcar e água. A essência e o xarope eram colocados inicialmente na garrafa, depois sendo adicionada a água, já misturada com gás carbônico.
As garrafas, fabricadas exclusivamente para a Douradinha pela fábrica Santa Marina, eram lavadas cuidadosamente. Depois de fervidas, caíam em pé numa esteira onde passavam por inspeção visual, sendo após esse procedimento remetidas para a linha de produção.
Eram duas máquinas, uma usada para fazer a Douradinha, e outra, o Guaraná. Uma mangueira conduzia o xarope para a garrafa. E de outra vinha a água, já misturada ao gás carbônico. Realizada essa operação, colocava-se a tampinha e, em seguida, efetuava-se uma nova vistoria.
Uma vez conferida e tudo certo, a Douradinha seguia para encaixotamento. No caso do Guaraná, antes do encaixotamento, passava pelo processo de rotulação.
A produção da Douradinha, depois de mais de 40 anos de sucesso, encerrou-se em 1994.
A indústria de refrigerantes passava por um momento de atualização, modernização essa que necessitaria de um grande investimento, o que acabou inviabilizando a continuação do negócio. 
Naquele momento, os refrigerantes passaram a ser vendidos em garrafas plásticas, as chamadas “pet” (e é assim até hoje, perdendo-se o charme e prazer de beber na garrafa de vidro). 
Pouco antes de parar de produzir, Gino Alpes vendeu suas marcas e patentes para a Refrescos Ipiranga, mas, o negócio acabou sendo desfeito.
Atualmente, o antigo maquinário encontra-se preservado (informação à confirmar).
Auta, uma das filhas de Gino Alpes, afirmou que ainda hoje é grande o número de pessoas que procuram a família com propostas para comprar os maquinários, as marcas, patentes ou fazer parcerias, mas a maior procura é pela fórmula da Douradinha, que encantou milhares de pessoas por mais de 40 anos, fórmula essa guardada a sete chaves.
Auta admite a possibilidade de fazer um museu com a fábrica, que é um patrimônio da história da cidade, mas não quer doar para o município.
Talvez com a criação da “Fundação Gino Alpes”, possamos visitar novamente a fábrica da Douradinha, no final da rua Municipal, na curva do ribeirão Preto, na Vila Tibério.
O empresário que ficou conhecido por produzir a famosa Douradinha, lembrada até hoje, sempre ajudou pessoas e entidades carentes, sem nunca esquecer dos funcionários.
O grande responsável pela fabricação da Douradinha foi o tiberense, descendente de italianos, Gino Baldoni Alpes. Ele nasceu na rua Bartolomeu de Gusmão em 16 de agosto de 1909. Começou a trabalhar com apenas oito anos. Foi pasteleiro, encadernador e estudou com muita dificuldade. Casou-se com Maria Sardinha, aos 23 anos. Tiveram quatro filhos: a Elza Darcy; o José Antônio (falecido), que ajudava muito o pai na fábrica, e tinha uma loja de produtos animais no Ipiranga (deixou viúva Solange e 2 filhos); a Mariza Aparecida (que mora em Florença, na Itália); e a filha caçula Auta Maria.
Formou-se como guarda-livros, e depois de casado trabalhou em várias empresas de Ribeirão Preto, até que conseguiu emprego na fábrica de bebidas Comandos.
Gino era tratado como um membro da família pelo proprietário, e acabou virando "compadre do dono". Comprou as marcas e patentes da Comandos Douradinha e passou a produzir a bebida e mais uma enorme variedade de produtos, como refrigerantes, cervejas, licores e conhaques. Mas a Douradinha sempre foi seu principal produto.
O empresário, muito lembrado por ajudar as pessoas, todas às sextas-feiras doava refrigerantes a uma entidade carente da cidade, além de oferecer a bebida aos voluntários que iam à fábrica prestar algum serviço.
A filha de Gino, Auta Maria, conta que os pais ajudavam muito os empregados: "Eles quase foram os inventores da cesta básica e do vale refeição”, diz ela. Dona Maria Sardinha fazia grande quantidade de comida para os empregados da fábrica, que ainda levavam o restante para seus familiares.
Auta conta que o pai era um “gentleman”, que sempre se vestia bem e tratava todo mundo com respeito.
- Nunca vi meu pai maltratar ninguém, afirma Auta.
E Gino Alpes tinha orgulho de ser do tempo em que as bebidas eram seladas, uma a uma, com o selo do tributo federal (quem conhece esse mercado, sabe os altos índices de sonegação de impostos).
Auta lembra que era um ciclo produtivo muito grande para um empresário sozinho.
Gino também tinha muito apreço pela memória e ficou lúcido até seus últimos momentos, quando ainda lia três jornais diários. Para ele, a morte era a "irmã da vida".
O empresário faleceu em 26 de dezembro de 2000, com 91 anos. Dona Maria morreu em 1998, com 90 anos. Texto do Jornal da Vila adaptado para o Blog.
Nota do blog: Data e autoria das imagens não obtidas.