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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025
Vista do Largo da Memória, Década de 70, São Paulo, Brasil
Aspecto do Largo da Memória, Década de 70, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
Imagem da década de 70. Este era para ser um lugar bonito, um ponto turístico da cidade de São Paulo, em virtude de sua representatividade, sua história. Mas, como a maioria dos locais públicos, atualmente está degradado, cheio de criminosos (menores e maiores), pessoas consumindo drogas, dormindo ou fazendo necessidades básicas em sua área. Trata-se de uma região extremamente perigosa da cidade, com pouco ou nenhum policiamento.
Nota do blog: Data década de 70 / Crédito da imagem Cláudio Simonini.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2020
Obelisco do Piques, 1935, São Paulo, Brasil
Obelisco do Piques, 1935, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
O Obelisco do Piques é o monumento mais antigo da cidade.
Em pleno centro de São Paulo, em um lugar que um dia foi portal de entrada e saída, segue firme o que pode ser considerada a primeira obra de arte pública da cidade, construída em 1814. No meio da praça denominada Largo da Memória, está um obelisco de cerca de 5 metros de altura conhecido como Obelisco do Piques. O autor e primeiro artista de rua a assinar um trabalho na cidade foi um português, o pedreiro Vicente Gomes Pereira, também conhecido como Mestre Vicentinho.
A obra esculpida em rocha de granito foi feita sob encomenda do Conde de Palma em homenagem ao governador da época, Bernardo José de Lorena. O obelisco ficava dentro da água, em uma bacia de alvenaria e entre grades. Sim, o primeiro monumento da cidade já nasceu preso.
O obelisco não foi a obra principal ali, mas sim um resto. A partir da obra de alargamento das ladeiras do Pique e da Palha, do largo e do chafariz que existia no local, o engenheiro militar Daniel Pedro Müller solicitou que com a sobra da construção o pedreiro Mestre Vicentinho fizesse o obelisco. Assim nasceu a primeira obra de arte urbana oficial da cidade.
O complexo das obras do Largo da Memória visava a facilitação da comunicação entre São Paulo e o interior. Não por acaso, ficava na fronteira do que era conhecido como "Cidade Nova", ou seja, o outro lado do rio que corria ali, o Anhagabaú. O lugar virou ponto de parada de quem buscava água potável no chafariz, descanso, já foi também lugar de comércio de escravizados e hoje é uma praça quase esquecida no meio do centro.
O largo passou por algumas reformas nesses mais de dois séculos. Entre as mudanças, as grades saíram e a água também já não se encontra ali para ser bebida. A hostilidade representada pelo cerco se foi, mas o acolhimento de um lugar para descanso e beber água potável também não se encontram mais. Já o monumento segue praticamente igual. Engolido pela cidade que cresceu e quase esquecido em um largo que leva curiosamente o nome de memória. Texto de Felipe Lavignatti.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019
Largo da Memória, São Paulo, Brasil
Largo da Memória, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia
O Largo da Memória é um logradouro histórico localizado no centro da cidade de São Paulo, no Brasil, no início da Rua 7 de Abril(antiga Rua da Palha). Considerado um símbolo e referência do processo de urbanização da capital do Estado de São Paulo, é delimitado por um "triângulo" criado não intencionalmente (ou seja, de modo natural) que, posteriormente, em função da necessidade de urbanização, se tornou as ruas Coronel Xavier de Toledo (anteriormente conhecida como Rua do Paredão) e Quirino de Andrade (anteriormente Ladeira do Piques) e a Ladeira da Memória, próximo ao Vale do Anhangabaú. Criado no fim do período colonial, o largo abriga o mais antigo monumento de São Paulo, o Obelisco do Piques, inaugurado em 1814.
O local já passou por várias mudanças, teve a colocação de muros, escadarias e um pórtico.
O largo foi construído no local antes conhecido como "Piques", um barranco de forma triangular que servia de entrada e saída da cidade de São Paulo para os tropeiros que transportavam mercadorias. Na época em que foi construído o largo, eram utilizados animais para transporte de cargas e mercadorias, e seus donos costumavam fazer uma parada para encher seus recipientes de água na bica ali presente e para seus animais se revigorarem após longas jornadas, além, também, de ali ser um local para reunião dos moradores. Em 1814, o governo provisório da Capitania de São Paulo constituído pelo bispo D. Mateus de Abreu, o ouvidor D. Nuno Eugênio de Lossio e pelo chefe de esquadra Miguel José de Oliveira Pinto, triunvirato que governou entre 1813 e 1814, encarregou o engenheiro militar Daniel Pedro Müller da construção da Estrada dos Piques, que facilitaria a comunicação entre São Paulo e as cidades do interior, de um muro de arrimo e de um chafariz novo (em formato de casinha acachapada). O patrimônio, que ficou conhecido como Largo da Memória, era localizado na fronteira com a "Cidade Nova", que ficava do lado oposto ao Ribeirão Anhangabaú.
A partir do alargamento das ladeiras do Pique e da Palha, Müller construiu o largo e o chafariz e com a sobra de material de outra obra solicitou ao mestre pedreiro Vicente Gomes Pereira (Mestre Vicentinho) a construção do obelisco "à memória do zelo do bem público" demonstrado pelo governo. O obelisco feito em pedra de cantaria e se localizava dentro de uma bacia de alvenaria com grades de ferro. A obra seria a celebração do encerramento de um dos governos interinos do bispo Dom Mateus ou do fim de uma seca que castigara a região naquele ano. A Pirâmide do Piques é considerada o primeiro monumento de São Paulo ou, como definiu Roberto Pompeu de Toledo em seu livro A Capital da Solidão, a "primeira obra inútil", cuja "função não dizia respeito a nenhum aspecto prático da vida". "A pirâmide era sinal de que São Paulo deixava de ter a função de mero posto avançado para a conversão dos índios", escreveu o autor.
Durante o século XIX, foi uma das "portas de entrada" da cidade, por situar-se no encontro entre os trajetos com destino a Sorocaba, Pinheiros, Anastácio e Água Fria, e um importante ponto de encontro dos moradores da província, viajantes e escravos, atraídos pela água potável fornecida pelo chafariz do largo. A água era captada no Tanque Reúno, próximo à localização da atual Praça da Bandeira, passava pelo Piques e seguia até chegar ao lago central do Jardim Público, atual Parque da Luz.
No final daquele século ganhou uma figueira, Ficus organensis Miquel, que em 1986 era considerada "a árvore mais conhecida de São Paulo". Em 1919, Washington Luís, por ocasião das comemorações do centenário da independência do Brasil, contratou Victor Dubugras e José Wasth Rodrigues para projetar a reforma do Largo que lhe deu as feições atuais. Com estilo neocolonial, o projeto valorizou o obelisco, introduziu um novo chafariz (em um tanque também chamado de "vasca"), um pórtico com azulejos, escadarias e bancos circulares chamados também de êxedras. Os azulejos da obra com o brasão da cidade (escolhido em concurso público vencido por Guilherme de Almeida e Wasth Rodrigues, em 1917) foram produzidos na Inglaterra e pintados e requeimados no Brasil na primeira fábrica brasileira a produzir faiança fina, um tipo de cerâmica utilizado em louças como xícaras, pratos e outros. Localizada em Santa Catarina, a fábrica era de propriedade de Ranzini, um ceramista italiano. O largo foi protegido pelo município no começo da década de 1970 (Z8-200-083). Além disso, o projeto paisagístico manteve a figueira no mesmo lugar. A figueira só teve alguns galhos cortados na construção da Estação Anhangabaú, na década de 1970, alguns metros abaixo. A construção dos acessos à estação do metrô e a instalação do terminal de ônibus na Praça da Bandeira, no final da década de 1960, alterou significativamente o entorno do Largo.
Em 1872, o chafariz foi retirado do Largo da Memória. Nesta época, o papel de "porta de entrada" da cidade, que até então era papel da estrada de ferro, foi transferido para a Estação da Luz; as antigas tropas foram perdendo a sua importância, até serem totalmente substituídas pelo trem.
Devido à importância cultural, histórica e arquitetônica desse logradouro para formação da cidade o Largo da Memória foi tombado como patrimônio histórico estadual (Condephaat) em 1975 e municipal (Conpresp) em 1991.
Em 13 de dezembro de 2005, a Prefeitura de São Paulo entregou à cidade o restauro do obelisco do Largo da Memória. As obras foram patrocinadas pela Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), em parceria com o Departamento do Patrimônio Histórico do Município (DPH), ligado à Secretaria Municipal de Cultura.
As características originais projetadas pelo engenheiro Daniel Pedro Müller foram preservadas e restauradas. A CBA, do Grupo Votorantim, patrocinou a restauração e a conservação do obelisco, e foi responsável pela conservação nos dois anos seguintes (2006 e 2007).
Segundo a Prefeitura de São Paulo, "o projeto de restauração [fazia] parte de uma parceria entre a CBA e o DPH, por intermédio do programa 'Adote uma Obra Artística', da Secretaria Municipal de Cultura, da Federação de Amigos de Museus do Brasil (Fambra) e da Ação Local - Ladeira da Memória, que [buscava] o apoio da iniciativa privada para a conservação e recuperação física de obras de arte e monumentos de São Paulo".
Devido a falta de cuidado com a área, o local é considerado muito perigoso e encontra-se abandonado, mesmo sendo um dos pontos turísticos mais importantes de São Paulo. Atualmente, o local serve de abrigo para vários moradores de rua. O cheiro de urina e a sujeira são constantes nesta área.
Em 18 de outubro de 2014, o obelisco do Largo da Memória completou duzentos anos de história. A data foi comemorada com um evento organizado pela Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, que incluía 56 apresentações de dança, teatro, música, circo, estátuas vivas e intervenção urbana criadas por duzentos artistas. A programação teve início em 13 de outubro e se estendeu até 2 de novembro. Mustache e os Apaches, Cabaré Três Vinténs, Chaiss na Mala, O Bardo e o Banjo e Emblues Beer Band foram algumas das atrações do evento.
O bicentenário também foi marcado por um projeto de limpeza e proteção química do monumento, por meio de um termo de doação de serviços com as empresas NanoBr, Evonik, Rental Master e Inova. O projeto de restauração do conjunto arquitetônico e de reativação da fonte do monumento foi elaborado pelo escritório Gesto Arquitetura e incluído como prioridade no Programa Adote uma Obra Artística, do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo. De acordo com a diretora do Departamento do Patrimônio Histórico, Nádia Somekh, a restauração da obra feita em 2005 se perdeu por falta de conservação.
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