O Milagre de Ourique, Ourique, Portugal (O Milagre de Ourique) - Domingos Sequeira
Ourique - Portugal
Museu Louis-Philippe, Eu, França
OST - 270x450 - 1793
"O Milagre de Ourique" é uma pintura a óleo sobre tela do português Domingos Sequeira realizada em 1793, em exposição no Museu Louis-Philippe, no Palácio de Eu, na França.
Tendo sido um dos quadros que Domingos Sequeira elaborou quando se candidatou ao lugar de pintor régio, "O Milagre de Ourique" representa os momentos antecedentes da Batalha de Ourique e explicitamente a aparição de Cristo a D. Afonso Henriques que, segundo a tradição, lhe assegurou a vitória na peleja e nas futuras batalhas.
"O Milagre de Ourique", que havia sido levado para o Brasil pela família real em 1807, foi redescoberto, em 1986, pelo historiador e crítico de arte José Augusto França, no Palácio d'Eu, na Alta Normandia (a tela foi executada em Roma).
Não existem dados ou documentação que comprovem com rigor o local e a data da ocorrência da Batalha de Ourique segundo o historiador José Mattoso. Quanto ao lugar da contenda, têm sido apontadas povoações do mesmo nome perto de Leiria e no Baixo Alentejo. Também não foi possível identificar o rei Esmar, nem Homar Atagor, sobrinho do rei Ali mencionados nos anais de D. Afonso que teriam sido derrotados. A coincidência da data da batalha com o dia de SãoTiago, patrono dos cristãos na luta com os mouros, acentua o simbolismo da admirável vitória, mas também não dá garantias de verdade.
O certo é que a importância da batalha não cessou de crescer ao longo do tempo e que se foram tecendo em torno dela uma série de relatos maravilhosos destinados a conferir-lhe um significado simbólico. A mitificação do acontecimento resulta, sem dúvida, da pretensão de associá-lo à fundação do estado português e à aclamação do primeiro rei com bênção divina.
Deixando de lado o significado ideológico da lenda, e do pouco objetivo que se conhece, podemos admitir que, no verão de 1139, Afonso Henriques comandou um fossado com forças mais numerosas do que habitualmente e que apesar de ter sido atacado, ou de ele próprio ter atacado um exército considerável, regressou cheio de glória ao território cristão, tendo Ourique sido a sua primeira grande vitória contra os mouros.
O regresso de Afonso Henriques a Coimbra, na altura capital do Condado Portucalense, coincidiu com a do arcebispo João Peculiar que acabava de chegar do Segundo Concílio de Latrão onde recebera do próprio Papa Inocêncio II o pálio arquiepiscopal, o que contribuiu para atribuir um significado especial ao acontecimento a que os clérigos aproveitaram para dar relevo e para exortar os cristãos à guerra santa.
De qualquer modo, a vitória foi tão importante que Afonso Henriques decide auto proclamar-se rei de Portugal, tendo a sua chancelaria começado a usar a intitulação "Rex Portugallensis" ("Rei dos Portucalenses") a partir de 1140.
Associada à batalha surgiu no século XV a lenda do Milagre de Ourique. segundo a qual, antes da batalha, Cristo teria surgido a D. Afonso Henriques e que lhe tinha dito "In hoc signo vinces" (do latim, "Com este sinal vencerás!"), assegurando-lhe a vitória e a proteção futura do reino. Desta forma a independência de Portugal assentava na vontade expressa de Deus. Esta lenda surgiu em 1485 (três séculos após a batalha), quando Vasco Fernandes de Lucena, embaixador de D. João II enviado ao papa Inocêncio VIII, incluiu no relato da Batalha de Ourique o aparecimento de Cristo. No século XVII, o frade alcobacense Bernardo de Brito reelaborou a lenda pormenorizando-a e reforçando a sua importância. A lenda surgiu e foi reforçada em dois momentos em que Portugal necessitava de consolidar a sua independência e autonomia. A partir do século XIX a lenda foi posta em causa, primeiro por Herculano e, posteriormente, pela moderna historiografia.
Para Alexandre Herculano, “Discutir todas as fábulas que se prendem à jornada de Ourique fora [seria] processo infinito. A da aparição de Cristo ao príncipe antes da batalha estriba-se em um documento tão mal forjado que o menos instruído aluno de diplomática o rejeitará como falso ao primeiro aspecto”.
Já para Camilo Castelo Branco, sem crispações e com alguma ironia, Ourique e o seu poder taumatúrgico não eram mais do que uma pia tradição, mas a sua posição diferia da estritamente científica de Herculano. Enquanto Herculano considerou o “milagre absurdo e inútil do aparecimento do Cristo”, Camilo afirmava que talvez fosse absurdo, porque historicamente infundado, mas não inútil, porque era funcional, “querido do povo, sempre apaixonado pelo maravilhoso”, pertencendo à sua “herança de crenças” e, em suma, entrando no paradigma dos grandes mitos das nações, como o da “passagem do mar vermelho” ou o da “voz do Eterno no alto do Sinai”.
Mas a Batalha de Ourique e a lenda que lhe está associada marcaram de tal forma o imaginário do povo português que se encontra plasmado na bandeira de Portugal: cinco escudetes azuis (cada qual com cinco besantes brancos), representando os cinco reis mouros vencidos na batalha.
Para além de "O Milagre de Ourique", no período de 1793-1794, durante a sua estadia em Roma, Domingos Sequeira executou ou prosseguiu algumas importantes composições, entre as quais "Alegoria à Fundação da Casa Pia" e "Pregação de São João Baptista" (Palácio Ducal de Vila Viçosa).
Analisando a obra de Domingos Sequeira, J. A. França considera dois momentos distintos: alinha-o, por um lado, com o período neoclássico que se encontrava no apogeu quando da sua primeira permanência em Roma, entre 1788 e 1795 e, por outro, pela sua posição no surgimento do movimento romântico, designadamente com a sua participação no Salão de Paris de 1824.
Para Varela Gomes, "O Milagre de Ourique" é uma típica figuração do "barroquismo pré-romântico".
Já para Jeanine Baticle, "O Milagre de Ourique" de Domingos Sequeira é uma obra que se situa numa corrente de pintura de história medieval e renascentista que floresceu antes da Revolução Francesa, e compara-a numa interpretação própria dos costumes do passado com a obra "S. Francisco de Borja despede-se da família de Goya".
O "Milagre de Ourique", está diretamente relacionado com a Batalha de Ourique, esta batalha desenrolou-se provavelmente nos Campos de Ourique, no Baixo Alentejo em 1139. Nela defrontaram-se tropas cristãs, sobe o comando de D. Afonso Henriques e muçulmanas, na alçada de Ali ibn Yusuf, Emir Almorávida.
Inesperadamente o exército cristão depara-se com uma grande inferioridade numérica em relação as tropas mouras, contudo os futuros portugueses asseguram uma vitória gloriosa. A vitória cristã foi tamanha que D. Afonso Henriques resolveu auto proclamar-se Rei de Portugal tendo a sua chancelaria começado a usar a intitulação "Rex Portugallensis" ("Rei dos Portucalenses") a partir 1140.
Associada à batalha, surgiu no século XV uma lenda, a do Milagre de Ourique. Dizia esta lenda que, antes da batalha, teria surgido Cristo a D. Afonso Henriques e que lhe tinha dito "In hoc signo vinces" (do latim, "Com este sinal vencerás!"), assegurando-lhe a vitória e a protecção futura do reino.
Desta forma a independência de Portugal assentava na vontade expressa de Deus. Esta lenda surgiu em 1485 (três séculos após a batalha), quando Vasco Fernandes de Lucena, embaixador de D. João II enviado ao papa Inocêncio VIII, incluiu no relato da batalha de Ourique o aparecimento de Cristo. No século XVII, o frade alcobacense Bernardo de Brito aperfeiçoou a mesma lenda pormenorizando-a e conferindo-lhe uma nova importância. É de notar que a lenda surgiu e foi reforçada em duas situações em que Portugal necessitava de consolidar a sua independência e autonomia. A partir do século XIX a lenda foi posta em causa, primeiro por Herculano e posteriormente pela moderna historiografia.
Este evento histórico marcou de tal forma o imaginário português, que se encontra retratado no brasão de armas da nação: cinco escudetes (cada qual com cinco besantes), representando os cinco reis mouros vencidos na batalha. Texto da Wikipédia.
Nota do blog: Data e autoria não obtidas.