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domingo, 2 de março de 2025

Aspecto do Jardim Suspenso, Estádio Palestra Itália / Parque Antarctica, Sociedade Esportiva Palmeiras, São Paulo, Brasil


 

Aspecto do Jardim Suspenso, Estádio Palestra Itália / Parque Antarctica, Sociedade Esportiva Palmeiras, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia


Houve uma elevação do gramado do estádio Palestra Itália em cerca de três metros, visando acabar com os alagamentos que ocorriam em dias de muita chuva. Embaixo do campo, foram instalados os vestiários e os departamentos médico e administrativo. Além disso, a arquibancada atrás do gol foi unida a uma das arquibancadas centrais, gerando um formato semelhante a uma ferradura e ampliando a capacidade para cerca de 40 mil pessoas.
O agora apelidado "Jardim Suspenso" foi aberto em 07/07/1964, com vitória por 2 a 0 sobre a Esportiva de Guaratinguetá, pelo Campeonato Paulista, gols de Ademar Pantera e Rinaldo.
Nota do blog: Data e autoria não obtidas.

segunda-feira, 21 de março de 2022

Parque Antarctica, São Paulo, Brasil


Parque Antarctica, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Edição H. Hosenhain
Fotografia - Cartão Postal

Texto:
"A influência da Antarctica no urbanismo de São Paulo"
Um gole de cerveja pode ter feito a diferença na maneira como a cidade de São Paulo está organizada hoje. Como demonstra a tese de mestrado do historiador e urbanista Diógenes Sousa, de 35 anos, pelo menos 11 equipamentos urbanos paulistanos foram criados pela antiga Companhia Antarctica Paulista entre fins do século 19 e início do século 20, e se tornaram polos importantes que desenharam a própria malha do município.
"Meu desafio foi entender a participação da companhia no processo de urbanização de São Paulo", resume Sousa, que faz palestra sobre o assunto na noite do próximo dia 18, no Instituto Bixiga, em São Paulo. Historiador formado pela Universidade Federal de São Paulo, Sousa debruçou-se sobre esse material para sua dissertação de mestrado, defendida na Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Agora, ele se aprofunda no urbanismo em seu doutorado, em andamento na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.A Antarctica foi criada em 1885. Originalmente, era um abatedouro no bairro da Água Branca. Que também contava com uma fábrica de gelo. Em 1888, Louis Bucher, filho de cervejeiros alemães, entra no negócio e começa a fabricar cerveja de forma mais industrial - ele já tinha uma pequena fábrica anteriormente. Formalmente, a Companhia Antarctica Paulista é fundada em 1891.
"Entre os equipamentos urbanos criados pela Antarctica com o intuito da venda de suas bebidas estão o Parque Antarctica, o Cine Central, o Cassino Antarctica, o Theatro Polytheama, o Cine Bijou e o Bosque da Saúde. Os equipamentos voltados à educação e à saúde são o Hospital Santa Helena e o Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a Escola Vocacional Antarctica e a Escola Técnica Antarctica, além da Fundação Helena Zerrenner", cita o historiador.
Ou seja: a empresa acabou influenciando o desenvolvimento urbano de São Paulo ao criar "estruturas-âncora", fosse para atender aos funcionários de sua fábrica e a comunidade do entorno - como familiares e imigrantes -, no caso de equipamentos de educação e saúde, fosse na criação de locais de entretenimento e lazer, justamente para alavancar o consumo da bebida na cidade então muito provinciana.
Foi nesse contexto que São Paulo ganhou, por exemplo, sua primeira sala de cinema. Trata-se do Bijou Theatre, que abriu suas portas em 1907, em um imóvel que ficava na então rua São João - rebatizada como avenida apenas na década seguinte. Conforme o historiador José Inacio de Melo Souza relata no livro Salas de cinema e história urbana de São Paulo (1895-1930), o empreendimento era dos exibidores Francisco Serrador e Antonio Gadotti, mas ficava em um terreno de propriedade da Companhia Antarctica - arrendado para este fim.
O Bijou não foi o local da primeira exibição da sétima arte em São Paulo, mas antes dele os filminhos eram passados em espaços improvisados e, muitas vezes, itinerantes. Ele representa, portanto, um marco: foi o primeiro local fixo como cinema, o início do cinema como negócio na cidade.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo registrou em novembro de 1907, o galpão do Bijou, antes um teatro, foi "completa e luxuosamente remodelado" para a inauguração do cinema. A imprensa da época dizia que o ponto rapidamente se tornaria frequência obrigatória do "mundo smart" - sim, assim eram chamados os descolados e antenados da época.
O Bijou tinha sessões durante a semana às 18h30. Aos domingos, os filmes eram exibidos às 13h30 e às 19h30. Eram curtos, de pouco mais de 10 minutos, e cada sessão incluía, em média, cinco filmes. Mudos, tinham o acompanhamento de um sexteto. Dois terços da produção era europeia e o restante vinha dos Estados Unidos. Entre os títulos que estrearam ali estão 'A Dama das Camélias', 'O Fim do Mundo', 'Macbeth' e 'Sevilha'.
No estabelecimento da rua São João havia também um botequim sofisticado para a época. Ponto, portanto, para as vendas da cervejaria. E aqui cabe uma curiosidade: Serrador, o empresário que tocava o negócio, era desses visionários. Atribui-se a ele não só a primazia de ter transformado a sétima arte em algo sério na cidade, mas também à popularização do cachorro-quente no Brasil, porque ele importou a ideia dos Estados Unidos e passou a oferecer o lanche aos frequentadores de seu espaço.
Certamente, o empreendimento que mais alavancou o desenvolvimento urbano de São Paulo foi um imenso parque construído para o lazer na então pouquíssimo adensada região da Água Branca, na zona oeste da cidade. O Parque Antarctica, com seus 300 mil metros quadrados, era um espaço de entretenimento aberto ao público.
Em seu livro Anarquistas, Graças a Deus, a escritora e memorialista Zélia Gattai (1916-2008) conta que, quando criança, frequentava o local com sua família. E ela dá uma saborosa descrição de como era o parque. "Grande programa, o maior, o melhor de todos para mim - a ida ao Parque Antarctica, na Água Branca", relata ela, no livro. "Ai, que frio no estômago ao subir na roda gigante! E o carrossel? Era por acaso pouco emocionante galar nos coloridos cavalos de pau? Chegava a sentir vertigem daquele sobe-e-desce dos cavalinho rodando, rodando... Havia um hábito intolerável dos adultos: plantavam-se de pé, cada qual ao lado de uma criança. Eu detestava esta proteção, preferia andar solta, galopar em liberdade."
Ela prossegue se lembrando de trenzinhos "puxados a burro, circulando pelo parque todo", "carrocinhas arrastadas por bodes e carneiros" e "pirulitos de todos os formatos e cores". "As bolas de ar, subindo lá no céu, presos por um barbante? O algodão de açúcar? As gasosas e os sanduíches? O Parque era divino!"
Sim, as gasosas. No relato da escritora está uma das motivações da empresa para criar o local: a venda de refrigerantes. A outra era o consumo de cerveja, é claro, por parte dos adultos.
O Parque Antarctica já contava com um campo de futebol. E o local entrou para a história também por conta disso. Em 3 de maio de 1902, nesse campo o time do Mackenzie venceu o Germânia (atual Esporte Clube Pinheiros) por 2 a 1. A partida, válida pelo Campeonato Paulista, foi o primeiro jogo de futebol válido por competição oficial do Brasil. Por falar em futebol, até recentemente, Parque Antarctica era um dos nomes mais comuns utilizados pela população para se referir ao estádio da Sociedade Esportiva Palmeiras. Trata-se exatamente do mesmo local.
Em 1917, o então clube Palestra Itália passou a utilizar o campo da Companhia Antarctica para mandar seus jogos, alugando o espaço. Três anos depois, a agremiação esportiva comprou o terreno. Em 1933, ali, seria erguido um novo estádio, o Palestra Itália. Mas o apelido - Parque Antarctica - resistiu ao tempo. O estádio seria demolido em 2011, dando lugar ao moderno Allianz Parque, onde o Palmeiras manda seus jogos atualmente, no mesmo endereço.
"É interessante notar esse percurso", aponta Sousa. "O Parque Antarctica foi criado pela companhia primeiro para usufruto de seus funcionários, do pessoal da fábrica. Depois, a fábrica amplia esses acesso, abre para a população em geral. A essa altura, a região já se urbanizava em torno do parque, porque havia uma ânsia por espaços de entretenimento na cidade."
Outro aspecto interessante da pesquisa de Sousa são os anúncios antigos dos produtos da cervejaria. Ao contrário de hoje em dia, quando mulheres seminuas são utilizadas para turbinar as vendas, era comum que o discurso apelasse para supostas propriedades medicinais da bebida. Não raras vezes, a ilustração trazia crianças oferecendo a cerveja.
"Também havia a crença de que a cerveja preta, por exemplo, ajudasse mulheres lactantes a produzirem mais leite, ou um leite dito 'mais forte'", lembra o historiador. Em conversas com antigos funcionários da companhia, ele apurou que quando a mulher de um operário ficava grávida, era comum que este ganhasse uma caixa de cerveja escura como homenagem. "E quando a criança nascia, o presente era uma caixa de refrigerante", diz ele. Impensável nos tempos de hoje, quando o consumo de refrigerantes por crianças pequenas é visto com péssimos olhos.
Em suas pesquisas, Sousa encontrou um paralelo na cidade de Quilmes, na região de Buenos Aires. Lá, a cervejaria homônima também criou um complexo para atender aos funcionários e, na sequência, à comunidade - com igreja, escola e espaços de lazer.
Os equipamentos construídos pela Antarctica em São Paulo, como aponta o historiador e urbanista, mostram que a interferência da iniciativa privada dentro de uma questão pública, no caso o planejamento urbano, já era presente em São Paulo desde o fim do século 19. "Devo abordar este tema com mais profundidade em meu doutorado", adianta o pesquisador. "Mas ressalto que outras empresas adotaram o mesmo modus operandi. É o caso da Vila Maria Zélia, fruto da Companhia Nacional de Tecidos de Juta, de Jorge Street, um exemplo que me vem à mente."
"Penso que os equipamentos urbanos criados pela Antarctica respondiam a uma lógica de oferta e demanda", analisa. "A fábrica tinha a necessidade de popularizar seus produtos e acabou aproveitando o fato de uma cidade que estava passando por uma processo que ficou conhecido como 'segunda formação', tamanhas foram as transformações urbanísticas do período", prossegue Sousa. "Minha pesquisa não tem um cunho propagandístico nem tampouco de história institucional. Trata-se de um objeto de estudo que, ao fim e ao cabo, acabou por construir equipamentos urbanos que fizeram parte do cotidiano paulistano desde a passagem do século 19 para o 20."
O historiador não acredita, entretanto, que tais intervenções corriam à revelia. O município passava por processos de produção de seus códigos regras urbanas e, como tal, começava a regular tais interferências. "Em minha opinião, aliás, a responsabilidade do planejamento urbano deveria ser da iniciativa pública", diz Sousa. Texto de Edison veiga / BBC.
Nota do blog: Data não obtida.

domingo, 28 de outubro de 2018

Parque Antarctica, São Paulo, Brasil


Parque Antarctica, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Edição Malusardi
Fotografia - Cartão Postal

Nota do blog: Data efetiva não obtida (cartão postal circulado em 1909).

sábado, 27 de outubro de 2018

Fachada do Parque Antarctica, 1921, São Paulo, Brasil


Fachada do Parque Antarctica, 1921, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

No final do século XIX, a Companhia Antarctica Paulista criou o Parque da Antarctica, um espaço de lazer de trezentos mil metros quadrados para seus funcionários, próximo a fábrica, contendo uma vasta área verde (com um pequeno lago, coreto e bosques), parque infantil, restaurantes, choperia e áreas para a prática esportiva (incluindo pistas de atletismo, quadra de tênis e um dos primeiros campos de futebol da cidade). Com a chegada e expansão do futebol, esse espaço passou a ser cada vez mais requisitado e a empresa aproveitou a oportunidade ao alugar o campo de futebol para pequenos clubes da cidade no início do século XX.
Além de se tornar um dos principais campos para a prática do futebol, o parque era referência para uma série de eventos ao ar livre, como exibições de boxe e até corrida de automóveis. Em julho de 1908, sediou a primeira corrida automobilística disputada na América do Sul, o "Circuito de Itapecerica", que terminou com vitória do paulista Silvio Penteado.
Em 3 de maio de 1902, o Mackenzie College venceu por 2 a 1 o Germânia (atual Esporte Clube Pinheiros) no Parque da Antarctica, dando início ao primeiro campeonato oficial de futebol do Brasil, o Campeonato Paulista.
No início, o Germânia (clube de origem alemã) mandava seus jogos no Parque Antártica, mas em 1916 a Companhia Antarctica Paulista alugou o estádio para o América F.C. (um clube paulistano que tinha esse nome em homenagem ao América do Rio e Janeiro). Esse clube, por sua vez, sublocou o Estádio ao Palestra Itália no ano seguinte. O contrato previa que o América utilizaria o campo nas terças, quintas, sábados, domingos e feriados na parte da manhã, enquanto o Palestra Itália utilizaria nos mesmos no período da tarde, tanto para treinos como para as partidas oficiais.
Em 1920, o América se afundou em problemas financeiros e acabou sendo extinto. Em meio a isso o Palestra Itália efetuou a compra do terreno, incluindo não apenas o estádio mas também todas as outras instalações esportivas, pelo valor total de 500 contos de réis (algo em torno de R$600.000,00), sendo 250 contos à vista, e outras duas parcelas anuais de 125 contos cada, além de um contrato perpétuo de venda dos produtos da Companhia Antarctica nas dependências do estádio.
Na época isso chegou a ser chamado de "A Loucura do Século", porque muitos duvidaram que o Palestra pudesse pagar as prestações, já que era um clube ainda com poucos anos de existência e com poucos recursos. Realmente, em 1922 o Palestra Itália não tinha condições de pagar a última parcela, e a solução foi vender uma parte do terreno para as Industrias Matarazzo (é o terreno onde hoje existe um shopping center).
Em cerca de 13 anos o clube investiu em grandes reformas - incluindo a reforma da arquibancada geral, ainda de madeira, e a construção de uma imponente tribuna social, reservada aos associados do clube.
Constrói grandes arquibancadas em concreto armado e, em 13 de agosto de 1933, na partida Palestra Itália 6 x 0 Bangu (tendo Gabardo assinalado o primeiro gol), pelo Torneio Rio-São Paulo, inaugura o "Stadium Palestra Itália": maior e mais moderno estádio de futebol do País (na época), com capacidade para trinta mil torcedores. Neste mesmo período, a sede social do clube foi transferida do centro da cidade para o entorno do estádio.
No dia 18 de agosto de 1976, o Palmeiras conquistou seu 18º título do Campeonato Paulista ao vencer o XV de Piracicaba por 1 a 0 na partida final, atingindo um público recorde de 40 283 pessoas (35 913 pagantes). O recorde anterior era da partida Palmeiras 1–0 São Paulo, em 11 de junho de 1969, com 37 282 pessoas.
O Estádio Palestra Itália é palco de outras grandes conquistas do Palmeiras. Uma das maiores delas aconteceu no dia 16 de junho de 1999, quando o alviverde foi campeão da Copa Libertadores da América, principal competição de clubes da América. O Palmeiras venceu na final da competição o Deportivo Cali, da Colômbia, com grande destaque para o goleiro Marcos, escolhido o melhor jogador do torneio.
No tempo normal, a equipe brasileira derrotou o time colombiano por 2 a 1. Como o adversário havia vencido por 1 a 0 no jogo de ida, o campeão foi conhecido por meio na disputa de pênaltis. Num dos momentos mais dramáticos da história do estádio, o Palmeiras levou a melhor, chegando ao título depois de vencer a disputa por 4 a 3.
Um ano antes da conquista histórica da Copa Libertadores da América, o Palmeiras já havia obtido seu primeiro título internacional oficial no Palestra Itália com a conquista da Copa Mercosul de 1998. Numa final que foi realizada em três partidas contra o Cruzeiro, o alviverde perdeu o primeiro jogo, no Estádio do Mineirão, por 1 a 0, mas venceu as duas partidas seguintes, por 3 a 1 e por 1 a 0, respectivamente, no estádio paulistano.
Nos dois anos seguintes, o Palmeiras voltou às finais da Copa Mercosul, com os jogos decisivos novamente disputados no Estádio Palestra Itália. O alviverde terminou as duas competições como vice-campeão, depois de perder as decisões para o Flamengo, em 1999, e para o Vasco da Gama, em 2000.
No dia 9 de julho de 2010, um jogo amistoso entre Palmeiras e Boca Juniors, que contou com vitória por 2 a 0 da equipe argentina, marcou a despedida definitiva do Estádio Palestra Itália.
Depois desse jogo, o Estádio sofreu uma completa reforma, transformando-se no atual Allianz Parque.