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segunda-feira, 15 de outubro de 2018
Lavagem do Ouro, Estado de Minas Gerais, Brasil - Marc Ferrez
Lavagem do Ouro, Estado de Minas Gerais, Brasil - Marc Ferrez
Estado de Minas Gerais - MG
Acervo da Biblioteca Nacional
Entre 1870-1899
Fotografia
Lavagem do Minério do Ouro, A Montanha Itacolumi, Divisa dos Municípios de Mariana e Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil (Lavage du Minerai d'Or : de La Montagne Itacolumi) - Johann Moritz Rugendas
Divisa dos Municípios de Mariana e Ouro Preto - MG
Faz parte do livro "Viagem Pitoresca Através do Brasil", Gravura 71
Gravura
A obra “Lavagem do minério de ouro”, de Rugendas é a mais detalhada e importante imagem da atividade mineradora de Minas Gerais do início do século XIX. Por isso, ela merece uma leitura visual mais cuidadosa que permita explorar mais a fundo suas informações.
A imagem mostra a extração aurífera em uma lavra na qual o trabalho é organizado em grande escala com aparelhamento para a lavagem do ouro. Cerca de 30 escravos trabalham na lavra sob o olhar atento de 7 ou 8 feitores brancos, uma vigilância rigorosa para evitar que os escravos roubassem o proprietário da lavra.
A lavra situa-se na região montanhosa de Minas Gerais, nas proximidades das cidades de Mariana e Ouro Preto (antiga Vila Rica).
O pico do Itacolomi, com 1.772 metros de altitude, o ponto mais alto da Serra do Espinhaço, era chamado de “Farol dos Bandeirantes” pois servia de referência para os antigos viajantes da Estrada Real que ali passavam a caminho das Minas Gerais.
A região é repleta de nascentes, rios e cachoeiras em meio à densa vegetação da Mata Atlântica.
O ouro é de aluvião, encontrado em meio ao cascalho, areia e argila que se forma nas margens ou na foz dos rios.
Na imagem de Rugendas, vê-se dois locais de exploração do ouro de aluvião: no canal escavado, em primeiro plano, e na área alagada pela cachoeira, no fundo à esquerda. Há, também, um terceiro ponto, na encosta da montanha, onde foi escavada uma galeria para extrair ouro incrustado na rocha.
Rugendas descreve a cena da seguinte maneira : "Escavam-se longos canais condutores a fim de trazer a água até o lugar que se deseja explorar. Gradis aí colocados retêm as pedras mais grossas, deixando passar, com a água, a areia e o pedregulho ou cascalho. Esses reservatórios, chamados mundéus, são constantemente remexidos para que o ouro, se purifique e, ao depositar-se no fundo, esvazia-se a água a qual carrega o cascalho. Pode-se também recolher o ouro, ou melhor a areia aurífera, em couros de bois ou cobertores de lã grosseira sobre os quais o minério é depositado pelas águas vindas da montanha. [Os faiscadores] entram na água até a cintura e recolhem a areia do rio numa bateia. Remexendo a bateia à superfície da água, deixa-se sair a terra e o cascalho, ficando o ouro, mais pesado, no fundo cônico da bateia. Outros faiscadores preferem amontoar a areia dos rios, fazendo correr por cima um pouco de água para retirar as partes mais leves. O restante é levado para uma panela chata; aí lava-se e remexe-se esse amontoado de areia, fazendo-o passar por cima de um couro de boi; finalmente tudo é colocado de novo em uma gamela para uma última lavagem.
Em primeiro plano, à esquerda, um escravo mergulha um grande de couro na água do reservatório. O couro será depois batido – como se vê à direita – para soltar as pedrinhas de ouro que se prenderam a ele. O ouro extraído é pesado e se for de bom peso, a descoberta é comemorada como parece indicar a cena em segundo plano, à direita. Mais ao fundo, há duas negras com uma gamela ou tabuleiro à cabeça. O trabalho nas minas era masculino mas era comum negras, em geral libertas, circularem nos arraiais de mineração vendendo doces, frutas, queijo, fumo etc. Eram as chamadas “negras de tabuleiro” ou “quitanteiras” que vendiam suas mercadorias recebendo em ouro e diamantes, o que permitiu a muitas delas acumular uma certa fortuna e adquirir bens, inclusive escravos".
O apogeu da mineração no Brasil Colonial ocorreu na primeira metade do século XVIII, alcançado seu ponto máximo em torno de 1760.
O ouro provocou grandes transformações na colônia contribuindo para o povoamento do interior e o crescimento demográfico do Brasil.
Levou à fundação de numerosas vilas e cidades e, com elas, a proliferação de mercadores, artesãos, taberneiros, boticários, cirurgiões-barbeiros, tropeiros etc.
O ouro permitiu construir igrejas imponentes e revestiu seus altares e tetos. Mas enriqueceu poucos. A riqueza acabou se acumulando de fato nas mãos dos comerciantes, locais e forasteiros. A pobreza marcou a sociedade mineradora.
Esgotadas as minas, o declínio foi relativamente rápido e, em 1780, a renda da mineração era menos da metade do que fora no auge.
A queda da extração aurífera, contudo, não acarretou uma decadência econômica, como afirmava a visão tradicional.
A economia mineira, a partir da segunda metade do século XVIII, diversificou-se com a produção de alimentos, atividades artesanais e um vigoroso comércio.
A produção de carnes, derivados da cana-de-açúcar e do leite, milho entre outros alimentos cresceu a partir das necessidades de abastecimento, oferecendo importantes oportunidades comerciais.
Além disso, a extração de ouro e diamantes não desapareceu, sua produção diminuiu sem dúvida, mas as lavras continuaram sendo exploradas e muitos faiscadores ainda lançavam suas bateias nos riachos.
Foi essa situação que Rugendas encontrou em Minas Gerais quando ali esteve por volta de 1824.
A Cidade Vista do Adro da Igreja da Glória do Outeiro, Rio de Janeiro, Brasil (A Cidade Vista do Adro da Igreja da Glória do Outeiro) - Raymond Auguste Quinsac Monvoisin
Museu do Açude Museus Castro Maya Rio de Janeiro
OST - 46x64 - Aproximadamente 1847
Vista da Cidade Maurícia e Recife, Pernambuco, Brasil (Vista da Cidade Maurícia e Recife) - Frans Post
Vista da Cidade Maurícia e Recife, Pernambuco, Brasil (Vista da Cidade Maurícia e Recife) - Frans Post
Recife - PE
Coleção privada
Óleo sobre madeira - 46x83 - 1657
Paço Municipal, 1628, São Paulo, Brasil (Paço Municipal) - José Wasth Rodrigues
Paço Municipal, 1628, São Paulo, Brasil (Paço Municipal) - José Wasth Rodrigues
São Paulo - SP
Museu Paulista São Paulo
OST - 75x100 - 1920
São Paulo - SP
Museu Paulista São Paulo
OST - 75x100 - 1920
Mapa Terra Brasilis, Atlas Miller, 1519 - Lopo Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel
Mapa Terra Brasilis, Atlas Miller, 1519 - Lopo Homem, Pedro Reinel e Jorge Reinel
Acervo da Biblioteca Nacional de Paris, França
Mapa
Texto 1:
Bastaram apenas alguns anos após a chegada de Cabral ao Brasil para que os europeus mapeassem, com impressionante detalhamento, toda a costa atlântica sul-americana.
Este mapa da Terra Brasilis, incluído no Atlas Miller, que apesar do nome é de origem portuguesa, sendo atribuído a Lopo Homem (cartógrafo oficial do Reino nas primeiras décadas do século XVI) e a Pedro Reinel, foi produzido por volta de 1519, ainda sob o reinado de Dom Manuel, sendo conservado na Biblioteca Nacional em Paris, França.
Feito a mão sobre pergaminho, possui detalhada nomenclatura (146 nomes) indicando pontos da costa brasileira, do Maranhão à embocadura do rio da Prata.
No interior, é decorado com animais exóticos, plantas e indígenas em atividades extrativas diversas (especialmente a do pau-brasil), e as inscrições, como de hábito na época, estão em latim As bandeiras (uma ao Norte, na atual Guiana, e outra ao Sul, na atual Argentina) assinalam os pontos extremos do avanço português. Antes de 1520, o Tratado de Tordesilhas, que limitava as terras de Santa Cruz com as possessões espanholas, já não era cumprido.
Texto 2:
O mapa com o título “Terra Brasilis”, segundo os Portugaliae Monumenta Cartográfica, é de autoria do cartógrafo português Lopo Homem, auxiliado por Pedro e Jorge Reinel e foi feito no ano de 1519.
Este mapa que faz parte do chamado “Atlas Miller”, mostra a costa do Brasil e parte do Atlântico central, desde as duas largas aberturas do Amazonas até o Prata, e ainda, parte da costa que lhe segue ao sul.
No topo do mapa há uma legenda de caráter histórico, característica da cartografia portuguesa do século XVI, que foi traduzida do latim para o português por Jaime Cortesão, em 1935, que diz: “Esta carta é da região do grande Brasil e do lado ocidental alcança as Antilhas do Rei de Castela. Quanto à sua gente, é de cor um tanto escura. Selvagem e crudelíssima, alimenta-se de carne humana. Este mesmo povo emprega, de modo notável, o arco e as setas. Aqui [há] papagaios multicores e outras inúmeras aves e feras monstruosas. E encontram-se muitos gêneros de macacos e nasce em grande quantidade a árvore que, chamada Brasil, é considerada conveniente para tingir o vestuário com a cor púrpura”.
Vários topônimos aparecem por toda a costa, da altura do Maranhão ao Cabo de Santa Maria. Armando Cortesão, destacou do norte para o sul, os seguintes: Almadyas, R. dos escpuos, G. de todolos santos, R. dos fumos, R. de Joham de Lixboa, R. Segundo, R. danobom, baya, Pomta das correntes, ponta, C. daloeste, terra de Sam Vicete, terra dos fumos, b. dos praçes, C. do palmar, terra da pescarya, ponta dos praçes, G. dos negros, monte aly, ponta preta, aguada, G. de Sam Lucas, C. branco, ponta dos fumos, baia dos aRafes, C. corco, as serras, R. de sam myguell, baia das tartarugas, ponta pmrª, sam Roque, c. do praçel, oratapipye, pta pinhom, baia de pitiacua, de mey cam, c. despichell, R. das pedras, R. das virtudes, pernambuquo, R. do estremo, C. fremoso, Santo Aleyxo, R. prymeyro, R. segumdos, R. de Sam myguell, serra de Santo Antônio, R. alagado, R. de sam frco., uazabares, R. de pereyra, R. das canafystolas, R. Real, R. de sam geronymo, R. da duuyda, monte fragoso, G. de todolos stos, R. de Joham guyo, R. da praya, serra alta, R. de Sto agostinho, y. de santãtã, G. da praya, R. das ostras, R. de santana, R. dos cosmos, R. das virges, porto seguro, R. do Brasyll, momte pasquall, y. de Stã barbora, R. de sam gorge, C. dos bayxos dabrolho, baia de Santa Luzia, C. de sam Johã, bayxos dos pargos, C. de santhome, a pescaria dos pargos, b. do salvador, y. de sã Roq, G. do aRacife, r. do pouso, R. delgado, G. fremosa, as serras de anta luzia, R. de Janeyro, R. de Janrº, y. de Cabo fryo, os picos fragosos, o sombreyro, R. do estremo da terra de janrº, y. escaluadas, paso das almadas, os mangaes,, y. de boabista, G. dos Reys, y. de santa craca, praya, y. darea, y. fragosa, ponta fragosa, y. das couues, R. de curpare, Sierras de Santanha, y. de vitorya, as ferraryas, R. de sam Viçente, y. de sam seb., y. de gayora, aldea de grigorio, y. branca, G. darea, R. de canenea, y. abitara, ponta do padrã, R. alagado, R. de s. dig, baia das voltas, R. dos dragos, Rio do estremo, y. d ydo, G. do Repairo.
Duas bandeiras portuguesas, uma no norte e outra no sul, reivindicam para Portugal a soberania sobre a vasta zona intermediária. Também são representados os navios, naus e caravelas, perfeitamente diferenciados.
No interior do mapa avultam as iluminuras, que, segundo Armando Cortesão, a partir do século XVI são predominantemente vivas, dando a impressão de realidade, através principalmente da perfeição do desenho e da riqueza do colorido, figurando a população indígena do Brasil perfeitamente caracterizada, e animais como papagaios, araras, macacos e abundante vegetação representada pela árvore de pau-brasil, sua extração e transporte.
Este se constitui no primeiro mapa onde aparece a representação do comércio português.
Segundo Ronaldo Vainfas, o episódio do descobrimento do Brasil em 22 de abril de 1500 sempre foi motivo de grande polêmica na historiografia. A partir da segunda metade do século XIX, e durante boa parte do século XX, a polêmica girou em torno das questões da primazia e da intencionalidade portuguesa no ato da descoberta. Importava saber em segundo lugar, se teria ocorrido intencionalidade lusitana na descoberta ou se, pelo contrário, havia sido ela casual, resultado de um desvio de rota na viagem da armada de Cabral para a Índia causado por tempestade no Atlântico, na altura da costa ocidental africana.
Após o descobrimento do Brasil, em 1500, a coroa portuguesa enviou durante três décadas, várias expedições encarregadas de reconhecer o litoral brasílico. Tais viagens ficaram conhecidas ora como expedições de reconhecimento, ora de exploração e, ainda, como expedições guarda-costas. Na verdade, a maioria dessas expedições fez um pouco de cada coisa: identificação da geografia para fins cartográficos e de navegação, escambo de pau-brasil com os índios, fundação de feitorias e defesa da costa contra a crescente presença dos entrelopos franceses, rivais no escambo do pau-brasil.
Quanto ao pau-brasil, este teve importância extraordinária na história do Brasil. Importância inclusive simbólica, pois, segundo Frei Vicente, foi por causa do “pau de cor abrasada e vermelha” que o nome Brasil foi dado à terra descoberta, desalojando o de Terra de Santa Cruz, o que, para o franciscano, sinalizava o triunfo do diabo nas plagas desde então brasílicas.
O fato é que o comércio do pau-brasil foi sem dúvida, a principal atividade econômica desenvolvida pelos portugueses nas terras descobertas por Cabral até cerca de 1530. Sua importância estava na tintura da madeira para manufaturas têxteis europeias.
A importância do pau-brasil foi tão expressiva, e tão elevados os lucros que propiciava, que chegou-se a consagrar na historiografia brasileira, a noção de “ciclo do pau-brasil” como o primeiro dos ciclos econômicos de nossa história.É importante sublinhar que o papel dos índios foi fundamental no processo de exploração do pau-brasil, a começar pelo fato de que eram eles que cortavam a madeira e levavam para os navios. O trabalho era árduo considerando-se o tamanho das árvores, a espessura dos troncos e seu peso. Em troca desse serviço, os nativos recebiam facas, espelhos, miçangas, tesouras, agulhas, foices e, decerto, machados de ferro para cortarem os troncos.
Do lado dos europeus, o negócio do pau-brasil estimulou a fundação de feitorias em toda a costa brasílica, sobretudo pelos portugueses, e estimulou desde cedo a regulamentação da coroa lusitana.
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