Cruzador Bahia C-12/C-2, Marinha do Brasil
Fotografia
A Revolta da Chibata estourou
seis meses depois a bordo do Bahia e
outros navios da marinha, com os amotinados mantendo a capital Rio de Janeiro sob ameaça de bombardeamento durante
quatro dias, até o governo ceder às suas exigências, que incluíam a abolição
de chicoteamentos como forma de punição.
O cruzador passou por modernizações na década
de 1920, quando recebeu novas turbinas e novas caldeiras, além de ser
convertido para queimar óleo em vez de carvão. A reforma também resultou em
mudanças estéticas na forma da adição de uma terceira chaminé. Os armamentos
também foram modificados. O Bahia novamente
serviu como escolta na Segunda Guerra Mundial,
por quatro anos. A embarcação explodiu em 4 de julho de 1945, durante um
exercício de treinamento no Oceano Atlântico, com
apenas um pequeno número de sobreviventes sendo resgatados dias depois.
O Bahia foi
parte de um grande programa de expansão naval brasileiro, iniciado em 1904. Também
planejados foram dois couraçados da Classe Minas Geraes, dez contratorpedeiros da Classe Pará, três submarinos e uma embarcação auxiliar de
submarino. Seu projeto era muito inspirado na britânica Classe Adventure de cruzadores de reconhecimento, com o batimento de sua
quilha ocorrendo
no dia 19 de agosto de 1907, nos estaleiros da Armstrong Whitworth em Newcastle upon Tyne, Reino Unido. A construção demorou um ano e meio e o navio foi lançado ao mar em 20 de janeiro de 1909, sendo
batizado pela Madame Altino Correia, em nome da Madame Dr. Araugo Pinho. O
processo de equipagem demorou um pouco mais do que o esperado e adiou sua
finalização para 2 de março de 1910, quando partiu para o Brasil, chegando em Recife no dia 6 de maio. O novo cruzador
foi a terceira embarcação brasileira a ser nomeada em homenagem ao estado da Bahia e foi comissionado na Marinha do Brasil pouco depois, em 21 de maio de 1910. O Bahia e seu irmão mais novo Rio Grande do Sul eram os cruzadores mais rápidos
do mundo na época, sendo os primeiros navios da marinha brasileira a usar
turbinas a vapor como propulsão.
O Bahia tinha
um deslocamento de 3 100 toneladas, com um comprimento
de fora a fora de 122,38 metros e um entre
perpendiculares de 115,82 metros. Sua boca ficava entre 11,89 e 11,91 metros,
enquanto seu calado media 3,81 metros na proa, 4,75 a
meia-nau e 4,42 na popa. Sua propulsão, quando construído, consistia em cinco turbinas a vapor Parsons e dez caldeiras Yarrow a
carvão, o que permitia uma velocidade média de 25 nós (46 quilômetros por hora) quando totalmente carregado. Sua
autonomia era de 1 400 milhas náuticas (2 600 quilômetros) a 23,5 nós (43,5 quilômetros por
hora), ou 3 500 milhas náuticas (6 500 quilômetros) a dez nós
(dezenove quilômetros por hora). Após reformas na década de 1920, o
sistema de propulsão do Bahia passou
a ser três turbinas a vapor Brown–Curtis e seis caldeiras Thornycroft movidas a
óleo, o que aumentou sua velocidade média para 28 nós (52 quilômetros por
hora). Seus armamentos inicialmente consistiam em dez canhões de 120 milímetros calibre 50, seis canhões de 47 milímetros calibre 50 e dois tubos de torpedo de 457 milímetros cada. Este
armamento foi complementado na década de 1920, com a adição de três canhões automáticos de vinte milímetros, uma metralhadora de sete milímetros e mais quatro
tubos de torpedo de 533 milímetros. Uma nova modernização na Segunda
Guerra Mundial acrescentou dois canhões antiaéreos de 76 milímetros, no lugar de
dois de seus canhões de 47 milímetros, e sete canhões de vinte milímetros. Já a
blindagem era de dezenove milímetros no convés e 76 milímetros na torre de
comando. Por fim, a embarcação era capaz de acomodar uma tripulação de
entre 320 e 357 homens.
A economia brasileira estava passando por uma
grave depressão na época em que o Bahia foi
comissionado. As dificuldades econômicas e a disciplina severa aplicada na
marinha geraram um motim conhecido como a Revolta da Chibata, que
espalhou-se pelas embarcações brasileiras mais poderosas da época. Em 10
de setembro, uma carta anônima alertava o comandante do Bahia sobre o clima de
insatisfação entre os marinheiros; mais tarde, ele declarou: "Não demos à
ameaça maior importância".
Marinheiros negros a bordo do couraçado Minas Geraes,
insatisfeitos com o tratamento violento que recebiam, iniciaram, no começo de
1910, planos de uma revolta, escolhendo como seu líder o experiente marinheiro João Cândido Felisberto. Um marinheiro foi sentenciado a ser
açoitado em novembro, na frente de seus companheiros, mesmo com a prática já
tendo sido abolida por lei. A punição foi aplicada até mesmo depois do
marinheiro ter desmaiado, enfurecendo os futuros amotinados. Eles não
estavam prontos e assim não podiam revoltar-se imediatamente, porém aceleraram
seus preparativos e rebelaram-se em 21 de novembro, mais cedo do que
originalmente planejado. Eles mataram vários oficiais, inclusive o capitão
do Minas Geraes, enquanto
outros oficiais foram forçados a abandonarem a embarcação. A revolta
rapidamente espalhou-se para o couraçado São Paulo, para o
navio de defesa costeira Deodoro e
também para o Bahia. A
tripulação deste último matou um de seus oficiais enquanto juntava-se à revolta. A
disciplina nessas embarcações mesmo assim não foi relaxada: exercícios diários
eram realizados e João Cândido ordenou que todo o álcool fosse jogado na água.
Os contratorpedeiros da Classe Pará permaneceram leais ao
governo, com tropas do Exército Brasileiro posicionando-se
no Palácio do Catete e
ao longo da costa do Rio de Janeiro, porém
nenhum grupo foi capaz de parar os amotinados. Muitos daqueles que
cuidavam das defesas costeiras da cidade eram simpáticos às causas dos
amotinados, com o Congresso Nacional do Brasil cedendo
às exigências dos rebeldes sob a chance de que a capital poderia ser
bombardeada pelos navios. As exigências incluíam a abolição dos
açoitamentos, melhora nas condições de vida e anistia geral para todos os
envolvidos.
Em uma carta dos revoltosos enviada do São Paulo, datada de 22 de novembro e
endereçada ao presidente Hermes da Fonseca, na qual além do fim dos castigos físicos,
era dado um "prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória,
sob pena de ver a Pátria aniquilada"; este documento tem autoria disputada
pelos historiadores, mas todos os possíveis redatores – Ricardo de Freitas
(atribuído por José Miguel Arias Neto), Francisco Dias Martins (autodenominado
"Mão Negra") e Adalberto Ferreira Ribas (atribuído por Marco Morel e
Sílvia Capanema P. de Almeida) – serviam a bordo do Bahia, sendo considerados cultos o
bastante para terem-na escrito. O governo emitiu perdões oficiais e uma
declaração de arrependimento; sua submissão resultou no fim da revolta em 26 de
novembro, quando o controle de todas as embarcações foi devolvida para a
Marinha.
A Marinha do Brasil foi enviada para
patrulhar o Oceano Atlântico Sul, nos
primeiros anos da Primeira Guerra Mundial,
muitas vezes na companhia de unidades navais francesas, britânicas e
norte-americanas, porém seus navios receberam ordens de não se envolverem em
qualquer confronto fora de suas águas territoriais, pois o Brasil até então não estava em guerra contra os Impérios Centrais. O
país também procurou garantir que permanecesse totalmente neutro no conflito;
o Bahia e o Rio Grande do Sul foram enviados
para Santos em agosto de 1914, a fim de aplicar leis de
neutralidade quando foi relatado que um cruzador alemão estava à espera perto
do porto procurando por embarcações britânicas e norte-americanas. O
Brasil entrou na guerra do lado da Entente em 26
de outubro de 1917 e declarou guerra contra os Impérios Centrais.
A marinha brasileira, a pedido dos
britânicos, formou em 21 de dezembro de 1917, uma pequena força naval, com a
intenção de enviá-la para serviço no outro lado do Oceano Atlântico. O Bahia foi nomeado em 30 de
janeiro de 1918, como a nau capitânia da recém formada Divisão Naval em
Operações de Guerra (DNOG), sob o comando do contra-almirante Pedro Max Fernando Frontin.
Os outros navios designados para a divisão foram o seu irmão Rio Grande do Sul, os
contratorpedeiros Piauhy, Rio Grande do Norte, Parahyba e Santa Catarina da Classe Pará, a embarcação de suporte Belmonte e o rebocador Laurindo Pitta.
A DNOG partiu em 31 de julho para a colônia
britânica de Serra Leoa, na África. Pouco foi fornecido pelo próprio Brasil além dos
navios e seus marinheiros, já que os outros países aliados ajudaram com as
logísticas. Eles foram forçados a parar várias vezes no caminho para que
o Belmonte pudesse
transferir suprimentos, como carvão e água para os outros navios, mesmo com a ameaça
de u-boots. A força chegou em segurança em Freetown no dia 9 de agosto, permanecendo no porto até 23
de agosto, quando partiram para Dacar,
na colônia francesa do Senegal. Durante o percurso, a frota
avistou o que parecia ser um torpedo indo em direção ao Belmonte, porém ele errou. O Rio Grande do Norte disparou
várias vezes e soltou cargas de profundidade no que acreditavam ser um
submarino alemão. A história oficial brasileira afirma definitivamente que
afundaram um u-boot, porém o historiador Robert L. Scheina salienta que
essa ação nunca foi confirmada, enquanto não há um consenso em obras sobre as
perdas de u-boots na guerra.
A força brasileira chegou a Dacar no dia 26
de agosto e foi encarregada de patrulhar um triângulo que tinha Dacar, a colônia
portuguesa de Cabo Verde e o território britânico de Gibraltar como vértices; os aliados acreditavam que essa
área estava repleta de u-boots.
Dessa forma, a missão dos brasileiros era patrulhar em busca de minas colocadas
por submarinos alemães e garantir que comboios aliados pudessem passar em
segurança. Complicações surgiram quando o Bahia e o Rio
Grande do Sul tiveram problemas em seus condensadores, uma questão
que foi agravada muito mais pelo clima quente e tropical da área em que os
navios estavam servindo.
A esquadra foi atingida em setembro
pela gripe espanhola. O
contágio começou no Bahia e
espalhou-se para os outros navios, durando por sete semanas. 95% das
tripulações foram infectadas: 103 morreram no exterior e 250 morreram depois de
já terem voltado para o Brasil. O Bahia,
três dos quatro contratorpedeiros e o Laurindo Pitta foram enviados em 3 de novembro até
Gibraltar, para operações no mar Mediterrâneo. No
caminho, o cruzador avistou aquilo que acreditou ser um u-boot alemão, com
o Bahia abrindo fogo até
perceber que era na verdade um cardume de toninhas; este evento ficou popularmente conhecido como a
"Batalha das Toninhas". Eles
chegaram em Gibraltar no dia 9 ou 10 de novembro, escoltando o contratorpedeiro
norte-americano USS Israel,
porém a guerra terminou em 11 de novembro, com o Armistício de Compiègne.
O Bahia,
acompanhado dos quatro contratorpedeiros da Classe Pará, viajou em algum momento do começo de 1919 para Portsmouth, no Reino Unido, em seguida atravessaram o Canal da Mancha, para Cherbourg-Octeville,
chegando em 15 de fevereiro. O almirante Frontin encontrou-se com o Prefeito
Marítimo francês antes de começar "eventos sociais"; estes furaram
até 23 de fevereiro, quando as embarcações foram para Toulon e Frontin viajou para Paris. A
DNOG foi dissolvida em 25 de agosto de 1919.
O Bahia foi
atracado na Ilha do Viana em algum momento de
1920, com o objetivo de passar por modernizações pelos estaleiros da Casa Lage,
com o custo dessas reformas sendo estimado em quinze mil contos de réis. Entretanto, a embarcação ficou parada pelos cinco anos
seguidos, com as obras só ocorrendo entre 1925 e 1926.
Nessas reformas, as cinco turbinas foram
substituídas por três turbinas Brown–Curtis, enquanto as dez caldeiras foram
trocadas por seis Thornycroft a óleo, o que necessitou da adição de uma
terceira chaminé. Os antigos depósitos de carvão, junto com alguns dos espaços
liberados pela redução de caldeiras, foram convertidos em tanques que podiam
guardar 588 mil litros de óleo. Estas modificações permitiram que
sua velocidade máxima aumentasse para 28 nós (52 quilômetros por hora). Todos
os botes foram substituídos e três canhões automáticos Madsen de vinte
milímetros, uma metralhadora Hotchkiss de sete milímetros e quatro tubos de
torpedo de 533 milímetros foram adicionados para que a embarcação tivesse uma
defesa contra aeronaves e maior poder contra navios de superfície. Mesmo
assim, em 1930 o The New York
Times considerou as embarcações da Marinha do Brasil
"obsoletas", e comentou que quase todas eram "mais velhas do que
as consideradas eficientes pelas potências signatárias dos Tratados Navais
de Washington e Londres".
O Bahia visitou
a Filadélfia em meados de 1926, sob
convite do governo dos Estados Unidos, para participar da Exposição Sesquicentenária. O Bahia e o Rio Grande do Sul escoltaram em junho
de 1930 o presidente-eleito Júlio Prestes, em uma viagem aos Estados Unidos. Prestes
viajou a bordo do transatlântico SS Almirante Jacequay e tinha a intenção de retribuir a visita
que o então presidente-eleito, Herbert Hoover, fez ao Brasil em dezembro de 1928. Os
cruzadores USS Trenton e
USS Marblehead encontraram-se
com as embarcações brasileiras a aproximadamente 160 quilômetros de Sandy Hook, e honraram
Prestes com uma salva de tiros. Eles ficaram cinco horas sob nevoeiro no Canal
de Ambrose, com o presidente-eleito indo para o pier a bordo de uma lancha;
o Bahia fez uma salva
de tiros e o Forte Jay respondeu com duas. Prestes foi para a Prefeitura de Nova Iorque e
em seguida dirigiu-se para Washington, D.C. Ele permaneceu no país por oito dias até
embarcar no transatlântico RMS Olympic e
ir para a França. O Bahia e o Rio Grande do Sul enquanto isso,
ficaram atracados no Estaleiro da Marinha no Brooklyn.
Durante a Revolução de 1930, o Bahia serviu junto com o Rio Grande do Sul, até este deserdar,
e outros cinco ou seis contratorpedeiros ao longo da costa de Santa Catarina. O estado de São Paulo se revoltou
dois anos depois na Revolução
Constitucionalista, com o Bahia e outras embarcações participando do bloqueio
do Porto de Santos, que
estava sob controle dos rebeldes. O cruzador passou por reparos entre 1934 e
1935. Ele e o Rio Grande do Sul foram
em novembro de 1935 para Natal no Rio Grande do Norte com
o objetivo de ajudarem no fim de outra revolta. Os navios,
como parte da missão, foram ordenados a afundar o SS Santos assim que o avistassem,
já que vários líderes da revolução estavam tentando fugir a bordo, porém a
embarcação escapou antes da chegada dos cruzadores.
O Bahia e
o Rio Grande do Sul, entre
17 e 22 de maio de 1935, escoltaram o São Paulo com o presidente Getúlio Vargas a bordo pelo Rio da Prata até Buenos Aires na Argentina, em algum momento recebendo a companhia dos
couraçados argentinos ARA Rivadavia e ARA Moreno,
os cruzadores pesados ARA Almirante Brown e ARA Veinticinco de Mayo. Vargas estava
devolvendo visitas feitas pelos presidentes da Argentina e Uruguai, Agustín Pedro Justo e Gabriel Terra. Vargas e Justo planejaram estar presentes na
Conferência Comercial Panamericana em 26 de maio e abrirem uma conferência de
paz para a Guerra do Chaco, com o
presidente brasileiro retornando para o São Paulo e seguindo com sua frota para Montevidéu a fim de encontrar-se com Terra. No ano
seguinte em 2 de março, o Bahia também
escoltou o Almirante Brown e
o Veinticinco de Mayo,
este transportando o contra-almirante Eleazar Videla, ministro da marinha
argentino, para uma viagem até o Rio de Janeiro.
O Brasil entrou oficialmente na Segunda Guerra Mundial em
31 de agosto de 1942, ao lado dos Aliados, com o Bahia sendo muito usado na Batalha do Atlântico para
missões de escolta e patrulha. As fontes disponíveis diferem sobre o número exato
de cada uma, algumas falam de 67 e 15 e outras em 62 e 11. O cruzador no total
viajou por 101 971 milhas náuticas (188 850 quilômetros) em 358 dias,
desempenhando um papel na proteção de mais de setecentos navios mercantes, porém
ele e o Rio Grande do Sul foram
denominados pela revista Proceedings do
Instituto Naval dos Estados Unidos como "contratorpedeiros
superdimensionados" que eram "relativamente lentos" para a época.
O Bahia foi
modernizado duas vezes durante a guerra, em 1942 e em 1944, porém essas
reformas não foram tão amplas quanto aquelas realizadas na década de 1920. Dois
de seus canhões de 47 milímetros foram removidos e substituídos por dois
canhões antiaéreos L/23 de 76 milímetros, enquanto seus canhões Madsen foram
substituídos por canhões automáticos Oerlikon de vinte milímetros, com um sistema de controle de disparo sendo
instalado. Duas cargas de profundidade também
foram adicionadas, assim como localizadores de alcance para as armas de 120
milímetros, um sonar e um radar, além de outras modificações menores. A
história oficial da Marinha do Brasil do cruzador relata a ocorrência dessas
modificações, porém não especifica quando exatamente elas ocorreram e a ordem
em que foram implementadas.
A embarcação estava escoltando o comboio BT
12, em 3 de junho de 1943, quando localizou uma mina naval, destruindo-a com um de seus canhões de vinte
milímetros. Em 10 de julho, o sonar do Bahia teve uma detecção perto da costa de São Paulo, que
foi atacada com cargas de profundidade; a história oficial da marinha afirma
que o contato possivelmente foi o submarino alemão U-199, que foi afundado no mesmo mês, perto da costa do Rio de
Janeiro, por aeronaves brasileiras e norte-americanas. O cruzador juntou-se em
novembro de 1944 ao cruzador rápido USS Omaha e ao contratorpedeiro USS Gustafson, para escoltar o navio de
transporte de tropas USS General M. C. Meigs, que estava carregando a quarta
leva de tropas da Força Expedicionária Brasileira para
a Campanha da Itália.
A guerra terminou na Europa em maio de 1945 e
várias embarcações dos países aliados, incluindo do Brasil, foram designadas
para patrulharem o Oceano Atlântico, como navios de resgate, ficando ao longo
de rotas atravessadas por aeronaves de transporte militar carregando pessoal e
suprimentos da Europa para o Teatro de Operações do Pacífico que
ainda estava ativo. O Bahia foi
um desses navios, estando em 4 de julho ao nordeste do Brasil na área perto
do Arquipélago de São
Pedro e São Paulo. Os tripulantes empinaram uma pipa que foi
amarrada atrás do cruzador e a usaram como alvo de treinamento para os canhões
de vinte milímetros. Um dos tiros acertou a pipa, mas também acertou
acidentalmente as cargas de profundidade na popa, uma consequência da falta de
balaustradas, que normalmente impediriam que as armas fossem apontadas
diretamente para a embarcação. A explosão acabou com a energia do navio e
o Bahia afundou em
três minutos.
Os sobreviventes aguentaram por quatro ou
cinco dias sem comida, sob altas temperaturas e exposição ao Sol em jangadas
improvisadas. O The New York
Times relatou que alguns dos marinheiros ficaram loucos sob essas
condições e pularam na água, onde supostamente foram devorados por tubarões. As
fontes variam muito deste ponto em diante. Segundo um artigo da Time, a perda do Bahia só foi descoberta em 8 de julho, quando 22
sobreviventes foram resgatados pelo cargueiro SS Balfe. Por outro lado, Scheina disse que o desastre só foi
descoberto quando o Rio Grande do
Sul chegou no local quatro dias depois e não encontrou o Bahia.
As fontes discordam sobre o número de
resgatados e o de mortos. A história oficial do navio fala em 36 resgatados e
336 mortos, enquanto o Navios
de Guerra Brasileiros afirma que foram 36 de 339. Artigos de jornais
contemporâneos também publicaram números diferentes; um artigo do Evening Independent publicado no
dia seguinte da descoberta do acidente fala que o Bahia tinha uma tripulação de 383 homens, porém não dá mais
nenhuma informação. O The New
York Times dá os números de 28 salvos e 347 mortos, já o St. Petersburg Times afirma que foram 32 e 395. Entretanto,
as fontes concordam que quatro técnicos de som norte-americanos morreram.
Os sobreviventes acreditavam que tinham
batido contra uma mina que detonou um dos depósitos de munição. O vice-almirante Jorge Dodsworth Martins,
chefe da inteligência naval brasileira, achou que o Bahia poderia ter sido
torpedeado pelo U-530, que
se rendeu sob circunstâncias estranhas em Mar del Plata, na Argentina, em 10 de julho, dois meses depois
da rendição da Alemanha, porém o Ministério Naval da
Argentina afirmou que teria sido impossível para o submarino viajar do local do
naufrágio até Mar del Plata em seis dias. O U-977, cuja tripulação também estava indo para a
Argentina em busca de asilo, também foi acusado de afundar o Bahia. Entretanto, investigações
realizadas pelas marinhas dos Estados Unidos e do Brasil, consideraram que o
cruzador realmente afundou devido ao acidente com as cargas de profundidade.
Batimento de
Quilha: 1908
Lançamento: 20 de janeiro
de 1909
Incorporação: 1910
Baixa: 4 de julho de 1945
Deslocamento: 2.885 ton. (leve) e
3.150 ton. (carregado).
Dimensões: 122.37 m de comprimento
total, 115.82 de comprimento entre pp, 11.88 m de boca e 4.15 m de calado.
Blindagem: convés de 1.5 pol. e
passadiço 3 pol.
Propulsão: vapor; 3
caldeiras Yarrow, acopladas a 3 turbinas Parsons à vapor, gerando 18.000 hp,
acoplados a três eixos com hélices de três pás.
Velocidade: máxima de 26.5 nós, e em
testes 27.02 nós.
Raio de ação: 2.400 milhas náuticas à 24
nós, 3.092 à 18 nós ou 6.600 à 10 nós. (maquinas a óleo).
Armamento: 10 canhões
Vickers Armstrong de 4.7 pol/50 cal. (120 mm) em reparos singelos; 6 canhões de
47 mm em reparos singelos e 2 tubos duplos de torpedos de 18 pol.
Sensores e Direção
de Tiro: direção de tiro consistia
num tubo de voz que ligava as estações de controle, o passadiço e a sala de
plotagem no segundo convés e as baterias.
Tripulação: 340 homens.