terça-feira, 1 de outubro de 2019

Fernão de Magalhães (Ferdinand Magellan) - Anônimo

Fernão de Magalhães (Ferdinand Magellan) - Anônimo
The Mariner's Museum Collection - Newport News - Estados Unidos
OST


Fernão de Magalhães (Ponte da Barca, PortugalPrimavera de 1480 — MactanCebuVisayas CentraisFilipinas27 de abril de 1521) foi um navegador português que se notabilizou por ter organizado e iniciado a primeira viagem de circum-navegação ao globo de 1519 até 1522.
Nascido numa família nobre, em 1505 viajou para as Índias Ocidentais, participando de várias expedições militares. Em 1512 foi na armada de António de Abreu à descoberta das Molucas, também conhecidas como as Ilhas das Especiarias, mas só o navio de Francisco Serrão, tresmalhado, chegaria às Molucas do norte (Ternate, Tidore, etc...), produtoras do desejado cravo, pois os demais navios regressariam a Malaca após irem apenas às Molucas do sul ou arquipélago de Banda (Buru, Ambom, Seram) produtoras de noz-moscada e maçã, o que fez com que Magalhães não tivesse conhecimento direto das Molucas do cravo, as mais importantes economicamente à época.
A serviço do rei de Espanha, planeou e comandou a expedição marítima que efetuou a primeira viagem de circum-navegação ao globo. Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo no extremo sul do continente americano, a atravessar o estreito que hoje leva seu nome e a cruzar o Oceano Pacífico, que nomeou. Fernão de Magalhães foi morto em batalha em Cebu, nas Filipinas durante a expedição, posteriormente chefiada por Juan Sebastián Elcano até ao regresso em 1522.
Pinguim-de-magalhães recebeu o seu nome como homenagem, já que Magalhães foi o primeiro Europeu a ter visto um. As aptidões de navegação de Fernão também foram reconhecidas na nomeação de objetos associados à astronomia, incluindo as Nuvens de Magalhães, as crateras lunares de Magalhães, e as crateras marcianas de Magalhães e sonda espacial da NASA Magellan (versão inglesa do nome).
Fernão de Magalhães nasceu no norte de Portugal, em 1480. A freguesia da  do PortoVila Nova de Gaia e Ponte da Barca reclamam a sua naturalidade. A vila de Sabrosa outrora reclamou ser o berço do navegador e assim consta em muitas obras. No entanto, hoje sabe-se, para além de qualquer dúvida razoável, que essa presunção se baseou em documentação falsificada por António Luís Alvares Pereira, descendente de lavradores do lugar da Pereira, em Sabrosa, com o intuito de se habilitar à herança de Fernão de Magalhães no Arquivo das Índias. Fernão de Magalhães era filho de Rui (por vezes Rodrigo) de Magalhães, nascido cerca de 1442, Cavaleiro que exerceu cargos de governação no Porto, e de sua primeira mulher Alda de Mesquita, nascida cerca de 1445, e casado pela segunda vez com Inês Vaz Moutinho, filha de Pedro Vaz Moutinho, cidadão do Porto, cidade onde foi Vereador, e de sua mulher Inês Gonçalves de Mesquita.
Era irmão de Duarte de Sousa, Diogo de Sousa, Isabel de Magalhães, Leonor ou Genebra de Magalhães, casada com João Fernandes Barbosa, com geração, e Aires de Magalhães, que seguiu uma carreira eclesiástica, recebeu ordens de epístola em 1509 em Braga e, nessa matrícula, seus pais acima nomeados são ditos moradores na Sé do Porto.
Seu pai, Rui de Magalhães, foi Cavaleiro Fidalgo da Casa de D. Afonso, 1.º Conde de Faro, 2.º Conde de Odemira jure uxoris, 5.º Senhor de Mortágua jure uxoris, Senhor de Aveiro e Alcaide-Mor do Castelo de Estremoz. Rui de Magalhães terá sido Alcaide-Mor do Castelo de Aveiro onde está documentado em 1486. Entre junho de 1472 e junho de 1488 está documentado no Porto onde exerce os cargos de Juiz Ordinário, Procurador da Câmara e Vereador.
Fernão de Magalhães tinha cerca de dez anos quando se tornou Pajem da Corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II. Casou-se em Sevilha, em Dezembro de 1517 com Beatriz Barbosa, sua parente, filha de Diogo Barbosa e de sua mulher Maria Caldeira, e teve dois filhos: Rodrigo, que faleceu muito novo, e Carlos, que faleceu ao nascer.
Em Março de 1505, com 25 anos, alistou-se na Armada da Índia, na frota de 22 navios enviada para instalar D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia. Embora o seu nome não figure nas crônicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que esteve em GoaCochim e Quíloa. Participou em várias batalhas, incluindo a batalha naval de Cananor em 1506, onde foi ferido, e a decisiva batalha de Diu. Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a Malaca, onde seguia também Francisco Serrão, seu grande amigo e possivelmente primo. Chegados a Malaca em setembro, foram vítimas de uma conspiração e a expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado. Para trás ficaram dezenove prisioneiros. A sua atuação valeu-lhe honras e uma promoção.
Ao serviço do novo governador, Afonso de Albuquerque, participou junto com Serrão na conquista de Malaca em 1511 e só regressou a Lisboa em 1513. Magalhães, sob o comando de António de Abreu, chegou às ilhas de Banda, Ambom e Seram (produção de noz-moscada e maça), em 1512, mas não às Molucas do norte (que eram as Molucas em sentido restrito), onde quem chegou, a Ternate, foi o seu amigo Francisco Serrão no seu junco que se separou da armada de Abreu arrastado por uma tempestade, o qual aí permaneceu e casou com uma mulher de Amboina, tornando-se conselheiro militar do sultão de Ternate. As suas cartas para Magalhães seriam decisivas, que dele obteve informações quanto à situação dos lugares produtores de cravo (Molucas do norte). Fernão de Magalhães, após se ausentar sem permissão, perdeu influência. Em serviço em Azamor (Marrocos), onde foi ferido em combate, foi depois acusado de comércio ilegal com os mouros, com várias das acusações comprovadas cessaram as ofertas de emprego a partir de 15 de maio de 1514 e, novamente em Lisboa, D. Manuel I recusa-lhe aumento de tença. Mais tarde, em 1515, surgiu uma oferta para membro da tripulação de um navio de Português, mas Magalhães rejeitou-a. Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais recentes cartas, investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a possibilidade de as Molucas estarem na zona espanhola definida pelo Tratado de Tordesilhas, em parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro.
Em 1517 foi a Sevilha com Rui Faleiro, tendo encontrado no feitor da "Casa de la Contratación" da cidade um adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas e, além disso, segundo Faleiro, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.
Com a influência do bispo de Burgos conseguiram a aprovação do projecto por parte de Carlos V, e começaram os morosos preparativos para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de origem portuguesa Diogo Ribeiro que começara a trabalhar para Espanha em 1518, na Casa de Contratación em Sevilha participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na viagem. Depois da ruptura com Rui Faleiro, Magalhães continuou a aparelhagem dos cinco navios que, com 256 homens de tripulação, partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de setembro de 1519. A esquadra tinha cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, com cerca de 40 portugueses entre os quais Álvaro de Mesquita, primo co-irmão de Magalhães, Duarte Barbosa, primo da mulher de Magalhães, João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes. Seguia também Henrique de Malaca.
Fernão de Magalhães fez um segundo testamento em Sevilha a 24 de agosto de 1519, onde institui Morgado de boa parte de seus bens, que deixa a seu filho Rodrigo de Magalhães e, na falta dele, a seus irmãos Diogo de Souza de Magalhães e Isabel de Magalhães. Obriga o administrador a usar o nome de Magalhães e as suas armas («trayga las armas de magallanes segun e de la manera que yo las traygo que son de magallanes e sosa»).
Antonio Pigafetta, escritor italiano que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a expedição, escreveu um diário completo de toda a viagem, possibilitado pelo facto de Pigafetta ter sido um dos 18 homens a retornar vivo à Europa na nau Victoria. Dessa forma, legou à posteridade um raro e importante registo de onde se pode extrair muito do que se sabe sobre este episódio da história.
A armada fez escala nas ilhas Canárias e alcançou a costa da América do Sul, chegando em 13 de dezembro ao Rio de Janeiro. Prosseguindo para o sul, atingiram Puerto San Julian à entrada do estreito, na extremidade da atual costa da Argentina, onde o capitão decidiu hibernar. Irrompeu então uma revolta que ele conseguiu dominar com habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera, período no qual a nau "Santiago" foi perdida em uma viagem de reconhecimento, tendo os seus tripulantes conseguido ser resgatados, Magalhães encontrou o estreito que hoje leva seu nome, aprofundando-se nele. Em outra viagem de reconhecimento, outra nau foi perdida, mas desta vez por um motim na nau "San Antonio" onde a tripulação aprisionou o seu capitão Álvaro de Mesquita, primo de Magalhães, e iniciou uma viagem de volta com o piloto Estêvão Gomes (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas contra Fernão de Magalhães na Espanha).
Apenas em novembro a esquadra atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul (assim batizado por Balboa), e batizando o oceano em que entravam como «Pacífico» por contraste às dificuldades encontradas no Estreito. Depois de cerca de quatro meses, a fome, a sede e as doenças (principalmente o escorbuto) começaram a dizimar a tripulação. Foi também no Pacífico que encontrou as nebulosas que hoje ostentam o seu nome - as nebulosas de Magalhães.
Em março de 1521, alcançaram a ilha de Ladrões no atual arquipélago de Guam, chegando à ilha de Cebu nas atuais ilhas Filipinas em 7 de abril. Imediatamente começaram com os nativos as trocas comerciais; boa parte das grandes dificuldades da viagem tinham sido vencidas. Dias depois, porém, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos na ilha de Mactan, atraído a uma emboscada, sendo morto pelo nativo Lapu-Lapu.
A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.
Decidiram incendiar a nau Concepción, visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias. Trinidad acabou ali permanecendo para reparos e a Victoria voltou sozinha para casa, contornando o Índico pelo sul, a fim de não encontrar navios portugueses. A Trinidad, após os reparos tentou seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contatar os espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que haviam chegado. A nau Victoria dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses, alcançando finalmente o porto de San Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na tripulação.
Uma única nau tinha completado a circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de setembro de 1522. Juan Sebastián Elcano, a restante tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram decorridos três anos após a partida. A expedição de facto trouxe poucos benefícios financeiros, não tendo a tripulação chegado a receber o pagamento.
Curiosidade: Na época não existia a Linha Internacional de Data, sendo que ao chegarem a Sevilha a tripulação não subtraiu um dos 1081 dias que permaneceram a bordo da expedição. A precariedade das medições não foi suficiente para conter a discussão que se seguiu sobre a duração da viagem, sugerindo que fosse enviada ao Vaticano uma comissão internacional sobre expedições ao redor da Terra.
Cronologia:
1480 - Data provável do nascimento de Fernão de Magalhães no norte de Portugal
1505 - Partiu para a Índia na armada de D. Francisco de Almeida.
1509 - Participou na desastrosa expedição a Malaca de Diogo Lopes de Sequeira; fez grande amizade com Francisco Serrão.
1511 - Participou, sob o comando de Afonso de Albuquerque, na conquista de Malaca.
1512 - Integrou a armada de António de Abreu (navegador) que foi às Molucas do sul no mar de Banda.
1513 - Regressou a Lisboa.
1514 - Foi ferido em combate, em Azamor (Marrocos); novamente em Lisboa, D. Manuel recusou-lhe o aumento na tença.
1517 - Dirigiu-se a Sevilha para apresentar a Carlos V o seu plano de alcançar as "Ilhas das Especiarias" pelo Ocidente.
1519 - Iniciou a que foi a primeira viagem de circum-navegação; alcançou a baía da Guanabara.
1520 - Alcançou a foz do Rio da Prata; fez invernada na baía de S. Julião; dominou um motim; atravessou o Estreito e alcançou o Oceano Pacífico.
1521 - Descobriu a Ilha dos Ladrões; descobriu o arquipélago das Filipinas e aí foi morto sacrificando-se para salvar os seus colegas.
1522 - Juan Sebastián Elcano concluiu a primeira viagem de circum-navegação.

A 1ª Volta ao Mundo, Os 500 Anos da Viagem de Fernão de Magalhães, da qual só 18 dos 250 Tripulantes Sobreviveram, Artigo



A 1ª Volta ao Mundo, Os 500 Anos da Viagem de Fernão de Magalhães, da qual só 18 dos 250 Tripulantes Sobreviveram, Artigo
Artigo

No dia 20 de setembro de 1519, cinco navios com 250 homens deixaram o porto de Sanlúcar de Barrameda, no sul da Espanha, em direção ao Atlântico. No comando da nau Trinidad estava o capitão português Fernão de Magalhães.
Nem Magalhães ou mesmo seus homens sabiam que a expedição mudaria o curso da história: eles seriam os primeiros a dar a volta ao mundo, um marco que celebra seu quinto centenário.
Mas também foi considerado um feito real da resistência humana: a primeira circunavegação do mundo foi um verdadeiro inferno de doenças, fome e violência, relata o historiador Jerry Brotton na BBC History Magazine.
De fato, apenas 18 dos 250 tripulantes retornaram a Sanlúcar três anos depois de deixar o porto.
E embora muitos atribuam a Magalhães o crédito de ser a primeira pessoa a circunavegar a Terra, o português não está entre esses 18 sobreviventes.
Mas isso não tira o mérito de ser o explorador que idealizou e empreendeu essa dura e histórica jornada.
O principal objetivo da viagem não era dar a volta ao mundo, mas alcançar as Ilhas Molucas (ou Ilhas das Especiarias), na Indonésia, e sua riqueza ao longo da rota oeste, que era o que Cristóvão Colombo pretendia quando encontrou o continente americano.
Portugal controlava a rota conhecida para o leste através do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África.
Depois de examinar mapas e globos, Magalhães chegou a uma conclusão surpreendente.
Ele acreditava que poderia chegar à região mais rapidamente se viajasse na direção oposta, contornando a ponta da América do Sul, através do recém-descoberto Oceano Pacífico, até as ilhas produtoras de especiarias, no arquipélago indonésio.
Mas Manuel 1º, o rei de Portugal, rejeitou a ideia de Magalhães.
Isso não impediu o explorador português, que passou a oferecer seus serviços ao arquirrival de Manuel 1º: Carlos 1º, da Espanha, e 5º do Sacro Império Romano.
"Portugal dominou completamente o caminho para o leste, mas não estava interessado em montar uma expedição para o oeste, porque já detinha controle sobre o outro lado. Assim, o projeto de Magalhães fazia pouco sentido. Mas a Espanha o recebeu muito bem", explica à BBC Mundo Braulio Vázquez, arquivista do Arquivo Geral das Índias, em Sevilha.
Embora muitos nobres espanhóis suspeitassem de uma expedição sob o comando de um português, Carlos 1º aceitou a proposta de Magalhães.
Isso consistia em velejar pelo Cabo Hornos, atravessar até as Molucas, embarcar um carregamento de especiarias e retornar pela mesma rota, reivindicando as ilhas para a Espanha.
Logo após a descoberta de Colombo, em 1494, Espanha e Portugal, as potências da época, chegaram a um acordo para dividir as áreas de navegação do Oceano Atlântico e os territórios do "Novo Mundo", no chamado Tratado de Tordesilhas.
Magalhães estava convencido de que as Molucas ficavam dentro da esfera de influência castelhana e, portanto, poderia trazer as especiarias de lá sem problemas.
Por trás dessa crença, porém, havia um erro de cálculo que traria consequências terríveis para sua expedição.
A frota partiu de Sanlúcar para as Ilhas Canárias, depois seguiu para as Ilhas de Cabo Verde, antes de cruzar o Atlântico até a costa sul-americana, chegando à atual costa do Rio de Janeiro, em dezembro de 1519.
É a partir desse momento, relata o historiador Brotton, que as condições começam a se deteriorar.
Depois de meses pesquisando a costa leste da América do Sul, Magalhães não conseguiu encontrar uma passagem para o oeste.
A tripulação enfrentou um inverno brutal – e os marinheiros tiveram que dormir no convés em condições quase congelantes –, enquanto as rações diminuíam e a fome aumentava, resultando em tumultos nos navios.
"O clima piorou ainda mais quando um dos navios naufragou devido ao agravamento do tempo, e a busca do prometido estreito no Pacífico se estendeu por semanas, depois meses", escreveu o historiador.
Na difícil travessia nessas águas desconhecidas, outro navio desertou e tomou rumo de volta para a Espanha.
Foi uma perda enorme, explica Vázquez, porque era o San Antonio, a maior embarcação e a que trazia mais comida.
"Foi uma expedição que, entre motins, rebeliões, fome, sede... perdeu muitos de seus membros no primeiro semestre", diz o arquivista.
Mas, depois de sobreviver ao inverno e aos muitos meses de buscas infrutíferas, Magalhães e seus homens finalmente chegaram ao outro lado da América do Sul.
No dia 28 de novembro de 1520, eles entraram no que Magalhães batizou como Mare Pacificum (mar do Pacífico).
O navegador português, no entanto, não conhecia a magnitude da ameaça que ainda o esperava.
Magalhães achava que a parte mais difícil da viagem já havia passado e restava apenas um pequeno cruzeiro pelas ricas Ilhas das Especiarias.
"Mas a combinação de mapas ruins, cálculos ruins e o fato de ele ser o primeiro europeu a estar nessas águas transformaram esse 'breve cruzeiro' em um pesadelo de 100 dias de fome, escorbuto (doença grave causada pela falta de vitamina C) e mortes".
Assim relatou à BBC Paul Rose, especialista em navegação e comandante da estação de pesquisa britânica Rothera, na Antártida, por 10 anos.
Magalhães usou mapas e globos que subestimavam a circunferência da Terra.
Não conseguia nem imaginar a escala do Pacífico, um oceano que tem o dobro do tamanho do Atlântico e que cobre um terço da superfície da Terra.
"Dessa forma, eles passaram os três meses seguintes atravessando o Pacífico em busca de terra. As condições eram horríveis e o escorbuto começou a devastar a tripulação", escreveu Brotton na BBC History Magazine.
Assim também contou Antonio Pigaffeta, um dos tripulantes cujas crônicas a bordo se tornaram um dos relatos mais conhecidos da viagem:
Durante três meses e vinte dias não conseguimos comida fresca.
Comemos bolo, embora não fosse bolo, mas poeira misturada com minhocas e o que restava cheirava a urina de rato.
Bebíamos água amarela, que estava podre, por muitos dias. Também comemos algumas peles de boi que cobriam a parte superior do pátio principal.
Quando Magalhães percebe o tamanho do Pacífico, "fica claro que as Ilhas das Especiarias não estão na esfera da influência castelhana", explica Vázquez.
Então ele traça um outro objetivo: as Ilhas Filipinas.
"Quando ele toca o solo nas Filipinas e faz contato com os caciques e reis locais, ele vê que há recursos, ouro... e decide entrar na política local dessas ilhas para tentar tirar vantagem", diz o arquivista.
Em uma "péssima decisão", Magalhães inicia uma política de fazer alianças com reis locais. Mas o rei da ilha de Mactan se opõe.
Os portugueses decidem invadir a ilha junto com outros 40 membros da tripulação.
"Foi um exagero fatal. O povo de Mactan resistiu violentamente, e Magalhães e seus marinheiros entraram em choque com centenas de guerreiros locais", escreveu Brotton.
Magalhães foi morto e seu corpo nunca foi recuperado. Para o navegador português, a travessia terminou em Mactan, sem concluir a volta ao mundo.
Ele não terminou, desta maneira, a expedição que planejou e empreendeu.
O capitão espanhol Juan Sebastián Elcano se tornou o novo comandante da expedição, e foi sob suas ordens que eles navegaram para o destino que Magalhães queria: as Ilhas das Especiarias ou Molucas, aonde chegaram em novembro de 1521.
Até então, eles imaginavam que aquelas ilhas não estavam na área da influência castelhana que havia estabelecido o Tratado de Tordesilhas.
Então, eles carregaram as especiarias às pressas nos dois únicos navios que ainda restavam e decidiram terminar a odisseia e embarcar no caminho de volta.
O dilema que surgiu então foi qual seria o caminho a seguir. A Trinidad, que havia sido comandada por Magalhães, tentou retornar pelo Pacífico, mas não obteve sucesso, e foi capturada por navios portugueses.
O navio Victoria, com Elcano à frente, voltou para a Espanha através do Oceano Índico e contornando a costa no Cabo da Boa Esperança.
"Foi uma navegação totalmente épica, porque desde a ilha de Timor até chegar às ilhas de Cabo Verde, no Atlântico, eles não encontraram terra e enfrentaram novamente os problemas de fome, sede, fadiga... além do navio em mau estado, depois de quase três anos de navegação", explica Vázquez.
Embora não quisessem atracar em Cabo Verde, sob o domínio português, as condições os obrigaram.
Então, conta o arquivista, "eles planejaram uma manobra": eles não podiam dizer que vinham das Ilhas das Especiarias, porque isso implicaria em sua prisão; por isso, disseram que era um navio vindo da América.
Embora a princípio acreditassem neles, os portugueses acabaram capturando 13 tripulantes. Apenas 18 conseguiram escapar, no navio Victoria.
Finalmente, em 6 de setembro de 1522, o Victoria atracou no porto de Sanlúcar, com apenas 18 tripulantes dos 250 que partiram – completando assim a primeira circunavegação no mundo da qual existem evidências.
Além de Elcano e Pigafetta, os outros marinheiros que retornaram foram: Juan de Acurio, Juan de Arratia, Juan de Zubileta, Juan de Santander, Diego Carmena, Vasco Gómez Gallego, Hernando de Bustamante, Miguel de Rodas, Hans, Antón Hernández Colmenero, Juan Rodríguez, Francisco Rodríguez, Martín de Yudícibus, Francisco Albo, Nicolás el Griego e Miguel Sánchez.
"Todos chegaram em condições absolutamente penosas", diz o arquivista do Arquivo Geral das Índias.
Carlos 1º recebeu alguns dos sobreviventes e concedeu a Elcano uma renda anual e um brasão de armas com um globo e a legenda: Primus circumdedisti me ("O primeiro que me circunavegou").
Mais tarde, o capitão retornou para outra expedição ao Pacífico, onde morreu em 1526.
A expedição de Magalhães para chegar às Ilhas das Especiarias por outra rota mudou o curso da história, mas teve um enorme custo humano: mais de 200 tripulantes morreram, muitos em terríveis circunstâncias.
Para Vázquez, o mundo muda principalmente por dois motivos.
"Primeiro, o tamanho do mundo, isto é, o Pacífico, que a partir de então tem seu tamanho descoberto, e as viagens seguintes o levarão muito em consideração."
"E, por outro lado, eles percebem que não existem, como foi dito nas crônicas medievais, seres monstruosos ou mitológicos. Em todas as partes encontramos a mesma coisa: todos são seres humanos."
Além disso, a Europa passa a ter ciência "da complexidade e das diferenças culturais do mundo".
Por outro lado, no nível geopolítico, a viagem de Magalhães exacerbou as tensões políticas e comerciais entre Espanha e Portugal durante alguns anos.
Mas as consequências da jornada empreendida pelo explorador português devem ser vistas a longo prazo, avalia Brotton.
E faz uma referência ao "florescimento das rotas comerciais na segunda metade do século 16, já que os vínculos que Magalhães ajudaram a estabelecer entre a Europa e o sudeste da Ásia permitiram a circulação de pessoas e bens pela América do Sul".
"A mentalidade de Magalhães, sua imaginação e sua determinação em usar globos terrestres, em vez de mapas planos para entender o mundo, abriu uma profusão de novas oportunidades de negócios", diz ele.
"É possível dizer que sua grande viagem deu o tiro inicial na corrida à globalização, com todos os riscos e oportunidades que isso nos apresenta hoje."

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49777017?ocid=socialflow_facebook&fbclid=IwAR2lWx4hQi2n8r9IaJJ7Xyrq-S6cDJSTTW12XjJ7rqu-1egv8IpuVg5nINo


Magnífica 70 2015-2018 - Magnífica 70









Magnífica 70 2015-2018 - Magnífica 70
Série de TV
Brasil - 60 minutos
Poster da série




Magnífica 70 foi uma série de televisão brasileira criada por Cláudio Torres, Renato Fagundes e Leandro Assis e dirigida por Torres e Carolina Jabor, baseado em um roteiro escrito por Toni Marques. Retrata o universo dos filmes da Boca do Lixo, além das suas relações com os órgãos de censura da ditadura militar na década de 1970 no Brasil, e é exibida pela HBO Brasil desde 24 de maio de 2015.
A série foi encerrada na terceira temporada, exibida em 2018.
A série foi gravada no Rio de Janeiro durante quinze semanas, numa área de multilocação onde foi construída uma cidade cenográfica retratando os principais cenários da trama, como o Bar Imperador, a Magnífica Produções, a casa da família de Vicente e o Departamento de Censura Federal, entre outros ambientes. Foi uma coprodução da HBO Latin America Group com a Conspiração Filmes. Os recursos utilizados para o investimento da série foram da própria HBO, sem a necessidade da captação de recursos públicos pela ANCINE, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A vinheta de abertura da série mescla cenas e elementos da mesma ao som de "Sangue Latino", do grupo musical Secos & Molhados. Pode-se notar um erro nela, quando são mostrados maços de notas de cem mil cruzeiros, que só seriam lançadas em 1985, enquanto a série se passa doze anos antes.
O ano é 1973. Vicente é um censor do Departamento de Censura Federal do Estado de São Paulo. Ele vive um casamento monótono com Isabel, filha do General Souto. Durante a avaliação de uma pornochanchada, ele acaba vetando o filme, mas no entanto, acaba se encantando pela atriz Dora Dumar, estrela do filme. Fascinado pela garota, que lembra uma falecida cunhada sua, Ângela, ele mergulha no universo da Boca do Lixo, onde começa a trabalhar com Dora e Manolo, com quem passa a formar um triângulo amoroso. A atmosfera da época, com a repressão imposta pela Ditadura Militar no poder relacionada com os filmes do gênero, desmerecidos pela alta sociedade devido ao conteúdo, é o principal mote da trama.
A efervescente produção da Boca do Lixo, polo cinematográfico de São Paulo que revelou cineastas como Carlos Reinchebach e Walter Hugo Khouri nos anos 1970, serve de pano de fundo para "Magnífica 70", nova série da HBO que estreia neste domingo (24). Primeira produção de época brasileira do canal, ela retoma esse universo para contar a história do envolvimento entre um censor da ditadura e uma atriz da pornochanchada, gênero do cinema brasileiro que mistura sexo e comédia.
O projeto nasceu como roteiro de um filme de comédia sobre um censor que se torna diretor da Boca do Lixo, escrito por Toni Marques. Mas ele chegou às mãos da HBO já transformado em uma série de drama, que ganhou direção-geral de Claudio Torres. O cineasta se interessou logo pela temática: "É muito rico esse período, porque é um período paradoxal. É o auge da ditadura, mas existia um cinema que permitia a nudez."
Os paradoxos da trama vão além do período histórico e se estendem aos personagens. Vicente (Marcos Winter) é o censor que, motivado por culpa, se envolve com o universo da Boca do Lixo e com Dora (Simone Spoladore), atriz de um dos filmes que ele censurou. Dora, na verdade, se chama Vera, e é uma golpista que entra na produtora Magnífica para roubar o dinheiro do filme, mas se apaixona pelo universo do cinema. O produtor que conduz tudo, Manolo (Adriano Garib), é um ex-caminhoneiro que caiu de paraquedas na Boca após começar a sofrer de impotência sexual. E há também Isabel (Maria Luísa Mendonça), mulher de Vicente, que deseja uma vida mais estável com o marido.
"Acho que essa série fala sobre repressão individual, do Estado, e da liberdade através da arte", define Torres. "Eu acho que durante a série a gente vai entender como é viver em um Estado no qual um departamento controla o que você pode ou não ver. É uma grande reflexão sobre isso, levado, de forma paralela, ao ponto de vista do indivíduo, de como é perigoso se auto-reprimir. Os personagens tem uma auto-repressão, eles escondem alguma coisa dos outros e de si mesmo".
Para Marcos Winter, o desafio do elenco foi não cair no caricatural – tão associado às chanchadas brasileiras. "A gente fica no limite de não “chanchar”, de não extrapolar. Porque é muito fácil ali entrar em uma caricatura. Poder falar disso, dessa época, desse tema, mostrar o bastidor de cada um desses personagens e carregar um drama de culpa, não tem volta".
"Magnífica 70" faz uma grande homenagem ao cinema, mencionando logo no capítulo de estreia José Mojica Marins, o Zé do Caixão. E a equipe de produção contou com a consultoria de um importante expoente da Boca do Lixo: o cineasta Alfredo Sternheim, que dirigiu longas como "Anjo Loiro" (1973), estrelado por Vera Fischer.
"Ele foi um consultor primordial na construção do universo que a gente criou", contou o diretor Claudio Torres. "A gente perguntava para ele como era naquela época. Por exemplo, o som. 'Ah, não tinha som direto, tinha no máximo um gravador'. Ele foi o nosso guia, foi primordial nisso. Ele estava no primeiro grupo que gestou esse universo".
O próprio formato da trama foi pensado para se assimilar com as etapas de produção de um filme, contou Torres.  "Eles juntos vão fazer um filme, que o Vicente vai escrever, a respeito da família dele com a Isabel e o general. E essa estrutura que a gente encontrou foi uma experiência muito interessante porque ela te dá um senso de fechamento para cada episódio e ao mesmo tempo te dá a mecânica de um arco maior, que contém todas as fases de um filme, do roteiro à divisão de lucros".
O cinema ainda exerce um papel fundamental na libertação dos personagens, acredita Adriano Garib. "As vidas dessas pessoas se transformam a partir do contato com o cinema. Esse meio de expressão pode não só resolver os problemas pragmáticos de vida, de dinheiro, mas também suas expressões como seres humanos. esse oportunismo os humaniza".


Chevrolet Corvette Roadster 1955, Estados Unidos


















Chevrolet Corvette Roadster 1955, Estados Unidos
Motor: 265 CI
Exterior: Cobre (Corvette Copper)
Interior: Bege
Fotografia


HIGHLIGHTS
1 of 700 Corvettes produced in 1955
1 of 15 in Corvette Copper
265 CI small block V-8 engine
4-barrel carburetor
Chrome valve covers and air cleaner
Powerglide automatic transmission
Delco-Remy 12-volt generator
Wonderbar AM radio
Heat and defrost
Dark Beige interior
Full-size spinner wheel covers
Firestone gum-dipped bias-ply wide whitewall tires
Built in July of 1955
First year for the V-8 in the Corvette
Corvette Copper was the rarest color in 1955
This car is one of just 700 Corvettes produced in 1955 and one of only 15 painted in Corvette Copper. It has been historically noted that the advent of the Ford Thunderbird was a primary reason that Chevrolet did not give up on the two-seat design entirely and turned to two corporate talents for the changes beneath the surface. Research Engineer Zora Arkus-Duntov’s continual efforts with the vehicle balanced out the suspension design and aided other aspects, while Chief Engineer Ed Cole spearheaded the release of the new, lightweight Chevrolet 265 CI small-block V-8 engine. Weighing much less than the previous 6-cylinder and capable of 6,000 RPM, this 195 HP engine used a 4-barrel carburetor, special valvetrain and bottom-end pieces, and chrome valve covers and air cleaner to give the Corvette not only added beauty, but also a better front-to-rear weight balance. On this car, the Powerglide automatic transmission was optioned in, and 1955 was also the first year for the Delco-Remy 12-volt generator and associated electrical upgrades like electric windshield wipers. Inside is a matched beige interior that features a Wonderbar AM radio, heat and defrost, floor shift, functional dial-readout gauges and tachometer. The body lines retained their original flair for one last season, accented with light chrome, rear-valance-exit exhaust, the trademark grille configuration, screened headlamps, full-size spinner covers on steel wheels, and a set of Firestone gum-dipped bias-ply wide whitewall tires. Built in July 1955, this roadster features the metallic Corvette Copper paint that was the rarest color offered that year. Presented here as one of the most evolutionary engineering seasons for the first-generation Corvette design, this rarely available combination is truly stunning in its visual appeal and is sure to be cherished by its next owner.


Fonte: https://www.mecum.com/lots/CA0819-380945/1955-chevrolet-corvette-roadster/?fbclid=IwAR2gFBzx8XcxRUqtBYOJIr83iiE43oEhkDfEi_GfKlEQtxAvtAFmcqH55WE

Mercedes Benz 190 SL Roadster 1956, Alemanha















Mercedes Benz 190 SL Roadster 1956, Alemanha
Motor: 1.9L
Exterior: Branco
Interior: Azul
Fotografia


HIGHLIGHTS
Previously part of the Charlie Thomas Collection
Older restoration completed in 1997
1.9L inline 4-cylinder engine
Upgraded Weber carburetors
4-speed manual transmission
Double wishbone front suspension
Swing axle rear suspension
White with Navy Blue interior
Bumper guards
This 1956 Mercedes-Benz 190SL Convertible is an older restoration that remains in outstanding condition. Commenced in 1992 and completed in 1997 using mostly factory parts, the car’s renewal also included an upgrade from the stock twin Solex carburetors to higher-volume Weber units that add more horsepower and are factory-endorsed replacements. Introduced in conjunction with the exotic 300SL, the 190SL was a significant entry in Mercedes-Benz’ model range that afforded buyers the pleasure of sharing the 300SL’s cachet while avoiding its exorbitant price tag. While the 190SL’s wheelbase was identical to that of the 300SL, with its track even wider, and its styling was remarkably similar, the 190SL was based on the unibody structure of the 180 sedan series, a robust platform that maximized the benefits of all-independent suspension. A direct adaptation of the 300SL’s inline-6, the 190SL’s 1.9L 4-cylinder engine was rated at a respectable 110 HP in factory tune and mated to a 4-speed manual transmission. While the hood, windshield and bumpers could be removed and the doors replaced with cut-down aluminum pieces for competition, the 190SL was in fact a grand tourer rather than an out-and-out sports car, and its intentional similarity to the 300SL certainly contributed to its success. In addition to an overhauled starter and new generator and regulator, it has a new front end with factory shocks, new tires and new factory brakes and power booster. The transmission and radiator have also been serviced. Previously a part of the Charlie Thomas Collection, the car is sharply finished in factory white with a new factory soft top and matching hardtop. This early production 190SL also boasts a new Navy interior, new glass and windshield, and new or replaced chrome trim.


Fonte: https://www.mecum.com/lots/CA0819-380914/1956-mercedes-benz-190sl-roadster/?fbclid=IwAR08vhsKnU86jzEa37BUx566zhvPjsCbJFoVbPfR0mcXvleNgG4UrBimSHQ