terça-feira, 1 de outubro de 2019

Magnífica 70 2015-2018 - Magnífica 70









Magnífica 70 2015-2018 - Magnífica 70
Série de TV
Brasil - 60 minutos
Poster da série




Magnífica 70 foi uma série de televisão brasileira criada por Cláudio Torres, Renato Fagundes e Leandro Assis e dirigida por Torres e Carolina Jabor, baseado em um roteiro escrito por Toni Marques. Retrata o universo dos filmes da Boca do Lixo, além das suas relações com os órgãos de censura da ditadura militar na década de 1970 no Brasil, e é exibida pela HBO Brasil desde 24 de maio de 2015.
A série foi encerrada na terceira temporada, exibida em 2018.
A série foi gravada no Rio de Janeiro durante quinze semanas, numa área de multilocação onde foi construída uma cidade cenográfica retratando os principais cenários da trama, como o Bar Imperador, a Magnífica Produções, a casa da família de Vicente e o Departamento de Censura Federal, entre outros ambientes. Foi uma coprodução da HBO Latin America Group com a Conspiração Filmes. Os recursos utilizados para o investimento da série foram da própria HBO, sem a necessidade da captação de recursos públicos pela ANCINE, por meio da Lei de Incentivo à Cultura. A vinheta de abertura da série mescla cenas e elementos da mesma ao som de "Sangue Latino", do grupo musical Secos & Molhados. Pode-se notar um erro nela, quando são mostrados maços de notas de cem mil cruzeiros, que só seriam lançadas em 1985, enquanto a série se passa doze anos antes.
O ano é 1973. Vicente é um censor do Departamento de Censura Federal do Estado de São Paulo. Ele vive um casamento monótono com Isabel, filha do General Souto. Durante a avaliação de uma pornochanchada, ele acaba vetando o filme, mas no entanto, acaba se encantando pela atriz Dora Dumar, estrela do filme. Fascinado pela garota, que lembra uma falecida cunhada sua, Ângela, ele mergulha no universo da Boca do Lixo, onde começa a trabalhar com Dora e Manolo, com quem passa a formar um triângulo amoroso. A atmosfera da época, com a repressão imposta pela Ditadura Militar no poder relacionada com os filmes do gênero, desmerecidos pela alta sociedade devido ao conteúdo, é o principal mote da trama.
A efervescente produção da Boca do Lixo, polo cinematográfico de São Paulo que revelou cineastas como Carlos Reinchebach e Walter Hugo Khouri nos anos 1970, serve de pano de fundo para "Magnífica 70", nova série da HBO que estreia neste domingo (24). Primeira produção de época brasileira do canal, ela retoma esse universo para contar a história do envolvimento entre um censor da ditadura e uma atriz da pornochanchada, gênero do cinema brasileiro que mistura sexo e comédia.
O projeto nasceu como roteiro de um filme de comédia sobre um censor que se torna diretor da Boca do Lixo, escrito por Toni Marques. Mas ele chegou às mãos da HBO já transformado em uma série de drama, que ganhou direção-geral de Claudio Torres. O cineasta se interessou logo pela temática: "É muito rico esse período, porque é um período paradoxal. É o auge da ditadura, mas existia um cinema que permitia a nudez."
Os paradoxos da trama vão além do período histórico e se estendem aos personagens. Vicente (Marcos Winter) é o censor que, motivado por culpa, se envolve com o universo da Boca do Lixo e com Dora (Simone Spoladore), atriz de um dos filmes que ele censurou. Dora, na verdade, se chama Vera, e é uma golpista que entra na produtora Magnífica para roubar o dinheiro do filme, mas se apaixona pelo universo do cinema. O produtor que conduz tudo, Manolo (Adriano Garib), é um ex-caminhoneiro que caiu de paraquedas na Boca após começar a sofrer de impotência sexual. E há também Isabel (Maria Luísa Mendonça), mulher de Vicente, que deseja uma vida mais estável com o marido.
"Acho que essa série fala sobre repressão individual, do Estado, e da liberdade através da arte", define Torres. "Eu acho que durante a série a gente vai entender como é viver em um Estado no qual um departamento controla o que você pode ou não ver. É uma grande reflexão sobre isso, levado, de forma paralela, ao ponto de vista do indivíduo, de como é perigoso se auto-reprimir. Os personagens tem uma auto-repressão, eles escondem alguma coisa dos outros e de si mesmo".
Para Marcos Winter, o desafio do elenco foi não cair no caricatural – tão associado às chanchadas brasileiras. "A gente fica no limite de não “chanchar”, de não extrapolar. Porque é muito fácil ali entrar em uma caricatura. Poder falar disso, dessa época, desse tema, mostrar o bastidor de cada um desses personagens e carregar um drama de culpa, não tem volta".
"Magnífica 70" faz uma grande homenagem ao cinema, mencionando logo no capítulo de estreia José Mojica Marins, o Zé do Caixão. E a equipe de produção contou com a consultoria de um importante expoente da Boca do Lixo: o cineasta Alfredo Sternheim, que dirigiu longas como "Anjo Loiro" (1973), estrelado por Vera Fischer.
"Ele foi um consultor primordial na construção do universo que a gente criou", contou o diretor Claudio Torres. "A gente perguntava para ele como era naquela época. Por exemplo, o som. 'Ah, não tinha som direto, tinha no máximo um gravador'. Ele foi o nosso guia, foi primordial nisso. Ele estava no primeiro grupo que gestou esse universo".
O próprio formato da trama foi pensado para se assimilar com as etapas de produção de um filme, contou Torres.  "Eles juntos vão fazer um filme, que o Vicente vai escrever, a respeito da família dele com a Isabel e o general. E essa estrutura que a gente encontrou foi uma experiência muito interessante porque ela te dá um senso de fechamento para cada episódio e ao mesmo tempo te dá a mecânica de um arco maior, que contém todas as fases de um filme, do roteiro à divisão de lucros".
O cinema ainda exerce um papel fundamental na libertação dos personagens, acredita Adriano Garib. "As vidas dessas pessoas se transformam a partir do contato com o cinema. Esse meio de expressão pode não só resolver os problemas pragmáticos de vida, de dinheiro, mas também suas expressões como seres humanos. esse oportunismo os humaniza".


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