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quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Studebaker Champion 1951, Estados Unidos
Studebaker Champion 1951, Estados Unidos
Fotografia
Em maio de 1946, os carros das três grandes de Detroit – General Motors, Ford e Chrysler – ainda eram modelos pré-guerra com retoques visuais.
A renovação chegou mais rápido por um fabricante menor, de South Bend, Indiana. A nova linha Studebaker era a primeira 100% inédita. Mereceu até matéria de dez páginas na famosa revista Life.
Obra de Virgil Exner e Robert Bourke, os Stude 1947 se tornaram clássicos do design automotivo, precursores de um futuro que dura até hoje.
Para-lamas dianteiros, capô e faróis vinham embutidos num conjunto predominantemente retangular. Atrás havia um terceiro volume, fosse o sedã de duas ou quatro portas ou o conversível.
Ainda era possível optar entre as largas colunas traseiras e as três janelas do cupê para três ocupantes ou o criativo Starlight (luz das estrelas), com a janela de trás panorâmica e espaço para cinco. Com frente e traseira parecidas, dizia-se que o Stude ia e voltava ao mesmo tempo.
A linha de um modelo era subdividida em séries: o Champion tinha 284 cm no entre-eixos; o Commander, 302 e o topo-de-linha Land Cruiser, 312. O motor era um seis-cilindros de 2,8 litros e 80 cv no Champion e 3,7 litros e 94 cv nos demais.
Os instrumentos do painel emitiam “luz negra”, tecnologia de iluminação dos aviões de guerra. O destaque técnico eram os pioneiros freios autoajustáveis (se adaptavam ao desgaste) e, entre os acessórios, um sistema que evitava que o carro recuasse na saída em ladeiras.
Em 1949, a concorrência enfim renovou suas linhas, o que fez a Studebaker atualizar o visual no ano seguinte. Acima da grade bipartida inferior, Bourke criou um desenho inspirado numa turbina de avião, mas o miolo em forma de ogiva ganhou o apelido de “bullet nose” (nariz-bala).
O carro das fotos é um Champion Regal Starlight 1951. Nele, sobra espaço para cinco. Os encostos de braço laterais de trás basculam revelando dois porta-objetos.
O câmbio não sincronizado pede perícia para as trocas. Sobra vigor em primeira, mas a terceira termina antes do motor. Com 85 cv, ele responde com alguma demora e carece de potência em subidas. Os freios respondem rápido, sem travar ou trepidar. Já a maciez da suspensão absorve quase tudo.
Em 1952, centenário da ex-fabricante de carroças Studebaker, a sensação era o novo cupê hardtop, o Starliner, que perdia o “bullet nose”. Foi o último ano dessa inovadora geração, antes de a linha 1953 criada por Raymond Loewy conseguir mais uma vez levar o design automotivo bem adiante.
Com a linha de 1947 a 1952, a Studebaker libertou o automóvel de vez das influências estéticas vindas das carruagens e deu a ele a essência da forma do que ele é hoje. Um dos designers mais laureados do auge de Detroit, Virgil Exner saiu em 1949 da Studebaker para criar na Chrysler alguns dos carros mais inovadores dos anos 50. Baixa, longa e imponente, a linha 1957 parecia deixar toda a indústria dez anos para trás.
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