quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Volkswagen Delivery Express, Brasil











Volkswagen Delivery Express, Brasil
Fotografia


Se a Volkswagen Amarok é um carro de passeio disfarçado de picape, o novo Volkswagen Delivery Express é um caminhão disfarçado de picape.
O preço, por sinal, é igual: por R$ 141.000 leva-se o Express Trend ou uma Amarok 2.0 SE.
Menor integrante da nova geração dos Delivery, o Express é o primeiro caminhão Volkswagen que pode ser dirigido por motoristas comuns, com habilitação B.
O segredo está no peso bruto total (PBT), a soma do veículo com sua capacidade de carga.
A carteira B permite dirigir veículos com até oito passageiros e que não excedam os 3.500 kg – que é justamente o PBT homologado do Delivery Express (o PBT técnico é de 4.000 kg).
Em outras palavras, quem dirige um Gol ou uma Amarok pode dirigir o Express, mas não pode dirigir uma RAM 2500, que tem PBT de 4.536 kg.
Quem quiser trabalhar dirigindo o Express só precisará incluir na habilitação que exerce atividade remunerada, mesma exigência para taxistas e motoristas de aplicativos como Uber e Cabify.
Para a legislação, o Express é como um Kia Bongo ou um Hyundai HR.
Paga o pedágio de automóvel e não tem nenhuma restrição de circulação em cidades ou estradas – nem mesmo de velocidade.
Porém, é obrigado a ter freios ABS, airbags frontais (o do carona, com 160 litros, é o maior da América Latina por conta do tamanho da cabine) e cintos com pré-tensionadores – em 2022, deverá ter controle de estabilidade (ESP).
A versão Trend ainda traz de série ar-condicionado, direção hidráulica, piloto automático, leds diurnos, faróis de neblina e retrovisores elétricos.
Você não entra no Delivery Express, você sobe. Os degraus de acesso ficam escondidos pelas portas, estratégia comum em caminhões modernos para melhorar a aerodinâmica e dificultar assaltos.
A cabine com espaço confortável para três ocupantes é igual em todas as versões (a maior tem PBT de 13,2 toneladas).
Ampla, ela permite caminhar de um lado a outro dela sem dificuldades, pois a alavanca de câmbio fica bem próxima dos assentos.
Há vários porta-objetos. No teto, há uma prateleira e nichos que poderiam ser ocupados por um rádio PX, por exemplo.
Divisórias atrás dos bancos organizam os objetos colocados ali.
Ainda é possível rebater o banco do meio e usar ele como mesa de anotações ou para apoiar comida e garrafas.
Os bancos com espuma firme são característicos dos automóveis da Volkswagen, mas só nos caminhões usam tecido que repele água.
O encosto vertical, o volante enorme, os pedais separados pela coluna de direção e o fato de estar sentado sobre o eixo dianteiro só me lembram um Volks: a Kombi.
Mas os comandos de acendimento dos faróis, botões do ar-condicionado e o quadro de instrumentos parecem ter saído de um Fox. São peças parecidas, porém mais robustas e duráveis.
A Volkswagen Caminhões diz que usar exatamente os mesmos componentes de automóveis impõe custos extras.
A haste da seta é um dos poucos componentes de fato iguais.
Viro a chave no contato e o motor acorda. Em vez dos 2.0 ou 3.0 TDI da Amarok, quem vibra embaixo de mim é um 2.8 quatro cilindros turbodiesel Cummins ISF.
São 150 cv e 36,7 mkgf comandados pelo câmbio manual de seis marchas da Eaton – que tem até tomada de força para operar uma prancha de reboque, por exemplo.
Não há capô: para ver o conjunto mecânico, levanta-se a cabine inteira soltando duas travas de segurança, uma interna e outra externa.
Minha primeira vez dirigindo um caminhão é no trânsito de São Paulo, carregando um lastro de 1.000 kg. 
Considerando que o implemento de aço (custa R$ 9.000, é fornecido pela Randon e montado nas dependências da Volkswagen) pesa 400 kg, eu rodaria o dia todo com o Express próximo do limite de 3.500 kg. Esta será a situação mais comum para o Express na vida real.
Na prática, a capacidade de carga (1.085 kg) supera por muito pouco os 1.047 kg da Amarok SE. 
Logo nas primeiras manobras eu me entendo com a embreagem e com o câmbio de engates longos.
A primeira esquina me ensina a abrir mais as curvas, por conta dos 3,60 m de entre-eixos dessa configuração (há a opção de 3 m) e a aproveitar ao máximo o esterçamento das rodas – por sinal, muito maior que o da Amarok.
Os carros parados obrigam a ficar atento às laterais, afinal, são 2,5 m de largura contando os enormes retrovisores, com dois espelhos cada um.
A visão do que se passa ao redor é ótima, mas a câmera de ré (opcional de R$ 1.700), que exibe as imagens no rádio, foi providencial quando precisei estacionar.
Motorista de caminhão tem de ter paciência: ou os outros motoristas não permitem mudar de faixa ou se jogam na frente imaginando que o Delivery será lento, embora sobre força ao 2.8, que equipa até a versão com PBT de 5,8 toneladas.
Na nossa pista de testes, seu 0 a 100 km/h em 20,3 s não surpreendeu (a medição foi feita sem o lastro), porém a retomada de 60 a 100 km/h em 10,7 s foi apenas 1 s mais lenta que a do VW Up! TSI.
Mas o consumo decepciona quem está acostumado com picapes e SUVs diesel: 5,4 km/l na cidade e 7,8 km/l na estrada, bem pior do que um Troller (8,9 km/l e 10,9 km/l).
Ao final do primeiro dia, nada de dor nas costas. Os bancos são anatômicos. Mas o pulso direito reclamou: a alavanca de câmbio está bem posicionada, mas os engates duros do Eaton cansam.
No segundo dia, já com a caçamba vazia, a suspensão não se mostra desconfortável.
Mérito do conjunto dianteiro independente duplo A, que substitui o eixo rígido nas versões mais leves e dá bastante controle em curvas.
A direção do Delivery Express é mais firme que a direção da Amarok, que também tem assistência hidráulica.
O volante da picape fica bobo conforme a velocidade aumenta, enquanto o Delivery mantém peso correto.
Na rodovia, só não é um caminhão ao pagar pedágio. 
A aerodinâmica equivalente à de parede faz o motor se esforçar para manter os 110 km/h e o ruído de vento é quase um manifesto para reduzir a velocidade.
Nem é necessário usar tanto os freios a disco nas quatro rodas, pois o ar cumpre bem sua função.
Nos postos, a desculpa da capacidade de carga não cola: só posso estacionar no espaço destinado aos caminhões e carretas. Ao lado deles sim o Delivery Express parece uma picape.
Na prática, o Express não é uma picape nem um caminhãozinho.
É um caminhão com as mesmas mordomias de um carro no trânsito, mas que não abre mão da área de carga, da manutenção simples e da robustez, atributos valorizados por empresas de transporte e logística.
Não à toa, a MAN (que fabrica os caminhões VW) espera que esta nova versão passe a ser 30% das vendas dos Delivery.
O Delivery Express é mais um veículo criado pela legislação. Serve bem para o transporte de volumes grandes, mas não tão pesados.
Teste de pista
Aceleração de 0 a 100 km/h: 20,3 s
Aceleração de 0 a 1.000 m: 40,8 s – 128,3 km/h
Retomada de 40 a 80 km/h (em D): n/a
Retomada de 60 a 100 km/h (em D): 10,7 s
Retomada de 80 a 120 km/h (em D): 19,1 s
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0: 19,8 / 34,7 / 81,6 m
Consumo urbano: 5,4 km/l
Consumo rodoviário: 7,8 km/l
Ficha técnica – VW Delivery Express
Preço: R$ 150.700
Motor: diesel, diant., longit., 4 cil, 16V, turbo, 2.776 cm3, 150 cv a 3.500 rpm, 36,7 mkgf de 1.400 a 2.800 rpm
Câmbio: manual, 6 marchas, tração traseira
Suspensão: Duplo A (dianteira) eixo rígido (traseira)
Freios: disco ventilado nas quatro rodas
Direção: hidráulica
Rodas e pneus: 205/75 R16
Dimensões: compr., 624 cm; largura, 202,5 cm; alt., 237,6 cm; entre-eixos, 260 cm; peso, 2.015 kg; capacidade de carga sem implemento: 1.485 kg; PBT homologado, 3.500 kg; PBT técnico, 4.000 kg; tanque, 80 l

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