terça-feira, 29 de outubro de 2019

Alfa Romeo 164, Itália








Alfa Romeo 164, Itália
Fotografia


A Alfa Romeo tem seus súditos no Brasil e uma história de amor e ódio no país. Já produziu por aqui, em 1960, com o FNM JK. À época, surpreendeu nossa incipiente indústria pela tecnologia e desempenho.
Depois, em 1974, cobriu-se de aura e exclusividade com o modelo 2300, mas 12 anos depois deixamos de ter um Alfa nacional. Com a abertura das importações, em 1990, a Fiat começou a importar o modelo 164.
Desenhado pelo estúdio Pininfarina, foi uma das atrações do Salão de Frankfurt de 1987. Era baseado na plataforma conhecida como Tipo 4, compartilhada com os patrícios Fiat Croma, Lancia Thema e com o notável Saab 9000. Foi o primeiro Alfa Romeo de grande porte dotado de tração dianteira, uma quase heresia para os alfisti mais conservadores.
Seus 4,55 metros de comprimento e 2,66 metros entre os eixos não escondiam sua vocação executiva: o 164 veio para enfrentar os melhores sedãs europeus, como Ford Scorpio, Opel Omega, BMW Série 5 e Mercedes-Benz Classe E. O baixo coeficiente aerodinâmico de 0,30 permitia que alcançasse os 200 km/h, independentemente da motorização.
O monobloco do 164 trouxe outra inovação à casa: foi desenvolvido com o auxílio de computadores, o que ajudou a obter peso comedido e excelente rigidez torcional, característica essencial para o bom trabalho das suspensões independentes nas quatro rodas. A frenagem era comandada por quatro discos de freio, gerenciados pelo sistema antitravamento ABS.
A versão de entrada vinha com o motor Twin Spark de quatro cilindros, dois-litros, duas velas por cilindro e oito válvulas com comando variável na admissão. Seus 148 cv levavam o sedã de 1.200 kg a 215 km/h, indo de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos. Era o preferido de muitos por ser um motor mais leve, colaborando com a distribuição de peso entre os eixos.
Havia também um quatro cilindros sobrealimentado por turbocompressor, similar ao motor utilizado no Brasil pelos Fiat Tempra Turbo/Stile. Entregava 175 cv e nada menos que 27 mkgf, fazendo com que a máxima subisse para 225 km/h. O turbo também era aplicado a um econômico motor diesel 2,5 litros e 116 cv.
Suavidade e sonoridade eram exclusivas do lendário V6 de 3 litros idealizado por Giuseppe Busso. Inteiramente construído em alumínio, trazia comandos simples nos cabeçotes e duas válvulas por cilindro, configuração que resultava em 192 cv e 25 mkgf – e que atingia 230 km/h.
Essa última versão foi a escolhida pela Fiat tanto para o mercado nacional quanto para o norte-americano: ganhou a capa da edição de agosto de 1990 da QUATRO RODAS e surpreendeu pelo desempenho e pela presença de recursos inimagináveis, como regulagens elétricas dos bancos, ar-condicionado digital e nivelamento automático da altura da suspensão traseira, itens presentes neste modelo 1991, do colecionador Alexandre Azevedo.
A estrela do Salão do Automóvel de 1990 tinha um preço salgado: US$ 135.000, equivalente ao do BMW Série 5 e superior ao do Saab 9000, Citroën XM e Volvo 960. O 164 só ficaria realmente competitivo no final de 1993, quando a redução da carga tributária e a otimização da logística baixaram seu preço para US$ 55.000.
Reestilizado, o 164 agora tinha um rival nacional à altura: o Omega CD 3.0. A situação só seria revertida em 1995, com a chegada do 164 Super. Com duplo comando e 24 V, o 164 de 211 cv agora chegava aos 240 km/h.
O 164 teve outras versões que não chegaram ao Brasil, como a V6 2.0 turbo, a Quadrifoglio Verde (com 232 cv) e a Quadrifoglio 4 (AWD). Em dez anos, mais de 273.000 unidades deixaram a planta de Arese e só 6.277 unidades vieram oficialmente para cá. Pouco. Mas o bastante para manter acesa a paixão pelo cuore sportivo.

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