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quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Lotus Europa, Inglaterra
Lotus Europa, Inglaterra
Fotografia
A Lotus sempre fez máquinas mais focadas no prazer de pilotar, tão valorizado pelo seu fundador, o inglês Colin Chapman. Desde 1952, quando lançou o roadster Six, a produção de carros de corrida ajudou a marca a se estabelecer entre os grandes do automobilismo e deu um apelo extra aos modelos de rua.
Um dos primeiros sucessos foi o roadster Seven, produzido de 1957 a 1972, e que hoje sobrevive nas linhas do Caterham Seven. Em meados dos anos 60, Chapman começou a elaborar seu substituto, um carro tão distinto do Seven que acabou por não tirá-lo de linha. O novo modelo seria um cupê de estilo singular criado por Ron Hickman, diretor de engenharia da empresa.
O Lotus Europa havia sido concebido para a Ford competir nas 24 Horas de Le Mans, mas acabou sendo preterido em prol do GT40, da Lola. Dependendo do ângulo, o Europa parecia um cupê fastback, um três-volumes, uma panel van (perua de duas portas sem as janelas traseiras) ou até uma picape.
Se na frente os traços eram arredondados e suaves, a traseira parecia implantada de outro modelo, com linhas retas. Na mecânica, mantinha-se a filosofia de Chapman, que pregava leveza e simplicidade, para que pudesse ser reparado em qualquer oficina.
A estreia se deu em dezembro de 1966, após fechado o acordo para usar o motor central, o 1.5 do Renault 16, retrabalhado para render 82 cv. O câmbio era manual de quatro marchas e a suspensão, independente nas quatro rodas, herança das pistas. Exceto por portas, capô e tampa do porta-malas dianteiro, a carroceria era de fibra de vidro, montada sobre um chassi em forma de Y.
Seu Cx de 0,29 era baixo para a época. Com meros 686 kg, atingia 180 km/h e ia de 0 a 100 km/h em 10 segundos. As vendas começaram na Europa continental, para não abalar o bom momento do Lotus Elan no Reino Unido e Estados Unidos.
Na mecânica, o Europa equivalia aos mais conservadores Opel GT, Lancia Fulvia e MG B, todos com um quatro-cilindros dianteiro. Em 1968 vieram novo interior, vidros elétricos e bancos ajustáveis.
Antes de lançar o Europa, a Lotus já tinha sua versão de corrida com motor Ford-Cosworth de 1,6 litro e 165 cv. Com 60 cv a menos, esse motor foi incorporado em 1971. A pintura negra do patrocinador John Player Special homenageou a vitória de Emerson Fittipaldi na F-1 em 1972 com o Europa Special.
Os 107 cm de altura do Europa 1972 das fotos fazem com que se guie com as pernas esticadas. As janelas ficam próximas e, se instrumentos e comandos são bem distribuídos, o mesmo não se pode dizer dos apertados pedais. Leve, precisa e rápida, a direção veio à direita nesse exemplar, mas foi convertida.
O motor 1.6 conta com o bom torque alimentado por dois carburadores duplos e sobe rápido de rotação. A suspensão dianteira demonstra firmeza, o que não evita que a frente leve desvie um pouco da trajetória nas curvas. Há ainda dois tanques de combustível, detalhe curioso de um carro ímpar que durou até 1974.
A Lotus jamais ousaria tanto depois. Seu nome ressurgiria em 2006, em uma variação do Elise, mas já sem o arrojo estético ou o respaldo que o sucesso nas pistas rendia ao Lotus de rua nos anos 60.
O Europa quase tomou o lugar do mais lendário carro de corrida dos anos 60, o Ford GT40. Três marcas fizeram suas propostas à Ford: Lotus, Lola e Cooper. Chapman queria que o carro levasse o nome Lotus. Sorte da Lola, que criou o carro que bateria a Ferrari em Le Mans de 1966 a 1969.
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