quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Museu da Inconfidência, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil



Museu da Inconfidência, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil
Ouro Preto - MG
Fotografia




Museu da Inconfidência é um museu histórico e artístico que ocupa a antiga Casa de Câmara e Cadeia de Vila Rica e mais quatro prédios auxiliares na cidade de Ouro Preto, no estado de Minas Gerais. O museu é dedicado à preservação da memória da Inconfidência Mineira e também oferece um rico painel da sociedade e cultura mineiras no período do ciclo do ouro e dos diamantes no século XVIII, incluindo obras de Manuel da Costa Ataíde e Aleijadinho. Localiza-se na praça Tiradentes, em frente ao monumento a Joaquim José da Silva Xavier, o mais famoso ativista da Inconfidência.
O Museu da Inconfidência teve seu embrião original na decisão de Getúlio Vargas, em 1936, de resgatar os despojos dos heróis da Inconfidência Mineira então sepultados na África, para onde tinham sido degredados. Esta decisão se inseriu em um movimento maior de recuperação da memória do período colonial brasileiro e de seus monumentos, sendo que nesta mesma época foi criado o órgão nacional de defesa do patrimônio histórico e artístico brasileiro, o IPHAN.
Foi incumbido da missão de descobrir o local do sepultamento e repatriar os restos mortais dos conjuradores Augusto de Lima Júnior, que antes do fim do mesmo ano de 1936 desembarcava no Rio de Janeiro com o resultado de suas buscas. As urnas foram depositadas no Arquivo Histórico Nacional, onde permaneceram por um bom tempo à espera de um local definitivo. Este surgiu na antiga Casa da Câmara e Cadeia da cidade, quando foi construída uma penitenciária em Belo Horizonte, para onde o cárcere municipal foi transferido, desocupando o prédio histórico. Getúlio Vargas e sua comitiva então se deslocaram a Ouro Preto para fazer a entrega oficial das relíquias dos heróis à sua cidade de origem, mas como o edifício precisava de uma restauração e adaptação, elas foram provisoriamente deixadas, entre grandes solenidades, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, a dita Matriz de Antônio Dias, onde permaneceram por quatro anos.
Terminada a reforma na Casa da Câmara, que incluiu a supressão de acréscimos espúrios e a recuperação do aspecto original do edifício já bastante desfigurado, o Panteão foi inaugurado com o traslado dos restos mortais do grupo em 21 de abril de 1942, na comemoração do 150º aniversário da decretação da sentença condenatória dos inconfidentes. Também foi instalado numa sala contígua o túmulo de Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, a célebre Marília, musa de Tomás Antônio Gonzaga, e o cenotáfio de Bárbara Heliodora da Silveira, esposa e incentivadora de Alvarenga Peixoto. Entretanto o museu propriamente dito só foi inaugurado em 11 de agosto de 1944, no bicentenário de Tomás Antônio Gonzaga, e sua organização foi saudada na época como avançada para o tipo de museologia praticada no Brasil de então.
As primeiras peças foram coletadas em várias cidades e vilas da região, especialmente de Mariana, Getúlio Vargas ordenou a doação ao museu do 7º volume dos Autos da Devassa e das traves da forca de Tiradentes que estavam no Rio, e foi adquirida a grande coleção de arte colonial de Vicente Raccioppi, e com o passar dos anos o acervo foi sendo ampliado com aquisições variadas, incluindo a transferência de grande coleção documental em depósito em outras instituições nacionais e regionais e a grande biblioteca de Tarquínio de Oliveira, com mais de 12 mil volumes e que incluía muitas obras raras.
Depois do período inicial, quando a instituição gozou de grande prestígio e publicava um Anuário reputado pela qualidade de seus artigos, a queda de Getúlio transformou o panorama político nacional, e por causa de sua associação com antigo regime, o museu entrou em uma fase de decadência. O quadro de funcionários foi reduzido a um mínimo, o prédio histórico começou a decair sem receber manutenção, o acervo sofreu, o Anuário foi suspenso e todo o segundo andar teve de ser fechado à visitação. A situação só mudaria com a chegada de Delso Renault, enviado pelo IPHAN, realizando a recuperação do prédio, o restauro de numerosas peças de mobiliário, reabriu o segundo piso e instituiu a cobrança de ingressos como forma de obtenção de alguma renda. A administração seguinte conseguiu manter o ritmo ascendente, e hoje o Museu da Inconfidência voltou a figurar com destaque no rol dos museus nacionais, tendo inclusive incorporado mais quatro prédios como anexos e modernizado todos os seus equipamentos e sistema museográfico. Em 2013, o museu teve 142,5 mil visitantes.
A Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto é um dos mais importantes remanescentes da arquitetura colonial do barroco tardio no Brasil, erguido pelo governador Luís da Cunha Meneses com um projeto de José Fernandes Pinto Alpoim na década de 1780, num período em que as riquezas das minas começavam a se esgotar e os desmandos do governador geravam críticas. O projeto original atendia às necessidades deste tipo de edifício, com salas de arsenal, campanário para convocação do povo, um cárcere, uma enfermaria, um oratório, uma cozinha e um açougue, além das salas administrativas. Traços do neoclassicismo que começava a surgir também são perceptíveis no frontão e na colunata da fachada.
Seu aspecto externo é imponente e de grande elegância, com uma fachada simétrica de dois pisos com elementos destacados em cantaria, e um corpo construído sobre um pódio elevado. A escadaria da frente, com uma fonte em pedra lavrada, conduz à entrada principal, com duas portas inseridas em um pórtico com colunas jônicas que se eleva até o pavimento superior, onde é coroado por um frontão triangular com o brasão real em relevo inscrito, e que continua para cima na torre sineira, onde há um relógio. As aberturas são todas semelhantes, com molduras em pedra e arremate em arco, embora no piso superior tenham sacadas com gradis de ferro trabalhado. Acima do conjunto corre uma balaustrada, com estátuas decorativas nas extremidades. Essas estátuas, são a Justiça, vista no canto à direita da foto acima, representada com espada na mão direita e balança na esquerda; a Coragem, representada com um cálice na mão direita, a Temperança, situada no canto do fundo na Coragem, representada por uma mulher com um freio de animal na mão direita e ao lado desta para o lado da igreja do Carmo, no fundo também, a Força, representada por um homem com uma coluna.
Modernamente o Museu da Inconfidência está organizado nos seguintes setores:
Casa de Câmara e Cadeia, com a exposição permanente e o Panteão dos Inconfidentes.
Anexo I, com a reserva técnica, o auditório, uma sala para exposições temporárias e salas de apoio.
Anexo II, com o setor de museologia, os laboratórios de conservação e restauro e o setor de documentação e pesquisa.
Anexo III, a Casa do Pilar, com os arquivos judiciário, histórico e musicológico, e um setor de pesquisa.
Casa da Baronesa, onde funciona o Museu-Escola.

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