Mercury Eight 1948, Estados Unidos
Fotografia
Henry Ford era
obcecado pelo simplório Modelo T. O industrial nem cogitava produzir veículos
de luxo e precisou ser convencido por Edsel, seu filho, de que a aquisição da
Lincoln Motor Company seria vantajosa.
A incorporação
da empresa revelou-se um bom negócio, mas evidenciou uma grande diferença de
qualidade entre as linhas de produção. Isso motivou Edsel a criar uma nova
divisão. Em 1938, nascia a Mercury, concebida para ocupar uma posição
intermediária entre as marcas. Esse nome era uma homenagem ao deus romano
Mercúrio, o deus da venda, lucro e comércio.
Já no ano
seguinte, Edsel desenvolveu o Eight, um modelo situado entre o De Luxe (o Ford
mais caro) e o Zephyr (o Lincoln mais barato), para atrair clientes da Dodge,
Nash, DeSoto, Oldsmobile, Hudson e Buick. Privilegiando a forma sobre a função,
o designer Bob Gregorie recebeu carta branca para desenhar uma carroceria com
identidade visual própria.
O sucesso do
novo modelo foi estrondoso: mais de 65 000 unidades vendidas já no ano de
estreia. Barato, ágil e veloz, não demorou para que o Eight se tornasse um dos
favoritos dos contrabandistas de bebidas (e também da polícia), que frequentemente
se envolviam em perseguições acima dos 160 km/h. A medida de sua personalidade
era mensurada em números: comparado aos Fords do mesmo ano, o Mercury
acrescentava 6 polegadas na largura (15,2 cm) e 4 (10,2 cm) no entre-eixos. A
mecânica também dava o tom de superioridade: o V8 Flathead aumentava de 3,6
para 3,9 litros, fazendo com que a potência saltasse de 85 cv para 95.
Havia quatro
opções de carroceria: conversível, cupê e sedã de duas ou quatro portas. O
conversível de quatro portas foi oferecido apenas em 1940. Um ano depois,
chegava a primeira perua: portas e laterais eram feitas com armação de bordo e
painéis de bétula ou eucalipto, madeiras extraídas de uma floresta particular
da Ford na Califórnia. Para 1942, o Eight reestilizado trouxe uma grade
semelhante aos Lincoln, um V8 mais potente (100 cv) e opção da transmissão
semiautomática Liquamatic. Também foi o último Mercury que Edsel viu sair da
linha de montagem. A produção foi interrompida em fevereiro e o visionário
industrial acabaria sucumbindo a um câncer no ano seguinte. Novamente sob o
comando do fundador Henry, a Ford Motor Company perdia milhões de dólares a
cada mês, situação que só foi revertida com a ascensão de seu neto Henry II, em
1945, graças a uma vasta reforma administrativa.
Mais uma vez a
Ford aposta na Mercury para ajudar na recuperação da saúde financeira da
empresa. Em novembro daquele ano, o Eight voltou ao mercado reestilizado, ainda
que fosse inteiramente baseado na linha 1942. Além disso, ocorreu a fusão das
divisões superiores do grupo, que passaram a se chamar Lincoln-Mercury.
A principal
novidade após a fusão era o modelo Sportsman, um requintado conversível com
portas e laterais da carroceria construídas em madeira (como na configuração
perua) e acionamento eletro-hidráulico dos vidros e da capota de tecido.
O Mercury
Eight permaneceu sem mudanças até o modelo 1948, como este sedã de quatro
portas (acima) restaurado por Pedro José de Souza Neto, da PJS Restaurações
Especiais. Último trabalho realizado por Bob Gregorie, o modelo 1949
retomou a identidade da marca. Recordista em vendas, o Eight entrou para a
história em seu auge, sendo substituído pelos modelos Custom e Monterey, em
1952.
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