quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Cacique Tibiriçá e Neto (Cacique Tibiriçá e Neto) - José Wasth Rodrigues


Cacique Tibiriçá e Neto (Cacique Tibiriçá e Neto) - José Wasth Rodrigues
Museu Paulista São Paulo Brasil
OST - 231x145 - Aproximadamente 1932


Rei do povo indígena guaianá, ele tornou-se a peça-chave da fundação de São Paulo e da posterior colonização dos bandeirantes paulistas nos sertões da América do Sul.
Tibiriçá que quer dizer "maioral" ou "vigilante", habitava o planalto paulista na época da chegada dos vicentinos que fundaram o que é hoje a cidade de São Paulo. Naquele tempo, havia um cacique em cada aldeia, porém, o que diferenciava os guaianases de outros índios brasileiros é que, acima dos caciques, havia um "cacique maior" (semelhante aos incas), nesse caso, era Tibiriçá o cacique rei.
Tibiriçá tornou-se cristão e foi batizado pelos padres jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes, ganhando o nome cristão de "Martim Afonso", em homenagem ao fundador de São Vicente. Tornou-se aliado dos europeus e grande amigo do explorador português João Ramalho (patriarca dos Bandeirantes) que se casou com a filha mais velha de Tibiriçá, a índia Bartira, que era uma espécie de princesa (princesa Isabel era seu nome católico), pois era herdeira do trono de Tibiriçá. O seu casamento com João Ramalho, representou a continuidade da "monarquia" dos guaianases, e nessa união tivemos origem do povo paulista, originado da união matrimonial e familiar entre os guaianases e os europeus.
Em 1554, Tibiriçá uniu-se a Manuel da Nóbrega e José de Anchieta na fundação de São Paulo, estabelecendo seu povo na área onde hoje está instalado o Mosteiro de São Bento, no centro da capital.
Tibiriçá era irmão de Piquerobi e de Caiubi, índios que se salientaram durante a colonização portuguesa em terras paulistas: o primeiro, como inimigo dos europeus; e o segundo, como grande colaborador dos europeus. Tibiriçá teve muitos filhos com a sua mulher Potira, teve Ítalo, Ará, Pirijá, Aratá, Toruí, Bartira e Maria da Grã.
A atual rua de São Bento era, por esse motivo, chamada, primitivamente, Martim Afonso (nome em que fora batizado o cacique). Graças à sua influência, os jesuítas puderam agrupar as primeiras cabanas de neófitos nas proximidades do colégio. Tibiriçá deu aos jesuítas a maior prova de fidelidade no dia 9 de julho de 1562, quando, levantando a bandeira e uma espada de pau pintada e enfeitada de diversas cores, repeliu, com bravura os ataques inimigos à vila de São Paulo, efetuado pelos índios tupis e carijós chefiados por seu sobrinho (filho de Piquerobi) Jaguaranho, no ataque conhecido como o "Cerco de Piratininga". Durante o combate, Tibiriçá matou seu irmão Piquerobi e seu sobrinho Jaguaranho, garantindo assim a existência da cidade de São Paulo.
Podemos chamar Tibiriçá, Bartira e João Ramalho como os patriarcas dos Bandeirantes, pois logo após casar-se com Bartira, João Ramalho fundou a "dinastia de mamelucos" (filhos de índios com europeus) que, no século XVII, teve lugar de destaque nos desbravamentos nos sertões, tal dinastia era conhecida como "Bandeiras", sendo eles os "bandeirantes" homens brancos, índios e caboclos que viriam a desbravar mais de 60% do atual território brasileiro.
Tibiriçá teve muitos descendentes, em 1580, Susana Dias, sua neta e o bisneto André Fernandes, fundou uma fazenda à beira do Rio Tietê, a oeste da vila de São Paulo, próximo à cachoeira denominada pelos indígenas de "Parnaíba": hoje, é a cidade de Santana de Parnaíba, que viria a ser o "Berço dos Bandeirantes". São muitos os descendentes de Tibiriçá no Brasil, através de suas filhas e seus descendentes bandeirantes.
A atual rainha Sílvia da Suécia é uma de seus inúmeros descendentes.
Tibiriçá morreu em 25 de dezembro de 1562 e seus restos mortais estão guardados na cripta da Catedral da Sé no centro de São Paulo.
Sendo assim, Tibiriçá, juntamente com sua filha Bartira, e seu esposo João Ramalho, são considerados os patriarcas dos paulistas e “fundadores da paulistanidade".

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