terça-feira, 29 de outubro de 2019

No Cafezal (No Cafezal) - Georgina de Albuquerque


No Cafezal (No Cafezal) - Georgina de Albuquerque
Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, Brasil
OST - 100x138 - 1926


A obra foi produzida com tinta a óleo e suas medidas são: 100 centímetros de altura e 138 centímetros de largura.
Faz parte de Pinacoteca do Estado de São Paulo.
Retrata oito camponesas e um camponês, uma plantação de café. Destaca-se, no primeiro plano, uma mulher, com roupas em tom azul pastel, em harmonia com a cor do céu na pintura. O trabalho no campo é representado de modo delicado e a luminosidade é difusa, dando uma singular expressão a cada camponesa. O gênero, a raça e a classe das figuras retratadas são marcados por detalhes, como indumentárias e até atitudes. Não há registro sobre o contexto em que a obra é produzida, se a partir de observação em uma fazenda ou se a partir de registros fotográficos.
Há uma tela homônima de Albuquerque, exposta no 1o Salão Paulista de Belas Artes, em 1934, e atualmente desaparecida.
No cafezal foi possivelmente produzida para as celebrações do bicentenário do início simbólico da produção cafeeira no Brasil, que ocorreram a partir de 1927. Sabe-se que a obra não foi realizada por encomenda de fazendeiros, o que aliás a diferencia de produções do mesmo período, como séries de pinturas de Antonio Ferrigno e de Rosalbino Santoro. Em comparação com Florada de café, de Ferrigno, por exemplo, Albuquerque opta por limitar a presença da paisagem, dando maior ênfase e protagonismo às camponesas, enquanto o pintor propõe-se a salientar a extensão da Fazenda Santa Gertrudes e atuou praticamente como uma pintura-propaganda do governo brasileiro na Exposição Universal de Saint Louis.
As mulheres são retratadas trabalhando, enquanto o único homem da pintura aparenta não capinar. A cientista social Manuela Nogueira nota que:
“A figura masculina do quadro é representada de maneira não heroica, ou seja, sem idealizações. Embora o tema tenha como um dos motes enobrecer o trabalho no campo, somente as mulheres trabalham a terra, o inverso do que é socialmente esperado. O homem possivelmente parou para descansar, já que ainda segura nas mãos o instrumento de seu trabalho.”
A obra de Albuquerque confere uma posição não doméstica ao trabalho feminino. De certo modo, com isso, a artista quebra com uma tradição da pintura histórica de retratar principalmente homens no trabalho, especialmente no campo. O protagonismo feminino na lavoura cafeeira por Albuquerque, ademais, parece estar de acordo com descrições documentais e registros fotográficos desse tipo de atividade econômica. Ademais, segue Manuela Nogueira:
“Pode-se inferir que o fato de Georgina optar por inserir as telas no circuito artístico, tendo como temática principal a mulher em situação de trabalho, justamente num momento em que o trabalho foi considerado uma atividade central para a nação, como símbolo do ideário estadonovista, pode revelar o desejo da artista de participar do campo com obras que inovassem as relações entre trabalho e gênero; obras essas que rompem com as dicotomias entre arte acadêmica x arte modernista, posto que, como se pretendeu mostrar, dialogam com outros artistas e pinturas oriundos das mais diversas escolas.”
A pintura foi descrita como retratando a mulher republicana brasileira, num período de intensificação do trabalho feminino.
A pintura foi exposta pela primeira vez em 1926, numa exposição em São Paulo, provavelmente com o nome No cafezal - São Paulo. Erroneamente, a data da obra é às vezes marcada como sendo de 1930.
Albuquerque também expôs o quadro na sala D da 37a Exposição Geral de Belas Artes, em 1930, e no Salão Nacional de Belas Artes, em 1940.
O quadro é premiado em 1942 no 8o Salão Paulista de Belas Artes, o que motiva em 1951 a aquisição pela Pinacoteca do Estado de São Paulo, tal qual descrito em carta do então diretor do museu, Tulio Mugnaini, a Albuquerque.

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