Baixa do Sapateiro, Rua da Vala, Salvador, Bahia, Brasil (Baixa do Sapateiro, Rua da Vala) - Henrique Passos
Salvador - BA
Coleção privada
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A Baixa
dos Sapateiros é o vale do Rio das Tripas, registrado desde o século 16. Por
volta de 1612, o cartógrafo português João Teixeira Albernaz identificou a
região como um brejo cheio de hortas que cerca a Cidade.
No século 18,
já existiam algumas construções, como a Capela de N.S. de Guadalupe.
Entretanto, até o início do século 19, boa parte da Baixa dos Sapateiros ainda
era um pântano. Desde o século 19, era conhecida como a Rua da Vala e a região
tinha bastante vegetação e muitas árvores de jacarandá, cuja madeira era usada
em construções da Cidade.
Por volta dos
anos 1830, a região começou a ser urbanizada. Em 1862, a Rua da Vala foi
completamente aterrada e, em 1865, tornou-se a primeira grande avenida de vale
da Cidade.
Hoje, o Rio
das Tripas passa, em grande parte, por dutos no subsolo, integrado à rede de
saneamento.
A Baixa dos
Sapateiros estende-se da Barroquinha ao Aquidabã. Desde o final do século 19, é
um local de intenso comércio. Vários artesãos de calçados, os sapateiros,
trabalhavam lá e existiam também armarinhos e lojas que vendiam produtos
primários para os artesãos, como artigos de couro. Esse tipo de comércio
envolvia também parte da Ladeira do Tabuão.
A Rua da Vala
passou a se chamar rua J. J. Seabra, em homenagem ao ministro da Viação e Obras
Públicas, de 1910 a 1912, e presidente da Bahia, em dois períodos: 1912 a 1916
e 1920 a 1924. No século 20, abrigou três grandes cines-teatros da cidade: o
Jandaia, o Tupy e o Pax.
A Baixa dos
Sapateiros nunca foi um lugar cheio de pompa, muito pelo contrário. Guarda
desde sempre uma atmosfera de comércio popular, daqueles simples, com muito
movimento para lá e para cá.
A rua cantada
pelo mineiro Ary Barroso, ganhou essa fama por reunir um bom número de
italianos que trabalhavam em suas fábricas de sapatos, árabes que trabalhavam
com couro e um monte de sapateiros. Na época, bastava uma chuvinha para alagar
tudo que vinha do Rio das Tripas.
Até o início
do século XIX boa parte da Baixa dos Sapateiros ainda era um pântano. Era
conhecida como a Rua da Vala e a região tinha bastante vegetação e muitas
árvores de jacarandá, cuja madeira era usada em construções da Cidade.
Só depois de
uma drenagem no final do século XIX, onde o Rio das Tripas foi tubulado a uma
profundidade de 7 metros pelo governador J.J. Seabra ministro da Viação e Obras
Públicas, de 1910 a 1912, e governador da Bahia, em dois períodos: 1912 a 1916
e 1920 a 1924, que a enorme avenida trocaria de nome oficial e levaria o nome
do seu benfeitor.
Pouca gente
sabe, mas o primeiro matadouro da Bahia funcionava no terminal de ônibus da
Barroquinha. As vísceras dos bois eram jogadas numa vala que nasce no local,
chamada na época de Vala de Cidade. Com o tempo, as pessoas começaram a chamar
a Vala de Rio das Tripas, explica o historiador Cid Teixeira.
“(...) Das hortas feitas no brejo limite da doação saía o rio que foi durante
anos a vala da cidade, defesa natural da parte leste – a mais vulnerável – do
sítio primitivo da cidade. Lá, à margem, tão logo houve gado disponível,
fizeram-se os abates para consumo dos moradores. Das vísceras lançadas no curso
d’água, um topônimo – Rio das Tripas. Para entulhar o alagadiço, fez-se da orla
do pântano o depósito de lixo da cidade (...)”.
As primeiras alusões à existência de um matadouro público em Salvador,
situam-no no século XVIII, na área contígua ao Mosteiro de São Bento,
denominada à época de Hortas de São Bento e situada onde atualmente fica a
estação Barroquinha.
Durante todo século XVIII, e até o início do século XIX, foi ali que existiu o
Matadouro Público, ainda abastecido do gado que vinha pela Feira do Capoame. Em
vários espaços próximos às Hortas de São Bento, existiram currais menores onde
o gado esperava o abate, desde o dia anterior, para a madrugada do dia
seguinte.
A Vala da
Cidade nascia na Rua da Barroquinha, atravessava a Praça das Veteranos e
passava pela área que hoje é a Baixa dos Sapateiros até chegar aos Dois Leões,
onde se encontrava com o Rio Camurugipe. O historiador explica que boa parte do
que hoje se conhece por Baixa dos Sapateiros era, na verdade, a Vala da Cidade.
“No início, a
Baixa dos Sapateiros era apenas aquele trecho abaixo do Pelourinho, entre o
Passo e o Taboão. Entre as décadas de 60 e 70 do século XIX, alguns vereadores
contrataram José de Barros Reis para cobrir a vala e transformá-la numa rua”,
conta Teixeira. Barros Reis fez uma obra de engenharia e transformou a Vala da
Cidade na Rua da Vala, que por extensão também passou a ser chamada de Baixa
dos Sapateiros. “Esta foi a primeira Rua de Vale que a Bahia teve”, diz o
historiador, confirmando a importância do Rio.