sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Baixa do Sapateiro, Rua da Vala, Salvador, Bahia, Brasil (Baixa do Sapateiro, Rua da Vala) - Henrique Passos

Baixa do Sapateiro, Rua da Vala, Salvador, Bahia, Brasil (Baixa do Sapateiro, Rua da Vala) - Henrique Passos
Salvador - BA
Coleção privada
OST - 85x80


A Baixa dos Sapateiros é o vale do Rio das Tripas, registrado desde o século 16. Por volta de 1612, o cartógrafo português João Teixeira Albernaz identificou a região como um brejo cheio de hortas que cerca a Cidade.
No século 18, já existiam algumas construções, como a Capela de N.S. de Guadalupe. Entretanto, até o início do século 19, boa parte da Baixa dos Sapateiros ainda era um pântano. Desde o século 19, era conhecida como a Rua da Vala e a região tinha bastante vegetação e muitas árvores de jacarandá, cuja madeira era usada em construções da Cidade.
Por volta dos anos 1830, a região começou a ser urbanizada. Em 1862, a Rua da Vala foi completamente aterrada e, em 1865, tornou-se a primeira grande avenida de vale da Cidade.
Hoje, o Rio das Tripas passa, em grande parte, por dutos no subsolo, integrado à rede de saneamento.
A Baixa dos Sapateiros estende-se da Barroquinha ao Aquidabã. Desde o final do século 19, é um local de intenso comércio. Vários artesãos de calçados, os sapateiros, trabalhavam lá e existiam também armarinhos e lojas que vendiam produtos primários para os artesãos, como artigos de couro. Esse tipo de comércio envolvia também parte da Ladeira do Tabuão.
A Rua da Vala passou a se chamar rua J. J. Seabra, em homenagem ao ministro da Viação e Obras Públicas, de 1910 a 1912, e presidente da Bahia, em dois períodos: 1912 a 1916 e 1920 a 1924. No século 20, abrigou três grandes cines-teatros da cidade: o Jandaia, o Tupy e o Pax.
A Baixa dos Sapateiros nunca foi um lugar cheio de pompa, muito pelo contrário. Guarda desde sempre uma atmosfera de comércio popular, daqueles simples, com muito movimento para lá e para cá. 
A rua cantada pelo mineiro Ary Barroso, ganhou essa fama por reunir um bom número de italianos que trabalhavam em suas fábricas de sapatos, árabes que trabalhavam com couro e um monte de sapateiros. Na época, bastava uma chuvinha para alagar tudo que vinha do Rio das Tripas.
Até o início do século XIX boa parte da Baixa dos Sapateiros ainda era um pântano. Era conhecida como a Rua da Vala e a região tinha bastante vegetação e muitas árvores de jacarandá, cuja madeira era usada em construções da Cidade.
Só depois de uma drenagem no final do século XIX, onde o Rio das Tripas foi tubulado a uma profundidade de 7 metros pelo governador J.J. Seabra ministro da Viação e Obras Públicas, de 1910 a 1912, e governador da Bahia, em dois períodos: 1912 a 1916 e 1920 a 1924, que a enorme avenida trocaria de nome oficial e levaria o nome do seu benfeitor.
Pouca gente sabe, mas o primeiro matadouro da Bahia funcionava no terminal de ônibus da Barroquinha. As vísceras dos bois eram jogadas numa vala que nasce no local, chamada na época de Vala de Cidade. Com o tempo, as pessoas começaram a chamar a Vala de Rio das Tripas, explica o historiador Cid Teixeira.
“(...) Das hortas feitas no brejo limite da doação saía o rio que foi durante anos a vala da cidade, defesa natural da parte leste – a mais vulnerável – do sítio primitivo da cidade. Lá, à margem, tão logo houve gado disponível, fizeram-se os abates para consumo dos moradores. Das vísceras lançadas no curso d’água, um topônimo – Rio das Tripas. Para entulhar o alagadiço, fez-se da orla do pântano o depósito de lixo da cidade (...)”.
As primeiras alusões à existência de um matadouro público em Salvador, situam-no no século XVIII, na área contígua ao Mosteiro de São Bento, denominada à época de Hortas de São Bento e situada onde atualmente fica a estação Barroquinha.
Durante todo século XVIII, e até o início do século XIX, foi ali que existiu o Matadouro Público, ainda abastecido do gado que vinha pela Feira do Capoame. Em vários espaços próximos às Hortas de São Bento, existiram currais menores onde o gado esperava o abate, desde o dia anterior, para a madrugada do dia seguinte.
A Vala da Cidade nascia na Rua da Barroquinha, atravessava a Praça das Veteranos e passava pela área que hoje é a Baixa dos Sapateiros até chegar aos Dois Leões, onde se encontrava com o Rio Camurugipe. O historiador explica que boa parte do que hoje se conhece por Baixa dos Sapateiros era, na   verdade, a Vala da Cidade.
“No início, a Baixa dos Sapateiros era apenas aquele trecho abaixo do Pelourinho, entre o Passo e o Taboão. Entre as décadas de 60 e 70 do século XIX, alguns vereadores contrataram José de Barros Reis para cobrir a vala e transformá-la numa rua”, conta Teixeira. Barros Reis fez uma obra de engenharia e transformou a Vala da Cidade na Rua da Vala, que por extensão também passou a ser chamada de Baixa dos Sapateiros. “Esta foi a primeira Rua de Vale que a Bahia teve”, diz o historiador, confirmando a importância do Rio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário