Fazenda Monte Café, Aproximadamente 1890, Sapucaia, Rio de Janeiro, Brasil – Marc Ferrez
Sapucaia - RJ
Acervo IMS
Fotografia
O período em
que a Fazenda Monte Café foi construída é incerto, porém se crê que date do
início do século XIX, tendo em vista a inscrição existente sobre um frade
trabalhado em cantaria – 1811. Acredita-se que as terras da fazenda foram
concedidas em sesmaria ao casal Inácio Gabriel Monteiro de Barros e Alda Romana
de Oliveira Arruda. Alda Romana, a proprietária que mais tempo esteve à frente
da Fazenda Monte Café, era filha de Brás de Oliveira Arruda e foi casada com o
ilustre brigadeiro Inácio Gabriel Monteiro de Barros, segundo filho de Lucas
Antonio Monteiro de Barros (1867-1851), visconde de Congonhas do Campo, com
Grandeza. A título de dote pelo matrimônio, o casal Inácio e Alda recebeu o
Sítio Resgate em Bananal, São Paulo, cuja propriedade deu origem à importante
Fazenda do Resgate, vendida em 1833 a José de Aguiar Toledo. Inácio Gabriel
seguiu carreira militar, tendo sido ajudante de ordens do general Labatut
durante a Guerra da Independência na Bahia. Segundo o historiador Eduardo
Schnoor, durante a guerra, Inácio trouxe de Pernambuco uma tropa de 600
soldados e canhões para apoiar a Bahia. Inácio se reformou no posto de
brigadeiro e faleceu no Rio de Janeiro a 2 de março de 1850. Em 24 de março de
1841, D. Alda Romana recebeu o ilustre botânico escocês Georg Gardner, que
fez uma interessante descrição da fazenda: “(...) Partindo daqui, passamos por
das mais belas florestas que jamais vira na província e chegamos de tarde a um
grande cafezal, chamado Monte Café, numa distância aproximada de sete léguas.
Esta fazenda pertencia ao brigadeiro Inácio Gabriel, brasileiro, a quem eu
levava também cartas de apresentação. Embora não encontrássemos em casa, fomos
carinhosamente tratados na fazenda por sua esposa e por Mr. Hadley, principal
administrador, um inglês a quem eu já havia encontrado em casa de Mr. March,
quando lá me hospedei em 1837. A fazenda estava ainda em início, mas era tida
como das melhores do distrito; e, embora as arvores fossem novas, espera-se que
produzissem naquele ano 12.000 arrobas de café, de 32 libras cada. Ao tempo de
nossa visita as bagas estavam começando a colorir-se e os ramos vergavam ao seu
peso. A região é formada de colinas, outrora cobertas de matas e agora
transformadas em plantação. Havia na fazenda duzentos escravos, dos quais
apenas setenta ocupados na lavoura; os demais se empregavam em diversos
misteres, como marceneiros, carpinteiros, pedreiros, ferreiros, etc. Poucos
dias antes de nossa chegada haviam sido trazidos do Rio, em recente importação,
cerca de vinte negrinhos, que aparentavam ter de dez a quinze anos de idade e
ainda não falavam o português. Eram todos meninos ativos e sadios, que corriam
de um lado para o outro, rindo e brincando, aparentemente felizes e
inconscientes da própria sorte. Faço justiça, porém, aos brasileiros, dizendo
deles, após cinco anos de experiência, que estão longe de ser senhores duros e
que, salvo casos raros, sempre os achei atenciosos e bons com os escravos. O
Brigadeiro tinha construído, pouco antes, uma excelente serra d’água e estava
agora construindo um grande secador artificial de café; obra esta sobre a
superintendência de um alemão, que havia residido por anos em Ilha de Java. Na
manhã do dia 28 partimos de Monte Café, rumo do Rio Paraíba, distante dali
apenas meia légua e meia (...)” Em 1857, D. Alda declarou suas terras ao
“Registro Paroquial de Terras”, descrevendo a Fazenda Monte Café como uma
propriedade composta por quatro sesmarias e meia, de meia légua em quadra (mais
de mil alqueires de terras), e anexadas a esta, as fazendas de Santa Eliza, São
João e Serra Morena. Depois de viúva, D. Alda Romana se mudou para Paris,
deixando a administração da fazenda entregue a seu único filho, Dr. Brás
Augusto Monteiro de Barros. Antes de falecer, no final do século XIX, D. Alda
Romana pôs Monte Café à venda. Durante o século XX, a fazenda passou por
diversas mãos. Em 1920, era propriedade de Francisco F. Portugal, que também
possuía a Fazenda Santa Rita. Posteriormente, segundo informação verbal de José
Armil Birman e sem que se possa precisar datas, as terras e as respectivas
fazendas foram divididas pela Companhia Agrícola Fluminense.