segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Fazenda Monte Café, Aproximadamente 1890, Sapucaia, Rio de Janeiro, Brasil – Marc Ferrez



Fazenda Monte Café, Aproximadamente 1890, Sapucaia, Rio de Janeiro, Brasil – Marc Ferrez
Sapucaia - RJ
Acervo IMS
Fotografia



O período em que a Fazenda Monte Café foi construída é incerto, porém se crê que date do início do século XIX, tendo em vista a inscrição existente sobre um frade trabalhado em cantaria – 1811. Acredita-se que as terras da fazenda foram concedidas em sesmaria ao casal Inácio Gabriel Monteiro de Barros e Alda Romana de Oliveira Arruda. Alda Romana, a proprietária que mais tempo esteve à frente da Fazenda Monte Café, era filha de Brás de Oliveira Arruda e foi casada com o ilustre brigadeiro Inácio Gabriel Monteiro de Barros, segundo filho de Lucas Antonio Monteiro de Barros (1867-1851), visconde de Congonhas do Campo, com Grandeza. A título de dote pelo matrimônio, o casal Inácio e Alda recebeu o Sítio Resgate em Bananal, São Paulo, cuja propriedade deu origem à importante Fazenda do Resgate, vendida em 1833 a José de Aguiar Toledo. Inácio Gabriel seguiu carreira militar, tendo sido ajudante de ordens do general Labatut durante a Guerra da Independência na Bahia. Segundo o historiador Eduardo Schnoor, durante a guerra, Inácio trouxe de Pernambuco uma tropa de 600 soldados e canhões para apoiar a Bahia. Inácio se reformou no posto de brigadeiro e faleceu no Rio de Janeiro a 2 de março de 1850. Em 24 de março de 1841, D. Alda Romana recebeu o ilustre botânico escocês Georg Gardner, que fez uma interessante descrição da fazenda: “(...) Partindo daqui, passamos por das mais belas florestas que jamais vira na província e chegamos de tarde a um grande cafezal, chamado Monte Café, numa distância aproximada de sete léguas. Esta fazenda pertencia ao brigadeiro Inácio Gabriel, brasileiro, a quem eu levava também cartas de apresentação. Embora não encontrássemos em casa, fomos carinhosamente tratados na fazenda por sua esposa e por Mr. Hadley, principal administrador, um inglês a quem eu já havia encontrado em casa de Mr. March, quando lá me hospedei em 1837. A fazenda estava ainda em início, mas era tida como das melhores do distrito; e, embora as arvores fossem novas, espera-se que produzissem naquele ano 12.000 arrobas de café, de 32 libras cada. Ao tempo de nossa visita as bagas estavam começando a colorir-se e os ramos vergavam ao seu peso. A região é formada de colinas, outrora cobertas de matas e agora transformadas em plantação. Havia na fazenda duzentos escravos, dos quais apenas setenta ocupados na lavoura; os demais se empregavam em diversos misteres, como marceneiros, carpinteiros, pedreiros, ferreiros, etc. Poucos dias antes de nossa chegada haviam sido trazidos do Rio, em recente importação, cerca de vinte negrinhos, que aparentavam ter de dez a quinze anos de idade e ainda não falavam o português. Eram todos meninos ativos e sadios, que corriam de um lado para o outro, rindo e brincando, aparentemente felizes e inconscientes da própria sorte. Faço justiça, porém, aos brasileiros, dizendo deles, após cinco anos de experiência, que estão longe de ser senhores duros e que, salvo casos raros, sempre os achei atenciosos e bons com os escravos. O Brigadeiro tinha construído, pouco antes, uma excelente serra d’água e estava agora construindo um grande secador artificial de café; obra esta sobre a superintendência de um alemão, que havia residido por anos em Ilha de Java. Na manhã do dia 28 partimos de Monte Café, rumo do Rio Paraíba, distante dali apenas meia légua e meia (...)” Em 1857, D. Alda declarou suas terras ao “Registro Paroquial de Terras”, descrevendo a Fazenda Monte Café como uma propriedade composta por quatro sesmarias e meia, de meia légua em quadra (mais de mil alqueires de terras), e anexadas a esta, as fazendas de Santa Eliza, São João e Serra Morena. Depois de viúva, D. Alda Romana se mudou para Paris, deixando a administração da fazenda entregue a seu único filho, Dr. Brás Augusto Monteiro de Barros. Antes de falecer, no final do século XIX, D. Alda Romana pôs Monte Café à venda. Durante o século XX, a fazenda passou por diversas mãos. Em 1920, era propriedade de Francisco F. Portugal, que também possuía a Fazenda Santa Rita. Posteriormente, segundo informação verbal de José Armil Birman e sem que se possa precisar datas, as terras e as respectivas fazendas foram divididas pela Companhia Agrícola Fluminense.

Nenhum comentário:

Postar um comentário