quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Estação Ferroviária Barracão, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil



Estação Ferroviária Barracão, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Fotografia



A linha-tronco da Mogiana teve o primeiro trecho inaugurado em 1875, tendo chegado até o seu ponto final em 1886, na altura da estação de Entroncamento, que somente foi aberta ali em 1900. Inúmeras retificações foram feitas desde então, tornando o leito da linha atual diferente do original em praticamente toda a sua extensão. Em 1926, 1929, 1951, 1960, 1964, 1971, 1973 e 1979 foram feitas as modificações mais significativas, que tiraram velhas estações da linha e colocaram novas versões nos trechos retificados. A partir de 1971 a linha passou a ser parte da Fepasa. No final de 1997, os trens de passageiros deixaram de circular pela linha.
Em 1886, continuando com a política de núcleos coloniais para imigrantes do Governo Imperial e também paulista, foi fundado o Núcleo Colonial Senador Antônio Prado (sim, o que depois foi Prefeito de São Paulo e Presidente da Companhia Paulista de Estradas de Ferro por 28 anos), em terras devolutas para a fixação de mão-de-obra onde se estabeleceram (pelo menos neste caso) colonos alemães, portugueses, cearenses e, em sua maior parte, italianos.
A proximidade da linha-tronco da Mogiana, que cortava as diversas glebas do núcleo mais ou menos no meio, acompanhando o alto Ribeirão Preto (sim, o córrego), facilitou a fixação desses colonos, que adquiriam os lotes (chamados então de chácaras) e ali moravam, plantavam e tinham pequenas indústrias e artesanatos. Segundo Adriana Capretz Borges da Silva, a estação já existiria no ponto onde hoje está, desde 1892 - provavelmente como um estribo simples para o desembarque desses colonos para o barracão, um galpão próximo, que abrigava os imigrantes que chegavam à cidade.
Somente em 1900, a estação de Barracão foi finalmente inaugurada com o mesmo prédio, bem ao estilo Mogiana, que hoje ali está com pequenas modificações. O seu nome foi dado tendo como motivo o tal galpão, que nomeou tanto a estação quanto os bairros ao seu redor, chamados por muitos anos de Barracão de Cima (hoje Ipiranga) e Barracão de Baixo (hoje Campos Elísios).
O prédio, que foi destruído por um incêndio no início do século 20, era o equivalente a uma hospedaria de imigrantes, como existia por exemplo na cidade de São Paulo.
Daqui passou a sair o ramal de Sertãozinho, que já existia desde o ano anterior.
Dado interessante: embora a estação existisse desde 1900, os terrenos onde ela estava somente foram comprados pela Mogiana em 1913, quando ela adquiriu diversos lotes que jamais haviam sido vendidos ou ocupados por colonos, junto à atual rua Capitão Salomão e ao lado dos lotes 6a e 7a do loteamento original do Núcleo Antônio Prado, pagando esses lotes compridos e numerados de 1 a 25. Eram 3,2 hectares pelos quais a ferrovia pagou 25:600$000.
O ramal de Sertãozinho, a partir de 1914, passou a se ligar com o ramal de Pontal, da Cia. Paulista, permitindo a ligação entre as duas linhas-tronco principais das duas companhias. Em 1964, com a modificação da linha-tronco da Mogiana, a estação passou a fazer parte do próprio ramal, ficando fora do tronco, e o ramal passou a sair da nova estação de Ribeirão. Quando foi construída a linha nova, foi feita uma alça de ligação da nova com a linha antiga e para se atingir a velha, um desvio passou a sair de Ribeirão-Nova. Depois de uma enorme curva, ele encontrava a linha antiga, precisamente entre as estações do Alto e de Barracão. Isso servia para acessar o ramal de Sertãozinho, as grandes instalações da Ribeirão-Velha (oficinas, estação central, depósitos, etc) e o ramal de Guatapará, até a sua extinção, em 1976. Com a efetivação da linha nova e a demolição "de toda e qualquer coisa que lembrasse ferrovia nas cercanias da então futura rodoviária de Vila Tibério", a alça passou apenas a servir de acesso para o ramal de Sertãozinho e a estação passou a fazer parte do ramal.
Portanto, em 2000 ainda existia um trecho, mesmo que pequeno, da antiga linha-tronco no meio de Ribeirão Preto.
Barracão esteve por muitos anos desativada, e em meados dos anos 1990, foi palco de uma curiosa manobra de trens cargueiros que se dirigiam de Ribeirão-Nova para o ramal de Sertãozinho, manobra essa que complicava o trânsito de veículos na avenida Dom Pedro I, ali ao lado - a manobra existia justamente porque o trem tinha de entrar num trecho que sobrou da linha original do tronco da Mogiana e que seguia para a Vila Tibério e voltava para entrar no ramal. Como o ramal está desativado desde 1998, isso não ocorre mais. Em 2011 o prédio estava fechado.
A Estação de Ribeirão Preto Barracão foi operada pelas seguintes empresas:
Cia. Mogiana de Estradas de Ferro (1900-1971), Fepasa (1971-1998). Atualmente está fechada e sem operação.

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