segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Fazenda Santo Antônio do Paiol, Vale do Paraíba, Aproximadamente 1885, Valença, Rio de Janeiro, Brasil – Marc Ferrez




Fazenda Santo Antônio do Paiol, Vale do Paraíba, Aproximadamente 1885, Valença, Rio de Janeiro, Brasil – Marc Ferrez
Valença - RJ
Acervo IMS
Fotografia


As terras da Fazenda Santo Antônio do Paiol foram concedidas por sesmaria a João Soares Pinho, em 1814, sete anos após seu estabelecimento em Valença e foram vendidas, poucos anos depois, para o sesmeiro vizinho, Francisco Martins Pimentel. Exatamente na metade do século XIX, a fazenda serviu de dote a Manoel Antônio Esteves, que a recebeu como recompensa pelo seu casamento com a filha de Pimentel, Maria Francisca. O novo proprietário construiu rapidamente a nova sede, que foi feita com todos os requisitos exigidos de uma fazenda de café do período. É peculiar o local da implantação, no alto de uma colina, cercada de palmeiras imperiais. A construção da casa foi acompanhada pela prosperidade do cafezal, que atingiu sua melhor fase neste período. Esteves trabalhou com afinco, ampliou os cafezais, adquiriu novas fazendas. Nelas, chegou a ter mais de 600 escravos. Eliminando intermediários, ele mesmo negociava sua produção de café, operando no Rio de Janeiro e em Santos, com a firma exportadora Esteves & Filhos. Faleceu em sua casa do Rio de Janeiro em 1879, no auge de seu prestígio e fortuna. Sucedeu-lhe o filho mais velho, Francisco Martins Esteves, pessoa de cultura e hábitos refinados, porém, sem gosto ou inclinação para os negócios. Administrando a fazenda como lhe era possível e enfrentando os contratempos que acompanharam a derrocada do café, Francisco adquiriu as partes dos demais herdeiros e fixou-se ali, definitivamente, com o filho Marcos Zacarias Manoel Esteves. Aos poucos os Esteves se desfizeram de parte das terras. Com a fazenda praticamente desativada, sem renda e com o patrimônio em terras reduzido, a viúva de Marcos, D. Francisca Olympia Alves de Queiroz Esteves lutou para preservar o acervo móvel e imóvel de Santo Antônio. Assumindo uma ligação afetiva com a memória da fazenda, empenhou-se para manter vivo tudo que dissesse respeito ao período do café. Em 1969, a fazenda foi doada a uma entidade religiosa, a Congregação da Pequena Obra da Divina Providência São Luis Orione, como último recurso para manter a propriedade e os pertences. No ano de 1990, a Fazenda Santo Antônio do Paiol foi arrendada por Rogério Vianna, empresário carioca que, juntamente com sua esposa Maria Alice, empreendeu uma grande reforma na sede, já então desgastada pelo tempo. Neste momento, foram encontrados no porão uma série de documentos das atividades da fazenda, o que permitiu reconstruir um pouco da história deste local. Ao apagar das luzes do século XX, a Santo Antônio do Paiol voltou às mãos da Ordem Dom Orione, que vem mantendo o trabalho iniciado pelo casal Vianna.

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