Fazenda Santo Antônio do Paiol, Vale do Paraíba, Aproximadamente 1885, Valença, Rio de Janeiro, Brasil – Marc Ferrez
Valença - RJ
Acervo IMS
Fotografia
As terras da
Fazenda Santo Antônio do Paiol foram concedidas por sesmaria a João Soares
Pinho, em 1814, sete anos após seu estabelecimento em Valença e foram vendidas,
poucos anos depois, para o sesmeiro vizinho, Francisco Martins Pimentel.
Exatamente na metade do século XIX, a fazenda serviu de dote a Manoel Antônio
Esteves, que a recebeu como recompensa pelo seu casamento com a filha de
Pimentel, Maria Francisca. O novo proprietário construiu rapidamente a nova
sede, que foi feita com todos os requisitos exigidos de uma fazenda de café do
período. É peculiar o local da implantação, no alto de uma colina, cercada de
palmeiras imperiais. A construção da casa foi acompanhada pela prosperidade do
cafezal, que atingiu sua melhor fase neste período. Esteves trabalhou com
afinco, ampliou os cafezais, adquiriu novas fazendas. Nelas, chegou a ter mais
de 600 escravos. Eliminando intermediários, ele mesmo negociava sua produção de
café, operando no Rio de Janeiro e em Santos, com a firma exportadora Esteves
& Filhos. Faleceu em sua casa do Rio de Janeiro em 1879, no auge de seu
prestígio e fortuna. Sucedeu-lhe o filho mais velho, Francisco Martins Esteves,
pessoa de cultura e hábitos refinados, porém, sem gosto ou inclinação para os
negócios. Administrando a fazenda como lhe era possível e enfrentando os
contratempos que acompanharam a derrocada do café, Francisco adquiriu as partes
dos demais herdeiros e fixou-se ali, definitivamente, com o filho Marcos
Zacarias Manoel Esteves. Aos poucos os Esteves se desfizeram de parte das
terras. Com a fazenda praticamente desativada, sem renda e com o patrimônio em
terras reduzido, a viúva de Marcos, D. Francisca Olympia Alves de Queiroz
Esteves lutou para preservar o acervo móvel e imóvel de Santo Antônio.
Assumindo uma ligação afetiva com a memória da fazenda, empenhou-se para manter
vivo tudo que dissesse respeito ao período do café. Em 1969, a fazenda foi
doada a uma entidade religiosa, a Congregação da Pequena Obra da Divina
Providência São Luis Orione, como último recurso para manter a propriedade e os
pertences. No ano de 1990, a Fazenda Santo Antônio do Paiol foi arrendada por
Rogério Vianna, empresário carioca que, juntamente com sua esposa Maria Alice,
empreendeu uma grande reforma na sede, já então desgastada pelo tempo. Neste
momento, foram encontrados no porão uma série de documentos das atividades da
fazenda, o que permitiu reconstruir um pouco da história deste local. Ao apagar
das luzes do século XX, a Santo Antônio do Paiol voltou às mãos da Ordem Dom
Orione, que vem mantendo o trabalho iniciado pelo casal Vianna.

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