sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Largo da Sé, São Paulo, Brasil


Largo da Sé, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
CTP N. 123
Fotografia - Cartão Postal

Nota do blog: Data não obtida / Crédito para Theodor Preising.

Rua XV de Novembro, São Paulo, Brasil



Rua XV de Novembro, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Preising N. 14
Fotografia - Cartão Postal

Lavatório Público de Roupas, Itu, São Paulo, Brasil


Lavatório Público de Roupas, Itu, São Paulo, Brasil
Itu - SP
Fotografia

Parque do Anhangabaú, São Paulo, Brasil



Parque do Anhangabaú, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Preising
Fotografia - Cartão Postal

Panorama com Theatro Municipal e São José, São Paulo, Brasil


Panorama com Theatro Municipal e São José, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia - Cartão Postal

Praia Grande, Dezembro 2019, São Paulo, Brasil


Praia Grande, Dezembro 2019, São Paulo, Brasil
Praia Grande - SP
Fotografia

Nota do blog: Se perder uma criança aí, melhor fazer outra...

Palacete Martinelli / Edifício Martinelli, São Paulo, Brasil - Theodor Preising



Palacete Martinelli / Edifício Martinelli, São Paulo, Brasil - Theodor Preising
São Paulo - SP
T. Preising
Fotografia - Cartão Postal

Vista da avenida São João.
No canto inferior esquerdo da imagem, um trecho da Praça do Correio e o Palacete Guanabara, construído na primeira metade da década de 20, e que entre 1926 e 1961 sediou o Clube Português, entre outros estabelecimentos.
No canto inferior direito, o edifício inaugurado em 27/12/1916 para sediar o Cinema Central, e que a partir de 1921 passou a sediar a Delegacia Fiscal. Sua demolição ocorreu em 1947 durante as obras de abertura da avenida Prestes Maia e de remodelação do Vale do Anhangabaú.
No centro da imagem (ao fundo), a esquina da Praça Antônio Prado com a rua Líbero Badaró e o edifício Martinelli em fase de construção.
Nota do blog: Imagem de Theodor Preising / Data provável 1927-1928.

Selo "Red Revenue", China





Selo "Red Revenue", China
Selo


The Red Revenues (Chinese紅印花郵票) are Qing dynasty Chinese revenue stamps that were overprinted (surcharged) to be used as postage stamps in 1897. Their limited number, fine design and the intaglio process made the stamps in this series some of the most sought-after in the world.
There are several varieties of Red Revenue stamps, with the "Small One Dollar" being the rarest and most valuable. It has been called "China's rarest regularly issued stamp". In a 2013 Hong Kong auction, a single stamp was sold for HK$6.9 million. Another was sold in a 2013 Beijing auction for 7.22 million yuan. A block of four, considered the "crown jewel" of Chinese philately, was reportedly sold in 2009, together with a different stamp, for 120 million yuan (US$18.8 million).
In January 1896, Censor Chen Pi of the Qing government petitioned the Guangxu Emperor to issue revenue stamps. The proof was submitted to Sir Robert Hart, the Inspector General of Customs, for approval. Of the revenue stamps ordered from England, only a portion of the 3¢ stamps was printed and shipped to China. They were stored in the Shanghai Customs Department. The 3¢ red revenue stamps were printed by Waterlow & Sons in London. The red symbolizes good luck and fortune in Chinese tradition.
On March 20, 1896, the Qing government approved the plan to establish a national postal service, under the supervision of the Customs Department. At the inauguration of the postal service in February 1897, the Coiling Dragon stamps ordered from Japan failed to arrive on time, hence the idling 3¢ red revenue stamps were overprinted to meet demand. There are five overprinted denominations: 1¢, 2¢, 4¢, $1 and $5.
Of the overprinted denominations, the $1 was made first. Because of complaints that the size of the overprinted Chinese characters was too small, only two panes (each with 25 stamps) were made before they were changed to larger characters. Owing to their rarity, the "Small One Dollar" stamps have become some of the most valuable stamps in the world. Only 32 are known to exist.
The crown jewel of the 32 surviving "Small One Dollar" stamps is the block of four, originally owned by R. A. de Villard who took it directly from the customs where he worked. M. D. Chow bought it from Villard's widow in 1927 for CN$3,500. It was sold to Allan Gokson (郭植芳) in 1947 for US$20,000, and Hong Kong banker and philatelist Lam Manyin (林文) bought it from Gokson's estate in 1982 for US$280,000. Shanghai real estate magnate Ding Jingsong (劲松) reportedly bought it from Lam in 2009, together with a Large Dragon stamp, for 120 million yuan (US$18.8 million).

Quem Matou PC Farias?


Quem Matou PC Farias?
Artigo



Na noite de 22 de junho de 1996, um sábado, logo depois de passar no cabeleireiro, a alagoana Suzana Marcolino da Silva estacionou seu Fiat Tipo azul-metálico, que havia ganhado de presente do namorado, em frente a uma locadora de vídeos em Maceió.
Com salto alto, penteado de festa, unhas pintadas de vermelho e batom da mesma cor, ela entrou na loja e, alguns minutos depois, saiu de lá com uma fita VHS dentro de uma sacola plástica.
Suzana conferira a prateleira dos lançamentos e decidira-se pelo filme O Assassino, de James Lemmo, thriller que gira em torno de um misterioso homicídio e sua consequente investigação, na qual se busca desvendar se o assassinato em questão tratava-se ou não de um crime passional.
De volta ao carro, Suzana deu a partida e rumou para a casa de praia onde o namorado, Paulo César Farias, o PC, a esperava para jantar. Os dois beberam uísque, vinho, champanhe e comeram camarão até cerca de 0h30, acompanhados de um irmão de PC, Augusto, e da namorada deste, Milane.
Suzane jamais assistiria ao filme que alugara no início daquela noite. Na manhã seguinte, por volta das 11h, ela e Paulo César seriam encontrados mortos, na cama, cada qual com um tiro no peito.
A versão oficial, dada pela polícia de Alagoas, é que, em meio a uma crise de ciúme, Suzana tenha atirado no namorado e, em seguida, apontado o cano curto do revólver de marca Rossi, calibre 38, contra o próprio corpo e puxado o gatilho. Mesmo na época, muitos acharam difícil de engolir.
A tese concorrente é a de que o homicídio seguido de suicídio não passou de uma farsa, providencialmente armada para encobrir o verdadeiro assassino. Durante anos, os dois lados em contenda agarram-se a laudos divergentes, elaborados por diferentes equipes de peritos que, durante a investigação das mortes de Paulo César e Suzana, debruçaram-se sobre o cenário do crime.
“Não tenho dúvidas de que havia mais alguém na cena do crime, além de PC e Suzana. Foi essa terceira pessoa quem matou os dois”, afirma o jornalista Lucas Figueiredo, autor do livro Morcegos Negros: PC Farias, Collor, Máfias e a História que o Brasil Não Conheceu.
“Essa versão de duplo assassinato é absurda e sensacionalista. A verdade é que Suzana matou Paulo César e em seguida se matou”, rebate o também jornalista Joaquim de Carvalho, repórter que em 1996 cobriu o caso para a revista Veja e depois escreveu um livro sobre o assunto, Basta!: Sensacionalismo e Farsa na Cobertura Jornalística do Assassinato de PC Farias.
Pelo menos em um ponto os dois lados estavam de acordo: logo após o anúncio da morte de PC Farias, a suspeita de queima de arquivo tornou-se quase inevitável. PC era uma espécie de caixa-preta humana, depositário de alguns dos mais bem-guardados segredos do esquema de corrupção que escandalizara o Brasil e que, menos de quatro anos antes, em 1992, levara ao processo de impeachment e à renúncia do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
Tesoureiro da campanha de Collor à Presidência, PC Farias tornou-se a eminência parda do novo governo, organizando um caixa 2 estimado pela Polícia Federal em cerca de 1 bilhão de dólares. A fortuna era proveniente de uma rede de dinheiro sujo que chegou a manter conexões com a máfia italiana e o crime organizado internacional.
Em junho de 1993, um dia antes de ter sua prisão decretada pela Justiça, sob acusação de falsidade ideológica e de abertura de contas bancárias ilegais no exterior, PC Farias escafedeu-se.
Passou 152 dias foragido, despistando seguidamente a Polícia Federal e a Interpol, esgueirando-se pelo Paraguai, Argentina, Uruguai, Inglaterra e Tailândia, onde finalmente foi preso, em novembro daquele ano, após recorrer ao inacreditável disfarce de príncipe árabe durante sua permanência em Londres.
Em dezembro de 1995, depois de cumprir dois dos sete anos a que havia sido condenado, foi posto em liberdade condicional. Na cadeia, conhecera Suzana Marcolino, uma moça 24 anos mais nova que ele. Certa tarde, ela fora levada até a cela especial no Corpo dos Bombeiros, onde Paulo César Farias cumpria pena, por uma antiga funcionária de uma das muitas empresas de PC.
A partir de então, Suzana passou a levar vida de princesa. Ganhou joias, roupas caras, carro zero-quilômetro, uma generosa conta bancária e montou uma butique de grife – a Lady Blue – em Maceió. Passou a ser vista com frequência ao lado do namorado recém-liberto, a bordo de uma luxuosa BMW branca conversível.
Apesar da resistência geral da família, especialmente do irmão Augusto, PC oficializou o romance, permitindo que Suzana fosse apresentada à sociedade local justamente no velório do patriarca do clã, Gilberto Farias. O idílio entre os dois foi intenso. E breve.
Seis meses separaram a saída de PC da prisão e aquela manhã de domingo em que ele apareceu morto na casa de veraneio na praia de Guaxuma, na capital alagoana. Imediatamente, a polícia anunciou à imprensa que trabalhava com a hipótese de crime passional.
Enviado a Maceió, um grupo de 11 peritos, liderado pelo legista Badan Palhares, da Universidade Estadual de Campinas, chegou à mesma conclusão: Suzana matara PC, que estava dormindo, e, em seguida, se suicidara. Os seguranças responsáveis pela guarda da casa, em depoimento à polícia, disseram ter ouvido o casal discutindo no quarto logo depois do jantar, quando os convidados, Augusto Farias e a namorada Milane, já haviam ido embora.
Descobriu-se que o revólver encontrado junto aos corpos, sobre a cama, fora comprado por Suzana, com um cheque assinado por ela, uma semana antes do crime. Um exame comprovou ainda a existência de pólvora nas mãos de Suzana.
Além disso, pessoas próximas a PC sabiam que o ex-tesoureiro de Collor, a Morsa do Amor, tido por todos como mulherengo e galanteador, andava traindo a namorada com outra mulher: Cláudia Dantas, filha de José Dantas Rodrigues, um manda-chuva da política local alagoana.
“Segundo os especialistas, todo crime é resultado de uma equação de três variáveis: é preciso que haja o motivo, o instrumento e a oportunidade. Suzana atendia aos três requisitos: o ciúme por estar sendo trocada, o revólver comprado por ela e a embriaguez de PC naquela noite, o que o tornava um alvo fácil”, diz o jornalista Joaquim de Carvalho, que na Veja daquela semana assinaria uma matéria taxativa, intitulada “Caso encerrado”.
Mas não faltou quem se recusasse a acreditar que o poderoso chefão do chamado “Esquema PC” houvesse morrido pelas mãos da namorada, justamente uma semana antes de depor no Supremo Tribunal Federal, em uma investigação sobre suposto pagamento de suborno a membros do governo Collor. PC Farias, claro, sabia demais. Por mais de uma vez, anunciara que escreveria um livro detalhando todo o esquema. Não pagaria sozinho pelos crimes de que fora acusado.
A primeira voz dissonante em relação à versão oficial partiu de um professor de Medicina Legal da Universidade Federal de Alagoas, George Sanguinetti. Ele concluiu que, pela localização do ferimento, pela posição do corpo de PC, pela estatura de Suzana e pelo ângulo do disparo, “a única forma de ela ter apertado o gatilho era se estivesse levitando”.
Outras dúvidas começaram a pipocar quase simultaneamente pela imprensa. “Para o esclarecimento definitivo do caso, foi necessário fazer nova perícia”, diz o delegado Alcides Andrade. Para tanto, os corpos de Suzana e Paulo César foram novamente exumados. “O novo exame nas mãos de Suzana confirmou a presença de pólvora, mas em pequena quantidade, e não se encontraram resíduos de chumbo, bário e antimônio, elementos metálicos que integram as substâncias químicas iniciadoras da espoleta”, afirma o promotor Luiz Vasconcelos.
Mas o detalhe que mais chamou a atenção na chamada “guerra dos laudos” foi a discussão sobre a altura real de Suzana Marcolino. Conforme Palhares, ela media 1,67 metro. De acordo com o novo laudo, ela teria 10 centímetros a menos. Os legistas da segunda equipe recalcularam então a trajetória da bala, tomando como base o buraco que ela deixara na parede, após transpassar o corpo de Suzana.
Concluíram que, se Suzana estava sentada na cama como indicava a primeira reconstituição, o tiro deveria ter passado à altura de sua cabeça, e não atingido o pulmão esquerdo, como o fizera.
Mesmo com as dúvidas trazidas à luz pelo segundo laudo, o caso prosseguiu arquivado. Entretanto, em 1999, uma série de matérias publicadas pelo jornal Folha de São Paulo estampou oito fotos de Suzana ao lado de PC e de outras pessoas próximas a ela.
O objetivo era demonstrar que Suzana Marcolino não tinha o 1,67 metro registrado pelo primeiro laudo. Mesmo equilibrando-se nos saltos altos, ela aparecia nas fotos um pouco mais baixa do que o atarracado PC, que tinha apenas 1,63 metro. O caso foi imediatamente reaberto.
O inquérito concluído por Vasconcelos em agosto de 1999 decidiu pelo indiciamento de Augusto Farias e dos quatro seguranças que faziam a guarda da casa de praia de PC em Guaxuma. Entretanto, como exercia mandato de deputado federal, Augusto contou com a prerrogativa de ter seu processo remetido à Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília.
A PGR recomendou o arquivamento do caso, aceitando a tese de homicídio seguido de suicídio. Com base nisso, o Supremo Tribunal Federal deu por encerrado o processo. Apenas os quatro seguranças de PC Farias – os cabos Adeildo Costa dos Santos e Reinaldo Correia da Silva Filho, bem como os soldados José Geraldo da Silva Santos e Josemar Faustino dos Santos – iriam a júri popular em Maceió.
O advogado dos seguranças, José Fragoso Cavalcante, cujos honorários são pagos por Augusto Farias, apostou na absolvição de seus clientes e acertou. Em maio de 2013, os 4 seguranças foram a júri popular, mas, por falta de provas, acabaram absolvidos.
O júri também descartou a possibilidade de homicídio seguida de suicídio por parte da namorada do empresário, "Não há crime passional com único disparo e o tiro deflagrado foi de profissional. Jamais Suzana Marcolino teria condições de ser a autora do disparo. Havia uma hemorragia interna com 1 litro de sangue no pulmão esquerdo e meio litro no pulmão direito.", afirma o laudo de Sanguinetti.
Foi concluído que PC Farias foi assassinado por queima de arquivo e a sua namorada era apenas a pessoa errada, no lugar errado. O telefone celular de Suzana, que sumiu da cena do crime, jamais foi encontrado e o autor do crime permanece desconhecido após anos.
Resta saber: quem foi o culpado? E o que vai acontecer com os responsáveis pela versão oficial?
Nota do blog: Em Maceió conversando com os locais, me disseram em tom de galhofa, que a versão mais aceita por lá é que “Suzana se suicidou primeiro, depois disso matou PC (que lhe proporcionava uma vida milionária, com cartão de crédito, roupas de grifes, carros de luxo, mansões e jatinho), posteriormente, se suicidando novamente”. A verdade é que, em meio a tudo isso, a única certeza que temos é que PC morreu. É mais um daqueles crimes perpetrados para apagar rastros e que nunca serão solucionados...

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Mapa das Linhas da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, São Paulo, Brasil





Mapa das Linhas da Cia. Paulista de Estradas de Ferro, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Acervo do Museu Paulista, São Paulo, Brasil
Mapa




A Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF, também chamada Companhia Paulista de Vias Férreas e Fluviais) foi uma companhia ferroviária brasileira situada no estado de São Paulo. Ela ficou conhecida pelo seu alto padrão de qualidade no atendimento ao público. A preocupação com a pontualidade era tão grande que as pessoas diziam que acertavam os relógios na chegada dos trens.
Permaneceu em atividade de agosto de 1872 até outubro de 1971, quando foi extinta e incorporada à FEPASA - Ferrovia Paulista S/A.
A ferrovia foi idealizada, em 1864, por um grupo de fazendeiros, negociantes e capitalistas que necessitavam de um meio de escoar o café cultivado no interior do estado de São Paulo. Estes pretendiam que a São Paulo Railway, a "Inglesa" ou "Santos-Jundiaí", levasse seus trilhos até São João do Rio Claro (atual Rio Claro), já que detinha a concessão para tal.
A decisão de fundar a "Companhia Paulista" surgiu após a São Paulo Railway declarar que não seria possível prolongar a ferrovia adiante, nem sequer até a cidade de Campinas, devido às perdas com a Guerra do Paraguai. Os trilhos da São Paulo Railway chegaram só até Jundiaí. Nesta cidade começou-se a construir os trilhos da Companhia Paulista rumo ao interior de São Paulo.
O presidente da província de São Paulo na época, Joaquim Saldanha Marinho, teve atuação fundamental na fundação da Companhia Paulista em 1868, aglutinando no mesmo ideal os capitalistas e fazendeiros que se digladiavam por interesses políticos naquele momento.
A Companhia Paulista foi então fundada no dia 30 de janeiro de 1868, sob a presidência de Clemente Falcão de Sousa Filho, porém as obras de construção da linha iniciaram-se mais de um ano após essa data, após as aprovações dos estatutos da Companhia Paulista pelo Governo Imperial. Finalmente, no dia 11 de agosto de 1872, com uma bitola de 1,60 metros, chamada "bitola larga", foi inaugurado o primeiro trecho, entre Jundiaí e Campinas.
Os seus trilhos foram avançando pelo interior adentro, chegando a Rio Claro em 1875 e a Descalvado em 1876. Porém, seu crescimento foi posto em xeque quando a Companhia Paulista não aceitou dobrar-se a interesses políticos que impunham que o traçado do prolongamento a São Carlos passasse pelo Morro Pelado (atual Itirapina) para atender a fazendeiros influentes, sediados na vizinha Itaqueri da Serra e também na chamada "Itaqueri de Baixo".
Da mesma forma, por critérios políticos, na gestão de Laurindo Abelardo de Brito como presidente da província de São Paulo, a Companhia Paulista ficou impedida de prolongar suas linhas até Ribeirão Preto, diretriz natural da então linha tronco, que acabou findando em Descalvado.
Tal prolongamento foi concedido à Companhia Mogiana, numa evidente "quebra" de seu traçado original. Foi, então, fundada a Companhia Rio Claro, que levou a concessão do prolongamento a São Carlos e Araraquara, com um ramal para Jaú e Bauru partindo de Itirapina. O projeto ficou a cargo do engenheiro Antônio Francisco de Paula Souza.
Alguns anos após, foi proposta, pela Companhia Rio Claro que pertencia a família "Arruda Botelho" do Conde do Pinhal e ao Major Benedito Antônio da Silva, a fusão desta com a Companhia Paulista, porém as bases propostas para tal transação não foram aceitas pela Companhia Paulista, através de seu então presidente Fidêncio Nepomuceno Prates, apesar de ter havido recomendação de membros do seu corpo técnico que vistoriaram as instalações da Companhia Rio Claro, para que a fusão se concretizasse.
Logo após este fato, a Companhia Rio Claro foi vendida para a "The Rio Claro São Paulo Railway Company", com sede em Londres, que dotou a linha de várias melhorias e construiu novos ramais.
Devido a rumores de uma possível fusão da "The Rio Claro" com a Companhia Mogiana, a diretoria da Companhia Paulista, através de seu presidente Conselheiro Antônio da Silva Prado autorizou a compra da "The Rio Claro" no ano de 1892, pela quantia de 2.775.000 libras esterlinas, com um empréstimo de 2.750.000 libras obtido em Londres e 25.000 libras no ato da compra.
Em 1891, a Companhia Paulista adquiriu duas pequenas ferrovias em bitola de 0,60m que se avizinhavam de suas congêneres a Companhia Rio Claro e a Mogyana: a Companhia Descalvadense e a Companhia Ramal Ferreo de Santa Rita.
A partir daí, a Companhia Paulista pôde estender suas linhas interior afora, ficando tributárias de um riquíssimo setor do estado limitado entre os rios Moji-Guaçu e do Peixe, tendo também como tributárias ferrovias como a Companhia Douradense, Noroeste do Brasil, Estrada de Ferro Araraquara, São Paulo-Goiás, Mogiana, Funilense e Ramal Férreo Campineiro.
Ao receber em 1 de abril de 1892 as linhas da Rio Claro Railway, a Companhia Paulista dividiu sua malha em duas secções: a Paulista que contava com a bitola larga e as duas pequenas linhas de bitola de 0,60m, e a Rio Claro, com todas as linhas de bitola métrica.
A partir daí, a Paulista desenvolveu e muito, a infraestrutura recebida dos ingleses, ampliando e melhorando as Estações, como as de Rio Claro (que foi integralmente reconstruída, com amplas gares) e São Carlos (que sofreu, em seu corpo original, muitas ampliações e a instalação de armadura metálica de sua ampla gare) e o lastreamento de pedra da via permanente, dentre outros itens de muita importância.
A CP sempre emprestou apoio as empresas dela tributárias como as Companhias Dourado, São Paulo-Goyaz/Pitangueiras, Jaboticabal, Morro Agudo e Barra Bonita, chegando ao ponto de adquirir, desde os anos 30, participações acionárias daquelas Estradas, acabando por ser majoritária das cinco aqui mencionadas. Uma delas, a Pitangueiras, que houvera sido anteriormente integrada por incorporação à São Paulo-Goyáz e, posteriormente, em vista de sua falência, organizada sob a denominação de Companhia Ferroviária São Paulo-Goyáz, vendeu em 1927 à Paulista, sua Secção Pitangueiras, para que a Ferrovia-Padrão pudesse se servir do traçado da primitiva E.F. Pitangueiras, desde Passagem até Ibitiuva e daí até Bebedouro, como opção mais adequada ao prolongamento da bitola larga de Rincão a Barretos e ao Porto do Cemitério (posteriormente Colômbia), às margens do Rio Grande. Acreditando no potencial da indústria invernista do norte do Estado, a Paulista organizou com terceiros a Companhia Frigorífica e Pastoril (CFP), que foi repassada depois ao capital estrangeiro, origem da S.A. Frigorífico Anglo.
Utilizando-se de profundos estudos da lavra de Francisco Paes Leme de Monlevade, brilhante Inspetor Geral da Companhia Paulista, empreendeu a partir de 1920 a eletrificação de suas linhas, na tensão de 3 KVCC, estendendo a utilização da "hulha branca" em sua linha tronco de Jundiaí até Campinas (1922) e daí até Rio Claro (1926). Ciente da máxima de Monlevade de que "se não eletrificasse suas linhas, não distribuiria mais dividendos", prolongou este notável melhoramento de Rio Claro a Rincão (1928) e, no Ramal de Jaú, de Itirapina a Jaú (1941) e daí a Pederneiras (1947) e Bauru (1948). O limite deste avanço deu-se entre Bauru a Cabrália-Paulista em 1954, ano da entrega do alargamento de bitola na linha de Bauru a Marília. Interessante observar que estudos apontavam a extensão da eletrificação até Tupã, indicando, inclusive, que os Ramais de Piracicaba e Descalvado seriam eletrificados, chegando a este último, pelo menos, até a Estação de Pirassununga. O prolongamento da eletrificação até Garça chegou a ser iniciado mas abandonado e, por uma razão ou outra, os demais passos se resumiram aos estudos tão somente.
A Companhia Paulista foi pioneira em uma série de iniciativas no campo ferroviário brasileiro. Foi a primeira ferrovia a eletrificar suas linhas, a utilizar carros de aço para o transporte de passageiros (e posteriormente construindo-os em suas oficinas), fomentou a criação de hortos florestais para obtenção de dormentes e lenha (através dela o eucalipto foi introduzido no Brasil), bem como outras iniciativas de gestão até então inéditas no Brasil.
Seus trens de passageiros tornaram-se famosos pelo conforto oferecido e pela pontualidade em que operavam. O Trem "R" (Rápido) ou "Trem Azul", composto de carros de três classes (Pullman, Primeira e Segunda Classes) e restaurante, tornou-se lendário e determinou um padrão de conforto ainda não superado no Brasil, seja no transporte ferroviário (quase extinto) ou no rodoviário, mesmo em nossos dias.
A Paulista dispunha das Oficinas de Jundiaí (dedicada a manutenção média e pesada de locomotivas a vapor, elétricas e diesel elétricas) e Rio Claro (direcionadas a manutenção geral de carros e vagões).
Ao longo de suas cinco divisões possuía, inclusive, depósitos de locomotivas (dedicada a manutenção leve e média de locomotivas a vapor, elétricas e diesel elétricas), mencionando-se, dentre eles, os de Jundiaí, Campinas, Rio Claro, São Carlos (demolido), Rincão e Bebedouro.
O primeiro sindicato de ferroviários, foi fundado na cidade de São Carlos em 1929, com o nome de "Sindicato dos Operários Ferroviários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro", que posteriormente teve sua sede transferida para Campinas.
Mas o papel na história ficou bem antes disso, com a primeira greve operária do Brasil realizada em maio de 1906, após o comício do Dia do Trabalho no pavilhão Polytheama e que ganhou apoio das tecelãs da Fábrica São Bento e dos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, duramente reprimida. Nessa disputa contra cortes salariais morreram os ferroviários Ernesto Gould e Manuel Diaz, lembrados no Arquivo Edgard Leuenroth e, de forma discreta, no Cemitério Nossa Senhora do Desterro.
Em 1961, durante uma crise econômica agravada por uma série de greves, a empresa foi estatizada. Em 10 de novembro de 1971, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi incorporada à nova estatal FEPASA.