quinta-feira, 11 de junho de 2020

Monumento Marco Zero, Praça da Sé, São Paulo, Brasil


Monumento Marco Zero, Praça da Sé, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

O Marco Zero da cidade de São Paulo é um monumento geográfico localizado na Praça da Sé, zona central da cidade de São Paulo, em frente à Catedral da Sé. O prisma hexagonal revestido de mármore representa o centro geográfico da cidade, onde todas as medições de distância situadas nas placas toponímicas da mesma são estabelecidas. Assim, quanto mais próxima do monumento (ou do centro da cidade), mais baixa será a numeração das casas de uma rua.
O monumento foi pensado com a intenção de organizar um sistema. O Marco Zero, portanto, tornou-se o ponto de referência na ordenação numérica de quilometragem das vias que se iniciam na capital paulista, assim como medição de linhas ferroviárias, aéreas e numeração telefônica.
O Marco Zero não só assume uma respeitável região turística do município. Inicialmente assume uma finalidade do qual o particular nome já identifica, representando o centro geográfico da prefeitura, em que todas as medições de distâncias das placas toponímicas paulistanas se introduzem.
Aquilo que vemos atualmente na praça da Sé é um encadeamento de empreendimentos para estabilizar um concentrado instrumento na cidade, com atribuição de indicar a inauguração da numeração das vias públicas e rodovias estaduais, de maneira que seja correspondente para a intermediações das linhas ferroviárias, aéreas e telefônicas.
A prefeitura de São Paulo reconhece o monumento como um forte sentimento paulista, ressaltando o papel de formação não apenas do Estado de São Paulo, mas também do Brasil. O Marco Zero é pleno de valor simbólico.
No totem hexagonal, a cidade de Santos (sudeste) é representada por um navio a vapor, o Estado do Paraná (sul) uma Araucária, Rio de Janeiro (nordeste) com uma bananeira e o Pão de Açúcar, Minas Gerais (norte) com equipamento de mineração, Goiás (noroeste) instrumento usado no garimpo e Mato Grosso (sudoeste) com os bandeirantes.
O monumento atual é o último de quatro tentativas frustradas de marcar um marco zero na Cidade de São Paulo. A primeira tentativa foi em frente a primeira Igreja da Sé, onde hoje encontra-se a Rua Venceslau Brás. O segundo não foi marcado por um monumento específico, mas sim pela torre da segunda Igreja, depois foi criado um monumento ao lado da Igreja, com o intuito de retirar da Igreja a importante função de demarcar a centralização da cidade, e esse é o terceiro, que possuía não só essa função, mas também a importante função turística na Cidade de São Paulo. Após a demolição da Igreja da Sé, no início do século XX, São Paulo ficou sem uma centralização, até que o jornalista Américo R. Neto lançou a proposta de se construir um novo Marco Zero para a Cidade de São Paulo em 1921. A proposta foi aprovada pelo governo e construída pelo artista francês Jean Gabriel Villin, e assim se construiu o atual monumento hexagonal que demarca a centralização da Cidade de São Paulo nos dias atuais.
No início do século XX, não havia um meio de demarcar o início da numeração das vias públicas paulistanas (que tinham seus marcos iniciais espalhados por diferentes pontos da cidade), e dessa forma, a construção do monumento foi uma das muitas tentativas de fixar uma centralidade material na cidade. O primeiro marco ficava em frente à primeira igreja da Sé, na altura da atual rua Venceslau Brás; o segundo não era um monumento específico, mas a torre da segunda igreja; posteriormente, foi criado um monumento ao lado da mesma matriz, retirando da igreja a função de demarcar a centralidade urbana. Quando a igreja da Sé foi demolida no início do século XX, uma nova catedral com uma grande praça à sua frente tomaram conta do lugar. As diversas localizações que serviam como ponto de partida para as estradas surgidas na capital estavam situadas em regiões como Penha (SP-Rio de Janeiro), Sacomã (SP-Santos), Perdizes (SP-Goiás), Ponte Grande (SP-Minas Gerais) e Pinheiros (SP-Paraná).
Proposto em 1921 pelo jornalista e membro da Associação Paulista de Boas Estradas Américo R. Netto, a construção do monumento tal qual conhecemos hoje só foi aprovada pelo então prefeito da cidade, Antônio Carlos Assumpção, em 1932 – após outras duas versões terem sido instaladas na região.
O fator determinante na escolha do local para a implementação do Marco Zero na Praça da Sé, foi justamente a idealização de uma tradição histórica. Em tempos passados (época colonial), a maneira que os paulistas adotaram para se orientar foi a designação de distâncias através da porta do templo que localizava-se no então “Largo da Sé”, antecedendo a construção da catedral atual.
O Marco Zero da cidade de São Paulo foi inaugurado em 18 de setembro de 1934, às 14 horas pelo prefeito da época Fábio da Silva Prado, sendo o primeiro marco zero de toda a América do Sul. O monumento, adornado pelo escultor francês Jean Gabriel Villin, tornou-se o primeiro do gênero na América do Sul – e serviu de exemplo a diversos outros estados do país, que não demoraram muito para construir o marco zero de seus próprios territórios. O Marco Zero significa o conjunto de ideias da época em que foi concebido e implantado: um intenso sentimento paulista demonstra o símbolo central do Estado de São Paulo na formação do Brasil. Mais que uma simples referência espacial, o Marco Zero é um monumento, pleno de valor simbólico.
A Praça da Sé foi o local escolhido para a construção devido uma tradição histórica. Na era colonial, os paulistas orientavam-se na indicação de distâncias pela porta do templo que havia no então "largo da Sé", antes da construção da catedral. Pouco tempo depois, o exemplo do Marco Zero de São Paulo começou a ser seguido por outros Estados. No Paraná, por exemplo, o marco foi instalado três anos depois de São Paulo.
A estrutura foi tombada em 2007 pelo CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), no mesmo ano recebendo uma restauração e, em 2014, completou oitenta anos.
Feito de um bloco de mármore extraído de uma jazida no município de Cachoeira Paulista, o monumento tem formato hexagonal, com a dimensão de 1x13m, 0,70m, 0,70m. Há por cima do mármore uma placa de bronze em que se observa um mapa das estradas que partem de São Paulo. O bloco principal está apoiado sobre uma base com dois degraus de granito de tamanho 0,15m, 2,20m, 2,20m.
Cada face vertical do mini-obelisco recoberto de mármore representa, por meio de gravuras, seis importantes lugares para os quais o monumento está voltado. São eles: Paraná (ao sul) representado pela imagem de uma araucária; Santos (ao sudeste) com a figura de um navio a vapor, de onde saíam os carregamentos de café, a principal fonte de economia da época; Rio de Janeiro (nordeste) que faz alusão ao Pão de Açúcar; Minas Gerais (direção norte) representada por ferramentas de mineração; Mato Grosso (a sudoeste) caracterizado por vestimentas típicas dos bandeirantes e Goiás (noroeste) representado por uma bateia, instrumento utilizado pelos garimpeiros.
A placa de bronze em sua superfície apresenta os principais pontos da cidade na época, como os rios Tietê e Pinheiros, a estação da Luz, a Faculdade de Medicina da USP, o Museu do Ypiranga (como era escrito na época) e as vias da urbe, como por exemplo: a Rua Voluntários da Pátria na zona norte, a Rua da Consolação e a Avenida Paulista. A placa que existe hoje é, na realidade, uma réplica da primeira versão, que foi roubada por seu valor material e histórico. Não existem registros do modelo original, porém, após o tombamento do Marco Zero e restauração do patrimônio, o material foi substituído por uma cópia.

Volkswagen Fusca 1300L 1976, Brasil















Volkswagen Fusca 1300L 1976, Brasil
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Dodge Charger R/T 1973, Brasil















Dodge Charger R/T 1973, Brasil
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Volkswagen Gol GTI 2.0 16V G3 2000, Brasil













Volkswagen Gol GTI 2.0 16V G3 2000, Brasil
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Dia do Geógrafo, 29 de Maio, Brasil - Artigo


Dia do Geógrafo, 29 de Maio, Brasil - Artigo
Artigo


A data foi instituída em 29 de maio de 1936, por ocasião da criação do Instituto Nacional de Estatística – atual Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A profissão de geógrafo foi oficialmente estabelecida no Brasil pela Lei nº 6664/79, visando definir os requisitos para sua execução e áreas de atuação direta. Além do papel de lecionar, cabe ao geógrafo: “reconhecimentos, levantamentos, estudos e pesquisas de caráter físico-geográfico, biogeográfico, antropogeográfico e geoeconômico e as realizadas nos campos gerais e especiais da Geografia, que se fizerem necessárias”.
Na sua forma básica, geografia é um conceito formado a partir da junção dos radicais gregos "geo" (Terra) e "graphos" (escrita). Foi, dessa maneira, definida por muito tempo como a ciência responsável pela descrição da superfície terrestre em suas formas e processos. Essa é uma concepção atrelada ao trabalho dos geógrafos da antiguidade, quando Heródoto – reconhecido como “pai da História e da Geografia” – realizou viagens com interesse científico para observação e registro dos recursos naturais e aspectos culturais dos povos por onde passou.
No século XIX, os trabalhos e as viagens de Alexander Von Humboldt, Karl Ritter e Friedrich Ratzel ajudaram a redesenhar a ciência, deixando pra trás uma abordagem meramente descritiva ao investigar o quanto o ambiente define as características locais. Contudo, essa foi considerada uma interpretação muito determinista, que submetia o homem ao meio em que vive. A Escola Francesa da Geografia trouxe mudanças com estudiosos como Vidal de La Blache contrapondo o determinismo com a ideia de uma constante influência do homem sobre a natureza e vice-versa.
Mas afinal, o que estuda a Geografia? Pode-se entendê-la, basicamente, como uma ciência que estuda a superfície terrestre e a distribuição espacial de seus fenômenos, abrangendo a relação recíproca entre o homem e o meio ambiente. Fundamentalmente, preocupa-se em estabelecer o “porquê” da localização, isto é, porque as coisas ocorrem de uma determinada forma em um determinado local. É, portanto, a ciência que se ocupa de entender a construção e evolução do espaço.
A Geografia está ligada a outras áreas do conhecimento como química, geologia, matemática, história, física, astronomia, antropologia e biologia. Além do trabalho com mapas – uma das ferramentas mais associadas ao profissional –, o geógrafo também se vale de técnicas de geoprocessamento (processamento informatizado de dados cartográficos e associados a coordenadas), sensoriamento remoto (informações sobre a superfície terrestre utilizando sensores distantes ou remotos, comumente orbitais) e climatologia geográfica (a relação entre os processos atmosféricos e a dinâmica do espaço). Pode ainda participar da elaboração de relatórios de impactos ambientais e atuar no planejamento urbano e regional. Não possuindo um conselho profissional próprio, está vinculado ao Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), requisito necessário para a emissão de seus pareceres técnicos.
Dentre os renomados geógrafos brasileiros estão Milton Santos, Aziz Ab`Saber, Pedro Geiger, Antonio Christofoletti, Berta Becker, Maria Therezinha de Segadas Soares e Lysia Bernardes. Além do IBGE, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e a Associação dos Geógrafos do Brasil (AGB) são órgãos que fomentam a pesquisa e representam a Geografia no Brasil. Texto da Biblioteca Nacional.

Ferrari F8 Tributo, Itália








Ferrari F8 Tributo, Itália
Fotografia

As cores disponíveis são as tradicionais vermelha, branca, amarela, preta, azul e verde. Já as pinturas especiais são oferecidas em tonalidades históricas da marca. 
A novidade substitui a 488 GTB no mercado mundial e traz melhorias em vários aspectos, de acordo com a marca.
Como o nome F8 Tributo já diz, é um tributo aos lendários motores 8 cilindros de Maranello.
O consagrado motor central-traseiro é um 3.9 V8 biturbo de 720 cv a 8.000 rpm e 78,5 kgfm a 3.250 rpm. É o V8 mais poderoso já utilizado pelos carros de produção da escuderia. A aceleração de zero a 100 km/h é feita em apenas 2,9 segundos. Para chegar aos 200 km/h, o superesportivo precisa de 7,8 segundos. Já a velocidade máxima chega aos 340 km/h. O câmbio é automático de sete marchas com tração traseira.
Comparada à 488 GTB, a F8 Tributo entrega 50 cv a mais e é 40 kg mais leve: pesa 1.330 kg, além de ter passado por melhorias que aumentaram em 10% a eficiência aerodinâmica. A F8 Tributo mede 4,6 metros de comprimento, 1,9 m de largura e 1,2 m de altura.
Para deixar o motorista um pouco mais confortável ao volante, a Ferrari disponibiliza uma nova versão do Ferrari Dynamic Enhancer (FDE +), que deixa o superesportivo em uma condição de pilotagem menos arisca para enfrentar o trânsito da melhor maneira possível.
Projetada pelo Ferrari Styling Center, dentro da fábrica de Maranello, a F8 Tributo é o primeiro passo para uma nova linguagem de design que continuará a ser aplicada em futuros modelos da marca, apesar de serem nítidas as semelhanças com a 488 GTB.
A dianteira é marcada pelos S-Ducts (tomadas de ar), linhas já adotada pela predecessora, que foram redesenhados para se adequar às extensas modificações da F8. Na grade, o desenho da Tributo tem traços mais diagonais na parte central, enquanto a GTB trazia linhas mais quadradas. Como resultado dessas modificações, o downforce - pressão que segura o carro no chão em altas velocidades - aumentou impressionantes 15%.
Os faróis de LEDs redesenhados ficaram bem mais compactos, horizontais e esticados, o que permite ao superesportivo adotar novas entradas de refrigeração dos freios, melhorando a eficácia dos componentes.
Na traseira, as semelhanças continuam, mas a F8 traz duas lanternas redondas em vez de uma. O vidro tem três fendas horizontais para a refrigeração do motor; sistema herdado da F40. Já o spoiler ajuda a aumentar ainda mais a força descendente gerada na traseira.
No interior estão as maiores diferenças, com todos os elementos redesenhados. Os bancos são novos e mais confortáveis e, pelo espaço interno estar maior, motorista e passageiro têm mais praticidade na hora de entrar e sair do carro.
O volante é menor para ajudar na agilidade e o novo câmbio fica em posição mais rebaixada que o da 488 GTB.  O superesportivo conta ainda com uma inédita tela de 7 polegadas, mas no lado do passageiro.
De acordo com a Ferrari, a posição da tela permite ao passageiro ter a sensação de estar pilotando a F8 Tributo, já que é possível ter acesso às informações em tempo real que o motorista vê no computador de bordo, como velocidade, tempo de volta e relação de marchas. 



A Reforma do Prefeito Pereira Passos na Imprensa Carioca, Rio de Janeiro, Brasil - Artigo


A Reforma do Prefeito Pereira Passos na Imprensa Carioca, Rio de Janeiro, Brasil - Artigo
Rio de Janeiro - RJ
Artigo





Em outubro de 1900, o presidente Campos Salles realizou uma viagem à Argentina, em retribuição à visita do presidente Júlio Roca ao Brasil, em 1899. Na comitiva da imprensa que acompanhava o líder brasileiro estava o boquiaberto poeta Olavo Bilac, que, de volta ao Rio de Janeiro, na sua tradicional crônica ao Diário de Notícias, publicada em 18 de novembro, não mediu palavras: comparado a Buenos Aires, o Rio de então, apelidado por ele “Sebastianópolis”, era simplesmente “acanhado”, para não dizer uma “afronta” e uma “injustiça” com o povo brasileiro. Os portenhos viviam num lugar “com muito mais vida, com muito mais riqueza”, enquanto nós “ainda temos por capital da República, em 1900, a mesma capital de D. João VI, em 1808”. E então o autor, num acesso parnasiano, juntava as mãos e rogava aos céus: “Quando aparecerás tu, Providência desta terra, Alvear da cidade carioca?!”.
Não seria necessário tanto drama. Cerca de dois anos depois, os desdobramentos da República Velha tratariam de sinalizar que mudanças estavam a caminho. O novo presidente eleito, o paulista Rodrigues Alves, era defensor de um regime forte na capital, aliado a reconfigurações radicais nas feições da ainda então “Sebastianópolis”. Nesse sentido, no final de 1902, Alves tratou de suspender temporariamente as funções do Conselho Municipal carioca, ou melhor, a “Academia dos Sonolentos da China”, segundo Olavo Bilac, nomeando prefeito, de prontidão, aquele que seria o condutor da reforma urbanística no Rio de Janeiro, o engenheiro Pereira Passos. Isso não deixava de ser uma jogada política: desde o início, o governo Rodrigues Alves tinha pouca aceitação na capital, muito por representar a continuidade da administração anterior, do também paulista Campos Sales. Bilac, todavia, não poderia estar mais feliz. Como ele, diversos nomes importantes da intelectualidade brasileira, sobretudo através da imprensa, aplaudiram a iniciativa do governo saudando, entusiasticamente, o início de novos tempos na capital. A “belle époque” tupiniquim estava chegando.
Apontado em grande parte da imprensa como o único capaz de extirpar o atraso da urbe carioca, o prefeito Pereira Passos passou a ser dotado de uma aura heroica: era personagem-símbolo do empurrão do Rio ao futuro, às demandas do moderno. Folhas e mais folhas tipografavam a imagem de um cavalheiro austero, de barbas brancas e olhar altivo, mostrando-o como um homem de ação, não de palavras, porém muito culto, ao mesmo tempo enérgico e dotado de um conservadorismo que não se confundia com atraso.
Os louros que Pereira Passos colhia junto à imprensa não vieram gratuitamente. Cabe citar que, num outro sentido, figuras como Olavo Bilac, por exemplo, foram brindadas com cargos públicos – numa cordial relação de “toma lá, dá cá”, típica das mais tradicionais casas brasileiras e, nesse caso, oriunda de uma confluência de interesses políticos e ideológicos. Imprensa e poder sempre estiveram entrecruzados, e essa não era nenhuma exceção. Os agentes nessa relação tinham consciência de uma coisa: se para o jornalista o jornalismo podia ser um meio de ascensão social, pela obtenção de cargos públicos ou pelo financiamento em empreitadas editoriais, ou mesmo através de maior projeção e reconhecimento, no caso de carreiras literárias, do ponto de vista do homem público, a imprensa era um palanque ampliado, um termômetro que confirmava fatores como prestígio e influência, além de uma franca plataforma para defesa ou ataque.
Segundo Jeffrey Needell, no livro “Belle époque tropical: sociedade e cultura de elite no Rio de Janeiro na virada do século”, na metade do século XIX, a vida que atraía os homens de letras no Rio de Janeiro era aquela concentrada “nas proximidades de uma rua pequena e estreita – a rua do Ouvidor – o ‘salão ao ar livre’ do Rio”, um lugar contraditório. Ao mesmo tempo em que era um local “atrasado”, “espacialmente restrito” e por demais personalizado, era o centro da vida galante e do consumo de produtos importados de luxo – era ali, por exemplo, que se encontravam as escassas livrarias da capital, repletas de literatura francesa da moda. Transitando nesse ambiente, muitos literatos não podiam escapar às restrições do mercado editorial brasileiro, sendo obrigados a publicar seu trabalho em periódicos: “Eles passavam boa parte de seu tempo no mundo encasacado e apinhado dos mexericos, da tinta de impressoras e da bonhomie clubística das gráficas, cafés e restaurantes desta rua”. E era exatamente nas redondezas da rua do Ouvidor que ficavam as redações de grandes jornais e revistas efêmeras, espremidas em apertados escritórios nos chamados “sobrados de moradia”.
Se a imprensa teve papel importante na construção do homem público Pereira Passos e no apoio moral da reforma, as obras de melhoramentos também trouxeram consequências para o jornalismo brasileiro. Tanto o fazer midiático quanto a remodelação da cidade, na verdade, faziam parte de um processo social maior, que retroalimentava ambas as esferas. Na virada do século, o jornalismo nacional já passava por uma série de transformações: novas técnicas de impressão e de edição facilitavam a produção editorial e a popularização do jornal, que ganhava facetas mais mundanas com o desenvolvimento da crônica social e dos folhetins.
Em 1908, afinal, Olavo Bilac alardeava, na Gazeta de Notícias: as colaborações literárias nas gazetas começaram a vir separadas do noticiário geral: eram um conteúdo à parte, e os jornais de grande circulação não se pretendiam literários; dando, portanto, cada vez menos espaço à figura “maldita” do poeta boêmio. Apareciam então as seções de crítica em rodapés e ensaios do que mais tarde seriam os suplementos literários. Distinguia-se, enfim, o homem de letras, que se refugiaria cada vez mais nas revistas ilustradas ou estritamente literárias, do jornalista. Texto da Biblioteca Nacional.
Nota do blog: A imagem do post é da edição n° 96 de “O Malho”, de 16 de julho de 1904, uma caricatura que traz os cérebros da reforma urbanista: o prefeito Pereira Passos, Paulo de Frontin e Lauro Muller.

Morangos (Morangos) - Alberto Simão


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Assembleia Legislativa do Recife, Pernambuco, Brasil (Assembleia Legislativa do Recife) - Baltasar da Câmara


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Recife - PE
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