sábado, 3 de abril de 2021

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil


 



Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia - Cartão Postal




1766
O Capitão-General de São Paulo, D. Luís Antônio de Souza Botelho Mourão, encarregou o Capitão Antônio Corrêa Barbosa de fundar uma povoação na foz do rio Piracicaba. Este, no entanto, optou pelo local habitado pelos índios Paiaguás, onde já se haviam fixado alguns posseiros, à margem direita do salto, a 90 quilômetros da foz, entendendo ser o lugar mais apropriado da região. A povoação seria ponto de apoio às embarcações que desciam o rio Tietê, oferecendo retaguarda ao abastecimento do forte de Iguatemi, fronteiriço do território do Paraguai. Antônio Correa Barbosa era um exímio fabricador de canoas em Araritaguaba, hoje Porto Feliz.
1767
1º de Agosto. O Capitão Antônio Correa Barbosa optou fundar o povoado onde já haviam fixados alguns posseiros e onde habitavam os índios da nação Araraquara, à margem direita do salto, 90 km da foz.
Oficialmente, o povoado de Piracicaba, termo da Vila de Itu, foi fundado sob a evocação de Nossa Senhora dos Prazeres.
1774
21 de junho - A povoação constituiu-se freguesia, com uma população estimada em 230 habitantes desvinculando-se de Itu.
1784
O novo povoado foi transferido para a margem esquerda do rio, logo a baixo do salto, onde os terrenos melhores favoreciam sua expansão. A fertilidade da terra atraiu fazendeiros, ocasionando a disputa pelas terras.
1808
22 de janeiro - Chega ao Brasil a Família Real Portuguesa. O Brasil passa a ser sede da monarquia portuguesa.
1810
Pela primeira vez surge a ideia de se transferir a Capital para o interior.
1821
29 de novembro - Piracicaba foi elevada á categoria de Vila, tomando o nome de Vila Nova da Constituição, em homenagem à promulgação da Constituição Portuguesa, ocorrida naquele ano.
Retorno da Corte Portuguesa a Portugal.
1822
7 de setembro - É proclamada a Independência do Brasil. Inicia-se o Primeiro Reinado com D. Pedro I.
1823
A proposta de transferência da Capital é reapresentada. Aparecem três sugestões de nomes: Perópole, Brasília e Pedrália.
1824
25 de março - Outorgada a Primeira Constituição brasileira, com evidente inspiração europeia.
1825
Portugal reconhece a independência do Brasil.
1831
8 de abril a 17 de junho - Após a abdicação de D. Pedro I, um governo interino assume o poder. Era a Regência Trina Provisória.
17 de junho a 12 de outubro - O governo composto de três membros assumiu o poder durante a menoridade de D., Pedro II. Era a Regência Trina Permanente.
1836
A partir deste ano deu-se um importante período de expansão da cidade de Piracicaba. Não havia lote de terra desocupado e predominavam as pequenas propriedades. Além da cultura do café, os campos eram cobertos pelas plantações de arroz, feijão, milho, algodão e fumo, mais pastagens para criação de gado. Piracicaba era um respeitado centro abastecedor
1837
12 de outubro de 1835 a 19 de setembro de 1837. Governo exercido por um regente durante a menoridade de D. Pedro II. O padre Feijó, senador pelo Rio de Janeiro venceu as eleições para a Regência.
1838
Abril de 1838 a 1840. Regência una de Araújo Lima. Governo de um regente que dirigiu o Brasil durante a menoridade de D. Pedro II.
1840
23 de julho de 1840 a 15 de novembro de 1889. O Brasil passa a ser governado por D. Pedro II, fase entre sua maioridade e a Proclamação da república. Entre os fatos marcantes deste Segundo reinado está a substituição do trabalho escravo pelo trabalho livre.
1850
04 de setembro. Fim do regime escravista, com a Lei Euzébio de Queirós. Determinava a abolição do tráfego negreiro para o Brasil.
1852
Novas propostas para a transferência da Capital são apresentadas ao Senado.
Um projeto defendia a construção da nova capital entre os rios São Francisco , Maranhão e Tocantins e outro, propunha entre a “Latitude 15° e 20° ”.
(Só durante a República, em 1960, será efetivada a transferência)
1854
Lei Nabuco de Araújo – ratifica a proibição do contrabando de negros com maior rigor na fiscalização.
1856
24 de abril. Vila Nova da Constituição foi elevada à categoria de Cidade.
11 de maio. Inaugurado o Telégrafo no Segundo Reinado, com 19 quilômetros de extensão.
1869
O dr. Manuel de Morais Barros ,sua mulher e outros vendem ao dr. Prudente José de Moraes barros o prédio localizado à rua de Santo Antônio esquina com rua das Flores, onde hoje está instalado o Museu Prudente de Morais.
1870
A partir deste ano, a região Sul do Brasil passa a empregar assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros; no Norte, as usinas substituíram os primitivos engenhos, fato que permitiu a utilização de um número menor de escravos. Já nas principais cidades, era grande o desejo do surgimento de indústrias. Visando não causar prejuízo aos proprietários, o governo, pressionado pela Inglaterra, foi alcançando seus objetivos aos poucos.
1871
28 de setembro. Foi declarada a Lei do Ventre-Livre. Esta lei tornava livre os filhos de mulher escrava que nascessem a partir de sua promulgação.
1875
A partir deste ano, durante o Segundo Reinado, no qual o Brasil foi governado por D. Pedro II, tentava-se incentivar a produção do açúcar, financiando a compra da matéria-prima dos denominados “bangues de fogo morto” (fazendas com engenhos desativados) e dos pequenos lavradores.
1876
1º de janeiro – inaugurado o Gabinete de Leitura. É a primeira biblioteca regular da cidade.
12 de maio – O dr. Basílio Machado muda-se para São Paulo. Foi o pioneiro da imprensa local. Foi ele o criador do termo “Noiva da Colina” para a cidade.
1877
Por petição do então vereador Prudente de Moraes, mais tarde primeiro presidente civil do Brasil, o nome da cidade foi oficialmente mudado para Piracicaba, o mais certo, o correto e como era conhecida popularmente
Na história do Brasil - o primeiro telefone é instalado entre o Palácio de São Cristóvão e o Corpo de Bombeiros.
1878
24 de abril – Publica-se a lei provincial Nº 21, devolvendo à cidade o seu antigo nome de “Piracicaba”.
22 de setembro – A família imperial brasileira, vinda de trem pela Ituana, hospeda-se na casa do dr. Estevão Riberio de Souza Rezende. A comitiva, liderada por D. Pedro II, faz um passeio de canoa até o Canal Torto, onde tomou o vapor da Companhia Fluvial até o Limoeiro. A comitiva permaneceu por 2 dias em Piracicaba.
1881
Janeiro de 1881 - A ideia de se criar grandes engenhos, no século XIX, era centralizar a produção de açúcar e álcool usando máquinas e substituindo o trabalho escravo pelo assalariado.
7 de janeiro – Na Câmara de Piracicaba foi lida uma representação de vários cidadãos requisitando, por parte da Câmara, informações relativas ao estabelecimento de um Engenho Central na cidade.
19 de janeiro. A empresa Engenho Central, localizada à margem direita do Rio Piracicaba, na cidade do mesmo nome, foi fundada pelo advogado e empresário Estêvão Ribeiro de Sousa Rezende, o Barão de Rezende, com o capital de Rs. 400:000$000 (quatrocentos mil réis) e com o objetivo de substituir o trabalho escravo pelo assalariado e pela mecanização. O maquinário foi encomendado na França.
03 de maio - O dr. Estevão Ribeiro de Souza Rezende, doa terreno para a instalação da Empresa do Engenho Central.
07 de maio. Dom Pedro II assina o Decreto Imperial n.º 8089 , concedendo ao Engenho Central de Piracicaba a autorização para funcionar
23 de maio. As primeiras linhas telefônicas foram inauguradas primeiramente no Rio de Janeiro.
18 de novembro. Os materiais provenientes da Empresa Brissonneau Frères, da cidade francesa de Nantes, chegam a Piracicaba para serem montados pelo engenheiro mecânico Antônio Patureaux e seu colega Fernando Desmoulin. Nantes é uma cidade portuária localizada na foz do Rio Loire, oeste da França, perto da costa do Atlântico.
31 de dezembro - Os estatutos da Empresa do Engenho Central, fundada pelo dr. Estevão Ribeiro de Souza, para explorar no município de Piracicaba a indústria açucareira são aprovados pela Câmara.
1882
Julho. Já estava decidida a construção de uma estrada de ferro que margearia o rio Piracicaba, partindo da cidade no sentido do Canal Torto, ponto terminal dos vapores da Companhia Fluvial durante a estação seca, numa iniciativa do Engenho Central e da Cia. de Navegação Fluvial Paulista .
Outubro, às sete horas da manhã. As máquinas do Engenho Central foram acionadas, pondo em funcionamento o grande complexo agro-industrial: "respeitável pelas suas proporções gigantescas, quanto ao edifício e quanto à grandeza do seu maquinário, composto de oito cilindros com entradas automáticas das canas e saída do bagaço pelas fornalhas - três geradores da força de cem cavalos servidos por uma chaminé de tijolos, com trinta e cinco metros de altura; três tanques de cobre para saturar a garapa."
22 de novembro - O Jornal Gazeta de Piracicaba dizia que o telefone encontrava-se assentado na cidade (postes e fios), na propriedade de Luiz de Queiroz. A cidade não contava com telefones públicos. Luiz de Queiroz foi o pioneiro.
1883
Em 10 de março. A lei Provincial 12 concedia à Cia. Engenho Central de Piracicaba privilégio para estabelecer uma linha de bondes. Os bondes jamais foram implantados nessa linha, mas é possível que dessa lei tenha resultado as linhas internas do Engenho.
30 de março – A Gazeta de Piracicaba informa que um pára-raios já se achava instalado no alto da chaminé do Engenho Central. Foi o primeiro pára-raios instalado na cidade.
1885
Aprovada a lei Saraiva-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneficiava os negros de mais de 65 anos.
1886
Em junho. O Engenho transferiu parte do privilégio da linha de bondes para a Companhia Ituana, exatamente o que tratava do tráfego de bondes - parece que a Ituana precisava disso para cruzar a cidade com seus trilhos para seguir da estação de Piracicaba para a cidade de São Pedro.
2 de novembro – pela segunda vez a Família imperial, com D. Pedro II, visitam Piracicaba, sendo hóspedes do dr. Estevão Ribeiro de Souza Rezende.
1887
29 de abril – O engenho Central de Piracicaba, cujas finanças não eram boas, entrou em concordata. Assumiram a responsabilidade, o dr. Estevão Ribeiro de Souza Rezende e o dr. João Tobias de Aguiar e Castro.
12 de maio – D .Pedro II concede o título de Barão de Rezende ao dr. Estevão Ribeiro de Souza Rezende.
25 de maio- Inaugurado em Piracicaba o sistema de água encanada.
1888
16 de fevereiro – O Engenho Central é colocado à venda, com todos os seus pertences: 410:000$000. Piracicaba contava na época, com 36 ruas e 9 largos com nome, 45 ruas e 5 travessas sem nome,
17 de março. O Engenho passa a ter um único dono: o próprio Barão de Rezende
13 de maio- Através da Lei Áurea, que liberdade total finalmente foi alcançada pelos negros no Brasil. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no Brasil.
Em menos de uma década de funcionamento, o Engenho Central, com toda a sua estrutura começa a sentir os efeitos da retração do mercado, que se torna evidente com a falta de matéria prima e dificuldade para encontrar mão de obra capacitada que fosse capaz de efetuar a manutenção dos equipamentos importados da França.
15 de novembro - Sob o comando do Marechal Deodoro da Fonseca, unidades militares estacionadas em São Cristóvão, no Rio de Janeiro rebelam-se, depondo D. Pedro II, que será enviado para o exílio dois dias depois.
À tarde, José do Patrocínio, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro anuncia a proclamação da República.
1891
22 de junho .Diante das dificuldades, o Barão de Rezende tenta, com seu novo sócio, Cícero Bastos, manter os níveis normais de atividades do Engenho e parte da Antiga Fazenda São Pedro, alienando-os À Companhia Niágara Paulista, mas não obteve sucesso com a nova estratégia.
1892
28 de fevereiro - Inaugura-se o Gabinete de Leitura, a segunda biblioteca pública de Piracicaba, localizada à rua Prudente de Moraes, na casa de José Miguel de Andrade, seu presidente.
1894
22 de junho - Prudente de Moraes é eleito como o primeiro presidente civil do Brasil. Período 1894 a 1898
31 de março – Escritura depositada em cartório, em Paris, contém os estatutos a Societè de la Sucrerie de Piracicaba, de que Fernand Doré foi fundador, organizada à base de 2.200.000 francos e dividido tal capital em 22 mil ações de cem francos cada.
2 de abril – O jornal “Les Affiches Parisiennes”, de Paria, traz a convocação de assembleia geral para os acionistas da “Societè de la Sucrerie de Piracicaba”, a fim de se reunirem no dia 5 do mesmo mês, no Boulevard Poissoniere, às 2 da tarde, com o objetivo de organização definitiva da mencionada sociedade fundada por Fernand Doré.
5 de abril – Redigida a Ata da Assembleia geral constitutiva da “Societè de la Sucrerie de Piracicaba”, realizada em Paris, pelos acionistas, às 2 horas da tarde.
29 de abril – A Societé Sucrerie de Piracicaba, fundada em Paris no dia 2 deste mês, adquiriu a “Sociedade Niágara Paulista”, então dirigida pelo Dr. Cícero Bastos e pelo Barão de Rezende. O capital da organização, hoje conhecida como Engenho Central, era de 2.200.000 francos.
11 de agosto – A Gazeta de Piracicaba noticia que a safra do Engenho Central, no ano de 1889, seria calculada em 40 mil sacas de açúcar, ou 160 mil arrobas. Nos anos anteriores a safra tinha orçado por 25,28 e 30 mil sacas, sendo que em 1897 fora de 33 mil sacas.
31 de outubro – Prudente de Morais parte para o Rio de Janeiro para assumir o cargo de Presidente da República.
15 de novembro – Prudente de Morais assume e Presidência da República.
1899
29 de Abril - O Barão de Rezende decide vender o Engenho Central de Piracicaba a um grupo de três franceses, Durocher, Doré e Mauricce Allain, com a denominação “Societé de Sucrerie de Piracicaba.” O grupo compra o Engenho Central e a partir daí transforma o Engenho Central no mais importante do país, com uma produção anual de 100 mil sacas de açúcar e três milhões de litros de álcool, incorporando-se a outras seis usinas do grupo no Estado de São Paulo
04 de maio- A Gazeta de Piracicaba noticia que o Engenho Central foi vendido pela Companhia Niágara Paulista para a empresa Sucreriè de Piracicaba, com sede em Paris, que também adquira o engenho da Villa Raffard.
04 de julho – Decreto federal Nº 3.333, concede À Societè Anonyme de la Sucreriè, de Villa Raffard autorização para funcionar no território da República. A Sucreriè estendeu suas atividades em Piracicaba, adquirindo o Engenho Central e organizando a Companhia Sucreriè de Piracicaba.
25 de julho – Ocorreu a inauguração da chaminé do Engenho Central, de 41 metros de altura. Seu construtor foi o empreiteiro de obras, José Vicente Martinez, espanhol, residente em Piracicaba há muitos anos.
24 de agosto. A Sucreriè compra a Fazenda Santa Rosa.
Os trilhos da ferrovia do Engenho Central passavam pela mesma ponte por onde passavam os trilhos da Cia. Sorocabana e Ituana em 1899. Os trens tinham de anunciar sua passagem pela ponte com 5 minutos de antecedência.
Segundo Leandro Guerrini, em 1970, as linhas férreas ainda estavam em atividade.
04 de outubro – O Engenho Central, de propriedade da Sucreriè de Piracicaba, inaugura uma moenda de pressão e repressão e duas caldeiras multitubulares, alimentadas pelo bagaço da cana. Com isso o Engenho inicia a produção de duas mil arrobas de açúcar por dia, na safra.
15 de novembro
Em substituição ao Regime Monárquico, o Marechal Deodoro da Fonseca põe fim ao período imperial com a Proclamação da nova forma de governo: a República;
31 de dezembro – dados do recenseamento em Piracicaba:
Casas: 2.092; habitantes: 11.060; brasileiros 8.054 e estrangeiros 3.006. pessoas do sexo masculino: 5.207 e do sexo feminino: 5.853; alfabetizados: 5.555 e analfabetos: 5.505 pessoas.
1900
14 de fevereiro – Inaugurada a iluminação da cidade a querosene. Ao cair da noite um funcionário da Câmara percorria poste por poste colocando querosene nos lampiões. Os postos localizavam-se nas esquinas das ruas e a iluminação durava até às 10 da noite.
1903
As fazendas que compunham o Engenho Central eram: Santa Lydia e São Luiz, Cayapia, Santa Rosa, Santa Cruz e Engenho. Além dessas, o Engenho Central arrendava para plantio da cana-de-açúcar, as terras das fazendas Lenheiro, Algodoal, Terras do Barão, Enxofre e Kannebley.
A cana, antigamente, era trazida da roça por trens (além dos caminhões). No Engenho Central ainda encontram-se alguns trilhos e barracões de carga para trens que carregavam o açúcar e o álcool.
No mesmo ano, falava-se em prolongar em 4 ou 5 quilômetros a estrada de ferro na fazenda Santa Rosa. As máquinas e vagões do Engenho Central podiam também trafegar pelas linhas da Cia. União Sorocabana e Ituana, de acordo com contrato na época. Algumas fazendas do Engenho, como a de Cayapia e a de Santa Lydia estavam tão distantes do Engenho que transportavam canas somente pela CUSY pois as ferrovias próprias não chegavam até lá. "A usina dispõe (em 1903) de uma estrada de ferro de 19 km de comprimento, com bitola de 1 m, de 4 locomotivas (sendo que uma delas, de 10 t está emprestada à Villa Rafard, e as demais, de 15, 18 e 20 t) e de 75 vagões. Estes últimos são de diversos modelos, podendo carregar de 3 a 10 t. (...) Em decorrência de um antigo acordo, da cessão à CUSY de uma linha pertencente à Usina, a de Santa Lydia, a Sociedade açucareira de Piracicaba adquiriu o direito de trafegar, com seu próprio equipamento, em toda a linha ao norte do rio Piracicaba. (...) Infelizmente, a CUSY é mal administrada e as dificuldades de tráfego para nós são numerosas" (Usinas Açucareiras de Piracicaba, Villa Rafard, Porto Feliz, Lorena e Cupim, Missão de Inspecção do Senhor J. Picard, Engenheiro, de 1 de março a 15 de julho de 1903, Editora Hucitec, Editora Unicamp, São Paulo, 1996, p. 61).
Existe ainda pelo menos uma locomotiva que trafegou pelo Engenho, e não é nenhuma das citadas acima por Picard, em 1903. Esta máquina a vapor, uma Baldwin de 1913 1-6-2ST, ainda é operacional e está na ABPF de Campinas, na estação ferroviária de Carlos Gomes, com o número 5, tendo rodado também na Usina Villa Rafard (também da Sucrerie) e nas Indústrias Villares.
A locomotiva a vapor Baldwin 5, em operação na usina de açúcar Société Brésilienne Sucrerie em Piracicaba SP, em 1972. VillaresABPF
A locomotiva foi remodelada pela Villares e doada à ABPF. Foto originalmente publicada no livro World of South American Steam por Roy Christian & Ken Mills; esta cópia é cortesia de Christian Duch, de Campinas SP.
1907
Fundada a sociedade anônima Societé de Sucrèrie Brèsilienne (SSB) presidida por Maurice Allain, que ocupou o cargo até 1932, sendo sucedido por Pierre Allain.
A Societè era um grupo parisiense que congregava seis engenhos e usinas, sendo eles o Engenho Central de Piracicaba, Villa Raffard, Porto Feliz, Engenho Central de Lorena, Usina Cupim e Usina Paraíso, as duas últimas em Campos - RJ
1909
12 de agosto – Faleceu em Piracicaba, na Chácara São Pedro, o Barão de Rezende com 69 anos. Seus restos mortais estão sepultados no Cemitério da Saudade, Travessa D, sepultura Nº 1087.
1914.
Com a Primeira Guerra Mundial, o mercado internacional de açúcar favoreceu a produção piracicabana de açúcar. Esse crescimento do mercado de açúcar tornou-se ainda mais acentuado com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, quando deu „o tiro de misericórdia “ na cultura cafeeira. Foi aí que o Engenho Central passou a produzir mais açúcar.
Década de 20
A partir desta década, após a permanência do dr. Holger Jensen Kok, o popular dr. Kok, no complexo industrial, o qual construiu o paredão com Manoel Lourenço, os antigos prédios do Engenho Central começam a ser substituídos por edifícios de alvenaria aparente, conforme a necessidade. O prédio da Moenda foi ampliado pelo engenheiro químico Jean Balboud, ganhando nova fachada de linhas clássicas e simétricas, com um frontão ornamentado que aparentava originalmente um relógio. Suas envasaduras foram projetadas em vergas retas e em arcos abatidos, com ornamentação construída com tijolos. A Destilaria, reformada e ampliada pelo engenheiro francês Auguste Rinn, foi estruturada por vigas, pilares e peças intertravadas, todos metálicos em sistema modulado, que possibilitou ampliações de pavimentos, pois as peças puderam ser reproduzidas e encaixadas. O edifício reúne vários tipos de envasaduras, desde os vãos em arco pleno, até janelas de guilhotina, sendo que todas as quatro fachadas diferem entre si. Já o prédio do escritório, também projetado pelo eng. Rinn, segue um padrão muito próximo ao residencial, com arcabouço em alvenaria de pedra, janelas de guilhotina e venezianas, e uma varanda cujos acessos se davam para o escritório do administradores demais salas de trabalho. O destaque deste edifício é para a ornamentação construídas caprichosamente com tijolos, que além de decorativos são estruturais, utilizados nas pilastras, balaustres e vergas. Outras edificações foram acrescidas, como as dos armazéns que seguiram projeto semelhante e eram modulados de acordo com o tamanho necessário. Das edificações mais recentes, destaca-se a antiga Fábrica que era conhecida como Edifícios “Gêmeos”, de grande porte e executados seguindo o ecletismo, com vãos em arco pleno e vergas retas. Seus pés-direitos correspondem a quatro pavimentos, com fenestração correspondente, embora apresentem vão único.
Década de 30
Julho de 1930 – Ocorre a Revolução de 1930. Inicia-se o governo provisório com Getúlio Vargas . Inicia-se a era Vargas, até 1934.
Foi na década de 30 que os engenhos começaram a se enfraquecer, dando espaço às Usinas de Açúcar, que por sua vez recebem incentivos para a produção de álcool através do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) fundado em 1932. O Engenho Central sobreviveu às pressões do mercado na década de 30.
Décadas de 40 e 50
A partir da década de 50 a concorrência do açúcar dos outros países latino-americanos privilegiada pelos EUA no mercado internacional, a dificuldade de manutenção das peças importadas, e de mão-de-obra especializada fizeram a produção decair em todos os Engenhos Centrais, transformando-os em usinas. O Engenho Central de Piracicaba chega a ser ampliado por conta do açúcar, contudo, a crescente urbanização na região da Vila Rezende e do próprio Engenho Central começa a interferir nas operações industriais.
1960
A transferência da capital do, Rio de Janeiro para Brasília é efetivada.
1970
O Engenho foi vendido para a UBASA - Usinas Brasileiras de Açúcar de propriedade do empresário José Adolpho da Silva Gordo.
1974
O Engenho Central é desativado e reconhecido como patrimônio histórico. Desapropriado pela Prefeitura, passou a ocupar importante espaço cultural, artístico e recreativo. Sua área verde é de 80 mil metros quadrados e a área construída ocupa 12 mil metros quadrados.
1975
É criado o PROALCOOL.
1988
É promulgada a nova Constituição, a sexta do período republicano.
1989
1º de agosto – O Engenho Central de Piracicaba foi tombado pelo CODEPAC.
Setembro – O Engenho Central foi considerado de utilidade pública.
1998
Dezembro. O município de Piracicaba enviou processo ao poder federal, justificando a importância e o pioneirismo do Engenho Central para a história da arquitetura e da agroindústria brasileira no sentido de que o Engenho Central fosse incorporado ao patrimônio cultural e artístico nacional.
Dentro da área do Engenho encontra-se o marco de fundação de Piracicaba, local onde fora erguida a primeira capela à padroeira Nossa Senhora dos Prazeres
2001
Segundo a Revista Exame, em sua edição nº 25 de 2001, Piracicaba logrou a posição de 32ª melhor cidade do Brasil para investimentos, em razão de sua qualidade de vida e infraestrutura urbana.
2002 a 2004
O Complexo Engenho Central e Parque do Mirante constituem um marco histórico da cidade de Piracicaba, representando um período de prosperidade econômica local e nacional. O objetivo precípuo dos estudos e projetos que foram desenvolvidos entre os anos de 2002 e 2004 é resgatar a importância desse espaço, porém como um espaço de difusão de cultura, lazer e educação, consolidando-o como patrimônio da cidade, de sua população e contribuindo para o seu crescimento.
O Programa de Desenvolvimento de Estudos e Pesquisas para elaboração do Anteprojeto de Arquitetura e Plano de Uso e Ocupação do Complexo Engenho Central e Parque do Mirante, impulsionado pelo desejo de instalação do Museu de Ciência e Tecnologia, equipamento “âncora” do Projeto, aliado ao componente histórico que o Engenho carrega, conduziu à criação de um centro de cultura e lazer, que deveria, necessariamente, apresentar atividades e mecanismos de desenvolvimento auto-sustentável, integrando eventos, comércio e outros serviços, permitindo a geração de recursos.
O Programa proposto seguiu a diretriz de respeito aos usos já existentes no Complexo, buscando soluções versáteis que pudessem ampliar sua utilização, de forma mais eficiente e racional
2005
A partir deste ano a Prefeitura Municipal tem investido na conservação e restauração do Engenho Central., com o objetivo de transforma-lo num polo de lazer, turismo e cultura.
2008
A Prefeitura Municipal efetua o pagamento da primeira parcela de sua desapropriação, garantindo sua posse definitiva ao povo piracicabano e à cultura nacional.
2010
15 de fevereiro – O prefeito Barjas Negri assina o contrato de restauração do Armazém 6, que será transformado num teatro com capacidade para 442 pessoas. A Construtora vencedora da licitação foi a Proeng Construtora. O custo das obras é de RR$ 6,8 milhões, com prazo de execução de 12 meses.
22 de fevereiro - O canteiro de obras começou a ser montado.
Introdução:
O Engenho Central compõe hoje um dos mais belos cenários arquitetônicos da cidade, da região, do Estado de São Paulo e do Brasil a inspirar poetas, artistas, arquitetos, jornalistas, pesquisadores científicos, turistas e amantes da história e da cultura popular.
Está situado à margem direita do rio Piracicaba, com seu conjunto de imponentes edificações datadas do século 19 e 20 que um dia abrigaram moendas, caldeiras e armazéns para a produção e armazenamento de açúcar e álcool.
O Engenho Central compõe o sítio histórico mais significativo da evolução urbana de Piracicaba e por isso o CODEPAC, Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba abriu processo de tombamento do complexo em 16 de julho de 1982. O Engenho Central foi tombado como patrimônio histórico, cultural e ambiental de Piracicaba pelo Decreto n.º 5036 assinado no dia 11 de agosto de 1989.
O auto de emissão de posse foi assinado no dia 10 de novembro de 1989, ficando o patrimônio disponível para a ocupação e uso. Com uma área livre de 75.865 m2 e 17.865m2 de área construída o Engenho Central é o maior conjunto arquitetônico em alvenaria do Brasil.
No âmbito estadual, o Complexo do Engenho Central está em fase de tombamento pelo CONDEPHAT, Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, órgão vinculado à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
Sua preservação, em todas as instâncias, significa respeito incondicional às gerações passadas, que dele tiraram o sustento de suas famílias. Significa também manter viva boa parte da história da cidade de Piracicaba e da histórica do açúcar e do álcool no Estado de São Paulo e no Brasil.
É um valioso registro histórico, onde os vazios de tempo e do espaço aos poucos são preenchidos pelas moendas da arte e da cultura, pelos passos e olhares de pessoas que admiram a grandeza do talento humano.
O Engenho Central aos poucos se transforma num dos mais belos e completos ambientes turísticos e culturais do Brasil.
Nota do blog: Data e autoria não obtidas.

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil


 

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia - Cartão Postal

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil


 

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil


 

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil


 

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia

Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil


Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia
 

Usina Capuava, Piracicaba, São Paulo, Brasil


 


Usina Capuava, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia#


Christiano Matthiessen, um imigrante dinamarquês, veio para o Brasil em busca de terras para lavoura. Nesta ocasião, Christiano Matthiessen prospectava terras e veio para Piracicaba a convite do amigo Dr. Prudente de Morais; conheceu as terras onde hoje se localiza a Fazenda Capuava e se encantou com as mesmas, lembrando muito sua terra natal pelo fato de serem planas e propícias à agricultura.
Fundou então, em 1886, a Fazenda Capuava, onde iniciou suas atividades com inovações e técnicas modernas na fabricação de peças de madeira pelos imigrantes dinamarqueses que costumeiramente tomavam AQUAVIT, um destilado de origem escandinava, produzida a partir da destilação de batatas ou de cereais e redestilada com aromatizantes. Como no Brasil não havia esta bebida, estes imigrantes iniciaram a plantação de cana-de-açúcar, objetivando a produção de um destilado alcoólico.
Assim iniciou-se a fabricação da primeira cachaça artesanal da região de Piracicaba. Com o excelente solo e clima propício foi com a cana-de-açúcar que a Fazenda Capuava encontrou sua vocação.
Vale lembrar que, Christiano Matthiessen casou-se com a Senhora Sophia Rehder Matthiensen, no dia 04/12/1886, com quem teve os filhos: Charlotte Rehder Matthiessen (1887-1969), Henrique Christiano Matthiessen (1895-1966), Hortência Matthiessen (1899-1979) e Tagea Matthiessen Gudmon (1904-1986). Além dos quatro filhos, Sophia teve ainda duas meninas gêmeas que infelizmente faleceram. Em1904, Sophia perde seu esposo, Christiano, que falecendo, deixa-a viúva aos 34 anos de idade. Mulher corajosa e de fibra, conduz alguns negócios da fazenda, além de cuidar e criar os filhos. Estimula a formação e desenvolvimento da Capuava nas suas etapas iniciais, levando adiante o sonho de seu esposo. Benemérita e profundamente preocupada com o social, Dona Sophia, como era conhecida, sempre auxiliou as famílias carentes do bairro Vila Nova, quer fossem seus empregados ou não. Foi uma das idealizadoras da construção da capela da Vila Nova, que foi erguida com os donativos da Fazenda Capuava. Preocupada com a educação, mantinha uma contribuição de auxílio financeiro mensal à escola do bairro para a formação educacional de crianças filhos de funcionários da Usina Capuava e também da comunidade local.
Atualmente, na sua quarta geração, a Capuava, objetivando sempre a qualidade, trabalha desde a escolha da muda, junto as mais modernas técnicas agrícolas, até um conjunto de fatores que permitem um maior rendimento e conservação do solo. A qualidade da cachaça é o reflexo desta excelente matéria prima.
A Fazenda Capuava fabrica em sua destilaria, com a mesma tradição e qualidade de seus fundadores, a genuína cachaça brasileira. Tudo isso com responsabilidade social, mantendo em seus arredores uma das maiores reservas de mata nativa da região e importantes reservas hídricas, permanentemente recuperadas e reflorestadas.
O laboratório, que funciona 24 horas durante o período de safra, é equipado com modernos equipamentos para que o grupo de analistas possa realizar análises físico química desde o plantio da cana, passando por todo o processo produtivo de forma a garantir a exigência da qualidade dos nossos produtos. São mais de 30 controles durante a produção.
Em 2001 foi criada a BBL – Brazilian Beverages & Liquor Ltda, com o foco em prestação de serviços para terceiros de engarrafamento e desenvolvimento de novos produtos e projetos, fechando assim todo um processo, que vai desde o preparo do solo, plantio de cana-de-açúcar, passando pela colheita e industrialização, até o produto final da cadeia produtiva. Hoje, a BBL exporta para os Estados Unidos, Comunidade Europeia, dentre outros, tendo a qualidade total como princípio fundamental em todas as etapas do processo produtivo, aliada a uma equipe altamente capacitada.
Atualmente a capacidade produtiva está destinada na marca própria e a produtos de terceiros, focados no mercado brasileiro e principalmente no mercado internacional.
Em um país onde as empresas têm pouca tradição de continuidade, a Fazenda Capuava é um exemplo de que é possível manter-se em atividade e continuar se renovando, o que é muito importante diante da necessidade de fortalecer as empresas e gerar novos empregos.

História da Usina Monte Alegre, Piracicaba, São Paulo, Brasil

 


História da Usina Monte Alegre, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia

Se hoje o Monte Alegre transmite uma sensação de paz e tranquilidade, aquele pedaço de Piracicaba já foi o símbolo da nossa riqueza, da nossa pujança econômica, da cultura canavieira que até hoje nos projeta. Monte Alegre já foi a nossa vanguarda financeira, hoje é o retrato da tradição que o Village Arte Decor quer preservar. “Mais que um nome mágico, Monte Alegre é um lugar como que sagrado: relicário ecológico e patrimônio histórico-cultural”, define, sem economizar poesia, o jornalista e escritor Cecílio Elias Netto, que lançou recentemente o livro Piracicaba que Amamos Tanto.
“O bairro, e especificamente a Usina Monte Alegre, fazem parte da história do setor sucroalcooleiro, como referência em produção de açúcar e álcool e, consequentemente, da história de Piracicaba e do Brasil. Monte Alegre é um retrato do ciclo canavieiro não apenas da cidade, mas do país”, concorda o pesquisador e escritor Pedro Caldari, ex-presidente do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba). O retrato do Monte Alegre, como afirmam os dois historiadores, vai da glória à decadência em menos de um século. Começa com os barões dos engenhos de açúcar, como José da Costa Carvalho, o marquês de Monte Alegre; tem seu auge no empreendedorismo de Pedro Morganti, e chega ao fracasso nos anos 70, quando não se renovou. “A usina do Monte Alegre foi considerada a segunda do Brasil, atrás apenas do Engenho Central. A fábrica de papel do Monte Alegre foi pioneira na fabricação de papel a partir do bagaço de cana. A decadência se deve às mudanças do próprio setor sucroalcooleiro, crises e transformações econômicas das décadas de 1960 e 1970”, explica Caldari.
Em sua fase de glória, nada anunciava a derrocada. Em meados do século 19, os barões do café dominavam a economia. Poderosos, mandavam e desmandavam no Vale do Paraíba e no Oeste Paulista. Mas Piracicaba não seguia a norma. A cana-de-açúcar é que imperava por aqui e as terras férteis do município atraíam a cobiça de ricos senhores. Um deles foi José da Costa Carvalho, que se casou com a viúva do famoso brigadeiro Luís Antônio de Souza e deixou sua marca em Piracicaba, mesmo não morando na cidade.
Carvalho passou a ser conhecido como marquês de Monte Alegre, e foi o primeiro ícone do bairro. “Ele foi um homem à frente do seu tempo. Não era apenas um senhor de terras, mas também um pensador, suas ideias marcaram a intelectualidade brasileira do século 19. Tanto que fundou o primeiro jornal de São Paulo, O Farol Paulistano. À frente do engenho Monte Alegre, adquiriu terras da vizinhança, indo até depois do Taquaral”, destaca. Era a primeira metade do século 19, quando o município ainda era conhecido como Vila Nova da Constituição. Na época, o engenho chegava a produzir 1.000 arrobas de açúcar branco. No período final do século, Monte Alegre tinha as senzalas, mas encontrava dificuldade
para conseguir escravos. Naquele período já se começava a pensar numa ‘política de colonização’ com imigrantes. Naquela época, morre o marquês de Monte Alegre, e sua viúva Maria Izabel se casou com um primo dele, Antônio da Costa Pinto e Silva, que ficou conhecido como conselheiro Costa Pinto. Por conta da influência política e social de Costa Pinto, Piracicaba e o Monte Alegre passaram a receber visitas ilustres, como o presidente da província de São Paulo, quando inaugurou o abastecimento de água em Piracicaba. E, como lembra Cecílio
Elias Netto, o escritor José de Alencar, que preferiu ficar em Monte Alegre. “Colega de turma de faculdade de Costa Pinto, o escritor era apaixonado por ambientes rurais, apesar de criticado por não ser fiel às paisagens que descreve. Ele se inspirou no Monte Alegre para escrever Til, ambientado no clima rural de Piracicaba e Santa Bárbara d’Oeste. O nome Til é de um garoto, inspirado no acento gráfico, semelhante às curvas do rio Piracicaba”, lembra o escritor.
Com a morte do Conselheiro, em 1887, o Monte Alegre passa por várias mãos. Nos primeiros anos do século 20, a riqueza do engenho é indiscutível, com a produção anual de 5.000 sacas de açúcar branco. E tudo começa a mudar de vez com a chegada do italiano Pedro Morganti, em 1904. Nascido em Bozzano, na Itália, em 2 de abril de 1876, ele já estava com a família em São Paulo, em 1890, mas retorna ao país natal para cumprir o serviço militar. Volta ao Brasil cheio de ideias e enxerga no Monte Alegre o palco para seu desejo de empreender. E transformar.
Cecílio define a fase Morganti como a mais progressista do Monte Alegre. Até porque seu patriarca tomava contato, em São Paulo, com outros trabalhadores italianos que escolheram o Brasil, caso de Francisco Matarazzo. “Pedro Morganti organiza a Companhia União dos Refinadores. A ideia surge a partir das vantagens que Pedro enxerga em reunir, em uma só empresa, a matéria-prima e o produto acabado. As usinas plantariam e produziriam ao mesmo tempo. É a partir desta visão que, no mesmo ano, ele adquire o Engenho Central do Monte
Alegre e o transforma na nova Usina Monte Alegre. Começa, assim, a grande fase não apenas do Monte Alegre, mas da indústria açucareira no Brasil”, conta Cecílio. Os números da safra não mentem. Se em 1912 a produção foi de 13 mil sacas de açúcar, em 1917 sobe para 48 mil sacas.
“Fundador, patriarca e referência como empresário para o momento histórico que representa a usina Monte Alegre e a fábrica de papel.” Assim Caldari define Pedro Morganti. O escritor também cita as raízes italianas e o espírito desenvolvimentista do empresário. “Pedro Morganti foi contemporâneo de Pedro Ometto, Mário Dedini e outros imigrantes italianos que se fixaram em Piracicaba e contribuíram muito para a criação de empresas de alcance e importância nacional.
Também contribuiu para obras de benemerência na cidade. A usina foi fundada por Pedro Morganti com apoio dos filhos Hélio (engenheiro, excelente técnico açucareiro) e Lino (profundo conhecedor de celulose)”, destaca.
Apesar de alguns entraves, como a ocorrência de uma praga chamada mosaico, em 1925, então combatida pelo agrônomo José Vizioli, Monte Alegre só prospera, a ponto de contribuir de forma definitiva para a liderança do setor açucareiro nos anos 1940. Ao mesmo tempo, Morganti cuidou de instalar uma série de equipamentos sociais em Monte Alegre, não apenas as casas dos funcionários, que, como lembra Cecílio, tinham o conforto dos centros urbanos. “Eram casas bem construídas, de tijolos, servidas por rede de água tratada e esgoto, além de instalações elétricas”. Em volta, os moradores tinham uma série de serviços à disposição: armazém, padaria, farmácia, barbearia, torrefação de café, bar, cinema e pensão.
“As edificações e equipamentos do bairro fazem parte de um modelo muito comum à época, dando apoio ao funcionamento da usina e fábrica de papel por meio de diversos serviços, incluindo igreja, comércio para atender operários e familiares, escola, ambulatório médico e odontológico. Todos privados e mantidos pela usina”, ressalta Caldari. Morganti morreu em 1941, antes da inauguração do aeroporto que desejou ver construído em terras do Monte Alegre e depois ganhou seu nome. Foi sucedido pelos quatro filhos (Lino, Hélio, Fúlvio e Renato), que implantaram a fábrica de celulose em 1953. Mas, em 1971, a usina passa para a família Silva Gordo. Acaba fechando as portas nos anos 80. “Sou otimista com esses projetos que olham para o Monte Alegre com sensibilidade ambiental e histórica. Monte Alegre, dos tempos em que José de Alencar olhava o rio Piracicaba e se inspirava para escrever romances, faz seu eterno retorno. Os tempos de glória estão voltando”, conclui Cecílio.

Palácio Arariboia, Antiga Prefeitura de Niterói, 1960, Rio de Janeiro, Brasil

 


Palácio Arariboia, Antiga Prefeitura de Niterói, 1960, Rio de Janeiro, Brasil
Niterói - RJ
Fotografia

História do Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil


 

História do Engenho Central de Piracicaba, Piracicaba, São Paulo, Brasil
Piracicaba - SP
Fotografia

A ideia de grandes engenhos centrais surge no Brasil durante o período Imperial, como uma alternativa para a substituição da mão de obra escrava pela assalariada, perante um cenário que, devido a pressões internacionais, leis como Eusébio de Queirós (4 de setembro de 1850), Nabuco de Araújo (1854) e Ventre Livre (1871) se consolidavam. A modernização da produção açucareira era um dos incentivos da política imperial e, é com ela, que surge o engenho Central de Piracicaba.
Em 19 de janeiro de 1881 o advogado e empresário Estevão Ribeiro de Sousa Rezende, junto com os agricultores Antônio Corrêa Pacheco e Joaquim Eugenio do Amaral Pinto, abre a Empresa Engenho Central de Piracicaba, equipada com maquinários da indústria mecânica francesa Brissonneau e Lotz, e com doação de parte do terreno de Estevão Rezende, conhecida no período como Fazenda São Pedro, para a construção. Em 7 de maio do mesmo ano, D. Pedro II assina o Decreto Imperial n° 8.089, autorizando o funcionamento do Engenho Central.
Com a chegada do maquinário em 18 de novembro de 1881, a montagem dos equipamentos é realizada pelo engenheiro industrial André Patureaux e o engenheiro Fernando Dumoulin. O Engenho funcionava com entradas automáticas das canas-de-açúcar e saída do bagaço pelas fornalhas, com três geradores de 100 cavalos de força, três tanques de cobre para saturação de garapa, em edifício servido por uma chaminé de tijolos. Quanto ao maquinário original do Engenho Central, este era composto com moenda brissonneau de oito cilindros, movida por uma turbina hidráulica acionada pela queda d’água, com capacidade de fornecimento regular de 120 a 150 toneladas de produção, com extração de 67%.
Em 31 de dezembro os estatutos da empresa Engenho Central são aprovados pela Câmara de Piracicaba, autorizando a exploração da indústria açucareira na cidade.
A Lei N. 12 concedia à Cia. Engenho Central de Piracicaba o privilégio de estabelecer uma linha de bondes em 1883, porém esses bondes jamais foram implementados nessa linha, mas é possível que essa lei seja a responsável pelas linhas internas do Engenho.
O jornal Gazeta de Piracicaba, anunciou em 30 de março de 1883 que o Engenho Central já possuía para-raios, instalados no alto de sua chaminé, o primeiro para-raios da cidade de Piracicaba. Nesse mesmo período, o açúcar produzido pelo Engenho Central era de qualidade superior e pronto para o consumo, e serviam como exemplos da modernização do Império.
Mais uma lei em favor aos escravos surge no Brasil, em 28 de setembro de 1885, a Lei Saraiva-Cotegipe, ou a Lei dos Sexagenários, onde escravos negros com mais de 65 anos estavam livres, a partir daquele momento.
A família real brasileira já havia passado por Piracicaba em 22 de setembro de 1878, e hospedando-se na casa de Estevão Rezende. A visita foi marcada pela comitiva de D. Pedro II, que fez um passeio de canoa até o Canal Torto, onde tomou o vapor da Companhia Fluvial até o Limoeiro. Permaneceram em Piracicaba por dois dias. Dessa vez, em 2 de novembro de 1886, a família real se hospeda, novamente, na casa de Estevão Rezende. Há relatos de que a princesa Isabel participou da visita e visitou o Engenho Central.
Em 29 de abril de 1887 o Engenho Central entrou em concordata, devido a finanças ruins, e os responsáveis por assumir a responsabilidade foram João Tobias de Aguiar e Castro e Estevão Rezende, que mais tarde, em 12 de maio do mesmo ano, recebeu o título de Barão de Rezende, pelo próprio D. Pedro II. Em 25 de maio o sistema de água encanada chega em Piracicaba, onde hoje é o Museu da Água.
O ano em que a Lei Áurea entra em vigor no Brasil (13 de maio de 1888), libertando todos os escravos e sob o comando e Marechal Deodoro da Fonseca, D. Pedro II é deposto e a Proclamação da República é anunciada, em 15 de novembro, é o mesmo em que o Engenho Centra passal por diversas dificuldades. Tudo se inicia em 16 de fevereiro, quando o Engenho Central é colocado a venda, com todos os seus pertences, um total de 410:000$000 (410 mil réis). A cidade contava nesse período com 36 ruas e 9 largos com nomes, 45 ruas e 5 travessas sem nome. O Engenho passa a ter um único dono em 17 de março, o Barão de Rezende. Inúmeras dificuldades surgem em encontrar mão-de-obra especializada e capacitada para o maquinário francês (manutenção e trabalho) e a falta de obra-prima começa a atrapalhar o nível de produção.
Em 11 de agosto de 1889 é anunciado, pela Gazeta de Piracicaba, que o engenho Central possuía uma safra de 40 mil sacas de açúcar, aproximadamente 160 mil arrobas. Nos anos anteriores a safra tinha orçado por 25, 28 e 30 mil sacras, sendo que em 1887 foram de 33 mil sacas.
Em 1889 o Barão de Rezende decide vender o Engenho Central de Piracicaba para um grupo de três franceses: Dorocher, Doré (seu fundador) e Maurice Allain, com a denominação de Societè de Sucrerie de Piracicaba. Após a venda o Engenho Central passa a ser o mais importante do país, com produção anual de 100 mil sacas de açúcar e três milhões de litros de álcool, incorporando-se a outras seis usinas do grupo do Estado de São Paulo. A companhia ainda adquire a fazenda Santa Rosa.
Em 25 de julho ocorre a inauguração da Chaminé do Engenho Central, de 41 metros de altura. Seu construtor foi o empreiteiro de obras, José Vicente Martinez, espanhol, residente em Piracicaba há muitos anos. Em 4 de outubro é inaugurado a monda de pressão e repressão e duas caldeiras multi-tubulares, alimentadas pelo bagaço da cana. Proporcionando ao Engenho uma produção de duas mil arrobas de açúcar por dia, na safra.
Em 15 de novembro é instituída a República no Brasil, por Marechal Deodoro da Fonseca, como substituição ao Regina Monárquico e fim do período imperial.
Ao final do ano, a partir de dados de recenseamento em Piracicaba, em 31 de dezembro de 1889, a cidade possuía 2.092 casas, 11.060 habitantes, sendo 8.054 brasileiros e 3.006 estrangeiros, 5.207 homens e 5.853 mulheres, 5.555 alfabetizados e 5.505 analfabetos.
A partir de 1903 o Engenho Central passou a ser abastecido pelos trilhos de trem que carregavam o açúcar e o álcool.
Em 1907 é fundada a sociedade anônima Societè de Sucrèrie Brèsilienne (SSB) presidida por Maurice Allain, que ocupou o cargo até 1932, sendo sucedido por Pierre Allain.
A Societè era um grupo parisiense que congregava seis engenhos e usinas, sendo eles o Engenho Central de Piracicaba, Villa Raffard, Porto Feliz, Engenho Central de Lorena, Usina Cupim e Usina Paraíso, sendo essas duas últimas em Campos – RJ.
Em 1909 o Barão de Rezende falece em Piracicaba, na Chácara São Pedro, aos 69 anos de idade. Seus restos mortais estão sepultados no Cemitério da Saudade, Travessa D, sepultura n° 1807.
A Primeira Guerra Mundial (1914-1919) faz com que o mercado internacional de açúcar cresça, favorecendo a produção piracicabana do Engenho Central. Esse crescimento de mercado torna-se ainda mais acentuado com a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, fazendo com que o Engenho Central de Piracicaba produzisse ainda mais açúcar.
A década de 20 fez com que o Engenho Central, pelas mãos do Dr. Holger Jensen Kok, ou mais popularmente conhecido, Dr. Kok, passasse por melhorias em suas estruturas. Os antigos prédios do Engenho Central passaram a ser substituídos por edifícios de alvenaria aparente, conforme a necessidade. O prédio da Moenda foi ampliado pelo engenheiro químico Jean Balboud, ganhando nova fachada de linhas clássicas e simétricas, com um frontão ornamentado.
Até o final da década de 20 o Engenho Central de Piracicaba era a maior e mais importante indústria da região, os lucros da SSB eram crescentes desde sua fundação em 1907, e mesmo quando o vírus Mosaico começou a se propagar pelos canaviais a Estação Experimental de Piracicaba desenvolveu estudos para a erradicação do vírus, consolidando a modernização do Engenho Central.