quarta-feira, 16 de junho de 2021

Praia de Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil


Praia de Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Preising 595
Fotografia - Cartão Postal

Caminho Aéreo Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, Brasil



Caminho Aéreo Pão de Açúcar, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
N. 365
Fotografia - Cartão Postal

Mais Médicos Mal Formados - Artigo

 


Mais Médicos Mal Formados - Artigo
Artigo


Larissa Nader, 21 anos, está a um ano de ingressar no internato, período do fim da graduação em que os alunos de medicina põem em prática o conhecimento teórico adquirido nos anos anteriores. A jovem cursa o sétimo período na Universidade de Rio Verde (UniRV) em Goianésia, cidade de 71 mil habitantes no Norte de Goiás, a 180 km da capital. Nos dois anos de internato da UniRV, os estudantes fazem uma espécie de rodízio entre cinco hospitais da região. O problema, segundo ela, é que três deles são de baixa e média complexidade, com capacidade apenas para cirurgias simples. “Dificilmente o aluno vai fazer um acesso venoso central nesse tipo de hospital, por exemplo”, diz Nader, referindo-se ao procedimento de inserir um cateter de grosso calibre em veias como a jugular para administrar medicamentos. Além disso, boa parte dos preceptores, como são denominados os professores no internato, são recém-formados. “Eles adquirem experiência com os próprios alunos.”
Atualmente, a estudante passa pelo “ciclo clínico” do curso, no centro médico da UniRV em Goianésia, onde são feitos atendimentos ambulatoriais. O excesso de alunos, diz Nader, provoca situações constrangedoras. “Muitas vezes há dez alunos para cada paciente. Como dez farão exames clínicos em sequência em uma única pessoa? É constrangedor.” Ela paga atualmente 3,7 mil reais de mensalidade – antes da pandemia, eram 5,7 mil.
Até 2004, havia apenas um curso de medicina no estado, oferecido pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atualmente, são dezesseis, dos quais nove ainda não têm turmas que concluíram a graduação. “Em pouco tempo haverá 4 mil alunos ao mesmo tempo no internato. Não há hospitais suficientes para essa demanda”, afirma Lucas Lourencio, presidente da Associação dos Estudantes de Medicina de Goiás. Em nota, a UniRV informou que os hospitais vinculados à instituição “possuem as estruturas necessárias para a execução das atividades práticas […] sem quaisquer prejuízos ao aprendizado” e que, no ambulatório, são 4 a 5 alunos por consultório (a instituição não se manifestou diretamente sobre o número excessivo de alunos por paciente no centro médico).
A realidade goiana espelha a situação do país. Inaugurado em 2015, o curso de medicina da UniRV em Goianésia é um dos 247 abertos nas duas últimas décadas, de acordo com dados do MEC (84 apenas nos últimos cinco anos). Esse número representa o dobro das 104 escolas inauguradas nos séculos XIX e XX no Brasil. Desses 247 cursos, 73% são privados. Só cinco tiraram nota máxima na avaliação do MEC (o índice considera as notas dos alunos no Enade, a qualidade do corpo docente e a infraestrutura do curso). E, ainda que apenas dezenove, 7,3% do total tenham tido nota insatisfatória, abaixo de três, muitos deles acumulam graves deficiências no ensino da medicina, sobretudo na parte prática, devido à carência de infraestrutura hospitalar na graduação. “A abertura desses novos cursos foi pensada para suprir a carência de médicos nos rincões do país, mas saiu dos eixos, sobretudo devido ao forte lobby político das instituições particulares de ensino”, diz Eliana Goldfarb Cyrino, professora do departamento de saúde pública da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu (SP) e ex-coordenadora de educação na saúde do Ministério da Saúde. Levantamento inédito do Conselho Federal de Medicina (CFM) estima que os cursos em faculdades particulares arrecadem 2 bilhões de reais por ano com as mensalidades dos alunos, cujo valor varia de 3,6 mil reais a 12,7 mil reais mensais.
Criado em 2013 no governo Dilma Rousseff, o programa Mais Médicos marca o início do boom no número de cursos de medicina. Com o objetivo de mitigar a carência de médicos nos rincões do país, o programa passou a “importar” profissionais estrangeiros ou brasileiros formados fora do país e a incentivar a criação de cursos de medicina em cidades do interior nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Duas portarias definiram critérios objetivos para a escolha do município, entre eles cinco leitos públicos por aluno e um hospital com mais de cem leitos exclusivos para o curso. O programa teve resultado imediato: em 2014 foram inaugurados 38 novos cursos de medicina no país, contra 7 no ano anterior. Já em 2015, no entanto, por conta do lobby das faculdades particulares, houve uma flexibilização das normas, e o que era uma obrigação estrutural da rede pública municipal passou a ser apenas uma recomendação. “Hoje boa parte das faculdades de medicina se tornaram cursinhos de aulas teóricas e semiteóricas”, diz Júlio Braga, coordenador da comissão de ensino médico do CFM. “Há trinta anos o aluno saía da faculdade sabendo fazer uma cirurgia; hoje, muitos não sabem nem prescrever um exame.”
Atualmente, o Brasil tem 10,04 médicos recém-formados para cada 100 mil habitantes, a trigésima maior taxa do mundo – em seis anos, o índice estará em 17,67, o sexto do planeta, segundo o CFM. Esse índice geral do país esconde distorções: em 2027, Tocantins terá 41,5 egressos dos cursos de medicina por 100 mil habitantes; se fosse um país, teria a maior quantidade de médicos recém-formados do mundo. O estado contabiliza atualmente oito cursos de medicina e dezenove hospitais; o problema, segundo Estevam Rivello Alves, médico na rede pública de Palmas, é que apenas seis são adequados para a formação do aluno de medicina. Por isso, muitos estudantes optam por fazer o internato em outros estados. “Cria-se uma situação de insolvência”, diz. Atualmente há 6 mil médicos em atividade no estado, o dobro de dez anos atrás. “Há muita ingerência política na decisão de se criar esses cursos”, diz Arthur Vinicius Moraes Silva, estudante de medicina em Araguaína (TO) e vice-presidente da Associação dos Estudantes de Medicina do Brasil (Aemed). “Muitas vezes o critério deixa de ser técnico. Pensa-se apenas no desenvolvimento econômico da região e no consequente dividendo eleitoral.”
Julia Marinho, 20 anos, aluna do segundo período do curso de medicina da Universidade de Gurupi (UnirG), na cidade homônima de Tocantins, reclama da falta de estrutura do curso. “É comum faltarem professores, e os microscópios estão ultrapassados. Além disso, os cadáveres estão em péssimo estado”, diz. Em 2019, o curso de medicina da UnirG ganhou nota 2 do MEC, considerada insatisfatória. Além de hospitais da região, a UnirG envia alunos para o internato na Santa Casa de Limeira, interior paulista, distante 1,4 mil km de Gurupi.
Em nota, a UnirG disse que, quando há saída de docentes do curso, imediatamente são contratados substitutos e que as aulas são repostas; sobre os equipamentos, afirmou que todos atendem às exigências do curso; e que, dos vinte cadáveres disponíveis para o curso, quatro foram cedidos pelo governo goiano em 2020, depois de não terem sido reclamados por familiares nem terem documentos de identificação quando foram encontrados. “A instituição tem como missão o desenvolvimento regional e a produção de conhecimento com qualidade, por meio da ciência e da inovação.”
Levando em conta os critérios previstos na portaria de 2013 do Ministério da Educação (flexibilizada dois anos depois), apenas 20% dos cursos de medicina do país atenderiam a todos os parâmetros. Se forem consideradas apenas as escolas abertas na última década, esse percentual é ainda menor: 8,1%. No quesito leitos públicos por aluno, dos 228 municípios com ao menos uma faculdade de medicina, 75% não alcançam o índice mínimo de cinco leitos por estudante, incluindo sete capitais (Palmas, João Pessoa, Porto Velho, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba e Belém). “Temos negociado com o MEC a retomada desses critérios de avaliação objetivos, porque os atuais não são adequados”, diz Hideraldo Luís Souza Cabeça, diretor do CFM.
A última leva de novos cursos de medicina ocorreu em 2018, no fim do governo de Michel Temer. O MEC selecionou 29 municípios das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, todos com mais de 65 mil habitantes e distantes pelo menos 50 km de uma faculdade de medicina já existente. Equipes de avaliadores do ministério visitaram esses municípios para avaliar a estrutura de saúde pública. Em Itacoatiara (AM), município de 103 mil habitantes às margens do Rio Amazonas, o grupo do MEC encontrou uma situação precária: o único hospital local estava com o tomógrafo quebrado e não tinha ventilador mecânico – se um paciente apresentava insuficiência respiratória, tinha de viajar quatro horas de ambulância até Manaus com ventilação manual. Os avaliadores também constataram que muitos dos leitos haviam sido instalados recentemente, apenas para a visita do MEC.
Em Estância, cidade de 70 mil habitantes no litoral sergipano, a situação era ligeiramente melhor, mas ainda assim precária: hospitais sem equipamentos básicos, como tomógrafo, e falta de comunicação entre as unidades de saúde. “Qualquer caso mais grave era encaminhado de ambulância para Aracaju”, lembra um dos avaliadores, que não quis se identificar para não se indispor com o Ministério da Educação.
Das 29 cidades, 9 foram reprovadas e uma acabou excluída. Mas as nove prefeituras recorreram e acabaram sendo aprovadas mediante a assinatura de um “termo de compromisso” com a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres), ligada ao MEC. No documento, os prefeitos garantem, entre outros pontos, a oferta de cinco leitos do SUS por aluno e de oitenta leitos em um hospital de ensino. Também assumem compromissos vagos, como “implementar melhorias contínuas na estrutura física da rede municipal de saúde, […] visando o bom funcionamento e manutenção da qualidade do curso de graduação em medicina”.
“Foi uma solução política. Infelizmente a Seres é um balcão de negócios. Perdi meu tempo com uma análise criteriosa e, no fim, tudo acabou no lixo”, critica o avaliador. Procurado desde a semana passada, o MEC não se pronunciou.
Ainda em 2018, o Ministério da Educação concluiu o processo de seleção das faculdades para cada um dos 28 municípios – cada curso terá no mínimo cinquenta vagas. Escolhido para a graduação de medicina em Itacoatiara, o grupo Afya afirma ter investido 15 milhões de reais na construção do campus. Segundo a assessoria do grupo, o curso depende apenas do aval do MEC para começar a funcionar – o valor previsto da mensalidade vai variar entre 7 e 8 mil reais. O Afya disse desconhecer possível pressão sobre o MEC para a criação do curso na cidade amazonense. Já o curso em Estância, que começou em julho do último ano, ficará a cargo do Grupo Tiradentes. Em nota, a instituição afirmou que a rede de saúde pública do município “atende às necessidades básicas da sua população, apresentando, inclusive, todos os requisitos para o recebimento de um curso de medicina”. O prefeito de Estância, Gilson Andrade (PSD), reeleito em 2020, não retornou as ligações. Já o prefeito de Itacoatiara na época da escolha do município, Antônio Peixoto de Oliveira (PT), não foi localizado.
No interior paulista, investigação da Polícia Federal descobriu que um curso particular de medicina transformou-se em um grande balcão de negócios. Em atividade desde 2016, a Universidade Brasil em Fernandópolis, segundo a PF e o Ministério Público Federal (MPF), falsificava as declarações de renda dos alunos de medicina para ingressá-los no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) ou matriculava-os inicialmente em outro curso (onde era mais fácil obter o financiamento) para, semanas depois, transferi-los para a medicina, o que é ilegal. Além disso, ainda de acordo com a polícia e o Ministério Público, a faculdade driblava o Revalida, prova aplicada pelo MEC para graduados em medicina fora do Brasil: ilegalmente, permitia que o aluno, normalmente brasileiros formados na Bolívia ou no Paraguai, cursasse o internato em Fernandópolis e em seguida obtivesse o diploma como se houvesse concluído o curso integralmente na Universidade Brasil. Tudo isso mediante a cobrança de uma taxa que variava de 80 mil a 120 mil reais.
Como consequência desse balcão de vagas, o curso inchou: embora fosse autorizado pelo MEC a abrir 205 vagas anuais, a faculdade chegou a manter 400 alunos por ano. “Agindo desta forma, os integrantes da organização criminosa transferiram boa parte do risco de inadimplência, que acompanhou a ilegal conduta de aumentar a oferta de vagas no curso de medicina, aos cofres públicos da União, que é quem patrocina o programa de financiamento estudantil”, afirma o MPF na denúncia. O prejuízo aos cofres públicos foi calculado pela PF em pelo menos 250 milhões de reais.
A investigação mostra que, em pouco tempo, o reitor da universidade, José Fernando Pinto da Costa, passou a ser procurado por pessoas influentes em busca de vagas no curso de medicina para os filhos, parentes ou conhecidos, entre eles os deputados Fausto Pinato (PP), federal, e Roque Barbiere (Avante), estadual. Em julho de 2019, um juiz de direito de São José do Rio Preto (SP), não nominado no inquérito da PF, procurou um dos diretores da Universidade Brasil, que também era escrevente no Tribunal de Justiça, em busca de “uma força” para inscrever a filha no Fies; em troca, o magistrado oferecia ajuda na transferência do servidor para outra comarca: “E aquela notícia que você tinha me dado? Tá em estudo ainda?”, pergunta o juiz, referindo-se ao ingresso no Fies. “Já passei diretamente pro mantenedor e expliquei a condição, tudo… eu creio que a gente vai conseguir uma ajuda, sim.”
Costa e outras dezenove pessoas foram presas pela PF em setembro de 2019 – atualmente, ele responde em liberdade à ação penal, acusado pelo MPF por organização criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato. As citações aos deputados Pinato e Barbiere e ao juiz foram remetidas, respectivamente, à Procuradoria-Geral da República, à Procuradoria da República da 3ª Região e à presidência do TJ paulista. Em novembro último, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes (sempre ele) concedeu liminar à defesa de Costa suspendendo o trâmite da ação penal em primeira instância, com o argumento de que foram citados no inquérito parlamentares com foro privilegiado. O caso ainda será julgado pelo plenário do STF.
Em nota, a defesa de Costa e da Universidade Brasil disse que as acusações são “falsas”. “As regras do Fies são rígidas, com controles rigorosos. Quem conhece o sistema sabe que não há possibilidade de ‘vendas’ de vagas com financiamento.” Também por meio de nota, a assessoria do deputado Pinato afirmou não haver elementos que apontem para a participação dele nos crimes investigados pela PF na Universidade Brasil. A assessoria do parlamentar Barbiere não se manifestou.
Nota do blog: Data e autoria da imagem não obtida.

Igreja de São Francisco de Paula, 21/03/1961, Centro, Rio de Janeiro, Brasil



Igreja de São Francisco de Paula, 21/03/1961, Centro, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia

Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil


Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
N. 208
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Hambúrguer é a Carne Possível no Brasil Arruinado - Marcos Nogueira

Hambúrguer é a Carne Possível no Brasil Arruinado - Marcos Nogueira
Artigo


Dia 28/05 foi o Dia do Hambúrguer. Coisa de americano.
Aqui a data foi incorporada pelas empresas ávidas por um factoide que venda mais hambúrguer, bacon, ketchup e o escambau a quatro. De uns anos para cá, qualquer dia é dia de algum produto. Tem dia do malbec, do café, da pizza, da cerveja assim ou assada, do chocolate e, se vacilar, até dia da barca de açaí com granola.
Quanto ao hambúrguer, está evidente que sua popularidade aumentou muito no Brasil.
Uma pesquisa, divulgada pela agência FleishmanHillard, indica que a busca pela palavra “hambúrguer” no Google cresceu 900% nos últimos 15 anos. Ninguém precisa de pesquisa para perceber a multiplicação das hamburguerias nesse intervalo de tempo.
O hambúrguer ganhou todo esse espaço porque nós ficamos mais pobres – nesse contexto de pindaíba e ruína, o hambúrguer é a carne possível.
Nada contra: adoro hambúrguer. Aliás, ontem almocei e jantei hambúrguer, graças à minha network de assessores de imprensa.
Ocorre que hambúrguer é relativamente barato. É a opção menos sofrida para o brasileiro que ainda pode comprar carne – cujo consumo caiu ao menor nível dos últimos 25 anos.
O hambúrguer custa menos porque é feito com aparas, com o descarte do acabamento das peças que são vendidas inteiras no açougue.
Faz parte do ofício do açougueiro “limpar” a carne para vendê-la em pedaços uniformes. No processo de lapidação do bife, muito músculo e muita gordura são removidos do corte principal. Essas aparas viram picadinho ou carne moída. E hambúrguer é nada mais do que carne moída.
Não importa se o sujeito rotula o hambúrguer de gourmet, se diz que é picanha, se faz marketing do “blend secreto da casa”. É tudo apara.
Só as pessoas físicas mandam moer patinho para rechear pastel. O açougueiro e o cara do frigorífico recolhem sobras e montam o hambúrguer com a proporção certa de carne e gordura.
O uso das aparas é bom para tudo, menos para o marketing do “blend”. Moída, qualquer carne é macia. O uso das rebarbas evita o desperdício e diminui o preço do hambúrguer.
O dono da hamburgueria pode enfiar uma margem maior de lucro no cardápio, sem que a cifra assuste o cliente; o cliente come carne saborosa, sem gastar os tubos numa picanha ou num bife ancho.
Em março de 2018, eu escrevi um post de blog intitulado “Fim da crise vai matar a modinha do hambúrguer gourmet” – dizia que, quando o poder de compra se recuperasse, a população iria buscar outras comidas. Ainda não dá para saber se o vaticínio foi certeiro, pois a crise só se agravou.
Enquanto rolamos pirambeira abaixo, cada vez mais trocamos o filé pelo hambúrguer. Que está cada vez mais fininho, diga-se. Para manter o preço, têm-se apostado em mais pão e menos carne. Já teve o smash, depois veio o ultra smash, logo chegará o hambúrguer achatado no rolo compressor.
E assim o Brasil caminha para ser vegetariano – só que pelo pior motivo possível, a pobreza.
Nota do blog: É a realidade atual do Brasil, carne virou artigo de luxo...

terça-feira, 15 de junho de 2021

Escândalo Internacional da Nestlé Expõe a Desfaçatez da Indústria de Alimentos - Marcos Nogueira


 

Escândalo Internacional da Nestlé Expõe a Desfaçatez da Indústria de Alimentos - Marcos Nogueira
Artigo

Fez algum barulho –embora menos do que deveria, devido ao caos pandêmico-político– a divulgação de documentos internos da Nestlé que vazaram para o jornal britânico Financial Times. Neles, os executivos do conglomerado admitem que 63% dos portfólio de alimentos e bebidas Nestlé não são saudáveis.
São chocolates e achocolatados, biscoitos, doces, refrigerantes, pratos prontos, sorvetes e todas as categorias de alimentos ultraprocessados – produtos industriais em que nenhum ingrediente in natura prevalece, com o uso de substâncias químicas alheias ao receituário das cozinhas domésticas.
Não há surpresa alguma quanto ao conteúdo exposto. O espanto vem da revelação da desfaçatez dos funcionários da corporação: eles sabem que vendem alimentos sem valor nutritivo, mas mantêm o discurso de que a adição de vitaminas e quetais faz bem ao consumidor (crianças, em muitos casos).
O exemplo mais gritante que a reportagem exibe é o Nesquik de morango – um pó para ser misturado ao leite, de óbvio apelo infantil. Na versão inglesa do produto, 14 gramas de pó contêm 14 gramas de açúcar (corante e aromatizante aparecem em fração desprezível). O Nesquik brasileiro de morango, segundo tabela exibida na embalagem, oferece 11 gramas de açúcar em 14 gramas, algo como 79% da massa total.
Segundo os documentos internos, 99% dos doces da Nestlé e 96% das bebidas (exceto o café puro, categoria à parte) não podem ser considerados saudáveis.
Nem a água embalada pela corporação atinge 100% de salubilidade – 18% dos produtos, provavelmente as bebidas saborizadas, tomaram bomba no teste da saúde.
Em defesa própria, a Nestlé publicou nota com a seguinte declaração: “Acreditamos que uma dieta saudável significa encontrar um equilíbrio entre bem-estar e prazer. Isso inclui ter algum espaço para alimentos indulgentes, consumidos com moderação. Nossa rota de viagem não mudou, e é clara: continuaremos tornando nosso portfólio mais saboroso e saudável”.
A empresa, de origem suíça, tem faturamento global anual equivalente a R$ 533,38 bilhões.
Abaixo o artigo original publicado no jornal Financial Times (traduzido):
A maior companhia mundial de alimentos, Nestlé, admitiu que mais de 60% de seus principais produtos de alimentos e bebidas não cumprem uma "definição reconhecida de saúde" e que "algumas das categorias e produtos nunca serão 'saudáveis', por mais que renovemos".
Uma apresentação que circulou entre altos executivos neste ano, vista pelo jornal Financial Times, diz que apenas 37% dos alimentos e bebidas da Nestlé por receitas, excluindo produtos como comida para pets e nutrição médica especializada, alcançam uma classificação acima de 3,5 pelo sistema de estrelas de saúde da Austrália.
O sistema dá notas aos alimentos até cinco estrelas e é usado em pesquisas por grupos internacionais como a Fundação Acesso à Nutrição. A Nestlé, fabricante de KitKat e do Nescafé, descreve a barreira de 3,5 estrelas como uma "definição reconhecida de saúde".
Em seu portfólio total de alimentos e bebidas, cerca de 70% dos produtos Nestlé não alcançam essa barreira, disse a apresentação, juntamente com 96% das bebidas —excluindo o café puro— e 99% do portfólio de doces e sorvetes da empresa.
Água e laticínios se saíram melhor, com 82% das águas e 60% dos laticínios alcançando a barreira.
"Fizemos melhoras significativas em nossos produtos, [mas] nosso portfólio ainda fica abaixo das definições externas de saúde, em uma paisagem onde a pressão regulatória e as exigências dos consumidores estão disparando", disse a apresentação.
Os dados excluem comida para bebês e para animais de estimação, café e a divisão de ciência da saúde, que faz alimentos para pessoas com condições médicas específicas. Isso significa que os dados representam cerca da metade das receitas anuais totais da Nestlé, de 92,6 bilhões de francos suíços (R$ 533,38 bilhões).
As conclusões surgem quando fabricantes de alimentos enfrentam um movimento global de combate à obesidade e promoção da alimentação mais saudável. Executivos da Nestlé estão considerando quais novos compromissos podem assumir sobre nutrição e visam revelar planos neste ano.
O grupo também está atualizando seus padrões internos de nutrição, conhecidos como Fundação Nutricional Nestlé, que foram adotados sob o ex-executivo-chefe Peter Brabeck-Letmathe, que caracterizou a Nestlé como uma "companhia de nutrição, saúde e bem-estar".
Uma opção poderia ser abandonar ou substituir esses padrões para produtos considerados ameaças, como balas e doces, segundo uma pessoa inteirada da situação.
Mark Schneider, o atual executivo-chefe, admitiu que os consumidores querem uma dieta mais saudável, mas recusou alegações de que alimentos processados, incluindo os feitos pela Nestlé e outras empresas multinacionais, tendem a ser ruins.
No entanto, a apresentação destaca produtos da companhia como a pizza de croissant e três carnes DiGiorno, que contém cerca de 40% da dose diária recomendada de sódio para uma pessoa, e uma pizza de salame Hot Pocket que contém 48%.
Outro produto, uma bebida San Pellegrino com sabor laranja, teve nota "E", a pior existente em outro sistema de classificação, o Nutri-Score, com mais de 7,1 gramas de açúcar por 100 ml, diz a apresentação, perguntando: "Uma marca saudável deve ter nota E?"
Separadamente, o Nesquick sabor morango da Nestlé contém 14g de açúcar em uma porção de 14g, juntamente com pequenas quantidades de corante e essência, embora seja destinado a misturar com leite. É descrito como "perfeito no café da manhã para preparar as crianças para o dia".
A Nestlé disse que "está trabalhando em um projeto de toda a empresa para atualizar sua estratégia pioneira de nutrição e saúde". "Estamos examinando todo o nosso portfólio nas diferentes fases da vida das pessoas para garantir que nossos produtos as ajudem a alcançar suas necessidades nutricionais e apoiar uma dieta equilibrada."
"Nossos esforços se baseiam em um forte alicerce de trabalho ao longo de décadas... Por exemplo, reduzimos o açúcar e o sódio em nossos produtos de modo significativo nas últimas duas décadas, cerca de 14%, 15% só nos últimos sete anos."
Marion Nestle (nenhuma relação com a empresa), professora emérita de ciências nutricionais na Universidade de Nova York e professora visitante na Universidade Cornell, disse que a Nestlé e suas rivais terão dificuldade para tornar seus portfólios mais saudáveis em geral.
"O trabalho das companhias de alimentos é gerar dinheiro para os acionistas, de forma rápida e na maior quantidade possível. Elas vão vender produtos que alcancem um público maciço e sejam comprados pelo maior número de pessoas possível, que as pessoas queiram comprar, e isso é junk food", disse ela.
"A Nestlé é uma companhia muito inteligente, pelo menos segundo meus encontros com pessoas de seus departamentos de ciência, mas eles têm um problema real. Cientistas trabalham há anos para tentar descobrir como reduzir o conteúdo de sal e açúcar sem mudar o perfil de sabor, e isso é difícil."
Alguns produtos considerados saudáveis, como carne alternativa à base de vegetais, são áreas de forte crescimento para os fabricantes de alimentos. A Nestlé vendeu parte de suas divisões que produziam produtos menos saudáveis, como a participação de 60% na fábrica de embutidos Herta em 2019.
A Nestlé se classificou no topo entre os grandes fabricantes mundiais de alimentos e bebidas em um índice de 2018 de iniciativas de incentivo a melhores dietas, compilado pela Fundação Acesso à Nutrição, mas a fundação advertiu que "todas as empresas precisam fazer muito mais".
A empresa disse: "Nos últimos anos, lançamos milhares de produtos para crianças e famílias que cumprem os padrões externos de nutrição. Também distribuímos bilhões de doses de micronutrientes através de nossos produtos acessíveis e nutritivos".
E acrescentou: "Acreditamos que uma dieta saudável significa encontrar um equilíbrio entre bem-estar e prazer. Isso inclui ter algum espaço para alimentos indulgentes, consumidos com moderação. Nossa rota de viagem não mudou, e é clara: continuaremos tornando nosso portfólio mais saboroso e saudável".

Moedor de Café Peugeot-Frères Brevetes, Número 2, Século XIX, França



Moedor de Café Peugeot-Frères Brevetes, Número 2, Século XIX, França
Objeto


Base e gaveta em Pinho de Riga. Med. 43x42x23 cm.
Em 1810 os irmãos J. Pierre II e J. Frederique fundaram a Peugeot-Frères e começaram a produzir serras, molas, quadros de guarda-chuvas e moedores de pimenta e café. Passaram a produzir veículos no final dos anos 1800. Moedor proveniente de leilão de objetos da Fazenda São Geraldo (Trajano de Moraes / RJ).

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Paróquia de Santo Antônio da Barra Funda, 1953, São Paulo, Brasil





Paróquia de Santo Antônio da Barra Funda, 1953, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
Fotografia

A Paróquia de Santo Antônio da Barra Funda completou em 2021, seus 107 anos de existência. Até então era apenas uma capela ligada à Paróquia de Santa Cecília. No dia 2 de abril de 1914, Dom Duarte Leopoldo e Silva, então Arcebispo de São Paulo, criou a Paróquia da Barra Funda tendo Santo Antônio como padroeiro. No dia seguinte foi nomeado o primeiro pároco, o Padre José Mário Fernandes.
Em 3 de maio de 1953 foi nomeado pároco, o Padre Vicente Miguel Marino que a dirigiu durante 4 décadas. Foi um verdadeiro pastor que cativou a comunidade por seu zelo e pelo testemunho de vida. Conseguiu construir perto da Igreja um prédio de 6 andares onde funcionou um Centro Social. Achando que a igreja de então se tornara muito pequena, Padre Vicente a demoliu. Em sua homenagem, nomeia a rua onde está situada.
Em 20 de julho de 1972, iniciou-se a construção da atual Igreja, completamente diferente da antiga, inaugurada em 22/3/1980 com missa celebrada pelo Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo. Localizada na Rua Cônego Vicente Miguel Marino, esquina com Rua Anhanguera, promove hoje dia 13, a tradicional festa de seu padroeiro.







Centro Industrial Jaguaré, São Paulo, Brasil


Centro Industrial Jaguaré, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
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