sábado, 12 de fevereiro de 2022

Sotaques do Brasil: Como a Geografia Molda Nosso Jeito de Falar - Artigo

 















Sotaques do Brasil: Como a Geografia Molda Nosso Jeito de Falar - Artigo
Artigo

O Brasil é um país continental formado por gente de tudo que é continente: nativos indoamericanos, escravos africanos, imigrantes europeus. Essa variedade étnica moldou nossa história, e nosso jeito de contá-la. O idioma luso se transformou conforme os povos se misturavam ou se isolavam ao ocupar o território. Novas palavras e fonemas, ritmos mais ou menos cadenciados, originaram verdadeiros dialetos. O português que falamos hoje é o resultado (sempre inacabado) do que foi preservado boca a boca e nos registros de quem detinha o poder, e do que era mais conveniente pronunciar.
Nossos sotaques intrigam os linguistas desde o princípio, em que o verbo estava com Cabral. Para mapeá-los, dezenas deles trabalharam quase duas décadas na criação do Atlas Linguístico do Brasil – obra na qual a SUPER mergulhou para contar a história desses sotaques. Todos dizendo a mesma coisa, mas com um jeitinho brasileiro diferente – como você acompanha a seguir.
Em 1576, Pero de Magalhães Gândavo enviou uma carta para Portugal narrando como os habitantes da então Terra de Santa Cruz se comunicavam: “A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras”… “não se acha nela F, nem L, nem R”… “porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei”. O que o cronista não sabia era que, séculos depois, os indígenas seriam obrigados a aprender essas três letras e inventariam uma pronúncia do R exclusiva entre os falantes de português.
Quando os portugueses aqui chegaram, havia mais de 1.200 idiomas indígenas. Esse encontro boca a boca entre os lusos e os nativos deixou marcas. A dificuldade dos índios para pronunciar o R dos colonizadores deu origem ao que chamamos de R caipira (ou “retroflexo”, para os linguistas). A pronúncia de porrrta, porrrteira, não existe em Portugal. É uma jabuticaba linguística cultivada no interior de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina – Estados que fizeram parrrte do perrrcurrrso dos bandeirantes paulistas.
A fala brasileira preserva sinais desse choque de cultura. Até hoje, há quem troque o L pelo R, como em farta (falta), frecha (flecha) e firme (filme). E isso é coisa antiga: em 1807, o soldado Manoel Coelho seduziu a filha de um fazendeiro, que o obrigou a se casar. Coelho escreveu em uma carta que não casaria “nem por bem nem por mar”.
Esse uso do R gerava, e ainda gera, discriminação. Em 1823, numa discussão parlamentar sobre onde seria construída a primeira faculdade do Brasil – a de Direito do Largo São Francisco –, alguns políticos, como o deputado baiano José da Silva Lisboa, queriam vetar São Paulo por causa da forrrma de falarrr: “Nas províncias há dialetos com seus particulares defeitos, é reconhecido que o de São Paulo é o mais notável”, discursou.
Quando a capital paulista abriu as porrrtas para os imigrantes, a pronúncia começou a mudar. Entre o fim do século 19 e o início do século 20, mais de 1,5 milhão de italianos chegaram em Sampa, nada entenderam da dura poesia concreta, mas construíram o sotaque paulistano. Porrrta virou algo como “porita” com um R seco, que faz a língua vibrar atrás dos dentes e, em casos exagerados, até os multiplica. Carro pode virar caRRRo, se o falante for da Mooca, do Brás ou do Bixiga, bairros paulistanos de forte influência italiana. Gaúchos e moradores de regiões paranaenses e catarinenses colonizadas por italianos também falam esse R vibrante.
Não muito longe da Pauliceia, outro jeitinho brasileiro de usar o R teve vida mais fácil para se legitimar. Em 1808, o Rio de Janeiro tinha 23 mil habitantes. Quando Dom João 6º desembarcou por lá, trouxe uma tripulação de 15 mil patrícios que definiram o sotaque local. À época, era moda na corte portuguesa pronunciar o R como se saísse do fundo da garganta, à la française, como em roquêfoRRRt e PáRRRi. Percebendo como a nobreza ostentava a consoante, a elite carioca imitou. Foi assim, na contramão do R caipira e 100% brasileiro, que os habitués das oRRRlas mais famosas do Brasil escolheram o R importado da França pelos portugueses.
AntIsh da coRRRte sair do caish de Lishboa, o Rio de Janeiro não era sinônimo de chiado. Assim como aconteceu com a pronúncia do R, a comitiva que veio com a Coroa portuguesa alastrou o S com som de SH que, em contato com os inúmeros dialetos africanos dos escravos, ganhou ainda mais força. Existem registros que comprovam que o português culto dos séculos 16 e 17 já reproduzia o fonema dessa forma. Hoje, o Rio é onde mais se chia no Brasil: 97% dos cariocas chiam no meio das palavras e 94%, no final. Faça o teste: peça para um carioca falar “esqueci o isqueiro na esquina da escola”.
Belém do Pará ocupa o segundo lugar no ranking e Florianópolis fica em terceiro. A distância entre as cidades que estão no pódio dos chiadores prova que a formação histórico-cultural é mais importante para definir a variação dos sotaques do que a localização geográfica. Colonizadas depois do Nordeste e do Sudeste do País, as regiões Norte e Sul receberam, a partir do século 17, imigrantes da Ilha dos Açores e da Ilha da Madeira, onde é comum que o S assuma o som de SH. Em 1929, 15,6 mil portugueses viviam no Pará, a quarta maior população portuguesa do Brasil à época. “Se quesh quesh, se não quesh dish” é um famoso bordão de Florianópolis. Se um belenense visitar a capital catarinense, é mais provável que ele entenda que a frase significa “se queres queres, se não queres diz” do que um vizinho estadual, gaúcho ou paranaense, sem o chiado no repertório.
Outras cidades, entretanto, também receberam levas de açorianos e madeirenses sem que eles impusessem o S chiado – Porto Alegre foi uma delas. Elisa Battisti, do Instituto de Letras da UFRGS, explica que a posição geográfica e o tamanho da população de Florianópolis e Belém foram propícios para perpetuar a forma de falar dosh portuguesesh ilhéush. “Quando os açorianos chegaram a Florianópolis, o número de habitantes era pequeno, e houve um isolamento geográfico importante até o século 20. Já Porto Alegre era mais populosa, misturava indígenas, portugueses, espanhóis e, depois, recebeu alemães e italianos. Esses contatos todos foram dando corpo ao sotaque portoalegrense, sem chiamento.”
Enquanto alguns ficaram ilhados no próprio sotaque, outros precisaram aprender a se comunicar com diferentes povos. Lar de indígenas, garimpeiros portugueses, escravos e outras pessoas que iam e vinham na rota dos tropeiros, Curitiba transformou-se em um intenso polo de atração de imigrantes a partir do século 19 – sobretudo italianos, ucranianos e poloneses.
A falta de vogais nos idiomas destes dois últimos povos acabou estimulando uma pronúncia mais pausada de letras como o “E” para que entendessem e se fizessem entender. O folclórico “leitE quentE” curitibano surgiu assim.
Variações nas pronúncias de vogais após T e D, aliás, também contribuem para a diversidade do português brasileiro: em Pernambuco, na Paraíba e no Rio Grande do Norte, a língua vai atrás dos dentes para falar o T e o D – assim, o djia vira Día e tchio, Tío.
O idioma que os portugueses trouxeram para o Brasil a partir do século 16 é muito distinto do que se fala além-mar hoje. Após mais de 500 anos de história, de imigrações, de mistura e de isolamento étnico-cultural, pouco restou do português lusitano arcaico.
No entanto, alguns lugares preservaram traços do sotaque de Cabral. Em Cuiabá e em outras cidades do interior do Mato Grosso, não é incomum ouvir os moradores falando de um djeito DíferentE. Os lusos que exploraram a região no século 17 em busca de ouro vinham do norte de Portugal e inseriam T antes do CH e D antes do J. E até hodje os cuiabanos tchamam feijão de fedjão.
Usar vogais abertas ou fechadas é uma diferença fonética marcante entre quem vive mais ao Norte e mais ao Sul do Brasil. A explicação do fenômeno divide opiniões. Alguns pesquisadores defendem que as vogais fechadas são herança natural de quando o português ainda estava se ramificando do latim. Então, as vogais fechadas faladas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste remeteriam ao jeito mais antigo de falar português. Outros linguistas jogam as vogais abertas do Nordeste e do Norte na conta da chegada dos portugueses ao Brasil: a fala lusa nos séculos 16 e 17 era cheia de “és” e “ós”. Na maior parte do Nordeste, a sonoridade pegou, e jamais largou.
Outras marcas de sotaque envolvendo vogais vieram da África, junto com os 800 mil escravos que aportaram no Brasil até o século 17. A chegada desses imigrantes involuntários espalhou palavras africanas pelo País e influenciou nossa maneira de falar o vocabulário que já existia aqui. Comer o R no final das palavras (Salvadô, amô, calô) e a supressão de vogais em ditongos (lavôra, chêro, bêjo, pôco), por exemplo, aparecem frequentemente em dialetos africanos.
A falta de plurais, o uso do gerúndio sem falar o D (andano, fazeno), a ligação de fonemas em som de z (ozóio, foi simbora) e a simplificação da terceira pessoa do plural (disséro, cantaro) também são heranças africanas. Em algumas delas, inclusive, os linguistas cogitam que se espalharam com força simplesmente por serem mais fáceis de falar.
As influências históricas dizem muito sobre a formação de nossos sotaques, mas não explicam tudo. Algumas pronúncias variam de acordo com o nível de escolaridade, a classe social e até a velocidade da fala. Acrescentar vogais como em arroiz, trêis, nóis, é um exemplo de fenômeno sem origem histórica bem definida.
A ditongação, que é como os linguistas denominam esse processo, evoluiu ao longo de gerações e se espalhou pelo Brasil poupando algumas regiões de Minas Gerais e do Sul. Daí veio, aliás, o costume de dizermos “meia” em ve(i)z de seis: não confundi-lo com trê(i)s. Carregar um sotaque também é assim: viver trocando seis por meia dúzia. No fundo, não existe português “certo” ou “errado” nessa história. As línguas são como as formas de vida: evoluem. E os sotaques acompanham essa eterna mutação.

Vista Panorâmica da Entrada da Baía, Rio de Janeiro, Brasil


 

Vista Panorâmica da Entrada da Baía, Rio de Janeiro, Brasil 
Rio de Janeiro - RJ
Fotografia - Cartão Postal

Quarteirão Paulista III, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil


 


Quarteirão Paulista III, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
Ribeirão Preto - SP
Preising
Fotografia - Cartão Postal

Moinho Santista, Santos, São Paulo, Brasil


Moinho Santista, Santos, São Paulo, Brasil
Santos - SP
Fotografia - Cartão Postal
 

Por Que o São Paulo Lança Uniformes Parecidos Todos os Anos? - Artigo


 

Por Que o São Paulo Lança Uniformes Parecidos Todos os Anos? - Artigo
Artigo


O São Paulo apresentou, ontem (11), seu novo uniforme principal para a temporada. Apesar de detalhes novos que remetem aos títulos de 1992, a camisa manteve o padrão das temporadas anteriores. Mais que um respeito às tradições do clube, a padronizado é algo previsto desde os primeiros estatutos da história são-paulina.
Primeiro, é importante explicar a origem do uniforme tricolor. As listras são uma simbologia da união que resultou na criação do São Paulo em 1930. A cor vermelha remete ao Club Athletico Paulistano, que encerrou as atividades no futebol um ano antes, enquanto a preta representa a Associação Atlética das Palmeiras, fechada em 1928.
A junção dos integrantes das duas agremiações resultou no primeiro São Paulo, em 25 de janeiro de 1930, que se manteve ativo até maio de 1935 - o clube seria reorganizado apenas em 16 de dezembro daquele ano. Informalmente, esse período da história tricolor é conhecido como São Paulo da Floresta. Desde 2017, no entanto, o clube considera sua história iniciada em 1930, na junção dos feitos do São Paulo da Floresta e do São Paulo atual.
O uniforme clássico do São Paulo foi criado um mês depois da fundação do clube e de seu primeiro estatuto e estreou em março daquele mesmo ano. No primeiro documento, a única referência a algum tipo de padronização aparecia no artigo 47: "a denominação do clube e as suas cores, preto, vermelho e branco, e seu emblema são imutáveis".
Com o passar do tempo, a padronização do uniforme passou a constar no estatuto, e se mantém até os dias atuais. Tanto a camisa número 1 quanto a 2, lançada em 1932, precisam seguir diretrizes específicas.
"O de número 1 será composto por camisas brancas, tendo à altura do peito 3 (três) faixas horizontais, vermelha, branca e preta, nessa ordem, cobertas inteiramente pelo Emblema. As faixas vermelhas e pretas com 5 (cinco) centímetros de largura e a branca com 2,5 centímetros. O Uniforme número 1 será composto também por shorts brancos e meias brancas. Em caso de impossibilidade determinada pela entidade organizadora do jogo, deverão ser utilizados os shorts e meias pretos. Apenas na impossibilidade de utilização das cores preferenciais por determinação da entidade organizadora do jogo, serão utilizados shorts e meias vermelhos", explica o primeiro parágrafo do artigo 157 do atual estatuto.
Sobre o uniforme de visitante, as recomendações são essas: "O de número 2 será composto por camisas com faixas verticais vermelhas, brancas e pretas alternadas, nessa ordem, e na altura do coração o Emblema. A largura das faixas vermelhas e pretas é de 4,5 centímetros, e a branca de 1,5 centímetro. O Uniforme número 2 será composto também por shorts pretos e meias pretas. Em caso de impossibilidade determinada pela entidade organizadora do jogo, deverão ser utilizados os shorts e meias brancos. Apenas na impossibilidade de utilização das cores preferenciais por determinação da entidade organizadora do jogo, serão utilizados shorts e meias vermelhos".
Apenas o uniforme 3 pode ser feito sem padronização pela diretoria que estiver no comando do São Paulo. A única exigência é que a peça represente algum momento importante da história tricolor.
O atual uniforme principal são-paulino trouxe algumas diferenças em relação ao utilizado em 2021. As listras da Adidas no ombro, que antes eram vermelhas, agora são pretas. Na gola, detalhes tricolores homenageiam os títulos da Libertadores e do Mundial de 1992.
As conquistas ainda são representadas nas listras horizontais com um grafismo especial com os países sul-americanos desmembrados. A camisa ainda conta com um badge especial do lado inferior direito com o número 92.

Avenida das Palmeiras, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, Brasil






Avenida das Palmeiras, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro - RJ
N. 105
Fotografia - Cartão Postal

Cartão Postal de Propaganda "Hotel Central", Recife, Pernambuco, Brasil


 

Cartão Postal de Propaganda "Hotel Central", Recife, Pernambuco, Brasil
Recife - PE
Fotografia - Cartão Postal

As Tentativas do São Paulo Futebol Clube de Ter seu Próprio Estádio até a Construção do Morumbi - Artigo

 


As Tentativas do São Paulo Futebol Clube de Ter seu Próprio Estádio até a Construção do Morumbi - Artigo
Artigo


O São Paulo Futebol Clube nasceu em 1930 da fusão de dissidentes da seção de futebol do C.A. Paulistano com a A.A. das Palmeiras. Com isso o Tricolor, desde os primeiros dias de existência, contava com craques e um bom campo de jogo: a Chácara da Floresta.
O estádio, reformado pelo São Paulo ainda naqueles primeiros dias, era, contudo, bem mais antigo. O campo foi inaugurado pela A.A. das Palmeiras em 27 de janeiro de 1904 (e melhorado, com a ajuda do C.A. Paulistano – que cedeu arquibancadas do antigo Velódromo, em 1916)
Reinaugurada pelo Tricolor com a realização do Torneio Início de 1930 (9 de março), a Chácara da Floresta foi a casa são-paulina até 14 de maio de 1935 (em verdade, por decisões judiciais, até agosto daquele ano).
Contudo, algo pouco lembrado é que o Tricolor cogitou também assumir a construção do Estádio do Pacaembu, ainda no primeiro ano de existência do clube.
Após a fusão com o C.R. Tietê, contudo, e o surgimento das dissidências do C.A. Estudantes de São Paulo e do E.C. Independente, o Grêmio Tricolor e o C.A. São Paulo mantiveram vivas as glórias e tradições do clube, que foi definitivamente reestruturado em 16 de dezembro de 1935.
Nos primeiros momentos dessa nova fase, o São Paulo não possuía posse alguma. Foi reconstruído totalmente do zero. Tinha somente o amor dos torcedores e associados. Ainda assim, tentou através de negociações e fusões com o C.A. Paulista adquirir o direito de uso do Estádio da Rua da Mooca, de propriedade da Cia. Antárctica Paulista. A primeira tentativa se deu ainda no final de 1935, até início de 1936. A segunda, em dezembro de 1936, cogitou até mesmo a mudança do nome do time para São Paulo Olympico Clube. Novamente não deu certo.
Em setembro de 1937, o Tricolor chegou a formar uma comissão pró-estádio, que bateu de porta em porta de figuras influentes – até mesmo na Prefeitura – tentando negociar e obter um terreno para construir seu estádio. O poder público não se interessou e nada fez.
A janeiro de 1938, a Comissão estava com avançadas negociações com áreas particulares no Bom Retiro e na Água Branca – infelizmente os locais exatos não ficaram registrados nos documentos disponíveis.
Contudo, tais empreendimentos foram deixados de lado com troca de diretoria e com o surgimento de uma oportunidade que há muito o clube desejava. O C.A. Estudantes Paulista (agremiação fruto da fusão do C.A. Estudantes de S. Paulo e do C.A. Paulista), que detinha o uso do estádio da Rua da Mooca, estava mal das pernas e uma união com esse time resolveria a questão.
Assim, em 12 de setembro de 1938 foi oficializada a fusão e, a partir dessa data, a Rua da Mooca passou a ser o campo oficial do Tricolor. Mas o estádio pelo qual o São Paulo passou anos lutando para obter em pouco tempo ficou obsoleto e com alto custo de manutenção.
A solução provisória encontrada para o fato foi o acordo de 28 de maio de 1940 com a Prefeitura para o uso preferencial do Estádio do Pacaembu, recém-inaugurado. Essa medida, que apenas priorizava datas para jogos do Tricolor, praticamente tornou o Municipal – que ainda não se chamava Paulo Machado de Carvalho – a casa são-paulina no início dos anos 40.
Antevendo, contudo, que o Pacaembu seria pequeno para os anseios de glórias e para a crescente torcida tricolor, o São Paulo não se contentou com esse acordo.
Em 4 de maio de 1942, aprovando proposta de fusão ofertada pela Associação Alemã de Esportes, que alugava da família Vanucci um terreno no Canindé, o Tricolor mudou de ares. Primeiramente como locatário, depois como proprietário (29 de janeiro de 1944, ao custo de Cr$ 740.000,00), o São Paulo tentou construir ali, nas margens do rio Tietê, a sua morada. Foi o primeiro terreno efetivamente do clube.
Contudo, a área tinha problemas. Era pequena para as pretensões são-paulinas. E pior, existiam projetos de retificação do Tietê que acabariam por diminuir ainda mais o espaço ali disponível.
Uma ala dos dirigentes tricolores defendia, em 1943, antes mesmo que o São Paulo efetuasse a compra do Canindé, que o clube erguesse o estádio em outra área. Esteve em processo adiantado a aquisição de um terreno no bairro de Sumaré. Até mesmo planta baixa do local foi divulgada pela imprensa.
Contudo, esse projeto não vingou e o clube permaneceu mesmo no Canindé, embora impaciente, inquieto e ávido por encontrar o espaço certo para se estabelecer definitivamente.
Em março de 1948, com o avançar dos trabalhos de retificação do rio Tietê, surgiram propostas para aquisição ou permuta de terrenos. Desta maneira, o Tricolor chegou a propor à Prefeitura a troca da área do Canindé por um descampado alagadiço ao lado do Parque Ibirapuera.
Com o descarte da ideia pelo poder público, o São Paulo voltou os olhos para terrenos da Light às margens do Rio Pinheiros. Após análises, contatou-se que a área era pequena (45 mil metros quadrados). A solução só veio no início de 1952, quando dirigentes tricolores foram apresentados à Imobiliária Aricanduva, que detinha um grande lote de terras na então subprefeitura de Ibirapuera, no que hoje é o bairro do Morumbi.
Após oito meses de negociações, também junto à prefeitura, para alteração do projeto original de loteamento, o São Paulo adquiriu no dia 4 de agosto de 1952, via doação da Aricanduva, a primeira parte do terreno onde ergueu, nos 18 anos seguintes, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo.

Instalação dos Refletores no Estádio da Chácara da Floresta / Primeiro Estádio e Sede do São Paulo Futebol Clube, São Paulo, Brasil



Instalação dos Refletores no Estádio da Chácara da Floresta / Primeiro Estádio e Sede do São Paulo Futebol Clube, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
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Sede do São Paulo Futebol Clube, Canindé, São Paulo, Brasil


 

Sede do São Paulo Futebol Clube, Canindé, São Paulo, Brasil
São Paulo - SP
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