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quinta-feira, 2 de novembro de 2023
Paróquia Santa Ângela, Jardim Irajá, Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil
quarta-feira, 1 de novembro de 2023
Fiat Spazio TR 1983, Brasil
Fiat Spazio TR 1983, Brasil
Fotografia
O Fiat 147 Rallye tem espaço garantido na história dos esportivos nacionais. Apresentado em 1979, ele era mais rápido que o Chevrolet Chevette GP e não fazia feio frente ao mítico VW Passat TS. As virtudes de sua relação peso/potência continuaram presentes no 147 Racing de 1982 e no Spazio TR (Turismo Racing), novidade do ano seguinte.
Mais requintado que o 147, o Spazio apresentava uma atualização de estilo inspirada no italiano Fiat 127, de 1982, com faróis retangulares, lanternas traseiras envolventes e uma grade com a nova identidade visual da marca, com cinco barras diagonais. Nas laterais foram adotados repetidores dos piscas e apliques em polipropileno, enquanto a tampa traseira recebia um vidro de maiores dimensões.
O apelo esportivo da versão TR era realçado por ponteira dupla de escapamento, faróis de longo alcance abaixo do para-choque dianteiro e aerofólios traseiros. Totalmente funcional, o aerofólio superior já estava presente no Fiat 147 Racing, diminuindo o arrasto aerodinâmico e favorecendo a velocidade máxima. O inferior era apenas decorativo, similar ao adotado pelo 127 Sport. Era oferecido em cinco cores: Vermelho Nearco e Preto Etna (sólidas), Cinza Argento, Verde Araruama e Cinza Basalto (metálicas).
As inovações não se limitavam ao estilo. Opcional, o câmbio manual de cinco marchas foi uma grata surpresa, com adoção de um novo mecanismo de acionamento da alavanca seletora que melhorou até o engate da marcha a ré. As relações de quarta e quinta marchas foram especialmente escalonadas para trabalhar com um diferencial mais longo, melhorando o desempenho e reduzindo o consumo.
O novo câmbio foi uma injeção de ânimo no motor de quatro cilindros de 1,3 litro desenvolvido por Aurelio Lampredi (engenheiro egresso da Ferrari). Com comando de válvulas no cabeçote, o propulsor era alimentado por carburador de corpo duplo e entregava 10,8 kgfm a 4.000 rpm e 72 cv a 5.800 rpm, sempre com uma agradável melodia e respostas imediatas acima das 2.500 rpm. Os 836 kg de peso do Fiat Spazio TR aceleravam de 0 a 100 km/h em 15,9 segundos, com velocidade máxima de 149,2 km/h.
Suas médias de consumo eram notáveis: 10,4 km/l na cidade e 16,3 km/l na estrada. O novo tanque de combustível de 53 litros (10 litros a mais que o anterior) garantia uma autonomia aproximada de 850 km, muito apreciada numa época em que havia racionamento e os postos permaneciam fechados nos finais de semana e em dias úteis após as 20 horas.
Difícil mesmo era controlar o pé direito: o ronco do motor e o comportamento dinâmico convidavam o motorista a acelerar, principalmente quando dirigia em estradas sinuosas. A boa distribuição de peso entre os eixos (aproximadamente 60% no eixo dianteiro e 40% no traseiro), as suspensões independentes nas quatro rodas e os freios eficientes garantiam uma tocada segura e previsível, mesmo com os estreitos pneus 145 SR montados em rodas de 13 polegadas.
A coluna de direção mais baixa melhorava a ergonomia do interior e a nova relação do mecanismo de pinhão e cremalheira tornava as manobras de estacionamento mais fáceis. O volante de quatro raios era o mesmo do 147 Racing e por trás dele estava o novo painel, com velocímetro, conta-giros, marcador do nível de combustível, voltímetro e manômetro de pressão do óleo. Os novos bancos dianteiros traziam encosto de cabeça integrados e melhor suporte lateral. Ponto negativo para os cintos de segurança, que deixaram de ser retráteis.
Em 1983, o Spazio TR estava praticamente sozinho no mercado: já não havia mais a concorrência de esportivos como Chevrolet Chevette S/R e VW Passat TS, recém-aposentados. Mas essa hegemonia durou pouco: em 1984, a Ford sacudiu o mercado com o moderno Escort XR3 e a Volkswagen reagiu com os possantes Passat GTS Pointer e Gol GT.
Para enfrentá-los o Spazio TR recebeu discretas alterações na decoração externa, com apliques plásticos nos para-lamas e molduras laterais maiores. Movidas a etanol, as últimas unidades eram alimentadas por um carburador de corpo simples: foi o pouco que a Fiat podia fazer até o encerramento da produção, antes da chegada do moderno Uno e de sua versão esportiva SX no segundo semestre de 1984.
Ficha Técnica Fiat Spazio TR 1983:
Potência: 72 cv a 5.800 rpm;
Torque: 10,8 kgfm a 4.000 rpm;
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira;
Carroceria: hatch, 3 portas, 5 lugares;
Dimensões: comprimento, 374 cm; largura, 154 cm; altura, 135 cm; entre-eixos, 222 cm; peso, 836 kg;
Pneus: 145 SR 13.
Alfa Romeo 155, 1996, Itália
Alfa Romeo 155 1996, Itália
Fotografia
Não é fácil definir o espírito de um Alfa Romeo. A mística do fabricante italiano envolve sensações como a sonoridade e a vibração de seus motores, a obediência quase telepática aos comandos do motorista e o equilíbrio sublime mesmo quando os pneus ultrapassam o limite da aderência. Qualidades e virtudes que nortearam o projeto do Alfa Romeo 155.
Adquirida pela Fiat em 1986, a Alfa recebeu recursos técnicos e financeiros de que precisava para continuar existindo. Para racionalizar a produção, os novos modelos seriam desenvolvidos a partir de projetos já criados pela casa de Turim: apresentado no Salão de Barcelona de 1992, o 155 foi baseado na plataforma do Fiat Tempra.
O 155 tinha personalidade própria, com linhas assinadas pelo projetista Ercole Spada no I.DE.A Institute. Seu estilo angular e repleto de vincos era marcado pelo capô baixo, linha de cintura alta, fazendo com que o 155 parecesse menor que seus 4,44 metros de comprimento. Seu coeficiente aerodinâmico (Cx) era de 0,30.
Igualmente retilíneo, o interior foi completamente desenhado pelo italiano Walter de Silva, que mais tarde assinaria as linhas dos Alfa 156, 166 e 147. O tradicional volante de três raios era mantido, bem como os bancos dianteiros com assentos fundos e apoios laterais pronunciados. O painel trazia velocímetro, conta-giros, nível de combustível, termômetro do líquido de arrefecimento, manômetro de pressão de óleo e termômetro de óleo.
Havia três motores. O tradicional Bialbero de quatro cilindros de alumínio contava com duas velas por cilindro (Twin Spark) e duas cilindradas: 1,8 litro (129 cv) e 2 litros (143 cv). O mais potente era o V6 Busso de 2,5 litros e 166 cv. Os sistemas de ignição e alimentação eram gerenciados por uma injeção Bosch Motronic M 1.7 e os motores Twin Spark contavam com variação no tempo de abertura das válvulas para melhorar as respostas em baixas rotações.
O problema foi convencer os alfistas sobre as virtudes da tração dianteira: o 155 veio com a missão quase impossível de suceder o Alfa Romeo 75, que além da tração traseira contava com uma distribuição de peso perfeita graças ao câmbio junto ao eixo traseiro. A mídia especializada não poupou críticas ao acerto macio das suspensões e à direção pouco comunicativa para o padrão da marca. Os freios eram sempre a disco nas quatro rodas.
Para deleite dos entusiastas, logo surgiu a versão Q4 (Quadrifoglio 4), equipada com tração integral e motor turbo de 2 litros e 16 válvulas com 190 cv, o mesmo conjunto mecânico do Lancia Delta Integrale. Precisava de apenas 7 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e chegava aos 225 km/h.
Em 1993, surge o Twin Spark de 1,7 litro e sem o variador de fase do comando de válvulas, com 116 cv. E dois motores movidos a diesel: um 1,9 litro de 90 cv e outro 2,5 litros de 125 cv, ambos sobrealimentados por turbocompressor.
Não fazia feio frente aos alemães Audi 80, BMW E36 e Mercedes-Benz W201. A equipe Alfa Corse ainda teve a ousadia de conquistar o Campeonato Alemão de Carros de Turismo (DTM)em 1993 com o 155 V6 TI, um monstro impulsionado por um V6 de 495 cv a 12.000 rpm. O sucesso nas pistas alavancou as vendas, fomentadas por inúmeras séries especiais do 155.
Em dezembro de 1994 entra em cena a segunda geração, com para-lamas abaulados para acomodar as bitolas mais largas. O motor Twin Spark de 2 litros passa a ser baseado no Fiat Pratola Serra, com bloco de ferro fundido, quatro válvulas por cilindro e duplo comando com acionamento por correia dentada, gerando 150 cv.
Em 1996, a família Twin Spark ganha mais duas versões de 1,6 litro (120 cv) e 1,8 litro (140 cv) e a caixa de direção passa a ter uma relação mais rápida. Em setembro de 1997, a Alfa Romeo apresenta o sucessor 156 no Salão de Frankfurt: a produção do 155 na fábrica de Pomigliano d’Arco foi encerrada em março de 1998, totalizando pouco mais de 195.000 unidades.
Inicialmente rejeitado pelos puristas, o 155 foi finalmente acolhido pelos entusiastas como o modelo de transição para a fase moderna da casa milanesa. Cada vez mais valorizado, ele ainda é um dos modelos mais acessíveis para quem deseja desfrutar as qualidades e virtudes de um autêntico Alfa Romeo.
Ficha Técnica Alfa Romeo 155 Elegant 1996:
Motor: transversal, 4 cilindros em linha, 1.970 cm3, por injeção eletrônica, 150 cv a 6.200 rpm, 18,9 kgfm a 5.000 rpm;
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira;
Carroceria: sedã, 4 portas, 5 lugares;
Dimensões: comprimento, 444 cm; largura, 173 cm; altura, 144 cm; entre-eixos, 254 cm; peso, 1.261 kg; pneus, 195/55 R15.
Ferrari Roma, Itália
Fotografia
Quando Ferrari, McLaren, Porsche classificam um carro como GT (Gran Turismo), querem dizer que aquele modelo é mais confortável, espaçoso e luxuoso que outros esportivos de suas linhas, mas sem abrir mão das características genéticas mais viscerais dessas marcas. A Ferrari Roma não foge à regra.
Eu já sabia disso quando a Ferrari convidou para dirigir a Roma, na Itália. Mas uma coisa é saber, a outra é provar o que isso significa na prática.
Saí da fábrica da Ferrari, em Maranello, pela famosa portaria da Via Abetone Inferiore, número 4, ao volante da Roma com o manettino (seletor de modos de condução) na posição Comfort. Há cinco opções: Wet, Comfort, Sport, Race, ESC-Off, do mais ao menos vigiado pelos controles eletrônicos. O Wet, feito para ser usado em pisos molhados ou com neve, é o mais restrito. O ESC-Off é o mais permissivo: conta apenas com o ABS como assistente. Os modos ajustam as respostas de direção, suspensão motor e transmissão.
Optei pelo Comfort, por dever do ofício, sabendo que seria por um tempo breve, apenas para saber como o carro se comportava nesse padrão, para poder comparar com os demais, mais divertidos.
O modo Comfort é o mais indicado para o uso diário, em pisos de boa aderência, proporcionando o máximo de conforto que, no caso da Roma, se traduz em um conjunto de suspensão eficiente, que faz o carro rodar com suavidade, direção leve e motor com acelerações progressivas mas graduais, como se o curso do pedal do acelerador fosse longo, ou seja: para arrancar é necessário pisar um pouco mais fundo. O som característico do V8 se manifesta como música ambiente, que pode facilmente ser abafado pelo sistema de áudio JBL Professional de 1.280 watts do carro.
Mesmo no modo Comfort, porém, constatei com satisfação que a Roma não disfarça tão bem o superesportivo que traz dentro de si. O sistema que denuncia isso com maior nitidez é o da direção que, apesar de leve, é rápido e preciso. O conjunto mais competente em parecer civilizado é o da suspensão. E essa habilidade se nota assim que se seleciona o modo Sport. Basta isso para que os amortecedores eletrônicos fiquem mais firmes. Mas ainda garantindo certa suavidade ao rodar no asfalto das ruas.
À medida que o motorista gira o manettino no sentido horário, a Ferrari vai deixando seu lado bem comportado para adotar uma postura mais rebelde. No modo Race, a Roma faz jus ao cavalinho rampante que traz na grade frontal e no centro do volante.
As respostas do motor passam a ser imediatas, as trocas de marchas acontecem de forma rápida e todos os demais sistemas contribuem para um comportamento dinâmico realmente esportivo. A suspensão firme reduz a quase zero as oscilações da carroceria. A direção fica firme e parece ainda mais precisa na orientação do chassi de alta rigidez que, por sua vez, obedece a todos os comandos sem hesitar.
O motorista sente confiança para acelerar e, ao se aproximar de uma curva, deixar para frear no último instante, para em seguida voltar a retomar velocidade. E, para completar, o ronco do motor que era discreto se faz presente com seu timbre típico – nessa hora, o melhor a fazer é desligar o sistema de som.
Escondida sob o design elegante da carroceria (e a eletrônica embarcada que a torna mais dócil), a Roma traz uma construção de carro de pista. O motor V8 3.8 32V, biturbo, com injeção direta, rende 620 cv entre 5.750 e 7.500 rpm e 77,5 kgfm entre 3.000 e 5.750 rpm. E está acoplado a um câmbio automatizado de oito marchas.
O chassi privilegia o equilíbrio dinâmico, com o motor instalado na posição central dianteira e a transmissão traseira, o que ajuda na divisão de peso na razão 50/50. Os pneus têm medidas 245/35 R20, na frente, e 285/35 R20, atrás. E os freios usam discos cerâmicos ventilados, tendo 390 mm de diâmetro e seis pistões, na dianteira, e 360 mm e quatro pistões, na traseira.
A suspensão é independente do tipo duplo A nos dois eixos. E até a carroceria tem atributos do mundo das competições, como a aerodinâmica trabalhada em túnel de vento e um aerofólio embutido na traseira, que se projeta acima de 80 km/h.
Segundo a fábrica, a Roma acelera de 0 a 100 km/h em 3,4 segundos e atinge a velociade máxima de 320 km/h.
Como convém a um GT, o projeto não se descuida do espaço a bordo. Como todo 2+2, a Roma não leva quatro passageiros, mas sua cabine é mais espaçosa que a de outra Ferrari como a 296 GTB ou mesmo a F8 Tributo, cuja posição de dirigir se aproxima à de um monoposto.
Há espaço para o motorista interagir com o passageiro ao lado e com o carro, durante um passeio. O painel de instrumentos tem o visual típico das Ferrari atuais, mas não há instrumentos físicos, e sim uma tela digital de 10,5”, que reproduz os mostradores, além de concentrar a maioria das informações.
O volante também tem raios revestidos de material que se parece com o da tela e reúne desde os tradicionais, como indicadores de direção, troca de marchas no modo manual, computador de bordo e o manettino, até um mouse para navegação entre os menus da tela e o botão de partida.
O acabamento é de primeira qualidade, com couro legítimo e fibra de carbono exposta. No console central existe um tablet de 16”, que permite acessar as funções de conforto, como ar-condicionado, e comodidade, como o sistema de navegação. O seletor do câmbio, também no console, reproduz o desenho das guias que existiam antigamente nos carros com câmbio manual.
Ao lado, o passageiro conta com uma tela de 8,4” exclusiva à sua frente por meio da qual tem acesso ao sistema de navegação, som e às informações de velocidade do carro.
Vendida na Itália ao preço básico de 200.936 euros, a Roma chega ao Brasil por cerca de R$ 3.500.000. Assim como toda Ferrari, porém, a GT pode receber diversos equipamentos e diferentes materiais de acabamento, para personalização, que elevam seu custo final.
Veredicto: Tem tudo que um GT deve ter, sem abrir mão do DNA da marca.
Ficha Técnica Ferrari Roma:
Motor: gas., diant. long. V8 32V, inj. direta, biturbo, 620 cv a 5.750 rpm, 77,5 kgfm a 3.000 rpm;
Câmbio: aut., DSG, 8 m., tração traseira;
Suspensão: duplo A;
Freios: disco cerâmico ventilado;
Direção: elétrica;
Rodas e pneus: 245/35 R20 (diant.) 285/35 R20 (tras.);
Dimensões: compr., 465,6 cm; largura, 197,4 cm; alt., 130,1 cm; entre-eixos, 267 cm; peso, 1.570 kg; porta-malas, 272 l;
Desempenho: 0 a 100 km/h, 3,4 s; vel. máx., 320 km/h.
Avenida do Cruzeiro / Atual Manoel Ribas, Mercês, Curitiba, Paraná, Brasil
Avenida do Cruzeiro / Atual Manoel Ribas, Mercês, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Fotografia
"Vamos focalizar a antiga avenida do Cruzeiro, entre as ruas Brigadeiro Franco e Prudente de Morais. A fotografia nos foi fornecida pela leitora Maria de Lourdes Arruda, através de seu sobrinho Osman Arruda. A história deste pequeno espaço do então arrabalde das Mercês nos foi contada pelo Irineu Mazzarotto, o conhecidíssimo Queixinho.
A foto é do início da década de 30, quando a avenida do Cruzeiro, atual Manoel Ribas, estava sendo preparada para receber o revestimento de macadame. Pelo lado direito vemos a casa de número 867, onde funcionava a Padaria Felicidade, de André Zanetti e Filhos. Um dos filhos de seu André foi famoso beque central do Atlético. As carroças dos colonos de Santa Felicidade faziam ponto obrigatório naquele estabelecimento, tanto na ida para o centro da cidade, quanto na volta. Ali tomavam café e forravam o estômago com pedaços de cuque, ou então degustavam os famosos chineques, especialidade da padaria do velho Zanetti.
Em seguida à padaria vinha a residência da família Zanetti e, após um terreno vago, vinha o Armazém do Albino e Dona Marta Dumke. Pouco tempo depois de ter sido feita esta fotografia, lembra o Queixinho, começou a circular o primeiro ônibus que ligava o bairro ao centro. Era de propriedade do Bertoldi e todos os moradores da região, quando falavam do veículo, o tratavam por "Número Um".
Agora, olhando o lado esquerdo da foto, vemos, no alto do barranco, o açougue do Izídio Fabris, cuja irmã, Lola, também açougueira, possuía uma força descomunal. Sozinha transportava nas costas o quarto traseiro de um boi.
Em seguida ao açougue vemos a residência da professora Estela Barbosa e lá, mais ao fundo, a casa de Igino Mazzarotto, onde alguns anos depois funcionaria o Bar Botafogo, dos irmãos Euclides, Sílvio e Irineu Mazzarotto. Depois da casa vinha o armazém de seu Igino e depois a casa que pertencia à Dona Amália Gasparin Mazzarotto, mãe de Dom Jerônimo Mazzarotto.
Nesta época ali residia um irmão do bispo de nome Pedro e que era alfaiate. Nesta casa hoje funciona o Restaurante Tortuga".
Santuário Cristo Rei e São Judas Tadeu, Cristo Rei, Curitiba, Paraná, Brasil
Santuário Cristo Rei e São Judas Tadeu, Cristo Rei, Curitiba, Paraná, Brasil
Curitiba - PR
Paranacart
Fotografia - Cartão Postal
Não é raro que os símbolos eclesiásticos estejam representados na arquitetura das igrejas. Em Curitiba, no entanto, poucas delas trazem isso de forma tão evidente como o Santuário de Cristo Rei e São Judas Tadeu. Mais conhecido como Igreja do Cristo Rei, ou simplesmente “Igreja do Barco”, o templo localizado no bairro de mesmo nome encanta fiéis e visitantes pela sua estrutura inusitada e por todo o simbolismo que carrega em seu interior.
“A forma de navio tem seu significado porque nós dizemos que a Igreja é a ‘Barca de São Pedro’, que atravessa a história rumo ao porto seguro, que é Cristo. Além disso, São Judas Tadeu era pescador e, portanto, é justo que o coloquemos em um navio”, explicou o padre Afonso Sandman, responsável pela obra da paróquia, em entrevista ao jornal Agenda Local, no início dos anos 1990.
O que muitos de seus admiradores desconhecem, no entanto, é que o santuário, que completou 80 anos no último mês de dezembro, nem sempre teve este formato.
A paróquia:
Nos anos 1930, a região do Cajuru e do Cristo Rei era pouco habitada e cabia à capela das Irmãs de São José de Chamberry a realização das missas e demais sacramentos. Em 1936, Dom Áttico Euzébio da Rocha convidou os padres palotinos a instalarem uma nova paróquia, para a qual as irmãs doaram um terreno situado na antiga Rua Goethe.
A incumbência de angariar fundos para a construção da igreja ficou a cargo do padre Germano Mayer — que hoje empresta seu nome ao atual endereço da paróquia —, sendo sua pedra fundamental instalada em 27 de dezembro daquele ano. Cerca de um ano depois, estava concluída a igreja, inaugurada em 05 de dezembro de 1937, tendo o padre Germano como seu primeiro pároco.
O barco:
A forma de barco, pela qual a construção é hoje reconhecida, passou a caracterizar a paróquia cerca de 40 anos mais tarde. “Foi realizada uma obra motivada pela necessidade de ampliação da igreja. O desenho arquitetônico se deve ao arquiteto Kozo Kassai, responsável pelo projeto. No cristianismo, a barca tem diversos simbolismos, representando um lugar de proteção, de abrigo”, explica o padre Renato Vieira, reitor do santuário.
Para que os fiéis não ficassem desassistidos, a nova igreja foi erguida no entorno da antiga, demolida somente quando a construção estava em fase adiantada. Projetada com critérios de simplicidade e autenticidade, a obra foi erguida com madeira, vitrais e tijolos comuns – nos quais é possível visualizar o sinal dos dedos dos oleiros.
Com 1.191 m², a Igreja do Cristo Rei acomoda 600 fiéis sentados e tem na cruz de sua fachada, que se ergue a 37 metros do chão, seu ponto mais alto. Internamente, a atmosfera convida ao silêncio e à contemplação. Os 18 vitrais laterais de cada um dos lados da nave central, dispostos de três em três, trazem a representação de símbolos católicos. Mas são os painéis e vitrais assinados por grandes nomes das artes plásticas e sacras, como Poty Lazzarotto e Cláudio Pastro, os que completam a beleza singela da paróquia. “É uma proposta de beleza que enfatiza a simplicidade, algo muito importante dentro da catequese e da nossa fé”, resume o padre Renato.