Instituto de Cacau da Bahia, Salvador, Bahia, Brasil
Salvador - BA
N. 10
Fotografia - Cartão Postal
Texto 1:
No século XIX a economia baiana já dava sinais de dificuldades internas de produção, ou externas de comercialização dos produtos constantes de nossa pauta de exportação: açúcar, fumo e algodão. O açúcar, principal produto de exportação da então Província da Bahia, entrou em crise no final desse século, porém, um novo produto despontava: o cacau. A estreita faixa da cidade na parte baixa inseriu-se no processo de modernização na primeira década do referido século com a ampliação do porto. Nesse espaço, próximo a área portuária, foi erguido o edifício sede da lavoura cacauicultora baiana. O Instituto do Cacau da Bahia. Coube ao Dr. Ignácio Tosta Filho, Secretário de Agricultura, defensor de medidas de amparo à produção e comercialização do cacau baiano, a concepção e criação do Instituto, em 1931.
Texto 2:
O outrora imponente prédio do Instituto do Cacau da Bahia (ICB), símbolo da também outrora pujante cacauicultura baiana, encontra-se hoje na sua dolorida, vergonhosa, e degradada situação.
Em 1931, Ignácio Tosta Filho criou o hoje abandonado Instituto, cuja sede foi inaugurada em 1936.
Com projeto do alemão Alexander Buddeus, feito em 1932, o prédio é um tesouro da arquitetura e engenharia da Bahia, um raro exemplar em Salvador da arquitetura Bauhaus, estilo considerado moderno no século XX, também especial pela localização, na zona portuária, entre a avenida Estados Unidos e avenida da França, com as ruas Espanha e Noruega, próximo à praça Marechal Deodoro.
Em 2012 o prédio sofreu um incêndio. Passaram-se anos e o que estava ruim ficou pior. É a cultura antropofágica da política baiana que acabou com a Sulba – Companhia Viação Sul Baiana, com a CEPLAC, com as empresas de extensão rural e tantos e tantos outros patrimônios públicos erguidos com muito esforço, dinheiro e trabalho de gerações passadas.
Em 2002, o edifício sede do ICB foi tombado pelo IPAC-BA. Na Bahia, na maioria dos casos, tombamento significa descaso – queda – derrubada – abandono.
Por estar ao lado do Terminal Turístico Náutico da Bahia, mantendo, dinamizando e ampliando o Museu do Cacau, o lugar poderia ser um fantástico centro gastronômico, um centro de convenções, qualquer coisa séria e útil que não seja o trágico fim que se avizinha.
Nota do blog: Abaixo, através de imagem do Google Maps de 2022, o (triste) estado atual do prédio.