Louças Termo-Rey, Brasividro, Brasil
Fabricadas de 1972 a 1986
Brasil
Em meados do século XIX a expansão do sistema ferroviário dos
Estados Unidos estava atingindo territórios cada vez mais distantes. Refletores
de locomotivas e lanternas que tinha em sua composição o vidro não suportavam
as mudanças bruscas de temperatura e acabavam trincando. Engenheiros foram
contratados para desenvolver um vidro que não quebrasse por conta das
oscilações de temperaturas. Foi um sucesso e o problema acabara. Já em 1913, a
esposa de um dos engenheiros teve a ideia de usar o vidro da lanterna para
assar um bolo. E desde então os vidros temperados, opalinos, boro silicatos
começaram a fazer parte do cotidiano das donas de casa americanas. Nos Estados
Unidos várias empresas foram criadas, mas a mais famosa foi a Pyrex com a
célebre linha Corelle, que eram refratários com estampas que não descascavam em
contato com o forno. Não demorou muito para que este tipo de tecnologia
expandisse pelo mundo. Na década de 1960 surgiu no México a empresa Cristales
Mexicanos S/A. No Brasil o grupo Nadir Figueiredo, através da Brasividro,
lançou em 1972 a linha TERMO-REY. O design das peças brasileiras foi elaborado
pelo escritório Verschleisser & Visconti, de Leonardo Visconti (neto do
pintor impressionista Eliseu Visconti) e Roberto Verschleisser, que fala o
seguinte sobre a fabricação da Termo Rey: “Foi um aprendizado e tanto porque
tivemos que adaptar o design das peças à velocidade de produção das máquinas.
Em muitos casos o vidro incandescente esfriava antes de preencher o molde
completamente e por aí vai”. O escritório com sede no bairro de Santa Tereza no
Rio de Janeiro funcionou por 30 anos e fechou em 1995. A empresa foi
responsável pelo projeto da frente e dos interiores dos carros A e B da linha
Azul do Metrô de São Paulo em 1974 (então apenas Jabaquara – Santana) e
posteriormente elaboraram o mesmo projeto no Metrô do Rio de Janeiro em 1979.
Leonardo Visconti também foi professor universitário e faleceu em 2013. Roberto
Verschleisser segue a vida acadêmica como professor da ESDI – Escola Superior
de Desenho Industrial da UERJ. Do forno para a mesa, resistentes a oscilações
de temperaturas e muito prático. Claro que a Termo-Rey acabou caindo na graça
dos lares brasileiros e tornou-se muito popular. Com certeza, alguém da sua
família já teve algum prato, xícara, açucareiro, leiteira ou travessa da
Termo-Rey, que fez parte do cotidiano de inúmeros lares brasileiros. A empresa
possuía cerca de 22 modelos que eram vendidas em peças avulsas ou jogos de 8 a
20 peças. Tamanho foi o sucesso que as louças foram exportadas para Espanha,
República Dominicana, África do Sul, Austrália e Venezuela. Um atrativo a mais
foi a linha infantil que a Termo-Rey começou a produzir em 1976. Era composto
por dois pratos e uma caneca com ilustração de palhaço, o Termolin. O
diferencial estava na embalagem de papelão que transformava um avião. Outro
desenho que conquistou as crianças foi o gato e o peixe. A Brasividro parou de
fabricar a linha Termo- Rey em meados de 1986 e logo depois a empresa fechou.
Não sabemos o motivo do encerramento, mas efetivamente essas louças deixaram
saudades. Hoje as louças Termo-Rey viraram item essencial nas feiras de
antiguidades. Indiscutivelmente a Termo Rey está muito ligada a evolução da
cozinha nos modos e costumes.