Santa Rosa de Viterbo, São Paulo, Brasil
Santa Rosa de Viterbo - SP
Fotografia
Santa Rosa de
Viterbo é um município brasileiro do estado de São Paulo, localizado no
nordeste do território paulista.
A cidade formou-se
na metade do século XIX, entorno do Córrego Lagoa, na época pertencente ao
município de São Simão.
Já o município foi criado
em 1910, desmembrado do município de São Simão. Recebeu vários nomes até o
atual, homenagem a santa italiana da Igreja Católica, padroeira da paróquia da
cidade.
Santa Rosa de
Viterbo é uma cidade de pequeno porte, com pouco mais de 20 mil habitantes.
Sua população goza
de um elevado nível de vida para os padrões atuais do Brasil.
A economia é
calçada na agroindústria e no comércio local, e esteve por muito tempo ligada à
Fazenda Amália, pertencente ao império industrial da família Matarazzo.
A cidade de Santa Rosa de Viterbo nasceu da formação de um povoado
junto ao Córrego Lagoa, então pertencente ao município de São Simão, na segunda metade do século XIX. Na década de 1890
foi criada uma estrada que passava pelo povoado, que impulsionou o crescimento
do mesmo.
Também na década de
1890, o empresário Henrique
Santos Dumont comprou várias fazendas da região para
constituir a Fazenda
Amália, que deu impulso econômico ao povoado. Ele trouxe
imigrantes italianos para trabalhar em sua fazenda, alojados em colônias
distribuídas por suas terras.
No final do século,
fiéis constroem uma capela, que passa a ser o novo centro do desenvolvimento do
povoado. Parte dos imigrantes italianos desviaram-se do rumo da lavoura e
instalaram-se no pequeno povoado da Fazenda Lagoa, influenciando na sua formação cultural.
Elevado a vila no
início do século XX, em 1910 foi desmembrado para formar ao município de Ibiquara. O novo município mudaria de nome três vezes, até
ser definitivamente chamado de Santa Rosa de Viterbo em
1948.
A Fazenda
Amália exerceu seu domínio econômico sobre o município,
e a figura de Henrique Santos Dumont influenciava
o cenário político. Na década de 1930, o conde Francisco Matarazzo Jr. assume
o comando da Fazenda
Amália e, em consequência, o contexto
sócio-político-econômico da cidade.
Na década de 1960,
após uma greve de trabalhadores, o conde expulsa os colonos de sua fazenda e a
cidade assiste ao maior êxodo rural de sua história. O fato colaborou para o
crescimento urbano de Santa Rosa de Viterbo.
Além do
despovoamento de suas colônias, a Fazenda
Amália sofre uma queda no crescimento econômico e
passaria por dificuldades nas décadas de 1970 e 1980. Por fim, na década de
1990 o império empresarial do Grupo Matarazzo na Fazenda
Amália chegava ao fim.
A última década do
século XX foi assistida com apreensão com fragmentação da Fazenda
Amália. No entanto, o crescimento do comércio, a chegada de
novos profissionais liberais e novas parceiras deram novo impulso à economia do
município.
Santa Rosa de Viterbo entrou no novo milênio com
uma boa qualidade de vida, mas a falta de uma política de emprego levou o
município a mergulhar numa profunda crise a partir da década de 2010.
Em 2015, após um
século de existência, a Usina Amália, o motor
econômico da cidade, parou de funcionar, deixando uma sombra de incertezas
sobre o povo santarosense.
A região onde está
o município de Santa Rosa de Viterbo era um
imenso sertão habitado por tribos de índios caiapós, ao oeste da Capitania Hereditária de São Tomé, depois anexado à Capitania de São Paulo.
O homem branco
chegou à região por volta de 1720, quando os bandeirantes descobriram minas de ouro na região do atual
estado de Goiás. Os bandeirantes abriram um trajeto até as minas goianas pelo
interior norte da Capitania de São Paulo, chamado de Caminho de Goyazes.
Com a chegada do
homem branco, os índios caiapós imigraram para o norte,
estabelecendo-se na região sul da Floresta Amazônia. Os
índios fugiam dos bandeirantes, que os capturavam para vendê-los como escravos.
Hoje eles são encontrados no norte do estado do Mato Grosso e sul
do Pará.
Nessa época, muitas
pessoas abandonaram seus serviços na roça e foram pelo Caminho de Goyazes em busca de ouro, os chamados
tropeiros. A colonização descontrolada do interior do país leva o governo
português trazer para o Brasil a Lei das Sesmarias, já utilizada em Portugal. Por ela, o governo português concedia pedaços de
terras a pessoas dispostas a trabalhá-las por conta própria.
Como os riscos eram
muitos, a maioria dos sesmeiros não tomaram posse de seus lotes. Isso
permitiu que os tropeiros tomassem posse das terras por onde passava o Caminho de Goyazes, além de provocar sua ramificação pelo
interior a dentro. A região de Santa Rosa de Viterbo foi
ocupada por esses posseiros a partir do início do século XIX.
Em 1824, um bandeirante chamado Simão da Silva Teixeira toma posse da região do atual
rio São Simão e ali funda um povoado que se tornaria a cidade
de São Simão. Em torno do
povoado, Simão fundaria e venderia várias fazendas e esse
aglomerado de fazendas formou o município de São Simão em 1865.
Uma delas era
a Fazenda Lagoa, nas redondezas do Córrego Lagoa (córrego
este que corta o centro da cidade). Seu primeiro registro data o ano de 1848 e
seu proprietário era o casal Feliciano Pinto do Carmo,
mais conhecido como Francisco Feliciano, e Francisca de Paula de Espírito Santo, mais conhecida
como “Sá” Chica.
O modesto casal de
negros ergueram uma pousada no caminho entre as fazendas próximas ao Rio Pardo e São Simão, no terreno onde hoje localiza-se o Asilo São Vicente de Paulo, que ficou conhecido como Pouso de “Sá” Chica. O
pouso ficou famoso, principalmente pelos terços em louvor a Nossa Senhora que “Sá” Chica realizava
em sua casa e que atraía fazendeiros e sitiantes da região.
Não demorou e
muitos condôminos se estabeleceram em torno do Pouso de “Sá” Chica. Esses
condôminos construíram suas residências e loteavam pedaços de terras, onde
surgiram novas casas que foram se alinhando às primeiras, formando um pequeno
povoado. Na década de 1870 esse povoado contava com 90 habitantes.
A partir de 1875,
a Companhia
Mogiana de Estrada de Ferro, formada por um grupo de
investidores, começa a construir uma ferrovia chamada de Linha Tronco
da Mogiana, que seguia o Caminho de Goyazes, saindo de Campinas rumo
a Franca.
Em 1878, a ferrovia
chegou a Casa Branca, o principal entreposto comercial da
região naquela época. A produção das fazendas, especialmente o toucinho, o
queijo e, posteriormente, o café, eram transportados por meio de carroças e
carros de boi até Casa Branca por um caminho que
margeava o Córrego Lagoa.
Em 1882, a ferrovia
chegava em São Simão, e toda a produção da região passou a ser escoada
pela Estação de São Simão. Ás margem do caminho que ia pra São Simão, foi criada uma aglomeração de casas e
estabelecimentos comerciais que atendiam os tropeiros que passavam por ali,
formando a primeira rua do povoado, a Rua do Comércio.
O povoado foi
crescendo, com casas espalhas entre os córregos Lagoa e Santa Rita. Na década de 1880, o povoado já contava
com 40 prédios e 220 habitantes, mais que o dobro da população de 10 anos atrás.
Nesta a época, o povoado passou a ser chamado de Bairro Lagoa.
Com a chegada
da Linha Tronco,
o fluxo de transporte pelo caminho que ia para São Simão cresceu. O major Francisco de Cunha Bueno,
dono da Fazenda Bela Vista (hoje pertencente às terras
da Fazenda
Amália), construiu uma estrada de terra sobre este caminho
que passava pelo Bairro Lagoa, oferecendo condições para sua manutenção.
Em 1892, a Mogiana inaugura
outra estação em São Simão, mais próxima e com melhor acesso. A Estação de
Cerrado está localizada a 7 km da atual Rodovia Conde Matarazzo Jr., na estrada contrária à que vai
para a Minalice.
A nova estação atraiu
cada vez mais tropeiros vindo da região da divisa com Minas Gerais, passando por Cajuru, atravessando
o Rio Pardo e utilizando a estrada que passava
pela Rua do Comércio do Bairro Lagoa. A estrada então tomou novo rumo, foi para nova
estação e passou a ser chamada de Estrada Cajuru-Cerrado.
Em 1884, a economia
e a vida social do Bairro Lagoa tomaria um novo rumo, com a chegada do
empresário Henrique
Santos Dumont, filho de Henrique Dumont, o “Rei do Café“, e irmão de Alberto Santos Dumont, o
“Pai da Aviação“.
Henrique
Santos Dumont comprou
neste ano a Fazenda London, situada às margens do Rio Pardo, atraído pela terra roxa para se dedicar à
cafeicultura. No mesmo ano adquiri a Fazenda Constança,
incorporando-a à Fazenda London, mudando o nome de sua
propriedade para Fazenda
Amália, em homenagem à sua esposa.
Como o clima das
terras mais baixas, próximo ao Rio Pardo, era sujeito a
geadas e impróprio para a cultura do café, o empresário comprou várias fazendas
em torno de suas terras e foi incorporando-as à Fazenda Amália.
Nas terras baixas foram introduzidas, como alternativa, a cultura da
cana-de-açúcar.
No Bairro Lagoa, com o aumento da população, o Pouso não
suportava mais o aumento da procura pelos terços de “Sá” Chica. Então os
frequentadores do terço passaram a realizar doações e eventos comunitários para
arrecadar fundos para construir uma capela, a partir de 1884. As obras
iniciaram ainda em 1884 nas terras no alto do Pouso de “Sá” Chica,
doadas pelo casal Feliciano, e onde
havia um cemitério. A pequena igreja ficou pronta no mesmo ano.
Por desejo de “Sá” Chica, a
capela erguida seria em homenagem a Nossa Senhora. Após o
término da construção, ela encarregou-se de comprar a imagem da santa padroeira
da capela. A imagem foi adquirida de um mascate que visitara o povoado. Foi
então que ocorreu uma grande confusão.
Depois de adquirida,
a senhora e outros fiéis levaram a imagem para ser benzida pelo padre de Cajuru, que revelou que “Sá” Chica foi
enganada pelo mascate, pois a imagem se tratava da italiana Santa Rosa de Viterbo e não de Nossa Senhora. Os
devotos ficaram chocados, mas o padre apressou-se em exaltar os ânimos,
contando a história de vida e os milagres da santa.
Os fiéis foram
convencidos e aceitaram a nova padroeira. Mais tarde, a própria “Sá” Chica fez uma
promessa e alcançou uma graça atribuída à Santa Rosa. A nova
padroeira foi definitivamente aceita.
Em maio de 1883,
com o crescente desenvolvimento do Bairro Lagoa, foi instalado o Distrito Policial. Na
década de 1890, o povoado já contava com o dobro de habitantes da década
anterior: 420 moradores e 56 prédios. O povoado passou a ser chamado de Vila Santa Rosa por causa da nova capela.
Em 5 de agosto de
1896, a lei estadual nº. 434 elevou o Distrito Policial à
categoria de Distrito de Paz, que passa a ser
responsável pelos registros de nascimento e casamento, o que antes era uma
atribuição da Igreja.
A Fazenda
Amália também crescia e Henrique
Santos Dumont constrói uma ferrovia para transportar o
café e a cana até a sede. Em agosto de 1898, foi inaugura a Estação Glória para servir de entroncamento de sua
ferrovia particular com a Linha Tronco
da Mogiana. Em 1900, ele constrói um engenho para produção de
açúcar, álcool e aguardente. Em 1901, ele foi transformado na Usina Dumont, uma das primeiras da região.
O crescimento econômico
da Fazenda
Amália esbarrou no problema de falta de mão-de-obra.
Então Henrique
Santos Dumont trouxe imigrantes italianos para
trabalhar na Fazenda
Amália, atitude já tomada por seu pai, que agenciava o
alemão Francisco Schmidt para buscar trabalhadores na Itália.
Para abrigar os imigrantes italianos, Henrique
Santos Dumont criou várias colônias espalhas pelas
terras da Fazenda
Amália. Além de prestar serviço ao empresário, era permitido
aos imigrantes cultivar mantimentos em terras não utilizadas pela fazenda e
criar porcos e galinhas. No entanto, muitos imigrantes se desviaram de seu
destino, e foram povoar a Vila Santa Rosa,
influenciando decisivamente na formação cultural do povoado.
Em dezembro de
1906, o decreto de nº. 1.038 oficialmente elevou o Distrito
de Paz à categoria de vila, a Vila Santa Rosa. Em
1907, diante a necessidade, os imigrantes italianos construíram uma nova
igreja. Ela foi erguida num terreno vazio na saída para a estrada que ia para a Fazenda
Amália, utilizado para práticas esportivas. O espaço era
chamado de Largo Santo Antônio, e o mesmo santo foi escolhido como
padroeiro da nova igreja. No mesmo ano fundaram o Grêmio
Operário Internacional de Beneficência, uma associação de trabalhadores,
com sede no prédio construído em 1910 na rua Coronel Garcia, onde hoje funciona
o Colégio Anglo. Hoje a associação foi transformada no clube
de dança Grêmio Recreativo de Santa Rosa de Viterbo.
Em 1898, Henrique
Santos Dumont constrói um ramal ferroviário particular
que ligava a Fazenda
Amália à Linha-Tronco
da Mogiana. Foi construída uma nova estação, a Estação
Amália, que era entroncamento inicial do ramal, e a Estação
Glória passou a ser chamam de Estação
Santos Dumont, em homenagem ao seu irmão Alberto. O ramal passava nos descampados mais altos da Vila Rosa, e continuava rumo ao povoado Rocinha. O ramal se encontrava com a linha da Mogiana na
região onde hoje é o sul do município.
Em 1909, Henrique
Santos Dumont construiu uma usina hidrelétrica no Rio Pardo, chamada de Itaipava, para dispor de
energia elétrica em sua propriedade. Ainda em 1909, no dia 15 de dezembro,
a Mogiana comprou
o ramal particular do empresário, abrindo a ferrovia ao transporte público em
26 de abril de 1910, construindo duas novas estações: a Estação Santa Rosa, inaugurada em 10 de maio de 1910,
e a Estação Nhumirim, em 10 de maio de 1910, no
povoado Rocinha, que também passa a se chamar Nhumirim.
No dia 12 de abril
de 1909, o bispo diocesano Dom Alberto José Gonçalves cria
a Paróquia de Santa Rosa de Viterbo, sediada na Vila Santa Rosa. A cidade, que não possuía padre fixo, teve
seu primeiro pároco, o Pe. Gastão de Moraes,
nomeado seis dias depois da paróquia ser criada.
O padre, aliado aos
esforços do gerente da Fazenda
Amália, o doutor Guido Maestrello, e a
determinação da população, iniciou a construção de uma igreja maior para sediar
a paróquia. As obras começaram em 28 de julho de 1909, na frente da capela de Santa Rosa. Um ano depois a Igreja Matriz
de Santa Rosa de Viterbo foi inaugurada e a antiga capela foi
anexada à nova igreja.
Com a instalação da
paroquia no Vila Santa Rosa, o presidente do Estado de São Paulo (cargo que hoje é ocupado pelo
governador), doutor Manuel Joaquim de Albuquerque, decreta
a criação do Município de Ibiquara, com sede
na Vila Santa Rosa, através da Lei nº. 1.231, de 21 de
dezembro de 1910, que desmembrou o território do município de São Simão, a partir do Córrego Águas Claras.
O nome Ibiquara foi escolhido por causa do cemitério que
existia nos fundos da antiga capela. A palavra Ibiquara provem do
vocabulário tupi-guarani “ibi”, que significa terra, e “quara”,
que significa buraco. O município nascia com 10 mil habitantes, dos quais 680
viviam na área urbana, formada por 113 prédios, 2 igrejas, 1 estação ferroviária
e 1 rede de água.
Ainda em 1910,
surge a primeira escola estadual e em 1911 o primeiro jornal, o Cidade de Ibiquara. Em 12 de março de 1912 foi instalada a
primeira Câmara Municipal da cidade de Ibiquara. Ele funcionou no prédio localizado na esquina das
ruas Coronel Garcia e 9 de julho, comprado do comerciante italiano José Chiaramonte, chamado de Sobrado do Largo da Matriz. A Câmara elegeu
o vereador Guido Maestrello como o primeiro prefeito do
município.
Após adquirir a
ferrovia particular da Fazenda
Amália, a Mogiana decide
criar o Ramal Cajuru, que se estenderia até o município vizinho. Em
abril de 1912 foi inaugurada a Ponte de Ferro sobre
o Rio Pardo, por onde passava o ramal que ia até a Estação Corredeira em Cajuru, inaugurada em 10 de maio do mesmo ano.
Em Ibiquara intensificava-se o descontentamento da população
com o nome dado ao município. Os moradores da cidade se mobilizaram e
providenciaram um abaixo-assinado pedindo a troca do nome do município
para Santa Rosa de Viterbo, o mesmo nome da paróquia.
O presidente
do Estado de São Paulo, doutor Francisco de Paula Rodrigues
Alves, acabou por aprovar a mudança de nome do município pela Lei nº.
1.314, de 30 de julho de 1912. No entanto, a lei aprova a mudança de nome
para Santa Rosa, sem o “de Viterbo“.
Em 1915, é
construído o Posto Policial na rua José Bonifácio,
num terreno doado pela Igreja, a primeira cadeia da cidade. No mesmo ano, a
energia elétrica produzida pela Usina Itaipava chega à
cidade. Ainda em 1915 a Câmara e a Prefeitura mudam-se para uma nova sede, um luxuoso prédio
construído na esquina da rua Francisco Carvalho de Andrade com a rua Condessa
Filomena Matarazzo.
Em 1918, alguns
santa-rosenses são convocados lutar na I Guerra Mundial.
Foi criado um contingente, denominado Tiro Brasileiro de Santa
Rosa, com sede numa sala da Avenida Rio Branco, transferido para o Largo da Matriz em setembro.
Entre 1918 e 1919,
a cidade enfrentou uma epidemia de gripe espanhola, assim
como o restante do mundo, e matou um quarto da população mundial. As aulas
foram suspensas e o Grupo Escolar voltou a
funcionar apenas em 20 de março de 1919, com sede no Sobrado do Largo da Matriz.
Na década de 1920,
a cidade de Santa Rosa possuía 140 casa onde viviam 860
habitantes. No ano de 1919, a cidade assistiu a morte do inovador Henrique
Santos Dumont. As filhas do empresário, aliadas à sua
mãe Amália, decidem vender a Fazenda
Amália, um império que ocupava 11 mil alqueires pela região.
A Fazenda
Amália foi comprada por uma sociedade formada pelo
fazendeiro de Ribeirão Preto Francisco Schmidt com
dois grandes empresários da capital: o conde Francesco Matarazzo e
o comendador Alexandre Siciliano, que passou a se chamar Sociedade Agrícola Fazenda Amália. A sociedade não
funcionou e por uma década a Fazenda
Amália interrompeu seu vigoroso crescimento por causa da
falta de comando de seus novos donos.
Em 1921, Guido Maestrello é reeleito prefeito da cidade.
Em 1924, morre o fazendeiro Francisco Schmidt. Maestrello
perde o cargo de gerente da Fazenda
Amália, é substituído pelo cearense Mário Carneiro da Cunha, que é empossado prefeito em 1925.
Em 1929, uma
enchente histórica rompe a barragem da Itaipava e as águas
invadem a usina, deixando Santa Rosa às escuras por
três meses. A barragem foi imediatamente reconstruída, e recebeu a escada para
a subida dos peixes durante a piracema.
Também em 1929, o
conde Francesco Matarazzo transferi sua parte na Sociedade Agrícola Fazenda Amália para seu filho Francisco Matarazzo Jr. Em 1931, o filho do conde
compra os outros dois terços da propriedade e torna-se seu único dono,
preservando o nome Fazenda
Amália, mas mudando o nome da Usina Dumont para Usina Amália.
Com a crise do café
provocada pela quebra da Bolsa de Valores Nova York,
em 29 de outubro de 1929, o conde Francisco Matarazzo Jr. completa
a substituição dos cafezais pelos canaviais. Em 1931, o conde construiu uma
nova sede na Fazenda
Amália, um casarão nos moldes das mansões da Avenida Paulista, em São Paulo, conhecido
como Palacete.
O novo dono do
império adquiriu mais terras para a Fazenda
Amália, algumas no outro lado do Rio Pardo, no
município de Cajuru. Para facilitar o transporte da
cana, construiu uma ponte flutuante, erguida sobre uma fila de barcos.
Também em 1931, as
câmaras municipais foram fechadas por Getúlio Vargas, que
tomou o poder da República após a Revolução de 1930. Os
prefeitos passaram a ser nomeadas por uma Junta Governativa que
substituiu Mário Carneiro da Cunha por Thomaz Eugênio de Abreu já em 1930.
Ainda em 1931, o Banco do Pobre instala-se em Santa Rosa, a primeira instituição financeira da cidade. Em
9 de julho de 1932, os paulistas iniciam a Revolução Constitucionalista contra
a ditadura de Getúlio Vargas. Uma comissão foi
montada no Sobrado do Largo da Matriz para o alistamento de
voluntários e recolhimento dos donativos.
Em 1934, a Junta Governativa nomeia o novo prefeito, o
cafeicultor Teófilo Siqueira. Ele implantou uma balsa para fazer a travessia
do Rio Pardo rumo a Cajuru, construiu a
estrada de terra que ligava Nhumirim à Tambaú e uma ponte sobre o Ribeirão Águas Claras,
divisa com São Simão. Em 1936, inicia a construção de um prédio para
abrigar o Grupo Escolar, num terreno na Avenida Rio Branco, que seria
inaugurado em 1937.
Neste ano a Câmara
voltou a funcionar, mas ainda em 1937 seria novamente fechada com a instauração
do Estado Novo pelo ditador Getúlio
Vargas. Em 1938 foi nomeado o novo prefeito, o farmacêutico João Bueno dos Reis.
O conde Francisco Matarazzo Jr. investiria profundamente
no desenvolvimento da Fazenda
Amália em todos sentidos. Realizou a diversificação
industrial, com a construção de uma fábrica de éter sulfúrico e de doces e
conservas, que produzia goiabada, marmelada e extrato de tomate. Em 1937 foi
lançada no mercado os produtos Amália.
Em 1940 implantou
inovações tecnológicas no cultivo da cana, construiu extensos canais para
irrigar as lavouras, uma fábrica de papel que aproveitava o bagaço da cana e a
madeira do eucalipto e decidiu derrubar a chaminé de 36 metros da usina, construída
em 1901 por Henrique
Santos Dumont, para construção de outras duas maiores,
iniciada em 1946. Começou também uma reforma geral na usina, para ampliar sua
capacidade de moagem. Em 1949 as chaminés ficaram prontas, com 80 metros de
altura cada, mas só entraram em atividade entre 1953 e 1954, com o término da
reforma da usina.
O conde também
investe nas benfeitorias da fazenda. Constrói e equipa o Hospital Santo André, o primeiro da cidade e um dos mais
modernas da época em toda a região. Proporciona lazer as colonos, com a
inauguração de um cinema, o Cine Dom
Juanico, também utilizado para a realização de animados
bailes aos sábados, e reforma o campo de futebol, que recebe medidas oficial e
passa a ser chamado de Estádio Ermelino Matarazzo.
Ainda na década de 1940, construiria uma igreja, a Igreja
São Francisco, que fica nos fundos da Usina Amália. Em 1943
construiu o Grupo Escolar Amália para educar as crianças da sede e
das colônias.
No final da década
de 1930, foi implantada a primeira linha de ônibus da cidade, a Santa Rosa-Ribeirão Preto, realizada por veículos coletivos
chamados de jardineiras. A cidade de Santa Rosa chega
à década de 1940 com 1.960 habitantes, 272 casas, 3 Igrejas,1 estação, 1
cadeia, 1 matadouro e 3 redes de água e de energia.
Em 1943, o então
prefeito João Bueno dos Reis realiza uma grande reforma o Largo da Matriz, que teria seus passeios pavimentados e
seria transformado em praça com o nome de Praça Dr. Guido Maestrello.
Em 1944, o
ditador Getúlio Vargas aprova um decreto que proibiu a
existência de duas ou mais cidades com o mesmo nome. A cidade gaúcha de Santa Rosa, por ser maior e mais antiga, teve o privilégio
de manter o nome original e a cidade foi obrigada a mudar de nome outra vez.
Em 24 de dezembro de
1944, sem nenhuma consulta à população, o governo do estado altera o nome da
cidade para Icaturama pelo Decreto nº. 14.334. O novo nome provém
do vocabulário tupi-guarani, onde “i’ significa água, “catu” boa, e
“rama”, “lugar” – “lugar de água boa”. Mas a população novamente não se agradou
com o nome dado pelo governo.
Em 1945, Getúlio Vargas é deposto do poder e a ditadura
do Estado Novo chega ao fim. Em março de 1947, o governo
do estado destitui o prefeito nomeado pelo antigo governo, o senhor João Bueno dos Reis. Em seu lugar nomeia um prefeito
interino até a realização das eleições. O primeiro prefeito interino foi Sebastião Hamilton Ribeiro, que assumiu o cargo por apenas
um mês. Em abril assumiu Antônio Geraldo Balbão, que
permaneceu no cargo até o final do mesmo ano.
Em 1948 assume o
primeiro prefeito eleito pela população após o fim da ditadura de Vargas, Antônio Guimarães,
eleito com o apoio do conde Francisco Matarazzo Jr.,
que iniciava um longo período de influência política do município. A Câmara Municipal foi reaberta no mesmo ano.
O primeiro desafio
da nova administração do município era conter o descontentamento da população
em relação ao seu nome. Então o prefeito e os vereadores aliaram-se ao povo e
reiniciaram a luta para rebatizar a cidade. Finalmente, em 24 de dezembro de
1948, foi aprovada a Lei nº. 233 que autorizou a mudança do nome da cidade
de Icaturama para Santa Rosa de Viterbo, a
partir do dia 1º de janeiro de 1949.
A partir de 1950, o
conde Francisco Matarazzo Jr. passa a cobrar aluguel dos
moradores das colônias e proibiu a cultura de subsistência em suas terras. Em
1952 toma posse o novo prefeito, João de Souza Lage,
genro do conde. No entanto, o prefeito passa a maior parte de seu mandato
na França, e quem assume o cargo efetivamente é o vice Vergínio Meloni. Também em 1952, foi criado o Ginásio Escolar, o primeiro a formar os alunos no
segundo grau.
Em 1953, o entorno
da praça Dr. Guido Maestrello foi pavimentado com
paralelepípedos e ganhou as caixas de inspeção de esgoto. Com a expansão do
plantio da cana no município de Cajuru, foi construída,
por iniciativa do conde, uma ponte de concreto sobre o Rio Pardo em 1953, que foi denominada Ponte Álvaro. Em 1955 o conde instalou uma fábrica de ácido
cítrico na Fazenda
Amália.
Em 1953, uma
delegação conseguiu a aprovação por parte do governo do estado da criação de
uma comarca para a cidade, que era integrada à Comarca de São Simão desde sua fundação. Para
a instalação da nova comarca, que obrigaria à manutenção de um juiz em tempo
integral na cidade, o município ficou encarregado em construir um prédio para
o Fórum. A Câmara e a Prefeitura decidem doar seu prédio, inaugurado em 1915.
A Prefeitura constrói um novo prédio, o atual Paço Municipal Dr. Moacyr Cintra, na rua 7 de
setembro, e a Câmara volta para o Sobrado do Largo da Matriz.
No entanto, o
governo estadual decide demolir o prédio e construir um novo. Assim a Comarca de Santa Rosa de Viterbo foi oficialmente
instalada em 1956, quando o prédio atual do Fórum ficou pronto. Em outubro
assumiu o primeiro juiz titular da comarca, o doutor Hélio I. A. Dória.
Em 1956, o
farmacêutico João Baptista Garcia, o popular “Zizico”, tomou posse da prefeitura. Em 1957 a Ponte de Ferro foi assoalhada, para também permitir o
tráfego de carros, caminhões e ônibus. Em 1958 foi aberta a Avenida Presidente Vargas.
Em 1959, o
prefeito Zizico pediu licença de seu cargo, que foi assumido pelo
vice Osvaldo Sério. Na época a Avenida Rio Branco e a rua 7 de
Setembro recebem o calçamento de paralelepípedo.
Segundo o IBGE, na década de 1960 a Fazenda
Amália empregava 95% dos trabalhadores do município. Em
constante crescimento, a usina recebe uma nova reforma no início da década de
1960 para ampliar ainda mais a capacidade de moagem. Mas a falta de
decantadores para industrializar a crescente produção de cana moída, provocou a
perda de produções inteiras, que foram jogadas fora no Rio Pardo.
A rotina de
desperdício e falta de investimentos em novas tecnologias para acompanhar as
mudanças do mercado, provocou a queda no crescimento de todas as empresas
do Grupo Matarazzo a partir da década de 1960, inclusive
a Fazenda
Amália.
Em 1960, foram
comemorados os 50 anos da Igreja Matriz. Como
parte das comemorações, a prefeitura instituiu no mesmo ano, o “Dia do Município” no mesmo dia da padroeira da paróquia, o
dia 4 de setembro. A partir de então, o aniversário da cidade passou a ser
comemorado neste dia e não no dia de sua fundação.
Ainda em 1960, toma
posse o novo prefeito, Vergínio Melloni, com
apoio do conde Francisco Matarazzo Jr. Ele inaugura o primeiro Posto de Saúde e a Casa da
Agricultura, e cria o primeiro bairro da cidade em 1962, o Santa Terezinha. O prefeito se licenciou do cargo em
1963, e Paschoal Cagliari assumiu o cargo interinamente entre
abril e outubro.
Em 1964, com apoio
do conde, Antônio Guimarães volta à prefeitura para seu segundo
mandato. No mesmo ano, um grupo de jovens construiu a quadra da JAS (Juventude Atlética
Santa-rosense), na rua Prof. Solano Pereira e introduziu o basquete na
cidade.
Em 1965, o prefeito Antônio Guimarães faleceu e foi substituído vice Arys Eleutério. No mesmo ano foi criada, no antigo
prédio do Grêmio Operário, a Escola de Comércio Antônio
Guimarães, em homenagem ao falecido prefeito.
Insatisfeitos com
conde, os empregados da Fazenda
Amália entram em greve geral por uma semana em 1966.
Como retaliação, o conde Francisco Matarazzo Jr. demite
cerca de 2 mil empregados e expulsas suas famílias das colônias, que foram
derrubadas uma a uma. Chegava ao fim uma das características mais marcantes
de Santa Rosa de Viterbo: o sistema de colonato.
A partir de 1966, a
maioria dos moradores das colônias mudaram-se para a cidade, provocando
mudanças profundas em sua cultura. Outros dirigiram-se para os municípios
vizinhos. O conde contratou empreiteiros, chamados de gatos, que agenciavam novos trabalhadores, que viviam
na cidade, mas trabalhavam na fazenda, os chamados boias-frias. Os
gatos recrutavam mão de obra local assim como de outros estados, principalmente
Minas Gerais, Bahia e Ceará. Eles se mudavam para a periferia da cidade,
vivendo em condições precárias.
A Mogiana passou
por dificuldades econômicas após a Crise do Café e
durante o governo de Getúlio Vargas, que priorizou o
desenvolvimento do transporte rodoviário. O Governo do Estados de São Paulo assumiu
o controle da empresa em 1952, mas começou a desativar ramais considerados
antieconômicos na década de 1960. Entre eles estava o Ramal Cajuru.
Inicialmente foi
desativado apenas o trecho que ligava a Fazenda
Amália a Cajuru, no dia 16 de
setembro de 1966. Em 3 de janeiro de 1967, todas as estações foram fechadas e o
restante do ramal desativado. Entretanto, o conde prosseguiu utilizando o ramal
para transportar sua produção de cana.
Em 1969, tomou
posse o prefeito Elias Manuel de Barros, mais conhecido
por “Elias Baú”. Na cidade, foram criados novos bairros e seu
primeiro conjunto habitacional. Com verbas do BNH, foram construídas
52 casas no chamado Conjunto Habitacional 31 de Março,
localizado na rua Piauí, hoje anexado ao bairro Jardim Boa Vista. Era
novidade para a cidade, que apelidou o conjunto de “Pombal”, por possuir
casas perfiladas, próximas umas das outras e sem muros.
Mergulhando-se em
dívidas, o conde Francisco Matarazzo Jr. decide, a partir da
década de 1970, abrir suas empresas a novas parcerias. Em 1971, transformou
antigos postos de abastecimentos em uma rede de supermercados chamada de Superbom, tendo uma unidade sido instalada na Fazenda
Amália.
Em 10 de novembro
de 1971, a Mogiana foi
extinta com a criação da Fepasa (Ferrovia Paulista S/A), uma estatal que unificou todas as
ferrovias do estado. O conde deixou de usar o ramal, mas ele nunca chegou a ser
utilizado pela Fepasa. As estações permaneceram
abandonadas e os trilhos foram aos poucos sendo retirados.
Em 1972, o ginásio
escolar recebe o nome Colégio Conde Francisco
Matarazzo, em homenagem ao pai do conde Francisco Matarazzo Jr. No mesmo ano é funda a Biblioteca Municipal Licínia Nogueira Magalhães. Em
1973 toma posse o prefeito Francisco Antônio da Silva, o
popular “Chicão”, apoiado pelo conde. Ele passou o serviço de água e
esgoto para a SABESP.
Em 1975, o governo
federal criou o programa Proálcool, que incentiva
a produção de álcool combustível no país. A Usina Amália se
beneficiou com o programa e manteve-se estável até o final da década. Ao mesmo
tempo, o Grupo Matarazzo se associou com a empresa
norte-americana Milles Laboratories, e dessa parceria
começou a construção da nova fábrica de ácido cítrico. Foi inaugurada em 1979
com o nome de Fermenta.
Em 1977, tomou
posse o novo prefeito, Edson Luis Bonacin, o popular “Decão”. Neste ano a Delegacia de Polícia foi
inaugurada na rua Condessa Filomena Matarazzo, e o antigo posto policial foi
abandonado. No mesmo ano, o Rio Pardo sofre
sua segunda maior enchente, superada apenas de 1929. A barragem da Usina Limoeiro se rompeu, e a enchente foi arrastando
animais, inundando casas e devastando lavouras próximos as margens do rio.
Em 1977, morreu o
conde Francisco Matarazzo Jr. A administração do Grupo Matarazzo passou para as mãos da filha
caçula do conde, Maria Pia Esmeralda Matarazzo. Ela
herdou um império cheio de dívidas e problemas. O início da década de 1980 foi
marcada por três maxidesvalorizações cambiais que levaram a empresária a pedir
concordata – um ato processual onde o devedor propõe em juízo uma forma mais
justa de pagar aos credores para evitar ou suspender a falência – em 1983.
Em 1981, a Nig Brinquedos foi a primeira empresa a ocupar o
distrito industrial aos fundos do recém inaugurado Conjunto Habitacional
Liliana Urtiaga Andreazza, o popular Nosso Teto.
Em 1983 toma posse
o prefeito Nagib Mousa. Em 1984, ele desapropria o trecho
da Fepasa que ia da cidade até Nhumirim, incluindo as duas estações. A Estação Santa Rosa foi reformada para receber a Fundação Cultural, criada em 1985. O prédio passou a
ser chamado de Estação da Cultura. Em 1985, a Fundação
Cultural criava a Banda Municipal, embrião
da futura Banda Filarmônica de Santa Rosa de Viterbo.
Também em 1984, ele
inaugura a Escola Estadual Maurílio de Oliveira, no Conjunto
Habitacional Delduque Ribeiro Garcia, a COHAB I. Em 1986, foi a vez da Escola Estadual de 1º e 2º Grau Salustiano Lemos ser
inaugurada no Nosso Teto.
Em 1987, Maria Pia trouxe pra Fazenda Amália,
a Fábrica de Sabonete Francis, pertencente ao Grupo Matarazzo. Ela foi instalada no antigo prédio
onde funcionava uma fábrica de óleo. Em 1988, foi a vez da Chiaperini se instalar na cidade, primeiro num
barracão no bairro Jardim Primavera e depois se transferiu para o Jardim
Petrópolis.
Em 1989, Decão volta à prefeitura para seu segundo mandato.
A Bayer compra as ações da Fermenta pertencentes
à Milles Laboratories. Em 1990 ela comprou o restante das
ações do Grupo Matarazzo, além do terreno onde fica a fábrica.
Em dezembro deste ano, Maria Pia pedi sua segunda
concordata, desta vez por causa das dívidas da Usina Amália.
Em 1993, chegava ao
fim o império da Fazenda Amália sob
o comando da família Matarazzo. A usina e as terras
plantadas foram arrendadas para os irmãos Cury, de Santa Rita do Passa Quatro, que mudaram seu nome para Diné. Parte das terras foram transferidas para a Coopersucar, para quitar um empréstimo. A fábrica de papel,
assim como aconteceu com a Fermenta, foi vendida
com área e tudo para o Grupo Artivinco, de Itatiba.
Um século após ser
criada por Henrique Santos Dumont, um dos maiores impérios
econômicos do interior do Estado de São Paulo se resumia à Fábrica de Sabonete e 66,59 hectares dos mais de 11
mil que formava a Fazenda
Amália.
Com fragmentação de
suas empresas, a Fazenda
Amália passa a ser chamada de Complexo Industrial Fazenda Amália. Em meio a este fato,
toma posse o prefeito Omar Nagib Moussa, filho
do ex-prefeito Nagib Moussa, em 1993. Seu irmão André publica em 1995, a primeira edição do
jornal “O Jornalzão”, tornando-se o principal veículo da imprensa
local.
No mesmo ano, o
prefeito Omar duplica a parte inicial da Rodovia Conde Francisco Matarazzo Jr., que vai da
cidade até o distante bairro do Nosso Teto. Em 1996, a internet chega em Santa Rosa de Viterbo.
Em 1997, Decão toma posse de seu terceiro mandato. Ele termina
o Ginásio de Esportes Dr. Américo Portugal Gouvêa, a quadra
coberta, iniciado há 10 anos atrás pelo então prefeito Nagib Moussa. Neste ano também começou a funcionar na
cidade o serviço de telefonia celular.
Em 1998, urnas
funerárias indígenas de mil anos de idade foram encontradas próxima à Fazenda Barrosa, parte da antiga Fazenda
Amália ainda pertencente à família Matarazzo. Neste ano, o grupo inglês Tate & Lyle comprou a Fermenta e mudou
seu nome para Mercocítrico S/A. O arrendamento da usina e das
terras da Fazenda
Amália são transferidos para o grupo Pedra Agroindustrial S/A, dos irmãos Biagi de Serrana, que mudam o
nome da usina para Ibirá.
Em 1999, o
prefeito Decão é acusado de 9 irregularidades em sua terceira
gestão, entre elas a não aplicação de 25% do Orçamento Municipal na educação.
Em junho ele foi cassado pela Câmara Municipal e
seu vice Vicente José Cintra Jr. assumiu o cargo. Ele inaugura Centro Cultural Cadeia Velha, no prédio do antigo
posto policial, reformado em 1997 pelo então prefeito Decão. O prédio passa a ser a nova sede da Fundação Cultural, e a Estação
da Cultura passa a abrigar apenas a Banda Filarmônica e
a Escola Livre de Música Plácido Bertocco.
Em 2001, o novo
milênio iniciou com um novo prefeito tomando posse, o jovem professor de
ciências Luis Fernando Gasperini, o popular “Nando”, com 31 anos na época. Ele seria o primeiro prefeito
reeleito em 2005, após aprovação da lei que permitia a reeleição, permitida
apenas na República Velha.
Com o crescimento
da cidade, a Arquidiocese de Ribeirão Preto cria outra
paróquia na cidade, em junho de 2001. Batizada de Paróquia São Judas Tadeu,
ela abrange os bairros Jardim Petrópolis, Conjunto Habitacional Liliana Urtiaga
Andreazza, Jardim Primavera, Jardim Nova Roma, Jardim Elite, Nhumirim e os mais
recentes Jardim Itamaraty e Jardim Dom Bosco III.
Em 2002, Sobrado do Largo da Matriz é o primeiro prédio
da cidade a ser tombado pela prefeitura, declarado de utilidade pública. O
prédio que esteve em desuso desde que a Câmara construiu
sua nova sede em frente do sobrado, foi utilizado como bar noturno por um tempo
e hoje encontra-se abandonado.
Em 24 de janeiro de
2003, uma das chaminés da Usina Ibirá ruiu,
provocando a evacuação de 100 trabalhadores que faziam a manutenção durante a
entressafra. Apesar de ninguém se ferir, a direção da usina opta por demolir as
duas chaminés em fevereiro de 2003. Desaparecia um dos símbolos da época de
ouro da Fazenda
Amália.
Em 2006, o Grupo Bertin, um grande conglomerado de frigoríficos
de Minas Gerias, compra a última empresa remanescente da
família Matarazzo, a Fábrica de Sabonete.
Interessada apenas na marca Francis, a Bertin transferiu a fábrica para sua unidade na cidade
de Lins.
Em 2007, a
empresária Ângela Frigo, dirigente da Artivinco, patrocina uma
ampla reforma na Praça da Bandeira, que fica em frente
à Estação da Cultura. A praça foi revitalizada com a
construção de um teatro arena.
Ainda em 2007, um grupo
de técnicos vistoriam a Ponte de Ferro, que
ainda possuía assoalho de madeira. Eles concluem que a estrutura da ponte
estava comprometida e elaboram um laudo sobre as providências a serem tomadas
para sua total recuperação. O governo estadual libera mais de 8 milhões de
reais para a reforma total da ponte, o recapeamento da Rodovia Petê e
recuperação da ponte do Córrego do Bibiano.
As obras começam no
início de 2008 e terminam em setembro do mesmo ano. Além da reforma total,
a Ponte de Ferro, um dos cartões postais da cidade, recebe
asfaltamento, uma nova pintura e uma passarela lateral para pedestres.
Em 2009, o
empresário José Tadeu Chiaperini assume a prefeitura. A
década de 2010 começa com a expansão de loteamentos pela cidade e surto de
dengue em 2011. O centenário do município, completado em dezembro de 2010, é
comemorado no dia 4 de setembro, como é tradição desde 1960.
Em fevereiro de
2011, é aprovada a restauração da Estação Nhumirim, que
estava abandona e servindo de moradia para andarilhos. O projeto de mais de 300
mil reais prevê além da restauração do prédio, a urbanização do entorno da
estação com a construção de uma praça com ampla área de lazer.
Nas eleições de
2012 o novato Cassinho, candidato apoiado pelo
prefeito Chiaperini, enfrenta o veteranoLuis Fernando Gasperini,
que tenta se eleger para seu terceiro mandato na prefeitura. O empresário Cássio de Assis Cunha Neto vence a eleição e é
empossado prefeito no dia 1º de janeiro de 2013.
Em 2014, os Biagi e os Matarazzo não
entram num acordo e o arrendamento da Usina Ibirá não é
renovado. Santa Rosa de Viterbo inicia 2015 mergulhada na
crise e na incerteza quando ao seu futuro com a centenária Usina Amália parada pela primeira vez na sua história.
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