Alto da Serra, Caminho do Mar, De Santos a São Paulo, Estado de São Paulo, Brasil
Estado de São Paulo - SP
N. 157
Fotografia - Cartão Postal
A Rodovia Caminho do Mar (SP-148), também conhecida como Estrada Velha de Santos, Anchieta Velha e Serra Velha, é uma rodovia brasileira que liga o litoral do estado de São Paulo (Santos-Cubatão) ao planalto paulista (São Paulo, via Região do Grande ABC), e constitui um dos chamados Caminhos do mar de São Paulo. Desde 1985 fechada para automóveis de passeio particulares, só pode ser percorrida por visitantes a pé e de bicicleta, veículos de manutenção e micro-ônibus da Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo, administradora do Polo Ecoturístico Caminhos do Mar, constituído pela rodovia, pela Calçada do Lorena e por outros monumentos históricos, como Pouso de Paranapiacaba, Belvedere Circular, Curva do Mirante, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena, entre outros.
A chamada Trilha dos
Tupiniquins, também denominada Caminho de Paranapiacaba ou Caminho de
Piaçaguera, foi a mais antiga e principal ligação entre o litoral (Baixada
Santista) e a vila de São Paulo de Piratininga durante o período colonial.
Iniciava-se na vila de São Vicente,
atravessava uma área alagada (hoje Cubatão) e prosseguia Serra do Mar acima,
até as nascentes do Rio Tamanduateí (no atual município de Mauá) e, daí, ao
Córrego Anhangabaú, na aldeia do índio Tibiriçá, em Piratininga (atual Pátio do
Colégio, no centro histórico de São Paulo). A trilha passava pelo território
dos Tamoios e, apesar de movimentada, nos primeiros tempos da colonização
muitos viajantes foram por eles atacados e devorados. O percurso consumia dois
dias para subir e um para descer.
Devido ao movimento crescente na
Trilha dos Tupiniquins, que, de São Vicente, dava acesso ao Caminho do
Peabiru, Tomé de Sousa proibiu o trânsito nessas vias, ameaçando com
pena de morte os infratores.
Em 1560, o governador Mem de
Sá encarregou os padres jesuítas, sob as ordens de José de
Anchieta, de abrir uma ligação entre São Vicente e o Planalto
de Piratininga. Em 21 de março de 1598, o capitão-mor Jorge Correia determinou
que o Caminho do Mar fosse restaurado, "devendo os índios ajudar os
branquos" [...] "sendo escolhido hu home soficiente que nisto fale a
este gentio". Foi sugerido o nome de Gaspar Colasso, de Santos, que
conhecia as línguas indígenas das aldeias
de Ururaí e Mamoré (ou Maroré, que ficavam na Serra de
Cubatão).
Em 1661, o governo da Capitania
de São Vicente mandou construir a Estrada do Mar, com mais de setenta
pontes, para permitir a passagem de carroças e carruagens. Em 1789, o então
governador da Capitania, Bernardo José de Lorena, recuperou o já então
chamado Caminho do Mar e mandou pavimentar o trecho da Serra com lajes de
granito. A Calçada do Lorena, assim chamada em homenagem a ele, ainda está
parcialmente preservada.
No século XIX, a produção
de café no planalto paulista conheceu grande desenvolvimento, e o
único modo de escoá-la era encaminhando-a ao porto de Santos, pela antiga
Calçada do Lorena, então em condições precárias. Em 1969, a estrada inspirou a
famosa canção do cantor brasileiro Roberto Carlos, "As curvas da
estrada de Santos".
O nome original da estrada é Estrada
da Maioridade. Tem esse nome em homenagem à maioridade de Dom Pedro II.
Ela foi construída praticamente junto com a Estrada de Ferro
Santos-Jundiaí, que absorvia quase todo o seu tráfego. Apresentava um trajeto
muito sinuoso, mas era um monumento da engenharia, pois sua antecessora,
a Calçada do Lorena, não tinha mais que um metro de largura, enquanto
nessa era possível, inclusive, a passagem de carruagens. Com o tempo, caiu no
abandono. Veio então, a primeira reforma.
A Estrada da Maioridade continuou
recebendo manutenção, e, entre 1862 e 1864, passou novamente por uma grande
reforma, cuja principal característica foi o refazimento de alguns trechos para
o melhor aproveitamento da estrada, como a chamada Curva da Morte, uma curva
bem fechada em plena descida onde eram muito comuns os acidentes, vários deles
causando a morte das pessoas. Após essa reforma, a curva ganhou uma abertura
bem maior. Mesmo com a ferrovia absorvendo quase todo o tráfego entre a
planície e o planalto, a estrada continuou recebendo manutenção. O nome
passou a ser Estrada do Vergueiro.
Nas primeiras décadas do século XX,
São Paulo passa por uma "reconstrução", financiada pelo capital
proveniente das exportações de café. Por essa época é difundido o uso de
automóveis. Também por essa época, ocorre uma troca de valores: os governos
construíam sempre várias ferrovias, e a partir desta época os recursos públicos
passaram a ser destinados à construção de rodovias, deixando as ferrovias em
segundo plano e dando a elas o aspecto de "coisa do passado" que
ainda existe até hoje. Em 1913, a demanda de automóveis entre a planície e o
planalto é muito grande, e a Estrada do Vergueiro é macadamizada,
permitindo o uso de automóveis na estrada, e logo depois pavimentada com
asfalto, tornando-se a primeira estrada asfaltada da América Latina destinada
para veículos de motor à explosão. Passa a ser chamada de Caminho do Mar.
Posteriormente seria popularmente conhecida como Estrada Velha de Santos.
A ferrovia e a estrada estavam no
auge, por volta de 1910. Mas aí começou a queda. Em 1920, as duas juntas já não
eram suficientes para atender a demanda por transporte na região. A ferrovia
começou a ter congestionamentos e a estrada apresentava vários fatores que
limitavam o número de veículos circulando nela. Nessa época, São Paulo,
o ABC e Cubatão estavam se consolidando como parques
industriais, aumentando ainda mais a demanda pela ligação entre elas. A cidade
de Santos e toda a sua baixada estavam se transformando em polos turísticos, o
que decididamente exigia uma nova ligação entre a planície e o planalto.
Em 1947, foi
inaugurada a primeira pista da Via Anchieta; em 1953, a segunda; em 1974,
foi inaugurada a pista norte da Rodovia dos Imigrantes; e, em 2002, a
pista sul. As técnicas de construção da Via Anchieta eram muito mais
aprimoradas do que as do Caminho do Mar. Logo, a Estrada foi passada para trás
e ficou subutilizada, assim ficando por várias décadas. No período 1992-2004, a
estrada foi fechada e reformada, tornando-se, atualmente, o Polo Ecoturístico
Caminhos do Mar, que é formado pela estrada Caminho do Mar e por um trecho da
Calçada do Lorena.

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