Audi RS4 Avant 2020, Alemanha
Fotografia
Especialistas
afirmam que a tolerância é um dos segredos dos casais bem-sucedidos. Se você é
muito fã da Audi RS 4 Avant, é bom praticar isso e não deixar que a troca do
motor V8 4.2 aspirado pelo V6 2.9 biturbo estrague sua relação.
Os argumentos
são bons: além de voltar às origens (o primeiro RS4, de 1999, tinha motor V6
2.7 biturbo de 380 cv), o novo 2.9 entrega os mesmos 450 cv, mas acompanhados
de 61,2 mkgf de torque contra 43,8 mkgf do V8. A diferença, de 17,4 mkgf,
equivale a um Honda HR-V 1.8.
A Audi ainda
fala de consumo 17% menor, graças a estratégias como manter as válvulas de
admissão abertas por mais tempo para receber mais ar.
As médias de
8,1 km/l em ciclo urbano e 11,5 km/l no rodoviário obtidas no nosso teste de
pista são boas, mas só para esportivos.
Outra
concessão a ser feita diz respeito ao câmbio.
O elogiável
S-Tronic, de dupla embreagem e sete marchas, deu lugar ao automático de oito
marchas com função Tiptronic (já usado pelos RS 6 e RS 7) e capaz de suportar o
torque maior do novo motor sendo quase tão rápido quanto.
A tração
integral quattro, que acompanha a perua desde o início da sua linhagem, em
1995, com a RS 2 está mantida.
Por padrão,
envia 40% da força para as rodas dianteiras e 60% para as traseiras, mas essa
distribuição pode mudar para até 70% na frente ou 85% para trás, dependendo da
exigência.
A grade
colmeia toda preta, o para-choque dianteiro com tomadas de ar enormes e os
para-lamas alargados em 3 cm (responsável pelas entradas de ar ao lado dos
faróis e das lanternas), as enormes saídas de escape traseiras e as belas rodas
aro 20 são um prenúncio do que esta perua é capaz de fazer por você – e com você.
A tecnologia
permite que existam vários carros dentro de um só. A RS4 Avant é mais tolerante
a buracos e a pisadas no acelerador em modo Comfort.
É a face da
perua que pode levar até quatro adultos e toda a bagagem (o porta-malas tem 505
litros de capacidade até a linha de cintura) e que se destaca pelo
ar-condicionado com três zonas de temperatura e pelas três opções de massagem
no banco do motorista.
O sistema de
som Bang & Olufsen com 755 watts de potência até tem alguma função.
Mas é um carro
de vocação esportiva, que traz um cronômetro no head-up display e mostradores
de torque e potência no quadro de instrumentos digital.
No modo
Dynamic, revela-se a fúria de quem está cansada de ser trocada por SUVs apenas
por ter posição de dirigir mais baixa e pelo risco de raspar em rampas de
garagem.
O peso maior
da direção e a pronta resposta do acelerador são notáveis. O câmbio aproveita
ao máximo cada marcha antes de convocar a seguinte, anunciando o momento com um
tranco proposital e uma embaralhada no ronco do motor.
Culpa dos dois
flaps, instalados no escape só para deixar o barulho mais grave e encorpado.
Por fim, a
suspensão fica bem mais firme, a ponto de fazer o carro chacoalhar em
irregularidades como carros de suspensão fixa.
Os
amortecedores da RS4 têm válvulas controladas eletronicamente que restringem ou
facilitam a passagem do fluido hidráulico, dependendo do modo de condução.
Nesse caso,
também atuam para impedir que a carroceria se movimente em acelerações ou
frenagens.
A arrancada
com o controle de largada é estúpida. Os largos pneus 275/30 quase não cantam e
cada troca de marcha é acompanhada de um coice.
Levou só 4,2 s
para atingir 100 km/h e, em instantes, a RS4 alcançava o limite de frenagem de
nossa pista a 245 km/h – a máxima é limitada a 250, mas opcionalmente é
possível liberá-la para alcançar 280 km/h.
Também pode-se
pagar à parte por discos de freio carbono-cerâmicos, assistente de permanência
em faixa, assistente de luz alta e piloto automático adaptativo.
Hoje, existem
apenas dois tipos de perua no Brasil: a velha Weekend, e as de luxo. A Audi RS
4 Avant é uma das melhores – e menos racionais – escolhas que você pode fazer
para defendê-las.
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